F1 A tática da Red Bull e a “revolta” de Massa no GP do Japão - Julianne Cerasoli Skip to content

A tática da Red Bull e a “revolta” de Massa no GP do Japão

Os dilemas estratégicos do GP do Japão só apareceram após a má largada da dupla da Red Bull: assim como qualquer outro mortal, eles não conseguiam uma vantagem de ritmo suficiente para pressionar Grosjean na pista andando no ar turbulento e tiveram de usar duas soluções diferentes para permitir que andassem com pista limpa para sacramentar a dobradinha. De um lado, mantiveram Vettel na pista por mais tempo nos dois primeiros stints, dando voltas fundamentais para sua vitória. Do outro, Webber foi tirado de trás de Grosjean em uma tática calculadamente suicida de três paradas.

A decisão, porém, levantou dúvidas sobre um favorecimento da equipe a Vettel, que acabou ficando com a estratégia mais rápida – mesmo estando atrás no momento em que isso foi decidido. Ao que tudo indica, de fato a Red Bull privilegiou Vettel conscientemente, justamente por entender que esta era a maneira mais garantida de vencer a prova.

Historicamente, Webber desgasta mais os pneus que Vettel, e isso foi fundamental para que a decisão fosse tomada, no meio do segundo stint. O ritmo da Lotus com os duros estava deixando a desejar, mas como os pneus de Webber estavam acabando mais cedo do que os de Grosjean, a Red Bull avaliou que ele não conseguiria permanecer perto o suficiente para fazer o undercut (parar antes, usar o ritmo do pneu novo e voltar à frente).

Havia duas chances para a Red Bull passar Grosjean: permitir que Webber usasse seus pneus ao máximo fazendo uma parada a mais e apostando na conservação de pneus de Vettel, algo que o alemão executou muito bem. A opção, portanto, teve a ver com as características de ambos.

Ao fazer essa escolha, a Red Bull sabia que Vettel estaria à frente quando Webber voltasse à pista pela última vez – e sua opção de dividir as estratégias muito provavelmente também visou evitar o embate direto. Isso é algo que eu sempre defendo por aqui, pois se os carros estiverem juntos na pista e fizerem a mesma coisa, um fatalmente compromete a estratégia do outro, como veremos adiante no caso da Ferrari.

A questão para Webber é que, além de ter ficado com a estratégia mais lenta, a decisão foi tomada tarde demais. Para bater um carro de sua própria equipe e outro com ritmo apenas fracionalmente inferior fazendo uma parada a mais, é preciso passar a corrida inteira fazendo voltas de classificação. Mas Webber estava poupando pneus e pensando em fazer duas paradas até a metade da prova. Some a isso o fato do australiano não ter definido logo de cara a ultrapassagem com Grosjean – e, depois de duas voltas atrás de outro carro, o desempenho dos pneus já não é o mesmo – e a tática saiu pior que a encomenda para o australiano. Mas, para a Red Bull, garantiu a dobradinha.

O “Dia do Fico” de Massa

Felipe Massa está lutando por sua permanência na Fórmula 1 e quer mostrar serviço, mas bem que poderia ter escolhido uma hora melhor para desobedecer uma ordem de equipe, pois acabou prejudicando sua própria corrida – e colocou em risco uma boa chance para o time pontuar bem, em sua luta pelo vice nos construtores.

Lembra quando eu escrevi acima que o pneu começa a perder rendimento depois de duas voltas no tráfego? Alonso passou as 11 primeiras voltas da prova com menos de 2s para Massa e, quando o brasileiro parou, foi 1s2 mais veloz que no giro anterior. Vendo isso, a Ferrari presumiu que o espanhol teria mais chances para lutar com Rosberg – alvo na briga direta entre os construtores – e pediu que Massa cedesse a posição.

A insubordinação acabou gerando ainda um efeito colateral: Hulkenberg se aproximou e pôde usar o undercut para voltar da primeira parada à frente dos dois ferraristas, apenas sendo superado por Alonso na parte final da prova. No final das contas, mesmo com o ‘atraso’, o espanhol chegou na posição máxima que o ritmo da Ferrari permitia, mas é provável que tivesse perdido pontos com Rosberg sem o drive through que jogou o alemão no fundo do pelotão.

Massa também saiu prejudicado ao perder tempo se defendendo de uma ultrapassagem que seria questão de tempo. Lógico que seu grande problema na prova foi o drive through, mas faltou um pouco de visão macro para observar que o pedido não favoreceria Alonso, que já não luta por mais nada, mas a equipe em si.

24 Comments

  1. Julianne, para mim, faz tempo que o Massa jah mostrou ser apenas um bom empregado cumpridor de ordens, qdo ele desobedeceu ao pedido do chefe ele deixou mais claro o qto ele eh limitado, nao so em relacao aos seus dotes como piloto , mas intelectualmente, jah que ele e entendo que o Rob Smedley estao fora de Maranello o ano que vem assim eles levam algo que nunca tiveram, visao macro de corrida, coisa que sobra no box ao lado, estou torcendo muito para o Hulkenberg ir para a Mclaren e que o Massa possa ir para uma Williams ou quem sabe uma Force India, assim ele se aposenta de uma maneira mas low profile e abre espaco , quem sabe para outro piloto brasileiro com apoio de empresas nacionais em 2015.

  2. Análises irretocáveis, Julianne. Ótima tradução do que se passou na corrida com relação às estratégias.

    • Brilhantes!

  3. Pois é, uma das minhas perguntas no Credê era exatamente sobre isso. Na minha opinião Massa não foi nada inteligente em querer permanecer à frente de Alonso.

    Eu ainda me pergunto o que ele realmente quis com aquela atitude na pista.

    Seria uma tentativa de criar uma imagem oposta da de piloto submisso? Errou no
    ‘timing’.

  4. Não acho que Massa fez algo errado em defender a posição dele e não seguir a ordem da equipe. A penalização que ele têve foi que arruinou sua corrida. Seu discurso teria validade se a Ferrari se importasse realmente com as boas estratégias de Felipe. Oq a Ferrari sempre fez durante toda temporada foi fazer estratégias em que Alonso estivesse sempre na frente e Massa com pelo menos cinco carros atrás de Alonso.Por isso, como querer lutar pelo título de construtores fazendo estratégias ridiculamente malfeitas para Massa?? Massa tem direito de dizer chega de estratégias que favorecem Alonso. A campeonato de pilotos acabou. Isso é uma realidade.

    • Mas o campeonato de construtores ainda está sendo disputado. Cada posição vale alguns milhões de $$ a mais na conta da equipe. Massa é funcionário da Ferrari e deve tentar obter o maior número de pontos possíveis pra equipe.

      Além disso como disse antes, o ritmo de Alonso era muito melhor, Fernando o passaria de qualquer maneira (como o fez). Então não fazia o menor sentido desgastar pneus e perder tempo numa luta inglória. Massa quis apenas fazer número pra aparecer bem pro mercado de pilotos mas seu tiro saiu pela culatra.

      Não correu com a cabeça, o que só prova que seu tempo de F1 acabou. Pode até arranjar um carro pra correr ano que vem mas jamais será um piloto de ponta. A F1 hoje é diferente daquela de 2008 e Felipe não adaptou-se.

      • Mas o Massa vai pro concorrente, seja lá qual for. Pra que ajudar a Ferrari a ganhar mais pontos?

        Da mesma forma o Kimi não está fazendo mais nada. Parou. Duas corridas bem apagado. Claro, pra que dar grana pra Lotus se ele não estará lá em 2014?

        • Bom, aí é uma questão de profissionalismo, não?
          Acho que um piloto profissional, atuando na mais importante categoria de automobilismo do mundo e ganhando alguns milhões de $$ por ano deve dar 100% sempre.
          Se Massa ou Kimi estão guiando aquém de sua capacidade por puro desinteresse deveriam estar no olho da rua.
          Considero esse tipo de atitude abominável.

  5. Óbvio que a RBR favoreceu o Vettel. E fizeram disfarçando via estratégia de parada porque “faster than you” ou “multi 12” não soam bonitinho. Mas fez, e tem que fazer mesmo. O campeonato está praticamente ganho(assim como estava pra Lauda contra Hunt em 76, antes do trágico GP da Alemanha), mas quanto mais cedo garantir, melhor. Evita assim as variaveis que sempre existem, como o piloto quebrar a perna e não correr mais até o fim da temporada, por exemplo.

    Não sou contra. O piloto que tem chances de chegar ao título deve ter prioridade na equipe e isso eu nunca critiquei. DESDE que não prejudique a corrida dos pilotos das outras equipes, as trocas de posições ENTRE ELES são válidas.

    • Concordo com vc. A RB sempre fez jogo de equipe favorecendo Vettel. O problema e as vetelzetes nao querem ver isso…ficam afirmando q. na RB o jogo é justo…e blablabla. Pode ver q. nenhum deles aparaceu aqui pra comentar.
      Abrçs

  6. Ju, some-se as táticas, uma pista de alta velocidade, que por mais espetacular que seja, nessa F-1 de pneus mais frágeis e aeromasodependente, rsrsrsrs, de difícil (mas não impossível) ultrapassagem voltar em suas curvas de alta e curta reta no meio do tráfego de um Ricciardo da vida. Ju, falando em Ricciardo, vc acha que o ritmo de 2, 3 segundo mais lento aliado as características do circuito/pneus, pode ter contribuído para a diferença abissal dos três primeiros? Ou vc acha que a diferença poderia ser maior se Grosjean não tivesse “tão inspirado e colada nas RBR? Qual sua análise sobre a corrida de Grosjean?

    • Contribuiu, mas não foi decisivo. Mesmo com pista limpa os pilotos de trás não conseguiam acompanhar os 3.
      Grosjean praticamente teve um dia de Vettel, não? Pôde dosar seu ritmo na frente e arrisco dizer que só não venceu porque a Lotus ficou devendo em termos de ritmo com os pneus duros.

    • Suzuka, apesar do Show (ao menos da torcida), me parece uma pista divertida, mas não de fácil ultrapassagem…Me lembro como se fosse hj, quando em 1989, com carros com muito menos pressão aerodinâmica, e parelhos, Senna ficou praticamente toda corrida no vácuo de Prost e teve que forçar a ultrapassagem no S antes da reta. Hj o discurso da turbulência, dos frágeis pneus, demonstram o difícil histórico de ultrapassagens mesmo em épocas bem diferentes…

  7. Concordo o Grosjean nessa corrida foi top, se ele mantiver essa consistencia nas próximas corridas será um piloto disputado pelas equipes isso se fizer um bom campeonato em 2014 espero que a Lotus faça um carro tão bom quanto desse ano eu não acredito mas torço muito para acontecer. quanto a atitude do Massa concordo com De palmeira foi muita infantil e sinceramente eu não entendi o que ele quer mostrar, ele independente do que faça sai da ferrari como um piloto submisso a ferrari está falando isso toda hora dessa qualidade do Felipe essa é a imagem para ser vendida.

  8. Ju,

    Existia alguma chance de Webber chegar ao fim da corrida sem a ultima troca de pneus?

    • Pois é, li algumas pessoas defendendo que ele não teria muito o que perder porque o quarto colocado estava muito longe. De fato, quando Vettel parou, voltou 16s atrás a 16 voltas do final.

      A equipe certamente tem mais dados que eu para decidir isso, mas alguns motivos me fazem duvidar que seria uma boa ideia: 1- ele faria 27 voltas (tendo forçado bastante nas primeiras) num pneu que estava aguentando 22-23 em “modo de conservação”; 2- é o Webber, que não conserva bem os pneus; 3- É temerário ficar sem pneu em Suzuka e vimos na Coreia o que acontece quando ele fica sem a carcaça (à medida que a borracha vai “comendo”, o carro fica mais instável, as fritadas ficam mais comuns e, uma hora, o pneu não aguenta)

      • Tem razao, o ocorrido na Coreia deixa todos mais precavidos. Obrigado!

      • Acho que seria possível sim chegar ao final com este pneu pois ele vinha em voltas constantes ( 3 decimos de diferença nas últimas 5 voltas antes da parada, o que mostra controle da situação), tinha uma boa diferenca de 14 segundos faltando dez voltas para o fim. Mesmo se pegasse mais leve para poupar, Vettel chegaria colado nele mas não teria tempo para tentar uma ultrapassagem. Não podemos esquecer que o carro é mais leve no fim e tende a gastar menos borracha e consequentemente, dura mais voltas.

  9. RBR: o webber não passa de um piloto normal, disfarçado por um bom carro. teve uns ares da sua graça ao lutar em 2010 pelo campeonato, mas de resto sempre banal… tem feito o que grande parte do pelotão faria se tivesse o seu carro. a restante parte do pelotão faria melhor. Mesmo a RBR favorecendo sempre Vettel, com um carro semelhante (no essencial os carros são iguais) competia a Webber andar sempre nos pódios. é 5º no campeonato.

    Ferrari: Massa já teve um papel ingrato, mas importante na Ferrari. Na época passada por exemplo em grande parte das corridas o seu carro servia para testar “in loco” as novas peças/inovações da Ferrari, que se resultassem passariam para Alonso. E este papel de “team player” valeu-lhe certamente o lugar para este ano. No entanto agora a ferrari entende que deve ter 2 pilotos de topo e não apenas 1, acompanhado por um “piloto de testes”, daí a saída de massa. e agora dando uma de desobediente, massa não percebe que não é um piloto de topo, e tenta dar um ar da sua graça. deu no que deu, correu-lhe mal. correu normal digo eu.
    tb acho que lhe ficou muito mal depois de saber que ia sair da ferrari, dizer que n ajudaria alonso e este episódio de desobediência. mas quem vai contratar um gajo que diz e faz destas coisas? um gajo que mostra nao ser um “team player”.

    só pode mostrar que não é “team player” os grandes pilotos, os pilotos de topo. a esses corre-lhes bem quando mostram o ego!

  10. Dizer qual é a melhor estrategia de trocas de pneus é mais facil depois da corrida do que fazer uma previsão. En vista do acontecido eu vou diferir de todos. acredito que a melhor estrategia para Webber foi justamente a de 3 paradas, só que o rapaiz não fez sua parte. Se fosse Hamilton ou Vettel tivese chegado chegando e passando de uma a um Groja com pneus duros e desgastado e partido para cima de Vettel para definir nas últimas 3 voltas no meio do tráfego e no macho mesmo. mas como sabemos, Webber apenas tense mostrado como um bom falastrão e se empepinou com Groja. Com duas paradas seguro tivesse chegado no max em terceiro, se é que não fica sem pneu mesmo e tem um rebentão ou fica que nem o Kimi que de segundo saiu até da zona de pontuação naquele GP da China. A RBR foi certeira ao dar aos seus pilotos as estrategias melhores para eles. Só que Vettel é Vettel e Webber é Webber.
    Sobre o Massa… é chato ver ainda isso com o Massa. Acaso esse rapaiz não deixou claro que não ia abrir mais??. O Felipe não falou aos 4 ventos que se o Alonso quisese passar que passase no brazo?. Então pq a Ferrari ainda faz essa porcaríada?? Essa é a pergunta e não se ele respeitou o não, ou se ele se insubordinou o não, ou se o Alonso é mais rápido ou não, ou se é pelo bem da equipe. Que putz do infeliz que mandou a dar essa ordem. Vão comer seu macarrão com marmelada. Espero que a Lotus chegue no segundo de construtores. Eles merecem!!!

    • Acredito que vc estava com pressa de escrever. Seus comentários são sempre cuidadosos no português. Esse no entanto, com “en”, “rapaiz”, “tivese”, “??.”, “quisese”, entre outros. Hehehehehe.

      • hahahaha, Deixa passar dessa vez Kim. O dia estava chuvoso e escorreguei pra caramba. Mas nada comparado com a “barbarie” da Ferrari nem com o chochororó do patetico Webber.
        Veja ai meu site onde escrevo com mais soltura (sempre sem corretor), hehehehe
        Forte abraço

  11. No que tange ao campeonato o Felipe nada pode tentar. Então desobedecer a Ferrari para mostrar que é hora dele correr pelos próprios resultados foi uma solução política. Acredito que a Ferrari não irá mais ordená-lo, embora também creio que ele não receberá o melhor dos tratamentos na equipe neste final de temporada. O recado foi dado e mesmo que numa hora não tão propícia, mostrou o que queria. Daqui pra frente a Ferrari tem nele mais um piloto do que um escudeiro. Sem contar que tirar pontos da Ferrari, para ele, não é ruim. Afinal, a Ferrari será de qualquer forma, adversária dele no próximo campeonato (se ele se manter na F1). Então não é de todo mal segurar um pouco o Alonso.

    Agora se isso foi certo ou não… É outra história. Mas mesmo que não seja certo, errado não foi.

  12. Quando a Ferrari decide agir anti-eticamente ao prejudicar esportivamente o Felipe para “favorecer” o time , aparecem criticas ao Massa, a equipe, mas entendem o lado da equipe e não o do piloto. Agora quando o Felipe decide agir eticamente, na linha de pensamento de que as ultrapassagens devem ser realizadas na pista e de maneira justa, o que eu leio? Críticas ao Felipe porque “prejudicou” a equipe, embora tenha agido certo. Isso são dois pesos e duas medidas.


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