Enquanto uns fazem suas mandingas para começar bem o ano e outros apostam nas listas de mudanças que muitas vezes não saem do papel, os fãs de F-1 já devem estar com altos níveis de abstinência e cheios de perguntas. Afinal, o que vai acontecer na temporada que começa em 11 (!) semanas?
Ferrari do início de 2017 ou a Mercedes do fim do ano?
Há duas maneiras de olhar essa questão. Em teoria, a Ferrari teria vantagem por ter um projeto mais equilibrado, que pode ter os conceitos continuados e aprimorados para a próxima temporada. E o caminho que a equipe escolheu para fazer isso pareceu claro nos testes feitos no final de 2017: aumentar o rake para dar mais pressão aerodinâmica – e tornar o carro cada vez mais parecido com a Red Bull. Mas a Mercedes jogou as teorias para o lixo com a grande melhora de compreensão de seu carro que teve na segunda metade do ano passado. Esperava-se que o time tivesse de jogar seu conceito de carro longo no lixo e começar tudo do zero, o que daria vantagem à Ferrari, mas descobertas importantes foram feitas nos últimos meses do ano e podem ser o início de mais um ano muito forte do time prateado.
Onde a McLaren se encaixa?
Há muita especulação acerca do real déficit do motor Honda. De 80 a 160cv, ouve-se de tudo, ainda que seja difícil simplificar as deficiências em números de potência. Nível mais alto de de-rating, confiabilidade, falta de um modo mais agressivo para classificação e alto consumo de combustível entram em uma equação difícil de fechar. Mas tudo ficará mais claro a partir do momento em que o motor Renault estiver na traseira dos carros de Alonso e Vandoorne e o time entrar em comparação direta com a Red Bull. Além disso, o time nega, mas é difícil imaginar que não vão haver dificuldades para encaixar um motor bem diferente a um projeto que foi pensado para ser integrado ao Honda. A McLaren deve “engordar” um pouco e também deve estar esperando uma melhora dos franceses. Afinal, a Red Bull teve 13 quebras em 2017 e isso é uma preocupação especial agora que o limite de UPs no ano é de apenas três. Neste quadro, não é difícil imaginar que Alonso vá conseguir beliscar um ou outro pódio, mas é difícil ver além disso.
Quais as consequências do halo?
Os engenheiros já estão sentindo na pele – e nos CFDs: o halo afeta e muito a aerodinâmica do carro, algo que vamos falar mais a fundo ao longo da pré-temporada. Para os fãs, certamente ficará o estranhamento no início e, para muitos deles, a sensação de que o perigo é coisa do passado, o que pode ser ruim para a popularidade da F-1 no futuro – ainda que esperemos que o halo não dure tanto assim, uma vez que Jean Todt já acenou que as pesquisas para o uso de algum tipo de escudo continuam. Mas e para os pilotos? Será que vai ter gente culpando o halo por acidentes? Ou mesmo ficando preso dentro do carro após uma batida?
Como o Brasil vai reagir à seca de representantes?
Os números podem dizer que será a primeira vez desde 1969 que o Brasil não terá um representante, mas na verdade é uma realidade totalmente nova, uma vez que o esporte era incipiente naquela época. Por um lado, convenhamos que quem acompanha a F-1 para ver brasileiro vencer já deve ter desistido há algum tempo. Por outro, até por nossa cultura esportiva ter muito a ver com patriotismo – e estamos longe de ser os únicos que agem dessa forma – pode ser estranho não ter um representante. Porém, todos os números não indicam uma queda a curto prazo. A própria audiência da Globo no GP da Hungria do ano passado, por exemplo, ficou acima da média do ano. E nem foi lá uma grande corrida. O problema é se isso continuar por muitas temporadas.
Como serão as dinâmicas entre companheiros?
Há algumas duplas no grid que prometem chamar mais a atenção. Há muita expectativa, claro, em relação ao segundo ano de Valtteri Bottas na Mercedes. Os olhos também estarão voltados a uma dinâmica que vem em transformação, na Red Bull, com Max Verstappen ganhando muito espaço no time e Daniel Ricciardo tendo de definir seu futuro. Em uma Renault que tem tudo para estar muito mais forte em 2018, uma eterna promessa e uma promessa cheia de altos e baixos ficarão frente a frente, e a Force India tem tudo para viver outros capítulos tensos entre Perez e Ocon. Até porque o francês está louco para arrumar uma vaguinha na Mercedes.
12 Comments
obrigado pelo aperitivo, julianne.
um otimo 2018 pra vc e todos aqui nos comentarios!
Até agora o único comentário a colocar duvidas no desempenho da Mclarem Renault, tem gente demais torcendo para o Alonso voltar ao topo, acidentes que inspiraram a criação do chinelão são raros e pode acontecer do Halo ir para o ralo sem salvar ninguém, na Indy teria mais utilidade até porque não tem como garantir a segurança entre muros a 360Km/h
Oi. É verdade que a Ferrari está pensando em aumentar a distância entre eixos?
A informação veio de um italiano que conhece muito bem o time, então deve proceder
QUAL A VANTAGEM E DESVANTAGEM DE A FERRARI FAZER ISSO ?
O carro perde em agilidade, digamos assim, e ganha nas curvas de alta.
Aumentam a velocidade final do carro, setor onde a mercedes tem vantagem. Isso é maximizado em circuítos de alta velocidade, como monza e spa.
Estou ansioso pra saber o que a introdução do Halo e a retirada da barbatana de tubarão irá influir no desempenho dos carros. Principalmente nas 3 equipes principais: Mercedes, Ferrari e Red Bull.
No caso da Mclaren, acho que o fato do Peter Prodromou já ter trabalhado com motor Renault e entender a metodologia de trabalho do Adrian Newey nos carros da Red Bull, possa ajudar na adaptação do motor francês na Mclaren.
E quanto a falta de pilotos brasileiros no grid, já é evidente que a Globo procurou “abrasileirar” o Lewis Hamilton usando o próprio fanatismo do piloto inglês com Ayrton Senna.
Aquelas imagens do Hamilton recebendo uma réplica do capacete do Senna no GP do Canadá, as diversas declarações do piloto em ser o fã no 1 do Senna, o novo design do capacete do Hamilton feito por um brasileiro e que tem a imagem do cristo redentor.
Trabalharam bastante a conexão do Hamilton com o Senna. E isso deve continuar ao longo deste ano.
A Ferrari também precisa ter no motor uma potência extra, igual a Mercedes. Largar na pole faz a diferença.
Sobre o motor Renault, ainda tenho dúvidas se conseguirão se equiparar a Mercedes e Ferrari.
Bom inicio de ano para todos.
Julianne, com relação aos novos motores, parece que nenhuma das quatro gostaram das ideias da Liberty Media, seria interessante sabermos o que os atuais fornecedores querem.
Ju, boa tarde. Feliz ano novo para você e pra todos …
Acredito que seja a mercedes do fim do ano no início desse ano. A ferrari virá para competir também, então acredito que será uma disputa nos ‘detalhes’.
Com relação ao mercado de pilotos desse ano. Você sabe porque o Riccardo está demorando tanto pra decidir o que fazer ? ele está vigiando a vaga dos ‘Filandeses’ ou é algo além disso ?
Oi Julianne,
Passei para desejar um feliz ano novo atrasado e eis que me deparo com matéria nova, você não descansa menina?
Rs
Seria demais se a McLaren já “chegasse chegando,” nesse ano e disputasse alguns pódios com Ferrari, Merced e RedBull, mas convenhamos desde 2008 qual foi o grande campeonato dos ingleses? Receio que havia culpa demais em cima da Honda para salvar a imagem do Group McLaren durante esses três anos de fiasco, pelo menos, é o que parece.
Sobre o Halo, sou inconformado com instalação dessa coisa (entenda havaina gigante) nos carros, se aquele trator estivesse atrás do guardrail, como é feito em Mônaco, já que a pista é estreita e não permite a entrada dos tratores, o Biachi (que foi quando começou essa saga por segurança), teria “dado de cara” no guardrail e saído muitíssimo vivo.
Bastaria ter a “genial ideia” de estabelecer o modus operandi de Mônaco para outras pistas e tudo estaria certo.
-mas pode voar um pneu
Dizem eles, a quantos anos não se vê um pneu voando na F1?
É provavelmente a categoria mais segura do mundo do automobilismo e essa coisa com certeza é desnecessária e exagerada.
Oi Gabriel,
Ac2018 de ler uma matéria que afirmava que a distância entre eixos da Ferrari será maior em 2018.
Que seu 2018 seja de muitas alegrias e sucessos Julianne!
Grande abraço a todos do blog e um grande 2018 a todos!