F1 A nova queda da Williams - Julianne Cerasoli Skip to content

A nova queda da Williams

 

Felipe Massa se surpreendeu quando foi lembrado por um jornalista que nunca passara por uma temporada sem pelo menos um quinto lugar. E neste ano seu melhor resultado foi um sexto posto, logo na corrida de abertura da temporada, na Austrália.

Por diversos motivos, Massa teve chance de obter resultados melhores, especialmente no início do ano, quando a Williams tinha um carro mais competitivo. O pneu furado na Rússia ou a quebra no Azerbaijão – quando poderia até ter vencido e, no mínimo, chegaria no pódio – foram algumas delas, mas o fato é que o conjunto Williams-Massa não foi competitivo o suficiente neste ano.

E o futuro a curto e médio prazos não parece muito promissor.

A Williams não vence um campeonato desde 1997, mas chegou a voltar a ganhar corridas no início da década de 2000, ajudada por uma promissora parceria com a BMW. Frank Williams, porém, preferiu proteger sua independência e acabou perdendo os alemães, iniciando um duro período em que o time acabou recorrendo ao dinheiro de pilotos como Nakajima e Maldonado para manter uma certa relevância.

O cenário parecia ter mudado quando a Williams arriscou uma mudança tardia da Renault para a Mercedes em 2014, passando a ter a vantagem de um motor que era muito superior à concorrência. Porém, com o passar dos anos e a evolução dos outros fornecedores, ficou claro que o fato do time de Grove ter passado a disputar pódios pouco tinha a ver com seu próprio carro e muito menos com qualquer inteligência operacional.

Agora, a diferença do motor Mercedes dos clientes aparece em pistas com mais tempo de aceleração plena, muito em função da menor taxa de de-rate. E basicamente fica nisso, o que é pouco para quem não tem um carro veloz. E os pódios viraram top 5, e o top 5 se tornou o “vamos fazer o que dá para pontuar” de 2017.

Sim, a equipe contratou Paddy Lowe no início do ano e o projeto de 2018 é o primeiro em que o ex-diretor técnico da Mercedes vai trabalhar diretamente, mas a falta de desenvolvimento neste ano mesmo com os novos processos trazidos pelo engenheiro gera dúvidas a respeito de sua influência.

O cenário poderia ser diferente caso a Williams tivesse aproveitado a oportunidade de se tornar equipe de fábrica da Honda, que injetaria dinheiro no time e tem uma chance bem mais real de fazer um bom motor em 2021, uma vez que não vai chegar atrasada para a festa como aconteceu na mudança de regulamento de 2014. É o mesmo bonde perdido com a BMW.

Para piorar, os rivais estão em franca evolução: a Renault arrumou a casa deixada aos frangalhos pela Genii e vem crescendo bastante ao longo deste ano. Já a McLaren comprovou que tem um chassi forte nas corridas em que teve a oportunidade de fazê-lo e, se Fernando Alonso chegou colado em Felipe Massa em uma pista como Suzuka e Stoffel Vandoorne terminou na frente das duas Williams em Sepang com um motor Honda, é fácil apostar que a briga do time inglês com o motor Renault ano que vem será mais na frente no pelotão.

Não é difícil entender, então, por que o time vem tendo tanta dificuldade em achar um possível substituto para Massa. E por que o brasileiro diz querer ficar, mas não tem uma postura de quem está lutando arduamente por isso.

8 Comments

  1. bela análise!só não entendi a foto, já que essa vitória do Montoya foi com a Mclaren…

  2. Ju, será que a falta de desenvolvimento na temporada de 2017 não se deve a alguma limitação muito séria no projeto do carro, digo, a concepção do carro é tão “tosca” que não há margem para evolução? Algo como ocorreu com a Ferrari de 2011…

  3. Ju, lembro de você falando, na pré-temporada deste ano, que as mudanças na Williams apresentariam resultado em 2018, ano em que a equipe viria forte. O que aconteceu para a previsão não ser mais positiva? Paddy Lowe tem deixado a desejar?

  4. Acabei de ouvir o Podcast Julianne e estava demais!
    Fazenão um link entre o Pod e sua análise aqui, acho difícil a família Stroll “comprar” a Force India, isso vai contra a filosofia do Vijay Malia de não ter pilotos pagantes, ele é totalmente contra essa prática e isso que faz a Force India estar melhor que a Williams nesse momento.
    Essa prática do piloto pagante foi o que afundou a Williams, tanto que quando teve Bottas e Massa (a melhor dupla dos últimos 17 anos) evoluiu bem, mas veio Stroll e sua grana e a tendência é voltar a afundar e voltar a competir com a Sauber no fundo do pelotão.
    Certo está o ViJay Malia, que busca bons pilotos, com algum patrocínio e faz com que centavo investido dê resultado.
    Essa é a fórmula para as equipes privadas e não essas escolhas duvidosas que Williams e Sauber fazem.
    Terminar com uma pergunta, pelo o que li, em 2021 a unidade que recupera energia calorífica será abolida, pode-se esperar um grande passo a frente da Honda (caso eles resistam até lá)? Pelo o que me lembro, essa é qué era a grande dificuldade do motor japonês.
    Abraços pros meninos e beijos pras meninas!

  5. Não há queda nenhuma, Felipe está a precisar de ir para outro Campeonato a F1 já não é para ele.
    Quanto à Williams concorrer contra equipas com orcamentos bem mais elevados não é fácil.
    O carro deste ano foi projectado por Pat Symonds quando este já se encontrava de saída e acabou por ser uma evolução do carro de 2016 adaptado aos regulamentos de 2017.
    O carro da próxima época está a ser projectado por Paddy Lowe ex-Mercedes que apenas herdou o carro deste ano e cedo conclui que não havia muito para evoluir neste chassi.
    Se a Williams for para Kubica e manter Stroll 2018 será o ano que voltará a mostrar bons resultados.

    • Sou obrigado a discordar de você e concordar com a Ju no fato de que a Williams deveria ter corrido para a Honda, que vem mostrando uma razoável evolução este ano e injeta um caminhão de dinheiro nas equipes. Isso faria deles um time de fábrica, algo que se mostra vital para se ter sucesso no formato atual da competição (e acredito que por muito tempo ainda).

      É importante lembrar que a maior deficiência da equipe está no seu chassi e isso sem dúvida está vinculado ao conceito utilizado, mas é de extrema importância a equipe ter $$$ para desenvolver o conceito ao longo da temporada, ou seja, de nada adianta o conceito ser bom, se não puder ser evoluído (Brawn 2009 mostrou isso, quando foi engolida tecnicamente pela Red Bull ao longo da temporada)

      Enfim… um abraço a todos!

  6. Frank Williams e Ron Dennis são lendas.
    Mas a Williams exagerou no direito de errar. O primeiro dos grande erros estratégicos foi deixar Adrian Newey sair, que seria o substituto natural de Patrick Head. Basta ver os carros que o sujeito projetou na McLaren nos anos seguintes e na Red Bull para ter a dimensão da bobagem. Naquele tempo, uma cessão de ações o teria mantido.
    Segundo erro foi a condução da fase BMW, deixando de ser uma equipe com motorização de fábrica, Depois disso nunca mais foi a mesma potência.
    Além destes dois erros estupendos, podemos recordar a insistência com Ralf Schumacker anos a fio, a saída de Button (prematura), o descarte de Villeneuve tão facilmente, a contração de pilotos que nos tempos áureos nem de teste serviriam, e assim por diante.
    Concordo que a solução Honda seria o primeiro passo para se tornar uma equipe de fábrica novamente, o que garantiria pelo menos o desejo de sonhar.
    Agora, caso seja para manter Stroll sem contrapartida que realmente compense do nível estrutural, melhor seria começar a correr atrás de outra montadora para 2021.


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