Discurso alinhado com o de Domenicali, receio em relação à nova asa traseira e incontáveis promessas de um 2011 melhor – e igual. Hoje foi a vez dos pilotos da Ferrari darem o ar da graça no evento da equipe em Madonna di Campiglio.
O mais interessante das entrevistas de Felipe Massa e Fernando Alonso foram as indicações que ambos deram sobre a temporada desse ano. De uma forma ou de outra, se mostraram seguros de que a adaptação aos novos pneus Pirelli pode mudar a relação de forças entre os pilotos.
Massa, é claro, é o mais interessado nisso. “O primeiro contato no teste em Abu Dhabi foi muito positivo. Encontrei uma facilidade maior na pilotagem. Os pneus dianteiros da Bridgestone no ano passado ofereciam muito pouca aderência, e eu gosto de uma frente do carro bem presa ao chão. Mas fiquei confiante depois desse teste. Parece que os pneus Pirelli vão seguir uma linha parecida ao que tinha a Bridgestone até 2009”, avaliou o brasileiro.
O espanhol, não coincidentemente, apontou outro grande prejudicado pela borracha em 2010 como um rival forte neste ano. “Serão 5 campeões na pista e, se tivesse que escolher o mais perigoso, seria Schumacher. É o piloto que ganhou mais títulos, não tem nada a provar e certamente tem toda a capacidade para ser o mais forte.” Mesmo tendo elogiado Vettel – “ele estará melhor que no ano passado e isso o torna perigoso para nós” – e citado a McLaren como uma força para 2011, Alonso sabia qual seria a manchete, e escolheu deixar todos imaginando: ‘o que ele quis dizer com isso?’
Mas o mais interessante foi a afirmação de ambos de que a Ferrari os ouviu na concepção do novo carro. Será que pediram as mesmas coisas ou um foi mais ouvido que o outro? “O mais importante nessa relação com a Ferrari é que sempre houve muito respeito de ambas as partes e sinto o quanto sou considerado e o quanto a minha opinião tem peso no momento do trabalho”, garantiu Massa.
Alonso fez questão de frisar que, em 2010, o F10 não era o que ele queria. “Quando cheguei o carro já estava pronto, enquanto neste ano, graças à relação minha com os engenheiros, conseguimos introduzir todas as mudanças que podem ser influenciadas pelo piloto. Isso inclui o cockpit, os controles, o comportamento do carro baseado no estilo de pilotagem – tudo será muito mais adaptado a mim que no ano anterior.” O espanhol também comentou sobre as mudanças internas da equipe, e disse confiar na ajuda que Pat Fry pode dar. Eles trabalharam juntos na McLaren.
É impossível não lembrar do crescente desânimo de Massa em contraste ao domínio cada vez mais forte de Alonso dentro da equipe em 2010. Enquanto o brasileiro jogou 100% da culpa nos pneus e disse seguir motivado, mesmo depois da ordem de equipe da Alemanha – “[se não tivesse acontecido, as coisas] seriam iguais, porque a motivação estava lá. Foi uma temporada difícil para mim desde a 1ª corrida porque sofria muito com os pneus” –, o espanhol falava na boa relação entre os dois (“sabemos que precisamos um do outro para desenvolver o carro”) e ecoava as declarações do companheiro: “estamos certos de que Felipe dará o máximo de si, porque é o que ele sempre fez. Todo ano começamos do zero e, na Ferrari, o time vem em primeiro lugar. É a nossa filosofia e temos muito orgulho dela”. Claro que sim. Na sua cabeça, o melhor para a equipe é dar a oportunidade a quem é mais rápido, e ele não tem dúvidas de quem o é. Mesmo se adaptando aos pneus, é difícil imaginar como Massa conseguirá passar por cima disso.
5 Comments
Ju,
sim os pilotos Ferrari foram muito políticos e essa de apontar o Schumacher como o mais perigoso rival deixou todo mundo com a pulga atrás da orelha.
bjs Lili
O engraçado é que li vários blogs pelo mundo e cada um entendeu a mensagem de uma maneira. Se a ideia foi essa, acertou em cheio
O clima na Ferrari, pode ser encarado de duas formas, pressão ou confiança. Pressão, pelos erros cometidos em 2010, e sabendo, que a cada dia, cresce a disputa, afinal, alguém duvida que ao menos, a Mercedes virá forte em 2011, aumentando para 4 as equipes postulantes ao título? A confiança, pode estar na recuperação de Massa, que muito ajudará na briga pelos construtores, e talvez pelo título de pilotos, além do quê, se Alonso conseguiu ainda estreante, se adaptar ao carro, mesmo não sendo seu número, imagina o espanhol adaptado.
Eu acho que foi exatamente isso que ele quis que pensassem…
Espero que esteja tudo bem por aí
Bacci