“GP Brasil pode marcar fim da carreira de Rubens Barrichello”. A sensação de déjà vu é inevitável. O ano de 2007 já não fora dos melhores e o piloto brasileiro acabou zerado, “rebaixado como o Timão”, como chegou a brincar na época – ainda que, curiosamente, adotando a pontuação de hoje, teria marcado mais do que neste 2011. Depois de um 2006 promissor, a Honda caía ladeira abaixo e, com o mundo entrando em recessão, eram cada vez mais fortes os sinais naquele final de 2008 de que a gastança dos japoneses estava com dias contados. E, com ela, quase que automaticamente, a carreira de Rubens Barrichello na F-1.
Isso porque ele já estava “velho demais”, não tinha patrocínio para correr em uma equipe pequena. Arrastando-se no final do grid com um carro mal nascido, dividia equipe com outro fadado ao descaso: Jenson Button, então eterna promessa, cada vez mais esquecido até mesmo pela mídia inglesa frente ao furacão Lewis Hamilton, que conquistaria o que “certamente” seria o primeiro de muitos títulos mundiais justamente naquele GP Brasil.
Antes de deixar a categoria, a Honda até chegou a fazer uma espécie de vestibular com Lucas Di Grassi e Bruno Senna e, em determinado momento, parecia que caberia a um compatriota “aposentar” Barrichello.
O mundo deu suas voltas, e o próprio exemplo de Barrichello e Button e seu carro assombroso no início de 2009 é prova do quão rapidamente as coisas podem mudar na F-1. O brasileiro, em situação contratualmente delicada dentro da equipe de Ross Brawn, demorou a se acertar e acabou o ano em terceiro. JB foi campeão, apostou em uma “promoção” para a McLaren e o resto é história.
A de Barrichello, no entanto, voltou no mesmo impasse três anos depois: “Rubens Barrichello diz que a corrida do Brasil será normal, apenas ‘a última da temporada’. ‘Agora é testar o pensamento positivo. Já mostrei minha velocidade e experiência. Não quero parar. Mereço uma coisa melhor. Estou dirigindo melhor do que quando fui segundo, atrás do Michael [Schumacher]. O importante é estar preparado. Pode vir um telefonema que vai mudar tudo’”.
A conversa sobre a possível aposentadoria definiu seu ano. E, sim, me refiro a 2008. Desde o final de janeiro, o brasileiro já tinha de responder a mesma pergunta. A sensação era de que, após superar a marca de Patrese de dono do maior número de largadas na história, o que ocorreria no GP turco daquele ano, era a hora de parar – e quando Barrichello falava que queria superar os 300, o que conseguiu em 2010, soava como uma heresia.
Eis uma matéria de 30 de janeiro, da BBC:
O piloto da Honda Rubens Barrichello quer continuar correndo, mesmo que seu contrato termine no final da temporada. O piloto de 35 anos está entrando em sua 16ª temporada depois de um difícil 2007, quando não marcou um ponto sequer, mas insiste que parar não é uma opção.
“Não acho que seja meu último ano. Não tenho contrato assinado mas sinto-me bem. Vou parar antes que alguém me diga para fazê-lo e, se não me sentir competitivo, é a hora de parar. ”
O brasileiro acredita que seu ex-companheiro de equipe, Michael Schumacher, encerrou sua carreira cedo demais ao final da temporada 2006. E, enquanto Barrichello continuar curtindo pilotar, ele não pretende cometer o mesmo erro.
“Com Michael, honestamente, ele provavelmente parou um ano antes [do que deveria]. Vou correr até que seja possível fisicamente e não cheguei ao pico da minha forma física ainda.”
O texto poderia ser de ontem, da semana passada, mas é daquele 2008. Será que desta vez o final será feliz? Qual seria, afinal, um final feliz para Barrichello?
8 Comments
A primeira foto é de 2006. Em 2008 ele correu com um capacete homenageando Ingo Hoffman.
Sinceramente, ainda acho o Barrichello melhor que grande parte dos pilotos que estão lá, com o mesmo carro que alguns das equipes da frente, não faria feio. A grande questão é o mercado que comanda tal “esporte”.
Se é verdade que por muitas vezes Rubens foi “chorão” demais, reclamou de tudo por meio de declarações infelizes, é verdade também que Barrichello ama o que faz e não mede esforços para executar o seu ofício com competência.
Acho, de verdade, que ele corre em 2012. Pela futura Lotus, ao lado de Grosjean ou Bruno Senna. E acho que vai fazer uma temporada bastante decente.
E se ele tanto quer e pode conseguir, com certeza será um final feliz.
E quer saber? Ele merece.
talvez aconteca o que aconteceu com De La Rosa. Uns anos na geladeira
e depois uma vaguinha. Mas, sera’ q ele vai aceitar ser piloto de testes?
Belo paralelo, Ju’ mas lembre-se: a melhor resposta para essas perguntas virao se ele der uma “bicada” logo na largada (o cara eh historicamente azarado, principalmente correndo aqui) como foi uma vez correndo na Ferrari – ai vao carimbar a carteira de trabalho dele.
O Coulthard nao passou do S do Senna na despedida.
Abr.
Acho que ele é um sujeito de valor. Merece continuar. Essa tenacidade e essa motivação são impressionantes! Espero que ele continue. Torço por isso.
(Julianne, França e Brasil dominaram a década de 80, início dos anos 90, mas vivem momentos semelhantes, a França bem pior, que não conta com nenhum piloto no grid. Temos a Alemanha com o efeito Schumacher, e a Inglaterra por ser o berço do automobilismo, sempre tem um inglês no grid. O que tá faltando para o Brasil e e para a França para se reencontrarem com as conquistas na F-1? O que fazer pro Brasil não virar uma Argentina no automobilismo?)
Por tudo que fez e que ainda faz, mesmo com um carro feito contando moedas, Rubinho merece sim uma chance de ser aquilo que ele já é, mas que precisa que o mundo veja e aplauda: campeão!
Com certeza, Julianne, ele é veloz e um piloto muito técnico (um bom acertador de carros), a coisa toda é outra equipe (boa – excluem-se Hispania e Virgin) lhe ceder uma vaga e um carro, no mínimo, digno. O slogan daquela antiga propaganda do Governo “Sou brasileiro e não desisto nunca”, é mais do que a cara por trás do capacete, é o próprio Rubinho!
Excelente matéria, como sempre, abraço, Julianne.
Sempre nos trazendo um olhar diferente daquilo que acompanhamos a cada dois fins de semana.
Bom, acredito q a situação da Renault, lotus , proton , geni.. sei la q diabo é aquilo p o próximo ano sera tão ruim quanto a atual “fase” da equipe do Mr Frank.
Ainda mais se eles realmente perderem os motores Renault.
Torci em alguns momentos por Barrichello, apesar de pensar que em alguns momentos, deveria ser mais aguerrido, mas concordo com a maioria do pessoal, que ele é melhor que muito piloto na F1 atual, acho que merece continuar, ainda mais pelo preparo físico/mental.