F1 De fabricante de latinhas a time imbatível: relembre a trajetória da Red Bull - Julianne Cerasoli Skip to content

De fabricante de latinhas a time imbatível: relembre a trajetória da Red Bull

É comum ler por aí que ‘a Red Bull não era nada antes do Vettel chegar’ ou que ‘Newey estava na Red Bull desde 2005 e não tinha ganhado nada’. Com todo respeito aos dois nomes citados, não há nada como jogar um pouco de perspectiva para perceber como um domínio como o da equipe que deve selar seu tetracampeonato nas duas próximas semanas não foi construído só com base em um ou outro nome.

O ano de 2009 apresentou uma chance da qual a Red Bull se aproveitou com propriedade – e isso inclui projetista, piloto, e também estrutura técnica na fábrica e operação de pista. É tão justo dizer que, sem aquela grande mudança de regulamento, a história seria outra, da mesma forma que, se o time não tivesse bases sólidas, como a Brawn, também viveríamos outra época. Porém, por ser boa em tantas frentes, a Red Bull é um conjunto que já deixou seu nome gravado na história.

//infogr.am/A-evoluo-da-Red-Bull/

1997: A Stewart estreia na F-1. Foram cinco pódios em três temporadas, com uma vitória no tumultuado GP da Europa de 1999, ano em que o time foi o quarto colocado entre os construtores.

2000: A Jaguar assume o comando. Em cinco anos, dois pódios e a sétima colocação no mundial de construtores foram os melhores resultados.

2004: A Red Bull compra a estrutura da Jaguar pelo preço simbólico de 1 dólar e assume o compromisso de injetar 400 milhões de dólares nas três temporadas seguintes. Nasce a Red Bull Racing. Antes disso, a empresa já tinha seu programa de desenvolvimento de jovens pilotos e possuía uma longa parceria com a Sauber.

2005-06: O time estreia com motor Cosworth e escolhe unir a experiência de David Coulthard e ocupar o segundo carro com pilotos que participavam de seu programa de desenvolvimento. O resultado é uma pontuação quase três vezes maior que no ano anterior (40 a 111, “traduzindo” para a pontuação atual). No ano seguinte, o time passou a usar motores Ferrari.

2007-08: O RB3 foi o primeiro carro assinado por Adrian Newey, agora com motores Renault. Outra mudança foi na maneira de escolher os pilotos, com a adoção de uma dupla toda experiente, com Coulthard e Webber. Tendo usado os primeiros anos para melhorar a estrutura e corpo técnicos, o time se concentrou naquela que seria sua grande chance.

2009: Uma extensa mudança de regulamento visou restringir o efeito da aerodinâmica nos carros, que voltaram a usar os pneus slick. Após cinco anos dedicados à reestruturação técnica do time e de grande investimento em simulação e na contratação de profissionais como Newey, o time acertou a mão no carro e deu seu grande salto. O RB5 só não foi campeão naquele ano, que também marcou a estreia do jovem mais promissor do programa de desenvolvimento, Sebastian Vettel, devido ao polêmico difusor duplo da Brawn.

2010-13: Com a queda da Brawn, que se tornou Mercedes, a Red Bull se manteve como equipe a ser batida. Times grandes como Ferrari, McLaren e Renault erraram seus projetos de 2009 e não conseguiram se recuperar totalmente porque, muito bem estruturada e com grande orçamento, a Red Bull continuou evoluindo seus carros e contando com a pilotagem de poucos erros de Vettel.

O conceito de buscar formas de “selar” a parte de trás do difusor para manter a estabilidade – principalmente usando os gases do escapamento– e a exploração de asas dianteiras flexíveis foram pontos em que os rivais nunca conseguiram igualar os tricampeões mundiais.

As restrições ao difusor soprado em 2012 e as alternativas criadas pelos pneus Pirelli em 2013 chegaram a abalar o domínio, mas a equipe mostrou a competência de sua estrutura para melhorar constantemente o carro. Tanto, que a grande marca dos últimos campeonatos é o aumento progressivo do domínio da Red Bull ao longo da temporada. Os pit stops, a estratégia e o acerto do carro durante o final de semana são outros pontos fortes.

O próprio Newey considera que a equipe teve ‘sorte’ da mudança de regulamento ter acontecido na hora certa. Se fosse um pouco antes, o time não teria condições de aproveitá-la tão bem.

“Não éramos maduros o suficiente para operar o carro em um nível suficiente para vencer campeonatos. Mas acho que [aquele campeonato de 2009] deu a confiança para todos na fábrica para darmos os passos adiante e nos livrarmos daquela noção de ‘eternos sétimos colocados’ da época da Jaguar.”

Dali em diante, foi uma questão de maximizar o que foi encontrado para 2009.

“Tivemos a oportunidade de fazer algo novo e diferente. Conseguimos encontrar algumas bases que ajudaram o carro a ser competitivo e, depois, foi uma questão de desenvolver isso”, explicou o projetista.

11 Comments

  1. Oi Julianne,
    Você tem toda razão no que diz sobre o avanço tecnológico da Red Bull sobre as demais e para embasar sua matéria vai um trecho da conversa de Piquet e Reginaldo.

    Em papo com Reginaldo Leme, tricampeão Nelson Piquet fala sobre F-1 de hoje
    20/10/2013
    Como está vendo a Fórmula 1 hoje?

    “A opinião é geral. Hoje não é mais um campeonato de pilotos. É um campeonato de tecnologia. A aerodinâmica hoje é 75% de um carro. Qualquer piloto que você pegar ali dos bons e botar num carro ganhador vai vencer. É estratégia e toda parte de aerodinâmica. No nosso tempo era diferente. Tudo bem, contava aerodinâmica, contava parte mecânica, mas nós éramos a ligação com a engenharia. Se você não tivesse um piloto para saber o que estava acontecendo e passar toda essa informação para os engenheiros, o carro não melhoraria. Hoje em dia o piloto precisa ser muito rápido e não fazer besteira. Se você escutar os rádios hoje, na primeira volta eles falam tudo: “Acelera agora, vai queimar a largada agora, bota no número tal”. É um campeonato de tecnologia mesmo. Mas até para isso você precisa ter os pilotos bons lá”.

    • Bob, para mim, as palavras fortes e verdadeiras de Piquet são irretocáveis!

  2. Ju a pontuacao da Mercedes no mundial de construtores esta errada(277 ), corrigindo 287 pontos, 161 do Hamilton e 126 do Nico.

  3. É realmente impressionante como deu tudo tão certo pra RedBull. A aposentadoria de Coulthard e a chegada de Vettel, a já citada mudança de regulamento… tudo foi realmente perfeito e é impressionante como eles perceberam o que estava acontecendo e souberam administrar o momento favorável. Ao contrário do que parece é muito fácil se desestruturar quando o sucesso chega.

    E Newey foi bastante humilde em suas declarações. Isso é raro de se ver.

  4. Ju, é certo que os motores serão fundamentais para 2014, mas qual sua espectativa em relação a disputa futura? Vc acredita em reviravolta? Afinal a aerodinâmica terá menos influência…

    • Claro que o fator motor entra em jogo, diferentemente de hoje, mas de maneira geral acho que as equipes mais bem organizadas, que conseguem identificar e resolver seus problemas, continuam com vantagem seja qual for o regulamento.

  5. Julianne que o Austin Powers esta fazendo na foto do seu post ? Poxa vida que Groooveee Babe !!! Do I make you horny, do I make you randy yeahhh !!! Ainda bem que a capa nao caiu , pobre Horner….

  6. Faltou comentar que após ganhar o primeiro campeonato, a grana a mais que entra ajuda muito no desenvolvimento dos próximos anos.

  7. Julianne, ola.

    Alguma informacao de insiders referente a parcela do Horner nesse sucesso? Suponho que nao he puxando o saquinho do Marko que ele ainda esta la, mas pouco he dito sobre os team principals, na alegria e na tristeza nao levam credito ou debito.

    Em relacao aos Stewarts, fizeram uma equipe para ganharem um $$$ mais tarde ou se cansaram e foram para casa com mais $$$? Nao foi uma ma equipe de maneira alguma.

    Cheers, mate.

    • Sobre Horner, ele é tido como uma figura bastante política, o que me parece particularmente importante em um cenário pouco claro em termos hierárquicos como o topo da Red Bull. Tanto, que há quem o aponte como um dos candidatos a sucessor de Ecclestone.

      Tentei achar informações sobre a venda da Stewart, mas não encontrei. Suponho que não tenham perdido dinheiro pela natureza do negócio: eles eram a equipe de fábrica da Ford e, quando a montadora comprou o time, viviam seu ápice em termos de resultados. Então não deve ser sido uma barganha, não é?

  8. Tem gente que diz que na RBR até um macaco ganharia corridas. Tem gente que diz que sem Vettel a RBR seria um carro de “meio de pelotão”. Dá vontade de chorar.

    Quando a RBR montou a equipe e logo trouxe Adrian Newey, eu já alertava naquela época que o trabalho ali era sério, e os resultados viriam no médio prazo(abreviado pela mudança do regulamento de 2009, é verdade). Mas o fato é que o trabalho era sério. Fosse um “oba-oba” e a primeira coisa que fariam seria tentar a contratação de um piloto de destaque a época, como Raikkonen ou Montoya. Nada disso, eles contrataram antes de tudo um grande projetista, talvez o melhor das últimas décadas.
    Quando Vettel despontou logo no início de carreira na pequena STR, vi de cara que se tratava de um piloto talentoso que iria dar o que falar.

    Ai RBR contrata Vettel. Nisso eu disse ainda 2009 que pintava o novo campeão da F-1. Não imaginava que seria logo em 2010 e nem que fariam uma sequência de titulos em série, mas que viria troféu eu não tinha dúvidas.
    Trabalho sério é isso, é o conjunto. Newey projetando com sua competência habitual, Vettel pilotando com habilidade nata, Horner administrando com seu jeito conciliador. Helmut Marko atuando com com sua habitual seriedade. Dietrich Mateschitz investindo sem atrapalhar. Planejamento, seriedade, investimento, competência e trabalho visionário.
    O conjunto inteiro deu nisso. Não fosse cada uma dessas engrenagens atuando com maestria, e os resultados não seriam o que o mundo está vendo.


Add a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquise
Redes Sociais
As últimas
Navegue no Site

Adicione o texto do seu título aqui