Sabe quando você não sabe se ri ou se chora? É mais ou menos por aí que eu acompanho os primeiros de abril a cada ano. Não pelas suspeitas mudanças de status de relacionamento de amigos assumidamente baladeiros, mas pelas notícias reproduzidas sem qualquer discernimento pela internet. E repassadas, compartilhadas e comentadas sem dó.
Há especialistas para opinar sobre tudo por aí. De detalhes do que seria uma 12ª equipe na Fórmula 1 a uma suspensão imposta pela Red Bull a Sebastian Vettel. Será tão difícil assim parar para pensar por um segundo sequer de onde vieram estas notícias bombásticas e ligar os pontos?
Engana-se quem pensa que é apenas ingenuidade de alguns, coisa de dia da mentira. Nunca foi tão fácil plantar uma notícia – em qualquer dia do ano. Principalmente nesse mundo em que ficamos malucos se o Facebook passa 30 segundos sem uma atualização sequer. “Alguém poste alguma coisa, qualquer coisa, é impossível que não esteja acontecendo nada!!” Não é assim? E não digo isso com ares saudosistas, longe disso, já que devo muita coisa ao blog que comecei de forma independente, em 2010. Porém, há modos e modos de usar toda essa inundação de informação que a internet nos proporciona.
Quando comecei o blog, tinha uma preocupação básica: iria trabalhar com dados que eu tinha em mãos. E ponto. Afinal, nunca tinha pisado num paddock de F-1 na vida, não poderia passar por cima disso e tomar ares de especialista. Não ia julgar o caráter de ninguém ou tentar descobrir o que estava por trás de acontecimentos aos quais não tinha acesso direto. Em pouco mais de um ano, tal postura foi recompensada, ganhei respeito de profissionais que respeitava e comecei a cobrir algumas corridas.
Sinto muito em ver que essa preocupação seja rara. Sinto muito que as informações de fontes fidedignas percam espaço para notícias passadas adiante sem qualquer checagem e repletas de juízos de valor. E lá vamos nós compartilhando o link dessa nova bomba!
Compartilha quem quer com a opinião que lhe convém, e esse é o barato da internet. Mas há efeitos colaterais do uso indiscriminado dessa liberdade. Por que um meio de comunicação investiria em uma cara cobertura in loco se a informação que o jornalista presente no evento traz tem o mesmo valor de quem está sentado no sofá de casa?
Então sugiro que, ao invés de apenas cobrar uma cobertura melhor, do assunto que for, que cada um pare para pensar para que tipo de jornalismo está dando audiência. Afinal, trata-se de um mercado, como qualquer outro, regulado em última análise pelo consumidor.
Porque, do jeito que está, pode parecer até mentira, mas nossa sede de estar por dentro de tudo ao mesmo tempo – e julgar, julgar e julgar –, nos roubou até o senso de humor.
24 Comments
Parabéns…tó com vc tbem…hoje em dia alguem inventa qq coisa e já vira um “viral”, sem se checar se aquilo é verdadeiro ou alguma brincadeira de um adolescente com o photoshop etc. Por isso checar as fotes deve ser uma rotina.
Abrçs
Ótimo texto!
Sempre vale a famosa frase: Confere, Arnaldo?
Parabéns Julianne! Excelente análise! *Tomara que alguns profissionais leiam essa sua postagem e repensem certas coisas, vestindo a carapuça.*
Abração!!!
muito bom!!!
precisamos de mais Juliannes em nossos jornais, sites e revistas…
um viva também aos sites que traduzem (e mal traduzido) as reportagens da autosport! haeeeeeee
Perfeito, só pra variar.
Julianne., eu procuro fazer minha parte, saciando minha sede de notícias sobre F1 acessando sites e jornalistas como voce, o Ico e o Bruno, bem como lendo os comentários dos leitores que são de alto nível, seja pelo conteúdo dos comentarios seja pelo respeito com que se tratam, mesmo quando há divergencia de opiniões.
Então, concordo com voce, cabe a nós leitores que querem qualidade buscarmos fontes seguras e jornalistas sérios.
Você fez ótimas observações, Gilmar. O ambiente que a Julianne imprime a este blog é de excelente nível, onde todos em geral se tratam com cordialidade e educação, a par de ótimos conhecimentos técnicos sobre automobilismo. Como disse alguém cujo nome infelizmente não recordo, “aqui sentimo-nos em casa”. Além de ela ser PhD em pneus (e tudo o mais), uma das coisas que mais prezo e admiro nos textos da Julianne é a sua imparcialidade no trato de qualquer assunto. Este blog é realmente diferenciado.
Abs.
O pior é que tem até equipe que “joga o verde para tentar colher maduro” como a história da ultrapassagem do Vettel em bandeira amarela no final do campeonato do ano passado em Interlagos, onde a Ferrari questionou a FIA sobre a validade da manobra/punição ao piloto, supostamente para atender aos pedidos dos fãs.
Particularmente gosto da F-1 pelo nível da disputa entre homens e máquinas, independente da nacionalidade. Já fui muito contaminado pelas transmissões globais, onde os brasileiros eram os super-heróis e o “resto” os vilões, afinal em um passado não tão distante, nem treinos tinhámos, tudo limitado a notícias de rodapé em jornais parciais…Pra mim é um prazer poder trocar idéias e pontos de vista em um ambiente de vasta informação. As vezes fico estupefato, quando entro em sites “oficiais” e ainda vejo comentários do nível: “espero que Alonso da próxima vez bata no muro mais forte e fique fora por umas duas temporadas…”Isso é louco! Ora, em nome da pseudo liberdade de expressão, um moderador de um blog permitir comentário tão infeliz e absurdo é insensato…A mentalidade de grande parte dos pseudo torcedores brazilianos, não conseguem exergar uma disputa side by side, a perícia de um piloto, estrangeiro ou não. Ainda teremos por muito tempo um brasileirismo exacerbado que coloca o Brasil como centro do universo, capaz de chegar ao sucesso “sem nenhum planejamento”(em qualquer área social)…Fittipaldi, Piquet e Senna foram três raios que caíram no mesmo lugar!
Realmente, por termos no Brasil 3 gênios do esporte (e não só um), criou-se uma tendência a ver sempre o brasileiro na F1 como o próximo Senna, Piquet ou Fittipaldi. Mas se vc quer ver tem que ser, ao meu ver, pelo automobilismo. Pela beleza que uma corrida de monopostos proporciona. Pelas plasticidade das manobras (aí minha crítica ao DRS que tirou muito disso) e das defesas. Tudo isso é F1. O piloto é um ingrediente desse mingau, e não importa se é brasileiro, inglês, alemão ou chinês… O importante é eles fazerem valer cada centavo gasto pelo ingresso pago do fã… fazer valer cada centavo investido do patrocinador.
Puxa, não fiquei sabendo de nenhuma dessas notícias…
Concordo em número, genero e grau com você, Julianne. É por isso que desde que tomei gosto, paixão, pelo automobilismo, sempre soube separar quem de fato merecia/merece meu crédito.
Não que eu seja arrogante, mas nesse meio tem de tudo, e separar os melhores é uma tarefa que aprendi desde cedo.
Vou citar apenas um nome como exemplo: Tem um cara que no auge da F-1 dos anos 80 me chamava muita atenção, e muito do que aprendi sobre corridas devo a ele, não por acaso sempre o chamei de “Professor de automobilismo”. O nome dele? Edgard Mello Filho, um cara que pelas ondas da Rádio Bandeirantes me prendia todos os dias para ouvir seus boletins e comentários.
Um cara que despertou em mim a paixão de ouvir corridas pelo rádio. E como Edgard, posso citar outros mestres, mas seria antiético de minha parte porque tenho outros, amigos, inclusive, que estão em minha lista de favoritos. E tenha certeza, Julianne, que você é um desses profissionais por quem tenho muito respeito.
Um abraço.
Esse tema é instigante e amplo! Saindo um pouco fora do automobilismo (permita-me senhorita Juliane), mas mantendo o conteúdo ainda na área esportiva, como não se lembrar do fanatismo pelo futebol…Temos o rei do futebol? Quase certo, mas não surgiram em outros países astros grandiosos também? A maturidade vai chegando, e esse estigma de vira-latas brasileiro, que sai em passeata quando um time vai para a segunda divisão, mas que ao mesmo tempo não movimenta uma mísera reclamação nas assembléias perante os roubos de colarinho branco, delimitam a insanidade hipnotizante que as redes abertas socam no cérebro desse povo brasileiro durante décadas! Acho de uma imbecilidade descomunal “essa rivalidade estúpida” entre brasileiros e argentinos no campo futebolístico e, quiçá social, ora, a beleza da arte não tem fronteiras e idioma! Essa é uma das máculas veiculadas pelas emissoras abertas, além é claro do país do carnaval, samba, praia, fio dental, etc. Enfim, são anos de mentiras e lavagem cerebral!
Ps: adimiro muito a autenticidade e paixão dos argentinos, afinal, mesmo débeis militarmente, enfrentaram a poderosa Inglaterra nas Malvinas (Davi x Golias) e, se não me engano, abriram a caixa de pandora da ditadura, punindo vários carrascos do país, algo que no Brasil do jeitinho e mansidão, empurraram para debaixo do tapete com a anistia!
É isso aí. Internet é só mais um meio (mídia), mas o conteúdo é o que faz o diferencial. Mas o problema é que a média é medíocre, então estamos cercados de sites noticiosos e comentários deselegantes.
Mas, como já disseram aqui, que bom que temos o oásis da turma do Total Race.
(bom, depois desse marketing, podemos passar pro povo do Ico e da Julianne nossas contas bancárias pro depósito, que tal? hehehe)
JU,EU TE ADMIRO PELA JORNALISTA QUE VOCÊ É,COM TEXTOS IMPARCIAIS E QUE SEMPRE VOCÊ SÓ ESCREVE COISAS QUE FORAM DEVIDAMENTE APURADAS,VOCÊ MOSTRA QUE É POSSÍVEL TER SUCESSO SEM TER QUE INVENTAR NOTICIAS FALSAS,ISSO FAZ DE VOCÊ UMA JORNALISTA DE CREDIBILIDADE E TRÁS SEGURANÇA PARA NÓS LEITORES QUE O QUE ESTÁ ESCRITO TEM VALOR,SINTO EM DIZER MAIS VEJO JORNALISTA COM MUITA RODAGEM E MUITOS ANOS DE CARREIRA QUE ME INCOMODA ASSISTIR UMA CORRIDA DE FORMULA 1 VENDO OS COMENTÁRIOS DO MESMO NÃO SENDO IMPARCIAL E FAZENDO QUESTÃO DE MOSTRAR QUE TORCE PARA DETERMINADO PILOTO E PARA DETERMINADA EQUIPE E QUE NOS ÚLTIMOS ANOS ANDA COMETENDO ERROS EM EXCESSO NAS TRANSMISSÕES DAS CORRIDAS DE F1.
JU,PARABÉNS PELO SEU BLOG POR NOS BRINDAR COM TEXTOS COM TANTA CREDIBILIDADE E COM A SERIEDADE QUE UMA INFORMAÇÃO MERECE.
Tenho uma pergunta que me deixou encucado. No post http://www.totalrace.com.br/blog/juliannecerasoli/2013/03/25/agora-e-com-voces-red-bull/#comments, respondendo a um dos comentários, você diz que a tecnologia bidirecional, que permite o controle do pitlane é proibida a 10 anos. Pois ouvi um certo famoso comentarista esportivo falando que, se a RBR quisesse nas palavras do comentarista “apagar o fogo do Webber” de ir pra cima numa eventual disputa com Vettel para dar o troco, seria apenas diminuir uns giros do motor. Frisando o que ele afirmou, fazendo isso DO BOX. A questão. A equipe pode alterar ela própria os giros de motor do carro?
A equipe não pode alterar nada desde o box, apenas pode instruir o piloto a fazê-lo no volante, justamente porque a telemetria bi-direcional foi banida em 2003. Isso significa que os dados vão do carro para o pitwall, mas não no sentido contrário. Tal comentarista precisa se atualizar.
EEEEEEEEEITA ferro, como diria um tal de Alottoni… Eu concordo que tal comentarista precisa se atualizar… Conhece mto de história da F1, mas anda dando muito deslize, alguns ao vivo. Mas…
Muito obrigado pela confirmação, Ju. Eu já imaginava, pelo que li a mais, mas queria uma confirmação sua…
A propósito… Queria pedir um post… Como é a relação entre os jornalistas, comentaristas, e pessoas da F1, seja in loco ou mesmo por email, ligações, etc… Vocês trocam figurinhas para fazer uma matéria??? Há muitas brigas entre vocês (veja bem, entre vocês, categoria profissional, não que vc esteja no meio de alguma briga), ou desentendimento??? Dava pra vc fazer um post disso em caráter nacional e outro em carater internacional, falando da visão de torcedor nacional que muitos jornalistas, e não só brasileiros, tem.
Apenas uma ideia, sei que seu tempo não é assim tão grande pra fazer oq qualquer pessoa pede… hehehehe… Abraço e novamente obrigado.
Que fique claro que eu não sei quem falou que era possível mudar a configuração, só recomendo a atualização!
Não acho que seria ético expor este tipo de coisa. Só te digo que há, sim, aqueles mais ou menos respeitados entre seus pares, aqueles com quem vale a pena ou não trocar ideia quando a relação profissional assim permite. A troca de impressões só enriquece em qualquer área, não? Mas é claro que trata-se de um mundo competitivo e ninguém vai entregar matéria de mão beijada.
A grande referência atual entre os jornalistas é o alemão Michael Schmidt, da Auto Motor und Sport. Joe Saward é outro, sempre olhando a multidisciplinaridade das questões. O que vejo que faz muita diferença para a compreensão das dinâmicas da F-1 é o in loco, como citei no texto. Quando tiver uma bagagem no nível desses caras, escrevo quantos posts puder sobre estas particularidades!
Pois é… e nós aqui no Brasil temos de aguentar neguinho falando a corrida inteira do Massa e não transmitindo a corrida…
Um comentarista puxa o saco, o outro quer cruxificá-lo… trazer algo de novo ao vivo só o Ico mesmo.
Tá difícil assistir as corridas em portugues… :/
Eu também não vou falar quem foi, Julianne. Até porque, errar é humano e todos erram, portanto é até direito da pessoa em questão cometer um erro… Pode ter sido apenas um lapso, mas acredito que uma revisão no texto poderia evitar o lapso. Enfim… Apenas digo que a fala ficou muito tendenciosa por esse comentário, pois para o leitor mais leigo fica a impressão que a RBR quer favorecer Vettel (não discordo nem concordo com isso, apenas me refiro ao texto em si).
Torço para que em breve você tenha muita bagagem in loco para poder escrever bastante pra gente… Abraço e sucesso.
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bjo Ju.