F1 GP da Austrália foi de corrida estudada ao caos - Julianne Cerasoli Skip to content

Como GP da Austrália foi de corrida estudada ao caos

O GP da Austrália se desenhava como uma corrida morna, com a maioria dos pilotos largando com o pneu médio e depois trocando-o para o duro. A chance de undercut era reduzida, já que o pneu branco demoraria para entrar na temperatura ideal. E, como o rendimento dos carros está bastante parelho (na briga do segundo ao quinto time e do sexto ao décimo), havia uma grande chance de trenzinhos de DRS se formarem. A única chance de sair disso seria com uma neutralização em um momento que complicasse a vida dos pilotos.

Isso aconteceu na volta 9. Alex Albon teve o que acredita ter sido um pico de temperatura no pneu que o fez perder o controle, bater e trazer muita brita para a pista. Em teoria, seria a hora de todo mundo colocar pneu duro e ir até o final. Mas será que teoria e realidade andariam juntas? O treino livre mais importante para as simulações de corrida, o segundo, tinha sido atrapalhado pela chuva. E a corrida começou com a pista bem mais quente do que quando os times fizeram suas simulações no sábado de manhã. Logo, não dava para forçar o pneu o tempo todo.

Mercedes tentam tática diferente para parar Verstappen

As primeiras voltas até tinham se desenhado de maneira interessante depois que George Russell tomou a ponta e Lewis Hamilton espremeu Max Verstappen para tomar o segundo lugar. “Eles foram super agressivos e eu fui cuidadoso, porque eu tenho mais a perder”, explicou o líder do campeonato, sabendo que passaria ambos eventualmente. A Mercedes até tentou defender-se do DRS pedindo para Russell segurar o ritmo. Assim, Hamilton teria direito a usar o dispositivo. E seria interessante ter visto por quanto tempo a tática funcionaria. Porém, com a batida de Albon, Russell foi chamado aos boxes para colocar pneus duros. Hamilton e Verstappen ficaram na pista.

Talvez a Mercedes pense duas vezes antes de fazer o mesmo em provas futuras. O SC de Stroll na Arábia Saudita e as bandeiras vermelhas de Melbourne indicam que a direção de prova está adotando uma postura mais cuidadosa. Com a suspensão da corrida, todos puderam trocar pneus, e Russell saiu prejudicado. O mesmo aconteceu com Sainz, que caiu para 11º.

O motor do inglês estourou na volta 18. O espanhol ganhou seis posições em sete voltas. E, após se livrar de Gasly, na volta 25, se tornou o segundo carro mais rápido da pista até o final da prova.

Guerra fria entre Hamilton e Alonso no GP da Austrália

Era difícil, no entanto, saber se isso era real. Depois que Verstappen colocou ordem na casa e passou de passagem por Hamilton na volta 12, o inglês passou a travar uma batalha tática com Fernando Alonso. Nenhum dos dois sabia se os pneus durariam até o fim. Hamilton andava em um ritmo que evitava que Alonso entrasse na zona de DRS. O espanhol sentia que, se tentasse forçar um pouco mais, acabaria com seus pneus na turbulência da Mercedes. O rendimento dos dois conjuntos era parelho demais para que houvesse uma disputa por posição. E Alonso acredita que o resultado da prova não teria mudado até a bandeirada.

Alonso também tinha que se preocupar com quem vinha atrás. Sainz se aproximava aos poucos, e trazia consigo Pierre Gasly, que se aproveitou que Charles Leclerc ficou na primeira volta, Perez estava largando do pitlane, e Russell quebrou para andar em quinto, depois de passar Stroll na volta 9. E aí vinha o segundo pelotão, liderado por Hulkenberg, com Norris, Tsunoda e Piastri na sequência.

Na corrida entre as duas primeiras bandeiras vermelhas, que durou entre as voltas 9 e 54, aquela expectativa de prova sem muitas alternativas e alguns trenzinhos de DRS se comprovou. A exceção era Sergio Perez, que ia abrindo caminho mesmo quando os rivais estavam de asa aberta. É bem verdade que sua escalada não foi fulminante, já que ele forçou demais seu pneu e estava sendo cauteloso pensando no campeonato, mas o levou ao quinto lugar no final.

Isso, no entanto, aconteceu sem que ele passasse nenhum dos Mercedes, Ferrari ou Aston Martin. Russell e Leclerc estavam fora de combate. E o caos das voltas finais tirou Gasly e Sainz de seu caminho.

Uma largada para duas voltas

Tudo começou quando Magnussen tocou o muro e perdeu seu pneu. Ele parou em um lugar seguro, mas deixou detritos na pista, o que gerou a bandeira vermelha. Para recomeçar a prova, a decisão da direção de prova foi por uma largada parada. Seria um GP de duas voltas até a bandeirada.

Para Hamilton, era a chance de redenção de Baku, quando ele errou uma configuração no volante e foi reto na primeira curva em situação semelhante. Mas Verstappen largou muito bem e não deu qualquer chance. Mais atrás, o caos. Sainz perdeu a freada e atingiu Alonso. Ocon tentou passar Gasly por fora e as duas Alpines acabaram em pedaços na área de escape. Mais atrás, Sargeant estampou a traseira de De Vries. 

Em poucos segundos, a bandeira vermelha foi acionada novamente. Para acelerar o processo, a classificação da largada anterior foi considerada como o último momento em que era possível estabelecer a ordem dos carros. Com isso, Alonso retomou o terceiro lugar. As Alpine, contudo, estavam destruídas demais para voltarem. E Sainz levou uma dura punição de 5s, que o tirou dos pontos quando a corrida foi reiniciada só para que se cruzasse a linha de chegada.

Vencedores e perdedores do GP da Austrália

Passado todo o caos, ficou claro que Max Verstappen não mostrou tudo o que podia em termos de ritmo. Abriu 2s em relação a Hamilton na volta em que o passou. Depois, foi aumentando a distância aos poucos sendo uns 0s3 mais rápido por volta, até chegar a 10s antes da segunda bandeira vermelha. Com seu único rival tendo um fim de semana problemático, não compensava forçar o carro. 

Com apenas 12 carros sobrevivendo no final, Bottas saiu de mãos abanando junto do punido Sainz. O finlandês, como Russell, parou logo que Magnussen bateu, antes da bandeira vermelha ser acionada. E Tsunoda, que herdou a décima posição após a punição, chegou a andar em nono e foi sendo ultrapassado por vários rivais ao longo da prova, indo parar no fim do pelotão. Com isso, a McLaren marcou, com ambos os pilotos, seus primeiros pontos no campeonato.

2 Comments

  1. Um primor

  2. Lembrou Spa 98. Quase não tinha carro no final da corrida.


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