F1 Análise do GP do Azerbaijão 2023 - Julianne Cerasoli Skip to content

Análise do GP do Azerbaijão: Como Perez bateu Verstappen e por que Baku foi chata

O primeiro experimento do novo formato da sprint acabou decepcionando no GP do Azerbaijão. Mas quem não teve nada a ver com isso foi Sergio Perez, que teve um final de semana que só não foi impecável pela última tentativa na classificação da sexta, que o colocou em terceiro no grid e com a missão de encontrar alguma forma de Max Verstappen no domingo. E ele conseguiu.

Juntando a vitória do GP em si à conquista da sprint no sábado, quando ele largou em segundo e passou o pole em ambas as corridas Charles Leclerc sem muita dificuldade, Perez diminuiu a vantagem de Verstappen para seis pontos no campeonato. E fez questão de lembrar a equipe que seria o líder sem as dificuldades que teve com os freios na classificação da Austrália.

Mas como Perez construiu essa vitória? Verstappen tinha passado Leclerc na volta 4, e tinha aberto apenas 1s3 quando o mexicano fez o mesmo duas voltas depois. Max estava cuidando de seus pneus a esse ponto, e talvez tenha menosprezado a ameaça do companheiro.

A pouca diferença permitiu que Perez ficasse no DRS de Verstappen nas voltas seguintes, ganhando cerca de 0s2 por volta com isso e obrigando o holandês a desgastar seus pneus. Na volta 10, respondendo a reclamações de Verstappen, a Red Bull o chamou para os boxes.

O que geralmente acontece com o piloto que está na liderança é que ele tem mais folga para administrar os pneus e acaba parando depois de todo mundo. Perez estava forçando Verstappen naquele momento, quando todos estavam com os médios, e isso foi fundamental para sua vitória porque deixou o líder do mundial exposto.

É claro que havia um ingrediente como pano de fundo que ajudaria o mexicano. A AlphaTauri de Nyck De Vries estava parada na área de escape, com a roda dianteira esquerda apontando para fora. Os engenheiros da Red Bull não viram esse detalhe, e julgaram que ele logo voltaria à pista, após achar a marcha ré nas configurações do volante.

Esse erro acabou custando caro porque a roda torta era a diferença entre uma bandeira amarela localizada e um Safety Car. Que, quando foi acionado, segundos após a parada de Verstappen, permitiu que Perez e Leclerc trocassem os pneus e voltassem à frente do holandês.

Na relargada, na volta 14, Verstappen logo recuperou a segunda posição, mas em momento algum colocou o mesmo tipo de pressão que tinha sofrido de Perez. Ali ficou claro quem era a melhor Red Bull do GP do Azerbaijão.

Por que Verstappen não estava confortável em sua Red Bull

Verstappen depois contou que não estava feliz com a entrada de curva. O carro não rolava do jeito ágil que ele gosta. Mexendo nas configurações de diferencial, equilíbrio de freio e torque, ele acabou favorecendo o superaquecimento dos pneus traseiros, que eram o fator limitante em Baku.

Enquanto isso, Perez abria uma diferença confortável de 3s sem ter de forçar o tempo todo, como indicam suas velocidades máximas e tempos de volta à medida que o peso do combustível ia diminuindo. 

Nas últimas voltas, Verstappen até diminuiu a diferença, mas nada que ameaçasse a vitória de Perez. Após a bandeirada, o holandês disse que estava contente com o aprendizado durante a prova em relação ao comportamento do carro, e também admitindo que o companheiro parece compreender melhor os pneus desse ano em determinadas situações. E é por isso que ele tem se mantido tão próximo no campeonato.

LEIA TAMBÉM: Tudo sobre como funciona a sprint

É bom lembrar também que o GP costuma ser muito ditado pela experiência da sprint. E Verstappen tinha um carro todo desequilibrado no sábado devido ao toque que teve com George Russell na primeira volta.

Faltou pimenta no GP do Azerbaijão 

Outro ponto curioso é o testemunho de Perez de que o toque forte que ele deu no muro com 12 voltas para o final acabou fazendo algo positivo para o pneu. Diz o mexicano que o carro ficou com a frente mais estável. Mas é de se duvidar que ele vá tentar essa tática novamente!

Esse toque de Perez e tantos outros que vimos na morna segunda fase da corrida exemplificam como a história do GP do Azerbaijão poderia ter sido muito diferente. Isso aconteceu no passado por lá também: ou a corrida era bem tranquila. Ou estava muito tranquila até que alguém batesse ou algum pneu estourasse, fazendo tudo virar de ponta-cabeça.

Por que o GP do Azerbaijão corrida não engrenou?

Mas também não dá para fechar os olhos para alguns motivos que contribuíram para que ficássemos só nos toques leves no muro. Quando temos uma situação em que dois pilotos que largaram com o composto duro dos boxes (Hulkenberg e Ocon) conseguem segurar outros com pneus bem mais novos por 44 voltas, algo não está funcionando muito bem.

Há alguns fatores aí. A zona de DRS foi diminuída em 100m, o que provou ser um exagero e coibiu as manobras na reta principal. Os pilotos têm reclamado de aumento da turbulência quando seguem uns aos outros. 

E, quando você tem um composto durando tanto quanto aconteceu com o duro (com o qual Ocon só não fez a corrida inteira porque a regra não permite), mesmo se um carro desgasta mais a borracha que outro, isso acaba não sendo suficiente para criar a diferença de rendimento entre os carros que vai permitir ultrapassagens. 

É bom lembrar também que o pneu duro só foi tão consistente porque o domingo estava quente, porém nublado. Isso deixou a temperatura da pista perfeita para o composto.

No caso específico de Ocon e Hulkenberg, eles ainda tiveram a sorte de ter Lando Norris, com a menor velocidade de reta do grid, logo atrás. Isso gerou um trenzinho de DRS e ninguém passou ninguém até que os pneus de Hulkenberg (que tem um dos DRS mais poderosos do grid na Haas) acabaram de vez.

As nuvens salvaram a Ferrari na briga com Aston Martin e Mercedes?

Entre as Red Bull e esse trenzinho estavam as duas Ferrari, Aston Martin e Mercedes. Não há uma grande diferença de rendimento entre esses carros em ritmo de corrida, embora as Mercedes estivessem um pouco mais perdidas em termos de acerto em Baku. Para haver ultrapassagens nesse grupo, é preciso ou de erros, ou de níveis de desgaste de pneus diferentes. Isso pode acontecer pela adaptação dos carros a determinados compostos ou a diferenças no número de voltas entre os pilotos.

Pois, bem. No GP do Azerbaijão, esses dois fatores não apareceram. Com os pneus duros sendo muito consistentes, até mesmo a Ferrari, que é a pior dessa turma no gerenciamento da borracha não sofreu no final da corrida como em outros GPs. E todos tinham parado mais ou menos na mesma volta, durante o SC.

Veteranos abrindo caminho

Apenas Lewis Hamilton parou duas voltas antes, tendo forçado demais seus pneus tentando se defender de Alonso, em um cenário semelhante ao que aconteceu com Verstappen. Como o holandês, Hamilton perdeu terreno com o SC e foi parar em 10º. Mas se recuperou rapidamente, passando Hulkenberg e Ocon na relargada, Russell na volta seguinte e Stroll dois giros depois.

Em outro bom domingo, Hamilton ainda enconstou em Sainz, que por sua vez esteve perdido por todo o fim de semana.

Outro veterano que conseguiu encontrar uma brecha para se recuperar foi Fernando Alonso. Ele largou atrás de Hamilton, ganhou a posição do inglês após o SC, e aproveitou que Sainz titubeou atrás de Leclerc na relargada para encontrar uma brecha e passar o espanhol. No final, ele ainda foi à caça de Leclerc, mas não tinha vantagem suficiente para atacar. É possível que, como foi ficando cada vez mais nublado, isso tenha ajudado os ferraristas a se defenderem de Alonso e Hamilton. Essa nuvem inclusive virou uma chuva tímida, mas umas 2h depois da bandeirada.

Ótimo fim de semana de Leclerc

Leclerc otimizou o resultado da Ferrari no fim de semana, com duas poles e até um pontinho roubado da Red Bull, aproveitando o buraco que Verstappen tinha no carro para ser segundo na sprint. E Alonso também saiu satisfeito com o quarto lugar no GP, em um fim de semana em que a Aston Martin sofreu com o funcionamento intermitente do DRS na asa traseira que estreou em Baku. Isso prejudicou posições no grid, mas a asa voltou a funcionar na corrida, o ritmo do carro foi bom novamente, e o espanhol conseguiu salvar um quarto lugar.

Com as oito primeiras posições ocupadas pelas quatro melhores equipes (sem quebras ou abandonos desta vez), as últimas posições nos pontos ficaram com Norris, depois que Ocon e Hulkenberg tiveram que parar, e Tsunoda. McLaren e AlphaTauri foram as equipes que mais levaram mudanças para o GP do Azerbaijão, mostraram que deram um passo adiante, e esperam otimizar seus novos pacotes nas próximas corridas.

2 Comments

  1. Perfeita análise, como sempre!

  2. De fato seu comentário foi muito bom, mas acho que a fórmula 1 está ficando chata, sem graça. Meus amigos nem assistem mais. Eu assisto, mas sem áudio, porque é impossível aguentar o Sérgio Maurício falando e falando SEM PARAR um minuto sequer : E ai tá ligado? É aí tá ligado?? Por favor pede pra deixar só o Reinaldo Leme.


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