F1 Dobradinhas já não são prioridade - Julianne Cerasoli Skip to content

Dobradinhas já não são prioridade

_G0_9406

As últimas 15 voltas foram movimentadas, como aconteceu em 2014, mas um lance na 33ª volta do GP do Bahrein deu a exata medida de quanta diferença um ano faz: o terceiro colocado, Sebastian Vettel, fizera sua segunda parada quando estava 4s5 atrás de Nico Rosberg, segundo. E 9s atrás do líder Lewis Hamilton. Na primeira parada, o ferrarista já conseguira o undercut (tática de parar antes e usar a aderência adicional do pneu novo para superar o rival que vai à frente) e tentava fazer o mesmo. Parando uma volta antes, ganharia entre 2s5 e 3s.

Qual a reação da Mercedes? Parou primeiro Hamilton, numa clara demonstração de que colocaria uma dobradinha em risco para defender seu líder do campeonato. Afinal, se o inglês parasse depois de Rosberg (que teria vantagem para parar e voltar na frente de Vettel se o fizesse logo na volta seguinte, mas não duas voltas depois), manteria com tranquilidade a ponta – mesmo fazendo a troca duas voltas depois, ainda teria pelo menos 3s de vantagem. Era uma situação bem mais clara do que na primeira parada, quando uma belíssima jogada da Ferrari colocou o time em uma situação limítrofe. Ali, a diferença entre os 3 era de 7s5.

Como resultado, claro, Rosberg levou mais uma vez o undercut ao ter de parar duas voltas depois de Vettel. No final das contas, o alemão da Ferrari estava em uma noite pouco inspirada e logo deixou a porta aberta para o rival dar o troco na pista, mas quando Rosberg analisar a estratégia da prova, vai sentir o golpe: ao não conseguir ameaçar Hamilton, está ‘assinando’ seu contrato de segundo piloto.

Isso porque a prioridade das equipes é defender seus pontos no mundial de construtores. Portanto, a tática normal seria assegurar a dobradinha. A não ser, claro, que o time se veja em uma posição de perder terreno no mundial de pilotos por uma ameaça externa. E a Ferrari, mesmo não tendo ritmo para vencer em condições normais ainda, já se configura em uma ameaça.

Afinal, vale lembrar que o time tem mais possibilidades de desenvolver seu motor até o final do ano – ainda tem 10 fichas para gastar, sendo que várias delas são usadas para a etapa do Canadá, segundo a mídia italiana, contra sete dos rivais diretos.

Outro ponto interessante foi a performance de Raikkonen. Apenas se a Ferrari não permitisse o finlandês deixaria de superar Vettel em condições normais no Bahrein. Será que a mesma tática da Mercedes começará a ser usada na Scuderia? Pelo menos em Sakhir, eles ‘copiaram’ os alemães, mas em 2014: deram a Kimi uma oportunidade ao colocá-lo com uma ordem de compostos diferente.

A performance da Williams – pelo menos com Bottas, uma vez que Massa teve a prova complicada primeiro pelo problema da largada, e em seguida pelo toque de Maldonado em seu difusor – também chamou a atenção. A equipe foi rápida em identificar o problema com os pneus macios (como havia adiantado para vocês, toda a perda de tempo da equipe em relação à Ferrari na China fora quando eles e os ponteiros estavam com os médios) e deu um salto importante no Bahrein.

Porém, ao mesmo tempo que essa compreensão é um bom indicativo para o GP da Espanha, essas três semanas podem ser negativamente decisivas para a equipe: com grandes atualizações esperadas para Barcelona, os maiores orçamentos – e isso inclui a McLaren, que fez corrida impressionante com Alonso, ainda que os problemas que Button teve sejam preocupantes – vão começar a fazer a diferença.

32 Comments

  1. Ola Julianne
    Interessante foi notar,que o Kimi,ao fazer a primeira troca,para os medios,virava tempos melhores do que os tres que iam na sua frente,com os macios.
    Qual a explicação pra isso?

  2. Pararam Hamilton primeiro porque ele estava em primeiro. Fizeram assim no ano passado inteiro.

    Na primeira parada pararam Rosberg primeiro para protege-lo de Vettel e quase Hamilton perde posição para os dois nos pits. Quase foi punido por ser competente demais.

    Felizmente na segunda parada a equipe consertou isso.

    • Hamilton tinha uma vantagem de mais de 9s sobre Vettel e 5s sobre Rosberg antes da segunda parada. Só levaria o undercut no caso de um erro grave nos pits.

      • Que quase aconteceu. Ora, eh a imagem que ilustra o texto inclusive!

        • Me refiro a primeira parada. Pra ajudar rosberg quase prejudicaram Hamilton.

        • A foto é da primeira parada. Na segunda Hamilton voltou com 7s de folga.

          • Tbem acho que eles fizeram o básico pra nao perder a liderança. Pois na 1° parada teve um probleminha nos boxes. E quase perdem a liderança. Sendo que apos a 2° troca o Rosberg conseguiu vencer o Vettel e estava tranquilo em segundao. Mas nao contavam com o Kimi voador na sua Ferrari. Se o Rosberg conseguisse pelo menos reduzir a desvantagem no braço…que por sinal era o que os engenheiros “pediram” no rádio pra ele, a dobradinha seria garantia.

          • E acho que eles pensaram mais é no Campeonato de Construtores. É melhor 25 pontos na mao que “doar” esses 25 pontos pra Ferrari.
            Lembrando que com o crescimento da Ferrari, pode ser que durante o campeonato, ganhar nao será mais tao rotineiro. Entao o máximo de pontos que eles conseguirem agora, será de muito ajuda no futuro.

          • Entendi o que o Edgar quis dizer.

            Na segunda parada, não há nenhuma discussão, mas o foco é a primeira. Repare que quando o Rosberg entrou para fazer a troca, a diferença era perto de 5,3s. Na seguinte Lewis entrou, a Mercedes fez um parada horrivel (3,7s) e tanto Rosberg quanto Vettel ja estavam duelando com pneu novo. Pior, Nico usou o DRS na reta dos boxes e aniquilou a vantagem que Hamilton construiu na pista. A foto acima sintetiza exatamente a indagação do Edgar.
            Mais 0,5s e Hamilton teria perdido 2 posições em função de um privilegio surreal que a Mercedes tentou dar para o Rosberg

  3. A Ferrari na época de Alonso e Massa, por possuir um carro mediano e com mais de meio campeonato decorrido, buscava maximizar os resultados do espanhol, mas no caso da Mercedes, com apenas 4 corridas, de um total de 19, acho muito prematuro, ainda mais por ter o melhor carro, sinceramente, nunca considerei Rosberg páreo para Hamilton, mas jogar fora o bom trabalho do alemão com tão pouco tempo de campeonato me parece desnecessário!

    • Então deviam jogar fora o trabalho de quem pilotou melhor?

      • Na pior das hipóteses Edgar, se Hamilton voltasse atrás de Vettel, como demonstrou Rosberg, passaria pelo alemão de passagem…teorias conspiratórias a parte, apesar do discurso igualitário, a Ferrari me parece a mesma no modus operandi, privilegiando o ‘1º’ piloto, pois sempre as táticas de Vettel(táticas padrão/ eceto Malásia) são diferentes das de Raikkonen, por cargas d’água, mesmo sem o ‘problema’ do carro 5 hj, me parece que o finlandês passaria Vettel em pista…

  4. Como torcedor da McLaren, é duro ver a equipe sequer contar com os dois carros na largada, mas como você citou Ju, espero que essas 3 semanas sejam bem positivas para a equipe dar um grande salto de qualidade, tanto na questão da confiabilidade, como na questão de competitividade!

    • Vagner Pedreira,

      A McLaren é minha equipe do coração. Só que, meu medo, é ela ser como a sua irmão no Japão, a Toyota.

      A Toyota gastou vários caminhões de dinheiro e o carro não ia. Cada hora era uma coisa.

      Imagine tudo o que a Toyota sabe de tecnologia, automóveis, mecânica, enfim, é só ver os carros que ela produz em série.

      É isso que eu não quero. Quero todo mundo com desempenho próximo. Tipo Alonso brigando com Lewis como o Rosberg ano passado.

  5. Juliane, no caso, é verdade que a Honda está derramando um caminhão de dinheiro na McLaren?

    • No projeto, sim.

  6. Parece que a Ferrari já consegue brigar contra 1 carro da Mercedes, a princípio em pistas mais quentes. Bem enfatizado no excelente título deste post.
    Como a Ferrari de Vettel e as Mercedes pararam em voltas próximas, fica a pergunta:
    A Mercedes está andando num ritmo um pouco mais lento para que seus pneus durem igual da Ferrari ou a Ferrari consegue, numa pista mais quente, extrair um melhor desempenho dos pneus e andar num ritmo próximo das Mercedes?

    • Vejo um pouco dos dois. E não só em pistas mais quentes, pois na China a Mercedes segurou o ritmo para alargar a vida de seus pneus.

  7. Ju, só uma dica: você repetiu “Ferrari” onde queria dizer Mercedes no 3º parágrafo;

    “Ferrari, como salientou Raikkonen após o final da prova, ainda não tem condições de lutar de igual para igual com a Ferrari pelas vitórias”

  8. Me parece que a ferrari prefere renovar com raikkonen do que arriscar um jovem talento como vergne , que pode repetir o feito de ricciardo.
    Sinseramente acho o vergne um grande piloto que bateu ricciardo e poderia bater vettel, mas a ferrari assim como a redbull prefere um piloto em fim de carreira que não podera se,impor a vettel, do que arriscar um jovem talento, uma pena para o esporte.

    • Calma ai amigo. O Vettel é um tetra campeão por méritos e está provando esta temporada. O Ricciardo mostrou potencial de campeão, mas o alemão teve problemas de adaptação aos novos freios e ao motor Renault, que continua ruim. E o Kimi é um excelente piloto. Não acredito que o Vergne ou outro novato chegaria na Ferrari batendo o Vettel.

  9. Na boa Ju não houve golpe nenhum
    É lógico que quem ta em primeiro tem a preferência
    Rosberg é um piloto medíocre ta sendo destruído por Hamilton
    Simples assim…

    • O resultado da equipe tem a preferência, depois vem o piloto melhor classificado. Isso, a não ser que a equipe veja uma ameaça ao campeonato de pilotos e proteja o piloto que vai à frente mesmo em detrimento de um resultado do time. Foi simplesmente isso que a Mercedes demonstrou.

      • A Mercedes agiu corretamente Kimi era uma ameaça a vitória

      • O problema é Rosberg que não ta fazendo sua parte ao contrário de Hamilton…

      • Eu entendo o que a Ju tá falando, mas eu acho que eles priveligiaram o Campeonato de Construtores. Nao o de pilotos. É só fazer as contas:

        Perdendo a liderança pra uma Ferrari
        Total de pontos da Mercedes: 33

        Com Hamilton em 1° e Rosberg em 3°:
        Total de ptos mercedes: 40

        Qual estratégia vc arriscaria ??? A que dá mais pontos pra équipe…ou seja…Lewis mantendo a liderança.
        Simples.

  10. Hamilton controlou os adversários como quis na corrida
    Ao final da classificação de ontem,Lewis Hamilton demonstrava certa preocupação com a ameaça que a Ferrari poderia ser em ritmo de corrida no Bahrein. Mas já tinha claro qual seria sua arma para combater qualquer ameaça: o estado de graça que vive neste início da temporada de 2015. “Tenho um carro que posso atacar e colocar onde eu quero, com um equilíbrio muito bom. Me sinto melhor no carro deste ano. Claro que o carro em si é melhor, mas me sinto mais ligado à ele”, disse.Esta confiança extrema se traduziu num trabalho perfeito do piloto inglês na corrida de hoje. Manter a vantagem da posição de pista era importante e ele o fez com uma boa largada. Depois, utilizou da mesma estratégia da China para controlar quem viesse atrás: um ritmo controlado no início de cada série de voltas, conservando pneus e deixando para pisar fundo e abrir vantagem perto do momento de ir aos boxes,no que o seu engenheiro Peter Bonnington convencionou chamar de “Hammer Time”.Foi o que fez na parte inicial da prova, mantendo Sebastian Vettel a cerca de dois segundos.

  11. A Ferrari ainda acertou duas vezesna estratégia, permitindo a Vettel fazer o chamado “undercut” e recuperar a posição perdida para Rosberg. Mas este agiu bem ao recuperá-la em manobras decididas. Só que o piloto da Mercedes também não teve meios de combater um excelente Hamilton. Palavras dele depois da prova. “Sim, a forma dele é muito boa. Na corrida, consegui me aproximar, tínhamos um ritmo similar, mas isso não basta para ultrapassar. Ele sempre alivia um pouco o pé do acelerador no começo de cada série, economiza seus pneus e quem está atrás, sem ar livre, acaba sofrendo. Com isso ele sempre garante alguns segundos a mais e não há o que fazer”,

  12. Achei q a mercedes agiu certo pq na ultima parada se eles para rosberg primeiro hamilton daria outra volta e as contas das equipes estava certa kimi chegou a 4s uma volta a mas de hamilton poderia ser de 2s essa diferença então kimi era uma ameaça real e a mercedes privilegio hamilton pra ele obter a vitoria q ele realmente mereceu, rosberg assinou como segundo piloto fato….sempre digo carro bom nem sempre sozinho ganha tem q ter piloto hamilton esta hoje se sentido no carro como vettel em 2013 no final encaixou 9 seguidas extrai tudo dessa mercedes un trabalho brilhante dele.

  13. Como sempre, ótimos comentários. Você teria os tempos, volta a volta, de todos os pilotos nesta corrida, assim como as passadas? Fiquei curioso com o ritmo da McLaren. Especialmente no trecho final onde o Alonso pareceu bem rápido e consistente com os pneus macios, assim como o Kimi.

    • Isso está disponibilizado no site da FIA. E sim, tanto na China, quanto no Bahrein, o stint final do Alonso chamou muito a atenção. Mas ele mesmo disse que o carro tem altos e baixos durante a prova que a equipe ainda não entende (pode ser por um mau funcionamento das baterias)


Add a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Adicione o texto do seu título aqui