Em uma pré-temporada na qual a grande estrela foi a capacidade de simulação das equipes, que limitou a necessidade de buscar efetivamente performance seja em ritmo de classificação, seja em ritmo de corrida, sobraram mais perguntas do que respostas antes do início da temporada.
Do lado positivo, o meio do pelotão aparenta estar mais perto (menos longe, na verdade) do que terminou 2017: a diferença da Red Bull para a Force India no final do ano passado era de 1s5 em média, e hoje a vantagem do trio de ferro da ponta aparenta estar na casa de 1s. Seria o suficiente para, com a expectativa de provas mais emboladas devido ao maior número de paradas nos boxes, gerar surpresas? Essa é uma das dúvidas que começarão a ser sanadas em menos de uma semana.
Mercedes x Ferrari x Red Bull
A questão mais latente, entretanto, é a ordem do top 3. Há certo consenso de que a Mercedes segue na frente, mas o time alemão em momento algum fez simulações com pneus macios e pouco combustível. A força do W09 foi mostrada, repetidamente, com os pneus médios, e na observação de pista fica claro que o carro é bem nascido.
Mas há os poréns. Descontando-se as diferentes cargas de combustível (algo que só podemos fazer por suposição, comparando vários stints), o Mercedes sempre demonstrou um desgaste mais acentuado que seus rivais diretos, e foi a única equipe que teve problemas com bolhas nos testes. Havia uma preocupação em relação ao centro de gravidade mais pesado do W09 e este parece ser um indício de problemas para Hamilton e Bottas durante as corridas, pelo menos neste início de ano.
Não que as simulações da Ferrari tenham sido perfeitas. O fato dos tempos por volta serem muito parecidos entre o começo e o final dos stints de seus pilotos gerou uma desconfiança: será que o novo motor Ferrari tem problemas de consumo de combustível?
Essa dúvida só foi alimentada pela misteriosa fumaça que saía dos carros com motores Ferrari sempre que eles saíam dos boxes. Sabemos que ela não vem do escapamento, então a possibilidade mais plausível é que os motores italianos precisem de muito mais óleo que os rivais, e essa queima a mais gera algo que chama bastante a atenção, mas não seria tão importante assim.
Já a Red Bull teve alguns problemas de confiabilidade, e também não fez simulações de classificação. Mas demonstrou um ritmo bem próximo de Mercedes e Ferrari nas provas de corrida, fazendo com que alguns no paddock comecem a apostar que Ricciardo e Verstappen estarão à frente das Ferrari em Melbourne.
Renault x quem?
O que já era uma tendência ao longo do ano passado ficou comprovado na pré-temporada: a Renault deu mais um salto e já pode ser colocada como quarta força no campeonato. Mas disputando com quem? A Haas surpreendeu na segunda semana, mas é um time do qual se costuma desconfiar, pelas várias vezes em que eles ficaram perdidos com acerto e desenvolvimento.
E o último suspiro de Fernando Alonso no dia final de testes mostrou que a McLaren pode, sim, ser veloz. Mas por quanto tempo? Isso ainda não sabemos, mas existe um consenso no paddock de que o time está neste segundo pelotão.
Fechando a fila
Um atraso no projeto devido à demora da Mercedes entregar o desenho de seu motor atrapalhou esse começo de ano da Force India, e é muito curioso o barulho do carro na pista – há alguma ressonância na caixa de câmbio que o faz parecer mais um F-E. Mas espera-se uma recuperação rápida para levar o time ao pelotão intermediário.
Já a Toro Rosso comprovou que a Honda, enfim, tem um modo de classificação, e até superou sua meta em 0s2, o que coloca o time em clara vantagem em relação a Williams e Sauber. A primeira veio com um projeto bastante alterado e é visivelmente um carro muito difícil de guiar. Tanto, que já há quem duvide que Sirotkin e Stroll vão conseguir ficar na frente dos carros suíços, que evoluíram bastante, mas vinham de um déficit muito grande.
Depois de oito dias de pré-temporada, o fato é que as equipes não se enfrentaram de igual para igual. Deixaram seus computadores e simuladores fazer o trabalho de avaliar a performance, e nos deixaram ainda mais curiosos para o que está por vir nas próximas semanas.
7 Comments
Ju, será que o carro da Williams é tão dificil assim ou os pilotos que são muito limitados? Na mão do Kubica a sua impressão foi a mesma?
Não o vi na pista, mas a opinião dele sobre o carro é a mesma.
Me parece que a Williams tem o pior conjunto. Que lástima! Se ao menos tivéssemos Kubica ao volante nas corridas… Me parece que de fato perderam a grande chance de firmar uma parceria com a Honda. Era manter o Massa pra tocar o projeto e contar com um jovem promissor. O Stroll já provou que não tem braço.
Ju, teriamos uma Ferrari não tão forte como no inicio de 2017?
A Mercedes W09 esta redonda, não perfeita, Ferrari também, na Red Bull Marko garante que tem o melhor chassi, mas não sabemos o quanto a Renault pode ajudar, a McLaren parece ser um carro bem ágil , mas desde os tempos da Honda o Prodromou tem exagerado no abraço da carenagem no “rabo” das McLarens, dificultando a refrigeração de tudo lá atrás, uma nova carenagem ficará pronta só para o GP da China, até lá vamos ver quantas voltas resiste na pista e deve ter show de Alonso, que é ótimo para seu marketing pessoal, Sua última volta nos testes fazendo o 2° melhor tempo rendeu noticia, mesmo cortando a chicana
O tempo cortando a chincane foi o 1o. melhor tempo doa treinos, o 2o. tempo foi limpo, sem cortar chincane
Oi Ju. Não entendi esse parágrafo “Não que as simulações da Ferrari tenham sido perfeitas. O fato dos tempos por volta serem muito parecidos entre o começo e o final dos stints de seus pilotos gerou uma desconfiança: será que o novo motor Ferrari tem problemas de consumo de combustível?”. Teria a delicadeza de explicar? Os tempos não se alteram durante os stints da Ferrari e isso é ruim?