Jenson Button se classificou a 1s4 da pole e Lewis Hamilton, a 2s. Seus stints naquela manhã de sábado de GP da Grã-Bretanha mostravam um abismo em relação à Ferrari e à Red Bull. No final das contas, o quarto posto de Hamilton, ainda mais economizando combustível, foi um lucro para um time que deveria almejar o quinto e sexto lugares, bem atrás de seus rivais. Mas houve uma particularidade que ajudou a dupla de Woking: o chove, não molha. Com ele, em determinado momento da corrida, Lewis e Jenson eram os mais rápidos da pista.
Não é novidade que a McLaren usa bem os pneus intermediários com o piso um pouco molhado e os slick em uma pista que está secando. E isso é algo que o MP4-25 herdou do carro do ano passado, vide a vitória de Button na Austrália, a dobradinha na China e o que poderia ser outro 1-2 na Bélgica, não fosse a afobação de Vettel.
Foi o mesmo que aconteceu também no GP do Canadá deste ano, única corrida na chuva até aqui em 2011. A maior parte do progresso de Button foi obtida quando a pista estava no limite entre os pneus intermediários super aquecerem e os slicks perderem temperatura. Nestas condições, em 10 voltas, Jenson ultrapassou sete carros em Montreal.
Em Silverstone, enquanto Hamilton progredia aos trancos e barrancos, com saídas de pista e um carro difícil de controlar, Button perdia 22s8 em relação a Vettel nas 10 primeiras voltas! Com a pista secando, a diferença caiu para 12s3 apenas cinco voltas depois, no momento em que Jenson ultrapassou Massa e Hamilton passou por Alonso, cujo carro havia sido superior por todo o final de semana. Ou seja, as McLaren entrariam na corrida quando todos colocaram o slick e a pista não estava 100% seca. Naquela situação, a dupla era de 1s5 a 2s mais rápida até que as Red Bull.
Mas toda essa facilidade para colocar o pneu na temperatura ideal em um asfalto frio teria seu preço à medida que a pista ia secando. Na volta 21, Alonso começou a andar meio segundo mais rápido que Hamilton e passou o inglês três voltas depois. Lewis não demorou para ir aos boxes: tinha cozinhado seus pneus.
A essa altura, Button também perdia dois décimos por volta para Massa e seguiu para os boxes duas voltas depois do companheiro. A distância em relação ao líder, que havia sido de quase 23s e caíra para 12s em cinco voltas, já começara a subir novamente.
É difícil prever qual seria o ritmo de Hamilton no final sem o problema do combustível – que é, por si só, indicativo do quanto que a McLaren teve de arriscar para andar no ritmo dos ponteiros – mas certamente Webber não lhe daria vida fácil na luta pelo pódio.
Um quarto lugar, um décimo à frente de Massa, mesmo com o fator clima jogando a favor, um atraso inexplicável na última parada do brasileiro e uma grande apresentação de Hamilton, já deve ter acendido o sinal amarelo em Woking. Ainda mais alarmante é o dado de que o único McLaren que cruzou a linha de chegada ainda perdeu 30s em 23 voltas para a outra Ferrari – justamente a partir do momento em que formou-se um trilho propriamente dito. E não dá para jogar toda a culpa no difusor. Desde a classificação do GP do Canadá, os prateados já não conseguem acompanhar Red Bull e Ferrari. Frequentemente sem ter sucesso na implementação de suas novidades no carro, ficaram para trás no desenvolvimento. E esse é outro repeteco de 2010.
3 Comments
Oi Julianne, é a primeira vez que comento em seu blog, mas o acompanho a algum tempo.
Sou apaixonado por automobilismo há uns 35 anos, acompanho os principais sites e blogs diariamente, e confesso que fico impressionado com seus conhecimentos e ponto de vista.
Parabéns por este belissimo post, muito bem observado. Parabéns pela visão que você tem como ficou provado neste comentário.
Eu já o acompanhava, agora me tornei fã e seu blog já é leitura obrigatória.
Parabéns.
Que legal, Sergio. Muito obrigada!
kkkkkk, pôxa, Ju, chove não molha é sacanagem! Brincadeiras a parte, impressiona a oscilação da Mclaren. A demora do crescimento da Ferrari, aliado ao desempenho irregular inglês, facilitam as coisas para os touros.