Mercedes
Hamilton |
Rosberg |
|
Placar em classificações |
9 (-0s293) |
1 |
Placar em corridas |
7 |
3 |
Voltas à frente |
413 |
220 |
Porcentagem dos pontos |
52.74 |
47.26 |
Era uma vez um duelo apertado em que Nico Rosberg conseguia tirar aquele algo a mais na última volta rápida e era preciso em classificações, enquanto Lewis Hamilton – ora perdendo a freada, ora tendo problemas no carro – tinha de se contentar em largar atrás e usava seu ritmo de corrida superior para se aproveitar das brechas que o companheiro deixava no dia da corrida.
A temporada de 2015 tem se mostrado bastante diferente. Rosberg parece mais infeliz com o acerto do carro e passou a reclamar de algo que sempre foi queixa de Hamilton, os freios, algo muito sensível nos carros atualmente por sua dupla função – de, é claro, parar o carro, e também alimentar o Kers. E sem a total confiança no equipamento sabemos que bater Hamilton em uma volta lançada não é nada fácil. Ainda assim, o placar de 9 a 1 e os quase 0s3 de diferença média não deixam de surpreender após o que vimos na temporada passada.
O placar só não se mantém nas corridas pelo erro estratégico de Mônaco e a largada ruim de Hamilton na Áustria, demonstrando uma supremacia marcante do inglês. Sem tirar nenhum mérito do trabalho que o atual campeão vem fazendo, contudo, a própria política da Mercedes especialmente após os problemas da Hungria do ano passado favorecem que o resultado da classificação se mantenha na corrida: há um ano não é permitido que Nico e Lewis adotem estratégias diferentes em condições normais, o que limita as possibilidades, especialmente quando a luta é entre dois carros iguais. Por isso, se Rosberg quiser ser campeão, o caminho mais lógico é classificando-se na frente, e não buscando apenas jogar no erro do adversário.
Red Bull
Ricciardo |
Kvyat |
|
Placar em classificações |
6 (-0s248) |
4 |
Placar em corridas |
3 |
4 |
Voltas à frente |
309 |
189 |
Porcentagem dos pontos |
53.13 |
46.87 |
Tem muita gente que avalia pilotos por meio da regra de 3: se piloto A foi melhor que o B quando estiveram na mesma equipe e depois o piloto B perdeu também para o C, logo A > C. Quem pensa assim, contudo, esquece que a equação quando se trata de automobilismo tem muitas variáveis. O atual ano da Red Bull mostra bem isso. Depois de detonar Vettel, Ricciardo vem travando uma batalha mais parelha com Kvyat, mas muito mudou no time desde o ano passado.
Kvyat começou o ano impressionando pela quantidade de erros. E não digo erros grosseiros, mas aqueles que comprometem aquela última volta lançada na classificação e impedem um ritmo consistente nas corridas. Essa tendência vem diminuindo ao longo da temporada, talvez coincidindo com a melhora aerodinâmica de um carro que não nasceu bem, mesmo que o time teime em apenas colocar a culpa na Renault.
O que pode entrar na conta dos franceses é a falta de confiabilidade, que acaba mascarando os resultados especialmente de Ricciardo, que em várias ocasiões não conseguiu converter sua superioridade em treinos e corridas em pontos. O resultado disso é um duelo nivelado por baixo enquanto a equipe tenta recolocar ordem na casa.
Manor
Stevens |
Merhi |
|
Placar em classificações |
5 (-0s198) |
3 |
Placar em corridas |
3 |
3 |
Voltas à frente |
274 |
144 |
O duelo interno na Manor entra na lista das surpresas pelo que Stevens e Merhi fizeram até aqui na carreira e como o inglês se mostrou muito mais bem preparado que o espanhol no começo da temporada. Aos poucos, Merhi tem conseguido melhorar sua performance em classificação e, assim que conseguir se colocar no grid à frente do companheiro por mais vezes, é de se esperar que o supere nas corridas, pois consegue ser mais consistente dentro de uma dura realidade para ambos, que passam mais tempo se preocupando em sair da frente dos demais e em limpar seus pneus após deixarem o trilho ideal do que realmente acelerando.
8 Comments
Ano passado o Hamilton começou a temporada 25 pontos atrás do Rosberg. Ai ganhou 4 seguidas e encostou. Veio o problema de Monaco e no Canada, para ambos, mesmo assim o Nico abriu mais 18pts. O Nico foi ter problemas em Silverstone. E na Hungria, mais problemas para o Hamilton, que pelas variáveis da corrida chegou a frente do Nico. Foi uma primeira metade de temporada complicada para o Lewis. Depois ainda teve o Gp da Alemanha e o furo do pneu em Spa. O Nico foi ter problemas em Cingapura e na última prova com o campeonato quase definido. E mesmo largando mais na frente o Hamilton foi buscar, com o desempenho do Rosberg caindo muito depois da limitação das informações via radio. Já neste ano os problemas não vieram e o Hamilton também domina os treinos, matando as chances de um Rosberg mais frágil psicologicamente. Acho que este ano mostra a real diferença entre eles. Além do fato que o Hamilton com moral é muito difícil de ser batido.
O Ricardo mostrou ano passado que pode entrar no roll dos grandes pilotos, ainda acho que tem que passar pela pressão de disputar um título. E este ano, como primeiro piloto, começa a ter mais responsabilidades. Ano passado bateu um Vettel num ano atípico e que teve além dos problemas de se adaptar ao novo carro, muitas quebras. Não acho que se o Ricardo fosse para a Ferrari, bateria o Vettel como ano passado. O Kvyat é uma boa surpresa, mas parece que quando o Ricardo percebe que pode conseguir um bom resultado é um pouco melhor. Mas o russo está sendo bem consistente.
Não consigo comentar sobre os pilotos da Manor, apesar do objetivo do post ser comparar o desempenho dentro da equipe, porque eles pertencem a uma categoria abaixo.
Primeiro foram os freios. Agora, a grande preocupação – ou o calcanhar de Aquiles das Mercedes – pode ser a embreagem, ainda mais com as restrições já previstas para Spa. Isso tem potencial para embaralhar as corridas. E largada embaralhada pode significar eventual necessidade de corrida de remontada, complicando ainda mais o lado de Nico, mas fazendo a festa para os olhos dos aficionados, com duzentos milhões de erros ou não de Hamilton, que, quando se vê aprisionado por uma situação adversa, faz jus inteiramente à definição magistral da Julianne, debatendo-se qual um pássaro selvagem em cativeiro, prisioneiro de seu próprio espírito de racer indomável, disputando cada centímetro de pista em busca da vitória para ele sempre indispensável. Espetáculo garantido!
É chato, eu sei, mas essa regra citada no exemplo RBR não é a regra de três e sim a da transitividade. Sim, matemáticos gostam de fórmula 1 e lêem o blog da Ju (e são, com propriedades, chatos pra c@…).
Existem alguns bons motivos para eu ter cursado jornalismo e a inabilidade com a matemática é um deles 🙂
Não é chato não, fique à vontade para corrigir.
Américo Júnior, parabéns. Lendo sua explicação, dá pra sentir o peso da responsabilidade de comentar neste Blog: como leitores ou comentaristas, aqui só tem feras, é fácil perceber isso pelos comentários de todos.
JULIANNE, adoro seu jeito sincero, simples, honesto, franco e descomplicado de reconhecer seus eventuais e raros equívocos ou erros.
(Desculpem a minha intromissão).
Série fechada com chave de ouro, Ju.
Análises precisas e números apontando surpresas, decepções, equilíbrio. No fundo, a verdade da primeira metade do campeonato.
Parabéns!
Rosberg não é páreo para Hamilton! O que era evidente ano passado ficou cristalino nesta temporada. É preciso muuuuuito erro e problemas com o carro #44 para o Nico ser campeão. Na minha opinião, os pilotos que o Hamilton tem de temer são: Alonso e Vettel (nesta ordem). E por fora eu listo o Ricciardo. E quem sabe o “moleque-atrevido” do Verstappinho, num futuro não muito distante, possa também botar terror na F1.
Concordo, em gênero, número e grau com o que o Alexandre disse acima. No caso Vettel, a Ju escreveu em um artigo anterior que o ano do Vettel é aquele fora da curva, e realmente foi, mas isso não tira o mérito do Riccardo de jeito algum. Voltando ao caso Hamilton vs Rosberg. Na minha opinião, rosberg nunca foi piloto para Lewis, mesmo Lewis em seu ano “fora da curva” em 2011. Rosberg teve menos problemas que Hamilton ano passado, e quando os teve, Rosberg já estava atrás quando teve problemas, então, duvido muito que Hamilton tenha demérito nisso. Esse ano, a mercedes teve problemas de ritmo de corrida na Malasia, se recuperou, e os problemas de confiabilidade não apareceram, deixando mais evidente a dificuldade do Rosberg em acompanhar Hamilton. No fim do ano passado, Hamilton disse que iria melhorar em classificação, o que realmente ele o fez. Pra mim, não foi Rosberg que piorou, foi o Hamilton que melhorou mais ainda, deixando a diferença entre os dois maior ainda. Mesmo essa corrida na Hungria sendo “atípica”, Rosberg não conseguiu converter a oportunidade em vitória. Hamilton costuma não perdoar nesse tipo de chance.