Ele terminou 2010 como o melhor estreante do ano. Depois de um começo um tanto abaixo do que se esperava de um piloto que foi campeão da GP2 em sua temporada de estreia, Nico Hulkenberg mostrou serviço na segunda parte do campeonato e marcou 20 de seus 22 dos pontos nas últimas 9 etapas. Na média das classificações, ficou devendo apenas 1s4 para um companheiro com 17 temporadas a mais que ele – e ainda superando-o em 6 ocasiões, mais do que Button, Schumacher e Massa conseguiram, por exemplo. Isso sem falar numa pole, com mais de 1s de vantagem para pilotos que lutavam pelo título, que deixou todos boquiabertos no GP do Brasil.
Num momento em que é clara a dificuldade dos times que estão mais distantes da briga por pódios e vitórias em conseguir patrocínios, o alemão de 23 anos sobrou. Preterido na Williams em favor do dinheiro do petróleo venezuelano trazido por Pastor Maldonado, bateu à porta da Force India, única vaga à disposição longe das novatas de 2010.
E parece que, mais uma vez, os dólares falaram mais alto, mesmo que de uma maneira bem mais sutil que no caso da Williams. Foi o escocês Paul Di Resta que ficou com a vaga como companheiro de Adrian Sutil e, segundo o jornalista inglês Joe Saward, o negócio saiu em troca do sistema KERS da Mercedes, que está “à venda” no mercado por algo em torno de 6 milhões de dólares. Nada mal para uma equipe que vem crescendo, mas que ainda não nada em dinheiro.
A associação de Di Resta com a Mercedes é de longa data, em moldes parecidos a programas de desenvolvimento de pilotos. Isso não quer dizer, no entanto, que tenha comprado a vaga e falarei mais sobre o assunto amanhã. O escocês de 24 anos tem talento, é o atual campeão da DTM, tradicional e fortíssima competição de turismo alemão, e já bateu Sebastian Vettel, seu então companheiro de ASM, pelo título da F3 Euroseries, que já foi vencida por Lewis Hamilton e… Nico Hulkenberg.
O alemão fica, então, como a grande baixa da dança das cadeiras de 2011, a prova de que currículo e a superação das dificuldades de uma estreia com pouquíssimos testes não são o suficiente para garantir ninguém na F1. O piloto assinou um contrato longo – cuja extensão não foi divulgada – com a Force India, e disse esperar ter um cockpit em 2012. Muito provavelmente, a exemplo do caminho trilhado por Di Resta em 2010, deve guiar o carro às sextas-feiras, o que colocará uma pressão a mais nos pilotos titulares, principalmente Sutil, que ficou abaixo do esperado na temporada passada e não agradou muito o time ao dizer que estava analisando propostas para sair em meados do ano.
Ficar um ano longe das corridas e voltar como titular é um caminho já trilhado por pilotos como Massa e Alonso, mas uma manobra de risco em dias de testes tão reduzidos. Tendo isso em vista, a opção de Hulkenberg pela Force India, que já cedeu seu cockpit ao 3º piloto nos treinos livres em 2010, parece ser o máximo que ele pode chegar de garantir seu futuro.
8 Comments
Hulkenberg é uma grata surpresa. Tendo em vista como cresceu durante a temporada, pode-se esperar do moleque. Podemos dizer que ele aprendeu na marra, ao contrário de Hamilton, como vc mesma disse em um post de 2010, que percorreu por volta de 10 mil km antes da estréia (além do apoio da Mclaren), algo que o alemão não passou nem perto, o que reforça sua capacidade. Adimiro o crescimento da Force India, afinal sair do fim do grid, com tão pouco tempo de f1, é sinal que o trabalho está sendo bem feito. Sutil pode estar com os dias contados.
Em relação ao Hulk, a comparação que se pode fazer, tendo em vista o nível dos carros, é com o Petrov, que inclusive foi vice-campeão da GP2 no ano em que o alemão conquistou o título. O russo fez 21 dos 27 pontos na 2ª metade do campeonato. Ou seja, também cresceu, mas entre fazer 20 pontos com a Williams e 21 com a Renault, com quem você fica? (escrevendo isso, só pude imaginar o que o Petrov ia aprontar largando na pole no Brasil…)
A Force India também vive um momento complicado. Eles cresceram muito com a colaboração técnica com a McLaren, mas perderam muitos profissionais importantes em 2010 e tiveram uma caída considerável. É um ano importante para eles.
Ju, quando foi o ano sabático do Alonso?
Foi em 2002. Ele estreou em 2001 na Minardi, emprestado pelo Briatore, que no ano seguinte o colocou como piloto de testes da então Benetton. Me parece, inclusive, que ele assinou o contrato com a promessa de que seria titular, mas o Briatore “passou a perna” nele.
Oi Ju,
Vc tem alguma ideia de porque o Hulk nao consegue patrocinio, enquanto que alguns outros com resultados menos expressivos conseguem? Nao estou falando de Maldonado, Perez e Kathikian. Esses tem logica. Mas o Di Resta por exemplo tem cacife da Mercedes, o Massa tinha da Ferrari, etc. E sempre questao de Quem Indica ou sera que o empresario do Hulk (nao e o Willi Weber?) esta dormindo no ponto? O Hulk e antipatico, ou nao escova os dentes, ou o que? Me parece que deva ser mais facil conseguir patrocinio p piloto bom do que piloto mediano.
Generalizando, se fosse possivel eu gostaria de entender um pouco como e o processo de os pilotos conseguirem patrocinio. Mais uma tarefa p o Joint Venture faster/cafe?
Obrigado e UA,
Leo.
“não escova os dentes”… chorei de rir.
É exatamente sobre isso que eu pretendo – o tempo anda curto, mas vou tentar! – escrever hoje. É justamente essa a parte que me estranha, porque ele é certamente alguém com quem uma empresa gostaria de se associar. Vejo algumas hipóteses, mas aqui de longe é difícil saber. Nunca vi ninguém falando sobre isso. De uma forma ou de outra, ele tem o mesmo problema dos brasileiros.
Legal! Sem pressa, mas vou ficar esperando.
UA,
Leo.
A falta de tempo parece que só piora! Fica para o final de semana…