Há duas boas formas de saber se um piloto do meio do pelotão merece uma chance em equipe grande: se ele consegue aproveitar as raras oportunidades que surgem para classificar seu carro em posições em que não merece estar e se ele faz um trabalho competente mesmo fora de posição durante a corrida. Além disso, sobreviver sem toques na carnificina da briga para entrar nas últimas posições dos pontos é outro quesito importante.
Pois, bem: GPs da Itália e da Coreia em 2013; da Europa, Bélgica e Brasil em 2012; novamente Brasil e Itália, além de Hungria em 2010. Parece que, na pista, Nico Hulkenberg já fez o suficiente para convencer que merece mais que sonhar com pódios.
O alemão de carreira tão vitoriosa nas categorias de base quanto Hamilton e Rosberg sofreu em seu início na Williams, em 2010, como tem sido praxe para todo estreante desde a limitação de testes de 2009. Foram toques evitáveis e uma defasagem de 0s5 em classificação e 1s/volta em corrida em relação a seu então companheiro Rubens Barrichello, mas a diferença praticamente acabou na segunda metade daquele ano, quando marcou 20 pontos contra 18 do brasileiro nas últimas oito etapas e equilibrou o duelo interno, como mostram os números:
Hulkenberg | Barrichello | |
Diferença média em classificação | +0.140 | |
Duelo em classificações | 6 | 13 |
Posição média em classificação | 11,2 | 9,4 |
Posição média de chegada | 11,9 | 9.8 |
Preterido no time de Grove em favor de Pastor Maldonado e seus milhões em anúncio feito em 1º de dezembro, Hulkenberg se viu vulnerável no mercado e acabou amargando um ano como piloto de testes da Force India.
Promovido na temporada seguinte, bateu o companheiro Paul Di Resta, com nível de experiência semelhante ao seu. Marcado pela consistência, pontuou em 11 das 20 etapas e ganhou valor de mercado, podendo acertar sua ida para a Sauber, que parecia a melhor das equipes médias na época, ainda em outubro.
Hulkenberg | Di Resta | |
Diferença média em classificação | -0.274 | |
Duelo em classificações | 11 | 8 |
Posição média em classificação | 11,4 | 11,4 |
Posição média de chegada | 9,7 | 10,4 |
Mas a Sauber parecia uma boa até que 2013 começou e o carro se mostrou lento. Praticamente sem competição interna contra o estreante Esteban Gutierrez – dominado com facilidade como manda o figurino para quem almeja passos maiores – Hulkenberg pontuou em quatro oportunidades antes da melhora do carro, na Hungria. De lá para cá, ainda teve tempo de mostrar sua perícia na briga por posições ao segurar ninguém menos que Alonso e Hamilton na Coreia, além do final de semana brilhante na Itália.
Hulkenberg | Gutierrez | |
Diferença média em classificação | -0.816* | |
Duelo em classificações | 18 | 1 |
Posição média em classificação | 9,8 | 15,6 |
Posição média de chegada | 9,2 | 11,7 |
*maior diferença do grid por quase 0s3
Porém, novamente, não foi suficiente. Sem lugar na “falida” Lotus e preterido em Ferrari (que apostou em uma figurinha já conhecida), Red Bull e McLaren (que priorizaram suas crias), Hulkenberg voltou à Force India. Mas por que nunca um time grande? Lembremos que o único movimento em Red Bull, Ferrari, McLaren e Mercedes entre 2010 e 2013 foi a saída de Hamilton e a contratação de Perez, supervalorizado por uma Sauber que cuidava bem dos pneus.
O alemão ainda traz dois outros problemas “crônicos” para sua carreira: falta de apelo comercial em terra de Vettel e Rosberg e a altura, que o torna um piloto pesado para os padrões atuais da F-1, em que o peso mínimo leva em consideração carro + piloto. Acredita-se que Hulk pese cerca de 74kg para seus 1,84m, até 10kg mais que “baixinhos” como Vettel e Alonso. O próprio Martin Whitmarsh reconheceu que essa questão fez com que o piloto não estivesse nos planos da equipe. (E, para quem lembrou que Jenson Button também é dos mais altos, o inglês disse recentemente estar na casa dos 69kg e totalmente no limite para seus 1,82m – e para o carro da McLaren)
Há quem diga ainda que as estratégias de seu empresário não são das mais amigáveis, mas isso é papo de bastidor, difícil de ser comprovado. O fato é que a permanência de Hulkenberg no meio do pelotão mesmo com a efervescência do mercado neste ano pode significar que ele não deixará o papel de eterna promessa tão cedo. Afinal, as peças recentemente alteradas no topo podem demorar a cair.
28 Comments
Não tenho certeza de que Button, Alonso e Raikkonen demorem para “cair” …
Acho que o Button é o próximo – até porque é o mais velho.
Há boatos de que Alonso vai pra McLaren em 2015, pro lugar de Button ou Magnussen, dependendo do desempenho do dinamarques.
Raikkonen é o mais velho.
Essa diferença média em classificação em relação ao Gutierrez não seria negativa?
Sim! Corrigido.
Mais uma interessante analise Julianne. Acredito que seja uma combinação de tudo. Mas o “peso” do empresário, talvez, seja maior que o do Hulk…
Muito bom o artigo.
Julianne, em que condições Hulkenberg segurou Alonso e Hamilton? Seu carro – de asa FECHADA – despachava o espanhol e o inglês NA RETA, ambos de asas ABERTAS! Hamilton declarou que ficou impressionado com o poder da tração da Sauber, COM OS NOVOS FARELLIS! A Sauber melhorou muitíssimo com o advento dos farellis modificados. Não se esqueça que até o “trucidado” Gutierrez passou a frequentar o Q 3! E Gutiérrez era apenas um estreante. Pau que bate em Chico bate em Francisco também, na comparação do Gutierrez x Hulk e Hulk x Barrica. Mas o execradíssimo Maldonado, em seu ano de estréia na Williams, se impôs a Barrichello em VELOCIDADE, levando a Williams ao Q3 3 vezes contra nenhuma do Barrica. E Maldonado pegou uma Williams muito mais “draga” que aquela que Hulk pegara no ano anterior. A pole de Hulk em Interlagos foi obtida em condições climáticas atípicas. Hulkenberg só dirige “tranqueiras”? Não me consta que a Force Índia seja tão “tranqueira” assim. Fisichella já levou uma Force India ao 2º lugar e obteve com ela uma pole position em condições VERDADEIRAS. Hulkenberg – com uma Force India – liderou por 30 voltas e no decorrer da prova chegou a ter o carro mais rápido do GP do Brasil em 2012 e não soube vencer a corrida, se atrapalhando todo e rodando sozinho na entrada da Curva 1 (além de ter dado uma boa “entortada” em outra). Que eu me lembre, chegou a botar distância considerável sobre seus adversários. Para efeito de comparação, o apedrejadíssimo pagante Maldonado – apontado por muitos como sem talento – NÃO desperdiçou a oportunidade que teve para vencer, resistindo a corrida INTEIRA à fúria de ninguém menos que Alonso em Barcelona, em 2012, finalizando em 1º e Alonso em 2º. Maldonado pode ser irresponsável, maluco, pagante, o que for, mas dizerem que não tem talento não condiz com alguns feitos dele e, se foi superado por Bottas, olho no finlandês, porque o parâmetro de comparação foi muito bom.
Na F 1 Hulk nunca foi ao pódio, sequer ao degrau mais baixo. Seu melhor resultado é um 4º lugar. Se ele fosse um fora-de-série, me desculpem os seus fãs, francamente acredito que nem a Ferrari nem a McLaren o perderiam, até porque eu suponho que ele não deve ser um piloto muito caro, pelo menos AINDA. Dez quilos a mais de peso não representariam algo intransponível que para quem tem um talento tão excepcional, como a maioria esmagadora apregoa. A Ferrari, então, foi cruel com ele, encerrando as negociações com um SMS. Depois botou panos quentes. . . Mas preferiu se humilhar e pegar Raikkonen. A meu ver, Hulk não é um mau piloto, longe disso; poderia ser um bom escudeiro para Alonso, por exemplo, no entanto está longe, muito longe de ser esse talento fora-de-série em torno do qual existe o maior oba-oba da F 1, alimentado inclusive por muitos formadores de opinião em geral, não apenas na mídia. Enquanto isso, seu compatriota Vettel – com 4 títulos nas costas e derrubando recordes – ainda é chamado de “pilotinho” e “piloto meia-boca” por muitíssimos comentaristas em muitos blogs, como estou cansado de ler. Como dizia Harry, a Hiena, “Ó vida”! Entretanto, não terei problema algum em aplaudir Hulkenberg quando ele realmente fizer uma façanha, pois não sou de negar a realidade ou ignorá-la. Se ele tivesse vencido ou ao menos chegado ao pódio em Interlagos em 2012 eu estaria aqui aplaudindo-o. Hulkenberg prometeu muito ao vencer tudo nas categorias de base, mas não conseguiu entregar até aqui o prometido. A meu ver, os verdadeiros limites de qualquer piloto só aparecem quando ele se depara com carros mais potentes e mais pesados. No entanto, Hulk ainda não acabou de escrever a história dele na F 1, claro que reconheço isso. E também existem outros oba-obas na F 1.
Muito boa análise Aucam,equilibrada e muito bem fundamentada.Acredito que Hulkenberg vai ter uma avaliação de sua real capacidade neste ano correndo na mesma equipe com Perez.Aproveito a oportunidade,e com o respeito que tenho por sua opinião,para lhe perguntar como você analisa o Grojean,um piloto que eu gosto muito(não se sinta explorado,kkkk).
Muito obrigado por partilhar da mesma visão, Xará (posso tratá-lo assim? Também sou vidrado em Fórmula 1, rsrs). Olha, sempre disse aqui no Blog da nossa competente Julianne que o requisito mais básico, mais essencial para alguém ser um grande piloto é a EXTREMA VELOCIDADE NATURAL, tudo o mais pode ser lapidado depois. É claro que o sucesso não depende apenas dela; o automobilismo, como sabemos, é feito de imponderáveis também, o competidor depende muito do meio que tem em mãos, mas ela – a velocidade – tem que estar lá e não considero difícil detectar quem a tem. Grosjean tem muitíssima velocidade, na minha opinião já demonstrou isso. E, além disso, tem “grinta”, como dizem os italianos.Também gosto de Grosjean. Ele já bateu muito? E o que dizer de Jody Schekter, que também batia muito no início e foi campeão mundial anos depois? Schekter fez um dos maiores strikes da história da F 1 no começo de sua carreira, detonando quase a metade do grid! Então, nunca se deve subestimar um piloto rápido e com garra.
Achei Boullier um tonto quando optou por Kovalainen, preterindo o ingênuo Valsecchi, mas devo dizer que a sua decisão de continuar apoiando Grosjean foi sábia. Grosjean conseguiu se reinventar – soube inclusive regredir para a GP 2 – para agora estar no caminho certo. Pouquíssimos conseguiram fazer o caminho de volta para a F 1 com sucesso e Grosjean conseguiu. Se a Lotus conseguir dar a Romain um carro decente eu espero dele GRANDES RESULTADOS daqui pra a frente, inclusive VITÓRIAS (já poderia ter ocorrido uma nesta temporada de 2013, não tivesse Grosjean tido pela frente um excepcional Vettel tirando tudo e mais alguma coisa de sua magnifíca Red Bull). Realisticamente, acredito também que Grosjean superará seu futuro companheiro de equipe Maldonado, pois no conjunto considero-o mais forte que o venezuelano.
Aprecio o talento e a tocada de pilotos rápidos que privilegiam a essência da F 1 – a velocidade. Grosjean é um deles.
Forte abraço.
aucam,
Argumentos muito bem colocados! e dificeis de rebater!
Meu caro Muguello,
Com Sérgio Perez já confirmado pela Force India, Hulkenberg – para fazer jus a toda essa expectativa que quase uma unanimidade espera dele – vai ter que NECESSARIAMENTE SUPERAR o mexicano! Hulk terá essa OBRIGAÇÃO, como alguém apontado por quase todos como potencial campeão mundial INJUSTIÇADO. Eu não tenho certeza que isso ocorrerá, ao contrário, tenho sérias dúvidas. Por que? Não podemos afirmar com segurança se essa melhora notória que o carro de 2013 da Sauber experimentou com a chegada dos novos farellis o deixou tão competitivo quanto aquele da temporada de 2012, pilotado por Pérez e Kobayashi. Se o deixou tão competitivo quanto o outro de 2012, Hulk ficou devendo, pois Pérez foi ao pódio 3 vezes com a Sauber 2012 (inclusive obteve um 2º lugar) e Koba uma vez (um 3º lugar). Se o carro de 2013 – mesmo com a notória melhora havida com os novos pneus – se tornou competitivo mas não no mesmo patamar do Sauber de 2012, podemos dizer e constatar então que os resultados de Pérez com a Sauber foram proporcionais, pois o mexicano foi ao pódio 3 vezes, repito, e Hulk com o modelo 2013 nenhuma. Em termos de performance Pérez e Hulk se igualaram, portanto. Difícil fazer essa mensuração entre os dois carros sem conhecer de perto os bastidores da equipe ou trabalhar de alguma maneira na Sauber. No entanto, de uma coisa eu tenho certeza: para o Bem ou para o Mal, Pérez é mais arrojado e tem mais garra que Hulkenberg, e – tirante alguns excessos – Pérez tem um estilo e uma pilotagem mais eletrizante que Hulkenberg. Só o tempo dirá se isso vai se traduzir em superioridade de pontos em favor do mexicano. Hulkenberg superou o inapetente Paul Di Resta na Force India, mas em grids de largada eles empataram em 10 a 10. De qualquer maneira, ao final de 2014 teremos dissipada a dúvida sobre qual dos dois é melhor, e aí não haverá mais desculpas para o perdedor. Por último, a meu ver, a Force India está de bom tamanho para o que Hulkenberg e Pérez produziram na F 1 até agora. E a McLaren fez muito bem em promover Magnussen ao invés de pegar Hulkenberg. Se Magnussen eventualmente suplantar Button será uma grande façanha que poderá calar os anseios da Honda por um superpiloto como Alonso, ainda mais se considerarmos o histórico que o espanhol deixou lá com Ron Dennis, que ainda manda ali e muito.
Grande abraço.
Bla bla bla…
Você acompanha, não é só ver aos domingos, a F1?
É ler artigos, entrevistas dos times, pilotos, mídia…
Sobre Barricchello vs Maldonado, é velho que Barrichello fazia os SETUP para corridas, não a toa o desempenho bem superior do Rubens em corridas, mesmo contanto as barbeiragens do Pastor. Ah, será que você lembra das reclamações do Rubens por estar testando excessivamente peças pra o carro de 2012, que lhe tiraram a vaga por sinal? E a Williams 2013 é pior que a 2012, ou tão ruim quanto e o Super Pastor levou um belo kct do Bottas.
Falando em tranqueiras, um carro bom não eleva a condição eternamente, veja a posição atual da Williams, portanto sua descrição da Force India ta BEM furada! As condições de 2009 foram bem específicas para a Force que foi bem em pistas que tinham essas condições favoráveis à aquele carro!
Acho um vacilo deixar Hulkenberg de fora de equipe grande. Ele é claramente melhor que Ricciardo, que conseguiu vaga na melhor equipe sem atuações brilhantes em corrida, ou Magnussen.
Em tempos onde há muito equilíbrio, é visível que falta-lhe carro.
É um absurdo que Maldonado, que teve 1 vitória contundente mas só aquela vez, “subiu” de equipe indo pra Lotus, enquanto Hulk fica lutando contra carros medianos, sua altura, a postura do seu manager, o fato de ser mais um alemão no grid, etc. Mesmo assim, seu talento sobressai.
Thiago, concordo contigo em quase tudo, pois não acredito que Maldonado tenha “subido”. Ao que me parece a Lotus é a maior incognita da próxima temporada, visto que aparentemente não possui nem motores confirmados para a 2014… mesmo com a grana do MaldAnado…
Na Sauber a grana dos russos não é isso td que falaram por aí, e como a Ferrai fo$%& com ele (no fundo acredito que fizeram isso com ele pq ele ia dar uma dor de cabeça dos infernos pro Alonso, já o Kimi é um cara meio invisivel e se ganhar do espanhol não será nenhum assombro, pq ele é bom pacas, mas acho que vai tomar pau do asturiano), acho que a melhor aposta é a FI mesmo… que tem feitos carros bons ultimamente (vem de Mercedes ano que vem, mas já pensou se esse motor não for nada disso que tão falando?!?) …
As outras grandes não iriam atrás dele mesmo, a Red Bull tem o seu programa gerador de “Vettel” (os coitados vão ficar procurando até o fim dos tempos pra achar outro destes…) e a McLaren acredita que o Magnussen (acho que escreve assim, se não for me desculpe…) é o Hamilton renascido das Pussycatdolls…
Acho que no fim as coisas deram é certo pra ele…
Oi Ju,
Diante de tantas picuinhas políticas e que envolvem a Fórmula 1 não é novidade pra ninguém que interesses comerciais muitas vezes estão acima dos do esporte.
A Fórmula 1 vive um período de domínio alemão. Bem não saiu da era Schumacher, começou a era Vettel. E tem Nico Rosberg também beliscando vitórias. De repente um outro alemão em equipe de ponta poderia abrir um precedente perigoso para os interesses comerciais da categoria.
Como você vê isso? Hulkenberg poderia ter ido para a McLaren, seria menos arriscado do que apostar num estreante em temporada de mudanças radicais, principalmente depois da decepção que foi Sergio Pérez. E sem dar outra desculpa melhor, Whitmarshi veio falar sobre o ‘peso’ de Hulk. Que tem fundamento, tem. Mas o que vale mais, um piloto pesado veloz ou um estreante incógnito?
Estou levantando esta lebre. Você acredita em alguma manobra de bastidores, leia-se Bernie Ecclestone, para que Hulkenberg não se juntasse a Vettel e Rosberg, por exemplo, gerando um domínio absoluto de pilotos bávaros?
Um abraço!
Bom, respondendo a pergunta, não ha nada de errado com Hulkenberg, assim como não havia nada de errado com Trulli, Kobayashi ou Heidfeld por exemplo.
Mas pra pilotar um carro competitivo e disputar o título, não “ter nada de errado” é pouco, tem que “ter muito de bom”, e isso, como o colega aucam disse, ainda não foi mostrado, não satisfatoriamente pelo menos. Na propagada melhor corrida dele(Brasil 2012), deve se lembrar que ele de fato fazia grande corrida mas perdeu a liderança pro Hamilton num erro bobo e depois, tentando retomar, comete outro erro mais bobo ainda que tira Hamilton da corrida e arruina a própria corrida.
Por mim Hulk tem nível pra estar no grid e pode um dia até pilotar um grande carro e fazer um grande campeonato, mas o que me incomoda é o exagero em cima do cara, como “melhor alemão do grid atual”(não sei nem se é melhor que Rosberg, porque Vettel é outro nível de comparação). Enfim, me causa certo desconforto o endeusamento dele. Até agora mostrou ser um bom piloto, como outros que passaram pelo grid, mas não mais que isso.
Não tem como fugir muito da linha do Aucam. Acho o Hulk um bom piloto, mas não é um fenômeno. Aí entra o fato de atualmente termos pilotos muito bons no grid. Talvez na era Schumacher ele tivesse mais chances. O Hulk não é melhor que os pilotos da Ferrari e Mercedes, Vettel, Button, e Grosjean. Talvez alguém até ache equivalente a alguns destes. A vaga da Red Bull é para um piloto que eles investem, ou teria sido do Kimi. A Lotus sem grana, e uma incógnita, foi atrás de grana.
Sendo assim, não acho que ele é injustiçado. No mais, vou na linha do Aucam. Vamos aguardar mais.
Caro, Aucam, talvez o comparativo entre Perez e Hulkenberg não seja tão realista, pois muito bem mostrado pela Ju, o carro da Sauber em 2012 era muito bom e conservador de pneus, corroborando para as boas atuações de Perez e Koba ano passado, não se comparando com o instável Sauber de 2013… o próprio Nelsinho Piquet, reconhece as deficiências do F-2012 em relação a Sauber e Lotus (2012), portanto, talvez os méritos do mexicano estejam superestimados! http://www.totalrace.com.br/site/entrevista/2012/11/alonso-seria-campeao-de-sauber-diz-nelsinho-piquet
Caro Wagner, como eu disse, é difícil mensurar o quanto de competitividade a Sauber de 2013 ganhou proporcionalmente ao Sauber de 2012, mas a verdade é que, após a chegada dos novos Pirellis, o carro melhorou visivelmente, e muito, já que até o estreante Gutiérrez andou frequentando o Q 3 e marcando pontos. Veja que em Austin – apesar do BAILE que Hulkenberg levou de Alonso – a diferença na chegada foi de menos de um segundo a favor do espanhol. De qualquer maneira, na minha opinião, Pérez soube aproveitar bem o Sauber 2012 que teve em mãos ATÉ SER CONTRATADO pela McLaren, rsrsrs, indo ao pódio 3 vezes, enquanto Hulkenberg – quando se viu súbita e inesperadamente com uma Force India competitiva, com condições REAIS de VENCER a corrida em Interlagos em 2012 – jogou a vitória fora (ou pelo menos um pódio). A meu ver, Hulkenberg ali mostrou muito dos seus limites, pois, como inclusive descreveu o Tramarim, ele cometeu dois erros que arruinaram a sua corrida (em um deles rodou sozinho no seco). Isto NÃO significa que o alemão NÃO possa melhorar, mas, na minha opinião, ele não é um piloto fora-de-série, não é esse fenômeno que quase a totalidade das pessoas pensa que ele é e que ele esboçou ser quando ganhou tudo nas categorias de acesso. A F 1 é mais potente, mais veloz e mais pesada, e os seus competidores de ponta são realmente uma nata indigesta.
Veja como são as coisas, Wagner: Alonso, Vettel e Hamilton, que REALMENTE já fizeram grandes proezas e estatísticas, SEMPRE recebem críticas DESMECEREDORAS aos seus talentos excepcionais por muitíssimas pessoas, como leio em muitíssimos comentários por aí em muitos blogs e sites; aliás, você com certeza também os lê (OK, as pessoas têm o direito de julgar e de ter opinião). Tem gente que até hoje não reconhece e nega o talento de Vettel. No entanto, quase a totalidade das pessoas, inclusive muitíssimos formadores de opinião, vê e proclama Hulkenberg como um piloto excepcional, que se tivesse um carro de uma grande equipe estaria lutando de igual para igual pelo título contra Alonso, Vettel e Hamilton. Já li comentários classificando-o até como o melhor piloto alemão. Essa é a MINHA PERPLEXIDADE, Wagner, como ele reúne quase uma unanimidade em torno de si. As grandes equipes parecem ter uma visão sobre ele bem diferente disso. Francamente, o que Hulkenberg fez de excepcional até hoje na F 1? Fisichella, quando em DETERMINADO MOMENTO se viu com uma Force India competitiva nas mãos, como citei lá em cima, SOUBE aproveitá-la MELHOR que Hulk, levando-a a um 2º lugar. Essa é a minha opinião e tenho respeito pelas opiniões diferentes, você sabe, amigo.
Grande abraço.
Entendo seu ponto de vista, caro, Aucam, mas a Force India de 2012, era um carro pior que a Sauber de 2012, e mesmo com todos podios de Perez, Hulkenberg terminou míseres 3 pontos do mexicano (66 a 63), além de 18 pontos a frente do rápido e vencedor em Barcelona, Maldonado (63 a 45), portanto, fez uma temporada regular pelo carro que tinha, pois sua posição média de chegada em 2012 foi de 7,65. Bem, em Interlagos 2012, chegou atrás de uma Mclaren, duas Ferraris e uma RBR, nada mal para o 7º carro do grid.
Veja, caro Wagner, NÃO estou analisando carros A ou B, o que eu quero dizer é o APROVEITAMENTO de uma OPORTUNIDADE INQUESTIONÁVEL ou mesmo ÚNICA para ser feito ou mostrado ALGO DIFERENCIADO, EXCEPCIONAL, que mereça, sim, endeusamento a um piloto que o fizer – pela quase totalidade das pessoas (formadores de opinião aí incluídos). Hulk a teve em Interlagos em 2012; ele estava INESPERADAMENTE com a vitória em suas mãos e não soube materializá-la. Se tivesse vencido, SOMANDO ao que JÁ FEZ, SEM DÚVIDA estaria mostrando e provando que é mais que um Heidfeld, por exemplo. Vettel, Alonso e Hamilton são contestados por muitíssimos, mesmo tendo feito tudo o que fizeram (e é natural, dado que a F 1 também envolve paixão). Hulk, a meu ver, não é um fenômeno; um fenômeno é a devoção por ele, que resulta em quase unanimidade. Alonso se perde pela boca; se não tivesse assustado Montezemolo, talvez a Ferrari até tivesse posto Hulk como escudeiro do espanhol, nem precisaria pagar um caminhão de dinheiro e se humilhar para Raikkonen; se bem que SERIA DIFÍCIL IMAGINAR um talento mais do que comprovado como o grandíssimo Raikkonen SEM um carro de ponta, ainda mais com essa crise da Lotus. Enfim, situação complicada para Hulkenberg. Desculpe-me pela minha opinião, caso você esteja entre os que o acham acima da média ou injustiçado, não sei se é o seu caso, não conheço seu ponto de vista sobre o alemão.
Caro, Aucam, apenas penso que Hulkenberg ainda não teve carro para ser testado sobre pressão (brigar por título). Um comparativo com Maldonado, mesmo estando na frente em Interlagos, podemos ver que pelas particularidades das pistas, segurar carros rápidos na Espanha, é bem mais fácil que no Brasil. O alemão pode não ser um fora-de-série, mas é acima da média da nova geração. Basta um ano de prova de fogo para vermos sua real capacidade
Lembrando-se que a posição média de chegada de Perez foi de 6,2, não tão distante dos 7,5 do alemão.
Esse Nelsinho é um fanfarrão. Se a Sauber foi melhor que a Ferrari em 2013, então não só Alonso é o pica das galáxias, como também Massa é um deus, já que ficou na frente de Perez e Kobayashi no campeonato.
Ler isso de um ex-piloto é tenso…
Não vejo fanfarronice nas palavras de um piloto que conhece do quê fala, entretanto, o fato de terminar a frente nos pontos, pode ter uma outra vertente, pois o carro da Sauber nasceu melhor, fato, mas o contexto dos pilotos da equipe italiana serem melhores, além do fator desenvolvimento durante a temporada pesar e muito, não é nenhuma novidade. Pelo fato de Piquet não corroborar com a demonização de Alonso, e reconhecer o talento do espanhol, não tornam sua opinião incorreta, apenas diferente do que pensa a grande maioria da torcida e mídia brasileira.
Amigos,
O problema em acreditar nessa previsão do Piquet, é que a mesma foi dita a esmo, sem nenhuma base de argumentação. Creio, por exemplo, que se invertêssemos os papéis (Alonso na Sauber), Nelsinho iria dizer o contrário (campeão na Ferrari).
Sinceramente, acho que o mesmo surtou na entrevista. [Porém posso estar enganado, e Alonso seria campeão em TODAS as equipes (exceto Ferrari, obviamente)]
Abraços.
– Webber diz que Vettel e Alonso são os melhores.
– Alonso diz que Hamilton está acima de Vettel.
– Hamilton diz (implicitamente) que ele e Alonso são os melhores.
– Kubica diz que qualquer top-10 faria o mesmo que Vettel.
– Stirling Moss compara Vettel a Fangio e diz que o mesmo é maior que Schumacher.
Creio que a entrevista de Piquet não foge muito disso… Meras visões.
Ótima análise. Sobre a pergunta do título, a única coisa que há de errado com ele é o azar de estar no grid com uma das melhores gerações da história da F1, comparável à dos anos 80.