F1 A receita de Kimi - Julianne Cerasoli Skip to content

A receita de Kimi

Dessa vez, não deu para escapar

O fato do GP da Austrália não ter vencido pelo carro mais rápido do final de semana diz uma série de coisas ao menos sobre o início desta temporada. Digo o início porque a tendência é que as equipes, à medida que vão coletando dados, adaptem a maneira de trabalhar e de acertar o carro para obter um equilíbrio melhor no uso dos pneus. Assim, ao longo do ano – como vimos já em 2012, inclusive – os carros mais rápidos irão se sobressair.

Mas isso deve demorar algumas etapas. Ninguém sabe ao certo, por exemplo, como os carros e pneus vão se comportar no calor da Malásia. Portanto, a máxima de Melbourne deve valer por algum tempo.

Seria justo dizer que a Lotus é o carro que cuida melhor dos pneus e ponto final? Observando a corrida de Grosjean, não. Pela postura dos dois pilotos mais bem classificados no último domingo, dá para traçar um perfil vencedor: tanto Raikkonen, quanto Alonso deram o pulo do gato ao adotar um ritmo mais cadenciado no início do stint e forçar depois. As Mercedes também mostraram a eficácia disso no primeiro stint, e depois se perderam.

Funciona da seguinte maneira: forçando os pneus logo de cara, a tendência é que o graining seja intenso; caso contrário, o pneu vai passar pela fase inevitável do graining e render mais e por mais tempo.

Alonso só pôde fazer isso no início do terceiro stint, quando adiantou sua parada para se livrar do tráfego de Sutil, Vettel e Massa – sim, aquele trenzinho colocou a prova no colo de Raikkonen, que não se envolveu em brigas e pôde adotar seu ritmo durante. Primeiramente, Alonso dava a impressão de que seria pressionado por Vettel, mas depois começou a sobrar. A Ferrari de repente decidiu andar? Não, era o piloto que dosava o ritmo no início para aguentar o stint de 19 voltas que tinha adiante.

Essa tendência foi ainda mais forte no caso de Raikkonen e foi bastante perceptível no último stint, quando parecia que Alonso se aproximaria, chegando a ficar 4s atrás do líder. Nas últimas 10 voltas, o finlandês mostrou seu ritmo real e evitou qualquer reação do espanhol.

É provável que isso não tivesse acontecido caso Kimi forçasse no início de seu último stint, algo que vimos muito claramente em três momentos da corrida: com Vettel no início, com Hamilton de pneu médio e com Sutil no final com supermacios. Os três forçaram demais no início e tiveram quedas violentas de performance.

Se essa realidade se mantiver, será interessante observar qual a reação especialmente de Vettel. O alemão e a Red Bull se acostumaram a vencer configurando o carro mais para garantir a pole do que para lutar no pelotão, priorizando a pressão aerodinâmica em detrimento da velocidade de reta. Assim, o trabalho do tricampeão era adotar um ritmo alucinante nas primeiras voltas para se livrar da pressão dos rivais e ditar o próprio ritmo, podendo cuidar dos pneus.

Porém, vimos na Austrália que isso não funciona, pois destroça estes pneus. Será que, pelo menos até compreender melhor essa nova borracha, o conjunto mais vencedor dos últimos anos terá de mudar sua tática e adotar uma configuração a la Abu Dhabi 2012, arriscando a classificação?

10 Comments

  1. ótima análise Ju!!
    Parece q a Pirelli atingiu o q se esperava deles.

  2. Ótima matéria Juliana , mas acho que voce deixou de considerar uma coisa.
    O Raikkonem nao precisava forçar o ritmo por que ele nao tinha que lutar por posições durante a corrida , ao final pode ate ser que ele apresentava um ritmo melhor por ter ” se conservado ” , mas temos que lembrar que neste terço final da corrida os carros ja estao mais leves com menos gasolina entao é um “pseudodesempenho”. É melhor deixar para acelerar quando o carro esta mais leve , irá desgastar menos os pneus…

    • O kimi,quando se livrou do Hamilton no inicio da prova,imprimiu um ritmo bastante forte,fazendo tempos melhores que os tres primeiros,portanto,brigou sim por posições entrando nos boxes colado no Alonso no primeiro stint.

  3. Bela análise! Bacana ver mulheres bonitas que entendem de automobilismo 🙂

  4. Incrível como apenas o pneu é capaz de causar tanta mudança de performance. Não vejo a hora de chegarmos ao campeonato de 2014 com os novos motores turbo, nova aerodinâmica e sistemas kers, não vai faltar assunto!

    Ótimo post!

  5. Ju, visualizando seu post de hj, e o do dia 17/03, temos fotos de RBR e Ferrari respectivamente no mesmo poto da pista, bom, não sei se é ilusão de ótica, mas corroborando com seu post, no “olho”, parece que os RBR possuem muito menos asa traseira, podendo ser mais voltada para o sábado, ou talvez por possuírem ótima pressão aerodinâmica gerada pelo difusor traseiro…

  6. Ju, acredito que kimi Raikkonen e Alonso tem duas histórias distintas em Melbourne, mas com mesmo resultado. Kimi pegou leve com os pneus por que seriam apenas duas paradas. Ou seja, fez bem o dever de casa. Hamilton tentou fazer igual, mas poupar nunca foi o seu forte (volta e meia o engenheiro entra no rádio chamando sua atenção para o desgaste excessivo. Problema de tocada). Já Alonso, contou com a sorte mesmo. Ficar atrás do trenzinho o ajudou a diminuir o ritmo. E após a antecipada, não havia outra coisa a fazer senão poupar, afinal percorreria um trecho maior com os novos pneus, que até aquela altura era uma incógnita para todos (motivo pelo qual Massa não antecipou sua parada). Aliás, a pré-temporada não respondeu nada a respeito dos pisantes. E pra Malásia, todo mundo ainda busca entendê-los melhor.
    Bjs.

  7. É isso mesmo, mais uma vez você faz uma análise absolutamente concisa.
    Será essa a receita para o futuro campeão?
    Parabéns e obrigado.

    • Acho que não. A tendência é as equipes compreenderem o pneu e tornarem seus carros mais efetivos ao longo do ano, como em 2012. Mas esse manejo de pneus será importante nas primeiras corridas.


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