F1 Contradições, jogos de interesses e uma preciosidade de Mônaco - Julianne Cerasoli Skip to content

Contradições, jogos de interesses e uma preciosidade de Mônaco

Preparando um grande painel de opiniões sobre a mudança que a Pirelli promoverá a partir do GP do Canadá, transpareceram algumas coisas: a pressão política de quem não compreendeu a importância que os compostos deste ano dariam para a parte mecânica dos carros, as diferentes opiniões dos pilotos baseadas em seus estilos e no comportamento de seus equipamentos, e que esta história de segurança não é exatamente o que parece.

“Se ouvíssemos todos, correríamos com um pneu retangular, porque todo mundo tem uma opinião diferente”, resumiu Paul Hembery, que admitiu que as mudanças – na estrutura, e não nos compostos – têm mais a ver com o marketing da empresa do que com uma efetiva preocupação com a segurança. “O que estava acontecendo era que o pneu continuava inflado, mas a borracha saía e isso criava uma cena que não era positiva para uma fornecedora de pneus.”

Fica claro, também, que a mudança não vai acabar com o chororô. De um lado, estão as equipes cujo orçamento sofrerá mais para lidar com o que deve significar uma alteração na deformação da lateral do pneu, algo que interfere na aerodinâmica. Assim, a Force India é quem bate mais forte, seguida da Lotus. “Cada equipe tenta defender seus interesses: se é mais fácil mudar o pneu do que seu carro inteiro, eles vão tentar mudar o pneu. Nós pensamos de maneira diferente, porque nosso carro funciona bem com o pneu e não temos do que reclamar”, diz Sutil.

De outro lado, estão aqueles que pleiteavam uma mudança mais extensa, também revendo os compostos. “Cuidar dos pneus não é correr. Comparando as ultrapassagens recentes com no passado, não está certo você ter de deixar passar e não fazer sua corrida o mais rápido possível por causa dos pneus. É difícil para vocês entenderem o quanto estes pneus mudaram a pilotagem”, afirma Vettel.

Mas será que mudou mesmo? Correndo com um carro que tem vários tipos de problemas, mas não especificamente de pneu, Button diz que não. “Não forçamos em todas as voltas. Na verdade, não faço isso há anos. Você tem de pensar em qual o caminho mais rápido para o final da corrida. Normalmente, isso não é forçar o tempo todo, pois assim você tem de fazer mais pit stops. Não é algo só deste ano.”

Corroborando com a opinião do inglês, está sendo lançado no Festival de Cannes um documentário chamado ”Weekend de um Campeão”, em que o diretor Roman Polanski bate um precioso papo com Jackie Stewart antes do GP de Mônaco de 1971. O documentário foi achado por acaso em um laboratório na Inglaterra.

No filme, há um depoimento curioso do tricampeão dos anos 60 e 70. Clique aqui para assistir um trecho.

“Olho para você na pista e me parece o mais lento”, diz Polanski.

“Fico feliz com isso”, responde o piloto.

Stewart, então, dá uma aula de pilotagem: freadas e retomadas de aceleração têm de ser suaves. “Se você for gentil com seu carro, seu carro será gentil com você. Vocês são grandes amigos. Acho que foi assim por toda a história do automobilismo. Se você falar com Fangio, ele vai te dizer que a maneira mais suave, mais lenta em Monte Carlo, é a mais rápida.”

“É quando o piloto coloca o pé muito forte no acelerador que vemos o carro escorregando, um desastre. Toda curva é uma aventura. Para Monte Carlo, ou mesmo para qualquer outra pista, esta não é a resposta.”

6 Comments

  1. As mudanças dos pneus serão mínimas, só pra aumentar a segurança. Pelo que a Pirelli informou, não será nada que mude muito o rendimento dos pilotos até aqui, apenas será pra evitar que os pneus se esfarelem, o que poderia comprometer a segurança dos pilotos.

  2. Genial,bacana a paixão com que Stewart demonstra as manhas de pilotagem. Na real, é bom que tenhamos pensamentos contraditórios, pois assim aprendemos…

  3. Stewart era suave mas não cozinhava o galo em banho-maria. Ele ia pra frente desde o início e não deixava pra ninguém. Sua primeira volta nas corridas era sempre excepcional, ele mandava ver enquanto seus adversários ainda estavam se estabilizando e apalpando seus próprios limites e os de seus carros. Seus três títulos são insuficientes para o seu imenso talento, (taí um exemplo porque não valorizo muito estatísticas). Protagonizou com Emerson Fittipaldi um duelo tão eletrizante e espetacular quanto ético na edição de 1973 do GP de Mônaco, do qual saiu vencedor, apesar de o brasileiro não ter dado trégua na feroz caçada ao escocês, que esteve sempre na ponta, isso em um tempo em que não havia artificialismos nem reabastecimentos ou trocas de pneus (uma pena, mas a F 1 se sofisticou tanto que acabou desandando. Os pilotos atuais, a meu ver, nada ficam a dever aos do passado, são tão hábeis e talentosos quanto, apenas guiam o que lhes dão para guiar, não têm culpa). Ambos – Stewart e Fittipaldi – colocaram 1 volta de vantagem em cima do terceiro colocado, ninguém menos que Ronnie Peterson, o maior acrobata da história da F1. Emerson cruzou a linha de chegada em segundo lugar a apenas 1.3 s de Stewart. Jackie Stewart foi um dos pilotos mais soberbos que vi pessoalmente correr, um dos primeiríssimos nomes da história da categoria. Mônaco – apesar de todas as restrições – proporciona às vezes performances incríveis, como por exemplo as de Beltoise (um piloto de estilo forte, embora com uma só vitória, justo no Principado) em 1972, e em 1984 a de Senna e a do primeiro verdadeiro Rei Alemão, o velocíssimo e ultra-arrojado Stefan Belof.

  4. Que post…matou a pau….parabéns Julianne.
    Na verdade esse mimi do Vettel já deu o q. tinha q. dar, a Mercedes tá com o mesmo problema, ao meu ver até pior, pois a RB tem mais ritmo de corrida q. eles, mas nao ficam chorando tanto quanto o Vettel. Reclamam, mas, aparentemente, estao trabalhando mais pra achar a equaçao.
    Espereo q. continue assim, pois assistir uma corrida já sabendo o resultado nao é muito legal.
    Abrçs

  5. Vettel esta reclamando agora mas analisando o histórico de corridas dele no ano passado ele esta com um desempenho melhor do que o ano passado e na fase asiática a RBR com Vettel dispara vencendo uma atrás da outra logo logo o Gênio Adrian Newey dará um jeito nisso,ele geralmente trabalha atualizações como um todo e não apenas por partes fico no aguardo para ver o desfecho dessa história.

    Ju, vc tem alguma noticia sobre o novo escapamento da Ferrari que ajuda a refrigerar os pneus traseiro ?


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