F1 Cockpit pode ser aberto, desde que cabeça esteja no lugar - Julianne Cerasoli Skip to content

Cockpit pode ser aberto, desde que cabeça esteja no lugar

Quando mais um pedaço de carro passa perto da cabeça desprotegida de um piloto, é inevitável voltar à discussão dos cockpits fechados. Acidentes como o que vitimou Henry Surtess na F-2 ou que deixou Felipe Massa de molho por meia temporada na F-1 fazem o assunto voltar à tona. Afinal, com o aumento da segurança nos carros e circuitos, este se tornou praticamente um único ponto vulnerável nestas categorias.

Mas os obstáculos são muitos para que os cockpits sejam fechados. Como bem frisou recentemente Adrian Newey, além da dificuldade em criar sistema que funcione, o custo seria muito relevante.

“Quando olhamos as alternativas, um cockpit fechado prejudica a visibilidade, como no caso dos protótipos de Le Mans – temos tido uma série de acidentes simplesmente pela falta de visibilidade. Outro problema é se o carro pega fogo, pois isso gera a necessidade de ter dispositivos para abrir essas coberturas, o que não é trivial e é uma tecnologia muito cara.”

“O mais importante para mim é que, se formos introduzir algo, isso deve ser barato e prático o suficiente para as categorias menores, não importa qual seja. Esses carros têm potencialmente o mesmo risco e perigo que um F-1 e as vidas destes pilotos são tão valiosas quanto as de quaisquer outros. Não é um problema fácil.”

Os puristas podem dizer que corrida de carro é coisa para macho, que o risco é inerente e até dá graça à modalidade. Isso pode ter sido verdade há 20, 30 anos, mas hoje o esporte é um espetáculo de milhões e, da mesma forma que ninguém quer ver um jogador de futebol tendo uma convulsão por um choque de cabeças, não há nada de atraente em ver um acidente grave nas pistas.

O próprio Newey fala em cortar o mal pela raiz, ou seja, se o grande perigo são rodas voadoras, que sejam mais eficazes os mecanismos que as prendem ao carro – que, aliás, falharam novamente hoje, inclusive na batida de Karthikeyan. Os bicos horrorosos deste ano, inclusive, seguem na mesma linha, pois sua função é evitar que o piloto seja atingido em colisões frente a frente. Mas, com o Lotus de Grosjean sendo lançado de maneira lateral para cima de Alonso, não cumpriram seu papel.

Quando era criança, meu pai me chamava para ver as corridas porque “tinha batida”. Adorava acidentes, ficava esperando chegar Indianápolis para vê-los aos montes. Isso, até assistir Roland Ratzenberger morrer ao vivo. A minha geração foi a primeira que não conviveu com o perigo tão de perto, apesar de olharmos hoje as corridas desse passado não tão remoto e não acreditarmos como cenas como aquelas em Imola não se repetiam com mais frequência. Às vezes acho que falta uma experiência dessas àqueles que chegaram nos últimos tempos e só viram o início dos anos 1990 em VT.

Quanto mais a segurança nos carros é melhorada, mas claro fica que a blindagem total parece inalcançável. Melhor, portanto, recorrer a essa solução simples, aventada também pelo próprio Alonso após o susto: o mais barato e mais garantido é que certos pilotos (e são sempre os mesmos, não?) lembrem que a brincadeira é perigosa.

10 Comments

  1. Ju, o automobilismo tem seus riscos, mas atitudes como a de Grosjean hj, potencializam os acontecimentos! Poderíamos ter assistido a morte de alguém em Spa…existe uma enorme diferença entre arrojo e insanidade!!! Hamilton mesmo sendo arrojado, viu de perto a irresponsabilidade do francês e, demonstrou in loco o pensamento: mad Grosjean! Deus guardou a vida deles hj.

  2. Alonso definiu essa situação de maneira precisa. O problema é cultural.
    Se nas categorias de base essas atitudes e seus consequentes desdobramentos forem considerados normais, isso será levado pra F1, e aí vamos ver gente se machucando mesmo. Com toda a tecnologia e dispositivos de segurança.

    Os requisitos pra um piloto se tornar um piloto de F1 devem ser mais rigorosos. A pessoa deve demonstrar ter um mínimo de maturidade pra ser elevado a categoria principal.

  3. as proprias equipes poderiam ajudar… basta apenas o incentivo certo. Que tal piloto suspenso por direcao negligente nao poder ser substituido? Nesse caso a Renault correria apenas com um carro em Monza. Tenho certeza que as equipes parariam de “passar a mao na cabeca” de pilotos que se envolvem frequentemente em acidentes.

  4. Julianne,
    Essas espremidas contra o muro são perigosíssimas para todo mundo, não apenas para os pilotos, mas também para o pessoal dos boxes e até para o público. Não são incidentes de corrida. Grosjean, o exemplo que vimos hoje, veio da extrema esquerda para a extrema direita encaixar as rodas de seu carro com as do Mc Laren de Hamilton. Esse tipo de comportamento sim, deveria ser punido rigorosamente, com suspensão de mais de uma corrida até. Acho que os comissários e a FIA, que estão punindo às vezes por bobagens, tem sido incompreensivelmente lenientes com esse tipo de atitude grave: Schumacher não foi punido com suspensão quando imprensou Barrichello contra o muro no ano passado (ambos poderiam ter morrido ou alguém na área dos boxes) nem Rosberg este ano quando jogou para fora Hamilton e Alonso. Rosberg ainda reclamou que estava com a razão. A impunidade funciona como permissão e até incentivo. A bem da verdade, essas imprensadas em geral já não vêm de hoje, e não são prova de arrojo e sim de total irresponsabilidade. Por pouco Alonso ou Kobayashi não morreram hoje. Assustador o que houve.

  5. “o mais barato e mais garantido é que certos pilotos (e são sempre os mesmos, não?) lembrem que a brincadeira é perigosa.”

    Super tendencioso, subentendo que queira falar de Hamilton, envolvendo o mesmo numa situação onde ele não teve culpa ALGUMA. O simples fato de correr a 300km/h já é perigoso, querer repreender um piloto por ser arrojado acabará matando a F1

  6. Pra mim. o maior risco mesmo são as rodas se tocando, no kart aquele parachoque traseiro já diminuiu 90% dos acidentes . se as fórmulas em geral adotassem essa solução simples e barata esses riscos diminuiriam bastante também, muito mais que fechar cockpit.

  7. acho que há um desequilíbrio na balança de critérios entre os comissários desportivos da F-1. Schumcher é punido por uma entrada arriscada nos boxes nos treinos livres de sexta. Outro é punido por uma tentativa de ultrapassagem arriscada. E este franco-suíço reincidente leva apenas um gancho de um GP depois do absurdo de domingo. Se a FIA usasse nessa situação o mesmo rigor com coisas triviais de corrida isso não teria acontecido. Talvez. O certo teria sido ele levar um gancho de no mínimo 5 corridas. A solução provisória pra isso é alterar o local de largada em spa. Mas acho que uma proteção lateral que cobrisse a cabeça dos pilotos ainda seria uma boa idéia. Talvez um cockpit fechado,ou um mais protegido. Na década de 80 víamos os seus ombros, atualmente mal a cabeça. Mas é bom estudar soluções que protejam os pilotos.

  8. Uam fora que vejo de resolver isso seria a transformação dos retrovisores em um elemento mais resistente. Sua colocação um pouco mais elevada, para frente e estruturalmente e desenhado de forma diferente poderia colocá-lo como uma estrutura a mais de proteção para os pilotos. Mas isso é um chute baseado em observação, pois nunca entrei num F1 nem sou engenheiro.

  9. Sinceramente, eu acho que é um pouco de má vontade por parte da FIA. Os carros atuais só foram alterados com as laterais mais altas e com o reforço de fixação dos pneus, depois da morte do Senna e do Ratzemberg.

    Henry Surtees morreu atingido por uma roda perdida que veio quicando na direção dele. O Massa foi atingido por uma mola perdida.

    A FIA poderia utilizar uma cobertura igual à dos caças à jato, chamado de Canopi e produzido em plástico super-resistente, e como é uma bolha não vai ter problema algum de visibilidade.

    Mas se o problema é o custo? Muito simples, a FIA estabelece um modelo padrão e um único fornecedor para todos os campeonatos administrados por ela, reduzindo o custo de fabricação. Igualzinho ela faz com a ECU dos carros que é fornecida pela McLaren.

    Será que eles vão ter que esperar um outro campeão mundial morrer para tomar uma atitude?

  10. Muito bem a não ser pelo final: Alonso não é aquele que pressionou o então companheiro de equipe, Nelsinho Piquet, a forçar uma colisão proposital para que ele obtivesse vantagem no campeonato mundial??? Não foi inclusive, Piquet, banido da categoria em decorrencia dos fatos apurados ???
    QUEM É ESSE ALONSO A FALAR EM SEGURANÇA EM ACIDENTES ???


Add a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Adicione o texto do seu título aqui