O piloto consistente não é aquele showman aparecido. É aquele que cresce na dificuldade do rival, é o que sempre se dá bem quando as coisas não funcionam para seus pares. É o rabudo, dizem, mas na verdade ele sempre está por perto. Às vezes as oportunidades surgem, outras, não.
E a temporada 2012 está recheada deles. Tanto, que seus três exemplos máximos ocupam as primeiras posições do Mundial. A consistência de Raikkonen, Vettel e Alonso – e, consequentemente, os pontos arrecadados quando os demais, especialmente a dupla da McLaren, deram brecha – explica como pilotos com carros que nunca foram, com a exceção de três ou quatro GPs, os mais rápidos são os mais bem posicionados na tabela.
Mas a pilotagem por si só conta parte da história quando o assunto é F-1. E vimos dois capítulos dessa história nas últimas duas corridas. A confiabilidade tem deixado a McLaren na mão e, depois do mistério sem solução da quebra do sistema de alimentação de combustível de Button em Monza, agora resta ao time de Woking analisar a falha repentina, que em questão de cerca de 3 voltas acabou com o câmbio do carro de Hamilton em Cingapura.
A Red Bull de Vettel também vive seus dramas, esperando a Renault e a fornecedora Magneti Marelli identificar e resolver o problema de alternador que tirou o alemão de duas provas. A Lotus de Raikkonen também tem a mesma pendência, mesmo que este não seja o principal entrave após duas corridas com desempenho bastante aquém do que o time vinha obtendo e, para piorar, em dois circuitos bem diferentes entre si.
A preocupação com a confiabilidade não é algo comum na F-1 moderna, mas tem sido um diferencial importante na campanha de Alonso neste mundial. Afinal, muito da diferença de 29 pontos que o espanhol tem hoje para Vettel não vem de uma grande diferença em termos de pilotagem em si, mas sim das quebras que a Ferrari deixou de sofrer.
Apesar de não terem feito os carros mais rápidos do mundo nos últimos anos, os números recentes de confiabilidade do time italiano são impressionantes: o último abandono por quebra ocorreu no GP da Espanha de 2011, quando Felipe Massa encostou com problemas de câmbio. Ou seja, são 28 GPs sem falhas terminais. Mais que isso: nas últimas 52 provas, desde o GP do Bahrein, na abertura da temporada 2010, a Ferrari teve apenas duas quebras – sendo a segunda no motor de Alonso nas voltas finais do GP da Malásia de 2010.
Abandonos por falhas mecânicas
Ferrari | Red Bull | McLaren | |
2010 | 1 (Alonso) | 2 (Vettel) | 2 (1 Ham/1 But) |
2011 | 1 (Massa) | – | 2 (1 Ham/1 But) |
2012 | – | 2 (Vettel) | 3 (1 Ham/2 But) |
No mesmo período, a Red Bull teve o dobro de quebras e em diversas ocasiões seus pilotos cuidaram de problemas durante a prova e perderam pontos importantes, como no Bahrein/2010. No ano seguinte, Webber foi o rei das falhas de Kers.
Mas, certamente, o maior alerta é na McLaren, com sete quebras nos últimos três anos, sendo três de câmbio, uma hidráulica, uma de motor, diferencial e pressão de combustível. Pode não parecer muita coisa num universo de mais de 50 provas, mas, como vimos novamente hoje, é o suficiente para decidir campeonatos.
7 Comments
Juliana, de onde você tirou essa sigla “F-1”? Nem o site da Formula 1 usa esse hífen. 😉
Julianne! 😀
Ju, acredito que no caso da Mclaren em 2012, foram 4 abandonos mecânicos não? Afinal Hamilton teve problemas hidráulicos na Alemanha:-) Ps: dizem que Alonso é sortudo, mas imagina se com essa consistência toda, possuísse o melhor carro do grid? Resposta: o título 2012 já estaria decidido! Me arrisco à dizer que Alonso é o maior piloto da F-1 após a morte de Senna. O espanhol sobra no quesito racionalismo.
Wagner, aquele abandono do Hamilton foi oficialmente pelos danos causados pelo furo de pneu logo no início. Extraoficialmente, para que pudessem trocar o câmbio antes do limite de 4 GPs, uma vez que o inglês não tinha mais chances na corrida.
Adorei suas comparações. Mas não estão as falhas do Webber referente ao kers quadro ilustrativo?
Elas não estão porque não causaram abandonos, apenas queda de rendimento/perda de posições. Obrigado!
Alonso está com uma mão e meia na taça deste ano. Vettel e Hamilton vão tirar pontos um dos outros até o final do campeonato. O espanhol só precisa manter a regularidade, buscar sempre um pódio, quando possível. E isso a gente sabe que ele é mestre em fazer.