“Alonso realmente quer repetir o mesmo que Schumacher fez pela Ferrari, mas o alemão sabia que precisava muito mais do que apenas seu talento para isso. Levou junto Rory Byrne e Ross Brawn. Acho que Alonso não teve essa visão (ou não quis ter).”
O comentário do Billy no blog me levou a uma viagem no tempo. Afinal, é justo comparar a relação de qualquer piloto com sua equipe com o que Michael Schumacher viveu na Ferrari?
Voltemos a 1995. O alemão foi bicampeão do mundo com mais folga do que sua Benetton permitia, concorrendo com um apenas mediano Damon Hill. Do outro lado, a Ferrari, terceira no campeonato com menos da metade dos pontos dos campeões, amargava sua 16ª temporada seguida sem títulos de pilotos. Não precisa ser gênio para perceber a situação frágil em que a tradicional equipe italiana se encontrava frente à grande estrela da época.
Schumacher, então, chegou com carta branca na Scuderia e, levando os profissionais gabaritados pelos títulos nos dois anos anteriores, construiu uma estrutura vencedora ao seu redor, com a qual lucraram ele e a equipe, com cinco títulos seguidos entre 2000 e 2004.
Não foi naquela Ferrari “capenga” dos anos 1990 que Fernando Alonso desembarcou em 2010. O espanhol passara dois anos de “limbo” na Renault e estava com as portas fechadas na McLaren. Seu valor de barganha, portanto, era muito menor que o de Schumacher, ainda mais indo para uma equipe que havia sido campeã de construtores em 2008.
Detalhes tiraram dois títulos nos últimos quatro anos daquele que foi o rival mais consistente de Sebastian Vettel e o cenário dá indícios de começar a mudar. Ainda que o Carnaval midiático de Luca di Montezemolo leve a crer que Alonso vem perdendo terreno político na Ferrari, profissionais que trabalharam com o espanhol em seu bicampeonato na Renault chegaram e tomaram o lugar justamente dos principais alvos das críticas do piloto, que não costuma polemizar sem um alvo concreto. As contratações de Dirk de Beer e James Allison (que seriam um velho pedido do espanhol) são um duro golpe para Nikolas Tombazis e Simone Resta, que perdem influência – e vale lembrar o chefe de aerodinâmica do carro de 2013, Nicolas Hennel, já saiu de Maranello.
A Ferrari nunca estará organizada para servir Alonso da mesma forma que aconteceu com Schumacher – na verdade, aquela é uma história com ingredientes únicos. Mas a observação com mais cuidado (e, ao escrever isso, lembro-me da mensagem de rádio do espanhol pedindo desculpa por ter errado em sua volta rápida em Interlagos e recebendo a resposta “você não tem de se desculpar de nada” de seu engenheiro) do desenrolar dessa história Alonso/Ferrari nos faz pensar duas vezes antes de cravar que o piloto anda desprestigiado em Maranello ou “não tem visão” do que é necessário para montar um time campeão.
11 Comments
Ju, vc acha plausível Alonso na Mclaren em 2015?
Será que estes 2 novos engenheiros ainda conseguem alguma influência no novo carro? O contestado Domenicalli ainda manda. Será que o problema não se resolve de cima para baixo?
Será que o Alonso vai ter paciência para a ferrari se organizar?
Acho que a história dele na ferrari está no fim. A menos que façam um carro vencedor. Mas não existem muitos rumores a respeito.
Não se esqueça Alexandre, que quem está trabalhando neste carro desde o começo do ano é o Rory Byrne, e o cara tem só 7 títulos, não dá pra menosprezar isso!
Sempre tentei ver nos pilotos o que eram e não o que fãs apaixonados querem ver.
Não endeusei schumacher quando, em 2004, era um heresia não fazê-lo.
Nem o farei com os que aí estão atualmente, mas uma coisa penso que a Ferrari deve ter em mente.
Se Alonso tiver um carro como o de Schumacher em relação aos demais ele será campeão. É fato.
Portanto, ao invés de tentar se impor a Alonso a Ferrari devia se concentrar em fazer um carro top (acima dos outros).
Porque tendo o melhor de todos os pilotos (seja, Hamilton, Alonso, Vettel, Rosberg, Button) e não tendo o melhor carro (ou pelo menos bem próximo ao melhor) ela não será campeã.
Mas tendo o melhor carro e Alonso (ou Vettel) ela será sim campeã.
Já tem Alonso, deviam se concentrar no carro e deixar o espanhol com as falas bobas dele, com sua memória seletiva, etc…
Querem ser campeões? Façam o carro e deixem Alonso falando das suas.
Sem dúvidas são circunstâncias diferentes. Já não se pode mais testar como na época de Schumacher. A Ferrari tinha Fiorano na porta da garagem, e qualquer novidade era imediatamente levada à pista. Hoje a equipe se atrapalha com a calibragem do túnel de vento.
No mais, Ferrari e Alonso têm se mexido nos bastidores, trazendo nomes de peso para a parte técnica da equipe. Ainda assim, demoraram a despertar para isso. O que não tira seus méritos, de quase ter sido campeão duas vezes.
Realmente acho que o Schumacher pegou um abacaxi muito maior que o Alonso,apesar dessa geração ser muito mais talentosa do que na epoca do alemão. Mas se levarmos em conta o tempo que cada um teve o Schumacher conseguiu resultados muito antes do Alonso além disso ao invés de evoluir a equipe italiana so piora desde que o espanhol chegou.
Que o Alonso é um baita piloto eu não duvido , agora para mim uma dúvida paira no ar sobre a sua capacidade de ser a estrela do pedaço , vamos aos fatos :
– o cara foi bicampeão em 2005 e 2006, porém nestes anos a estrela sem a menor sombra de dúvida era Schumacher, o jovem espanhol assumia então a postura de desafiante.
– 2007 casa nova (McLaren), em uma F1 sem Schumacher ele passou a ser estrela e desde então parece não ter mais encontrado o rumo em decisões sobre mudança de equipe, e quando pressionado parece que perde as estribeiras, exemplos: chantagear Ron Denis em 2007 e sair criticando a Ferrari publicamente em 2013.
Então fica a pergunta , será que apesar de um baita talento , Fernandinho tem cacife para ser a estrela da F1 ?
Cristiano,
Na minha opinião, Alonso eh uma grande prima dona que afina na hora que a coisa aperta. Veja o comportamento dele em 2007, 2010 na decisão em Abu Dahbi. Entre outras. Se não for endeusado, ele afina!
Vixe, sumiu um monte de comentário. 🙁
O site está mudando de servidor, então estão acontecendo alguns problemas desse tipo. Mas acredito que tudo voltará ao normal até o final da semana. Peço desculpas a quem não teve o comentário publicado.
Ummmmm, comparacoes dificeis, pesos e medidas um pouco diferentes tambem.
Schumacher tambem apanhou um pouco no comeco antes de ser campeao na Ferrari. Poderia ter sido campeao em 99, mas dai deu no que deu. Em 98 deu de cara com alguem que o encarava sem problemas. 97 ele tinha bom carro, mas a Williams era muito boa. 96 foi ano de inicio e pegou Hill com otima Williams.
De 2000 para frente nao dava para a concorrencia. Ainda assim Kimi poderia ter sido campeao se o carro nao fosse tao quebravel. E o que dizer de 95/96 quando alguem mais tinha um otimo carro? Os mesmos estavam em Maranello e ele perdeu fair and square.
Ja Alonso pegou a coisa mais tumultuada internamente, uma empresa dirigida por italianos. Nem tunel de vento funcionava no mesmo patamar. E talvez se o Massa tivesse se intrometido entre as redbulls a coisa teria sido diferente. Mas ele estava sempre sozinho nessa batalha. Rubinho sempre ajudou mais o Schumacher contra o resto da rapa. E Eddie, o maluco, nao ajudou tanto o Schumy assim no inicio.
Vale a conversa. Vamo volta para o trabaio agora que estao me pagando bem.