São 60 pontos de vantagem para o rival mais próximo e, ainda que Sebastian Vettel tenha sido pressionado fortemente nas últimas três provas – e cedido na última – o domínio da Red Bull não dá sinais claros de que está se esvaindo. É fácil acreditar que o campeonato está decidido, ainda que alguns exemplos recentes deem razão à esperança de que uma bela temporada não terminará com corridas que já não valem mais nada.
Em 2006, após sete provas, Alonso ganhara quatro e fora segundo em outras três; liderava com 64 pontos, contra 49 de Schumacher. Eram 15 pontos pela “moeda” da época, e se fosse hoje, 50 pontos estariam entre eles. O espanhol ainda venceria a oitava e nona provas e aumentaria sua liderança em quatro pontos (ou 14 nos dias de hoje).
A evolução da Ferrari – junto da proibição dos amortecedores de massa da Renault – deu a chance de Michael encostar e o alemão venceu cinco das sete provas seguintes. A duas etapas para o final, o campeonato estava empatado – pelos pontos de hoje, Schumi estaria 6 pontos à frente de Alonso. Uma quebra de motor em um momento pouco oportuno e um pneu furado na prova final, ao passo que o rival conseguia uma vitória e um segundo lugar, acabaram com a chance do octa. No entanto, a questão aqui é que o heptacampeão tirou 70 pontos em sete GPs.
Três anos depois, tivemos outro começo arrasador, com Button e sua Brawn de outro planeta. Após sete etapas (seis vitórias e um terceiro lugar), o inglês tinha 37 pontos de vantagem para Vettel – nos dias se hoje, seriam 95 pontos a mais! O campeonato terminou com 9 pontos entre os dois, ou 21 pela pontuação atual. Em outras palavras, o alemão tirou 74 pontos em 10 provas, mesmo sofrendo dois abandonos, em uma Red Bull que já era rápida, mas não tinha a confiabilidade de hoje.
Este campeonato de 2009 é um exemplo um pouco mais próximo do que temos hoje, uma vez que ninguém desponta claramente como o “desafiante”. Naquele ano, ora era Webber quem obtinha os melhores resultados, ora seu companheiro e ainda Rubens Barrichello emplacou uma boa sequência. Um acabou roubando ponto do outro, e ninguém conseguiu capitalizar com a queda de Button, que não ganhou mais nenhuma prova após as sete primeiras.
É o mesmo problema que temos em 2011 – ainda que tenha perdido a corrida, Vettel aumentou sua liderança após o Canadá, porque seu rival mais próximo mudou. A outra questão é a que Schumacher enfrentou: mesmo que a Ferrari tivesse superado a Renault, Alonso continuou consistentemente nos pontos.
Sendo assim, ainda que os números da história recente apontem que é perfeitamente possível tirar esses 60 pontos nas 12 provas que restam, a constância de Vettel, em detrimento da alternância de seus rivais tornam uma virada difícil. Uma mudança de regulamento como a que se aproxima nos escapamentos pode ajudar (lembrando que ainda não está claro o quanto as McLaren serão atingidas pela revisão), mas parece igualmente necessário que um rival desponte entre os três ou quatro que perseguem o alemão. E o mais provável no momento é que ele esteja entre Button e Hamilton.
6 Comments
As corridas estão legais. O campeonato não tem mantido este equilíbrio por conta deste domínio taurino, mas com estas regras, Adrian Newey vai ter que inventar outra magia para manter o domínio.
Como Button bem provou na última prova, corridas só são vencidas na linha de chegada, por mais que se lidere a corrida inteira.
Idem para campeonatos, só se vence quando ninguém mais pode alcançá-lo.
Automobilismo é um esporte de risco e acidentes acontecem, como também já foi provado por Schumacher em 99.
Falhas mecânicas acontecem, porcas são esquecidas sem apertar, mecânicos se confundem na hora de trocar pneus, estrategias dão errado.
E se tudo isso não bastar, dirigentes mudam as regras no meio do campeonato.
Em um campeonato, aliás, que a liderança parece um mero detalhe.
tem algum erro de conta aí. após a 7a. prova de 2006 a diferença seria de 40 pts, não 50.
após a 9a. chegaria a 54. mesmo assim é uma situação comparável pois haviam “apenas” 9 provas para tirar a diferença, o que foi feito em 6 provas (ou 5,5 já que ao fim da 15a. prova Schummi teria vantagem de 9 pontos – chegando à 16 na 16a. prova). assim está correto o texto em dizer que 70 pontos foram tirados em 7 corridas.
acontence que em ambos os anos foram proibitos itens que eram cruciais na vantagem dos carros vencedores, o que não parece ser o caso do escapamento para a Red Bull.
qual será o segredo da Red Bull? Os aerofolios dianteiros?
vende mais porque dá asas ou dá asas porque vence mais?
Acho que há uma confusão com os sistemas de pontuação, Vicente:
– depois de 7 provas: 154 x 104 = 50 de diferença
– depois de 9 provas: 204 x 140 = 64 de diferença (quando digo no texto que a distância aumentou em quatro, me refiro à pontuação da época, de 15 para 19)
– após 16 provas: 278 x 284 = isso quer dizer que, da 10ª à 16ª etapas, Schumacher fez 144 pontos, contra 74 de Alonso, ou seja, tirou 70.
Algo impressionante nestes números é como Alonso e Schumacher monopolizaram os pontos. Vettel, por exemplo, foi campeão com 256 pontos, enquanto o Schumi teria somado 296 e o espanhol 321 na pontuação nova!
Opa! Espera aí, em 2006, o Schumacher só chegou no Alonso por causa do famoso “jeitinho” que a FIA deu quando puniu o espanhol no GP da Italia.
Na temporada de 2006, a FIA ajudou a ferrari proibindo o mass damper da Renault.