F1 Banquete de disputas - Julianne Cerasoli Skip to content

Banquete de disputas

Quem chegou atrasado e só viu Lewis Hamilton vencendo pela sétima vez em dez corridas, em mais uma dobradinha, perdeu uma corridaça em Silverstone. Teve brigas de alto nível entre as duas Mercedes, no pelotão A2, de Red Bull e Ferrari, no B1, de Renault e McLaren, e por todo o B2. A melhor delas foi uma reedição, agora sem qualquer interferência dos comissários foi entre Max Verstappen e Charles Leclerc, e durou por várias voltas. Leclerc conseguiu se defender bem dos ataques muito fortes de Verstappen, até perder a posição nos boxes – e recuperar logo em seguida, passando por fora.

As primeiras voltas também foram de arrepiar entre os pilotos da Mercedes. Hamilton disse que não tinha certeza de como abordaria a prova, e resolveu atacar ao máximo. Chegou a quase tocar na traseira de Bottas, que se defendeu muito bem até ser chamado aos boxes.

Foi aí que entrou em ação um plano que Hamilton tinha guardado em segredo. Ele decidira de manhã que faria apenas uma parada, não importando o que a equipe diria. Disse que não tinha forçado muito na simulação de corrida que tinha feito na sexta – que tinha sido espetacular mesmo assim – e que sabia quais as técnicas que tinha usado para evitar o desgaste dos pneus.

Para a Mercedes, ele só estava estendendo um pouco o primeiro stint, mas ainda assim faria duas paradas, ainda que com uma combinação de pneus mais flexível que a escolhida para Bottas – o finlandês faria a corrida com médio-médio-macio e o inglês, médio-duro-macio. 

Não ficamos sabendo se Hamilton realmente peitaria a equipe porque um Safety Car apareceu quatro voltas depois da parada de Bottas, dando um pit stop “de graça” tanto para Hamilton, quanto para Vettel, que tinha ficado na pista quando a Ferrari decidiu dividir as estratégias e não responder à parada das Red Bull com um de seus carros.

Mas a Red Bull daria outra cartada e chamaria Verstappen de volta aos boxes, no primeiro indicativo de que pelo menos alguém achava que seria possível fazer só uma parada. Como a Ferrari só pôde responder a isso na volta seguinte com Leclerc, acabou assim o melhor duelo da prova.

Como Sainz também ganhou um pit stop de graça, o SC foi o início de outra batalha, entre o espanhol e Daniel Ricciardo. Mas desta vez o homem dos ataques cirúrgicos não conseguia chegar perto o suficiente para tentar uma manobra, enquanto o espanhol mais uma vez fez uma corrida muito inteligente.

Mais à frente, quando Verstappen se livrou de Gasly, que renasceu neste final de semana depois de uma série de mudanças de acerto e de processos de preparação do carro, a disputa de Max contra Vettel acabou não sendo das mais brilhantes, depois que o alemão perdeu o carro na freada e acertou o holandês em cheio, acidente pelo qual foi punido e, depois, se desculpou.

Até a batida, Vettel tinha dado sorte com o Safety Car em mais um final de semana em que foi superado o tempo todo por Charles Leclerc. A conversa no paddock é de que mudanças feitas para desenvolver o carro – e que de fato melhoraram a tendência de sair de frente da Ferrari – acabaram deixando-o muito traseiro, comportamento com o qual Vettel não tem a mesma confiança de Leclerc. Então é bem provável que estejamos começando a ver uma tendência, que joga a briga pelo terceiro lugar no campeonato entre Verstappen e Leclerc.

Em Silverstone, foi o monegasco que acabou pontuando melhor, mesmo com todo o esforço de Max na parte final da prova, sem power steering, com o assento quebrado e partes faltando do assoalho devido à batida. Mesmo com tudo isso, ele chegou em quinto.

Após tanta ação na pista, é de se perguntar por que foi possível para os pilotos seguirem seus rivais sem superaquecimento de pneus e perda aerodinâmica. Ambos fatores estavam lá, mas em medida muito menor que o normal. A temperatura ambiente ajudou, assim como o novo asfalto, que estava gerando desgaste, e não degradação dos pneus. Desgaste é simplesmente o uso da borracha, e não gera queda de rendimento ao longo do stint. O pneu simplesmente acaba de uma hora para a outra, e não paulatinamente. É por isso, por exemplo, que Hamilton conseguiu fazer aquela volta rápida no último giro já com o pneu bastante rodado.

Mas também é algo que tem a ver com a pista: a corrida do ano passado em Silverstone, por exemplo, teve 28 ultrapassagens, o que não é um número espetacular, mas é bem razoável. As sequências de curvas de média-alta velocidade que dão a possibilidade de seguir linhas diferentes abrem possibilidades dos pilotos mostrarem serviço. E, quando isso acontece com esta geração, ela não costuma desapontar.

7 Comments

  1. Boa noite, Juliana! Pelo que você tem notado no paddock, existe a possibilidade de o Vettel vai pedir o boné e se aposentar? E como anda a paciência da Ferrari com ele? O Vettel vem cometendo muitos erros, isso não é normal para um piloto de ponta.

  2. Foi lindo ver a disputa entre o Leclerc e o Verstappen.
    Parece que após o GP da Austria o monegasco se inspirou no refrão daquela velha canção do Roberto Carlos:
    “Daqui pra frente.
    Tudo vai ser diferente.
    Você vai aprender a ser gente…”

    Pena que o Giovinazzi rodou sozinho e jogou um balde de agua fria no GP…

    • Eu cantei a pedra aqui, no gp passado, que o Lec ia esfriar a cabeça e tirar lições importantes de como lidar melhor com pilotos sujos como Verstappen… E foi o que ele fez. O Lec também parece não ter muito “juizo”, ele é meio doidinho, vide o que ele tava fazendo em Mônaco.

  3. Engraçado foi o ver o Verstappen reclamando no rádio que o Lec estava mudando direção pra se defender…. não era ele que sempre fazia isso e não via nada demais. Gostei do Lec, deu uma resposta à altura, com uma linda ultrapassagem na saída dos boxes. É meio “bixo doído” também esse Lec

    • Foi irônico ver o Max reclamando…
      Mas são as voltas que a vida dá.

  4. E aquela melhor volta de Hamilton na última chance com pneus duros contra Bottas de pneus macios? Pulei do sofá na hora! Como seria possível? Bottas deve ter se achado estúpido demais depois dessa. E mais, o cabra não tem engenheiro para lhe dar a dica não?

    • Inacreditável, olha a reserva de desempenho que a mercedes tem e a de talento que o Hamilton tem sobre o Bottas!


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