Chegamos a Spielberg, na Áustria, e logo avistamos o enorme touro que se tornou símbolo do hoje Red Bull Ring. A pista já foi a velha Österreichring, um verdadeiro templo da velocidade construído no final dos anos 1960, com curvas sempre acima da quarta marcha (para câmbios de 6) – e que matou muita gente também. O traçado foi alterado duas vezes desde então, hoje é bem mais seguro, mas mantém as curvas de alta e sua grande característica: as elevações que chegam a 12% de inclinação e marcam especialmente o primeiro setor – e que infelizmente a TV não consegue capturar em toda sua magnitude.
Bem próximo das arquibancadas principais, quem decide estacionar seus trailers ou acampar conta com uma boa estrutura – e com shows que espantam o tédio de estar no meio do nada, ainda que a própria programação de corridas seja bem agitada, com várias categorias de suporte. O cardápio é mais voltado ao rock pesado e a atrações austríacas e alemães, mas também tem espaço para o folk.
Além disso, neste ano, a organização lançou a campanha “Traga amigos e familiares”, que permite acesso dos convidados de quem tem ingresso ao pitlane na quinta-feira e aos treinos de sexta-feira.
Pois, bem. Estacionamos o carro bem mais próximo da entrada que em outros circuitos. No prédio em que ficam mídia e administração, não há necessidade de se preocupar em passar fome nas pelo menos 10h que costumamos ficar no circuito: a oferta é uma das melhores do ano. Os mais velhos vão ter que enfrentar escadas intermináveis? Não, na Áustria tem elevador. E podemos trabalhar com a vista da pista, algo que tem sido cada vez mais raro (acreditem!) nos novos circuitos.
Para as equipes, muito espaço para trabalhar e pequenos ‘mimos’ como chuveiros disponíveis nos banheiros – que não são daqueles improvisados, como ocorre em Montreal, por exemplo.
O final de semana ainda tem como cereja no bolo a corrida de carros históricos, que acaba sendo mais um desfile de clássicos da história da categoria do que uma disputa de verdade.
Divido com vocês tudo isso para chegar em uma frase que ouvi dia desses de um colega: o GP da Áustria dá um gostinho de como seria a F-1 caso se ela estivesse nas mãos da Red Bull.
A teoria não é tão maluca assim. Com regras bem definidas e visando um crescimento que os austríacos já provaram saber gerar, há quem diga que até times tradicionais como a Ferrari estariam de acordo com uma mudança nesse sentido. Afinal, o que importa para os grandes investidores da categoria é que seu retorno seja cada vez maior. E não tem sido.
Seriam vários os obstáculos práticos para que isso se tornasse realidade, mas dois fatos são inegáveis: a Red Bull, que não foi levada muito a sério quando chegou há pouco mais de 10 anos, rapidamente passou a ter um prestígio semelhante ao das grandes forças, com direito, curiosamente, a uma fatia gorda da ‘taxa por valor histórico’ na distribuição dos direitos comerciais. E mostra no Red Bull Ring que sabe muito bem do que a F-1 precisa.
1 Comment
Ju se voce que tem toda a experiencia no ramo disse nao tenho duvidas que seria interessante, mas realmente é o que falta para a F1!
Obrigado por nos trazer o dia a dia dos gps…
Parabens uma vez mas, belo trabalho o seu!