F1 Estratégia do GP de Cingapura e o que poderia ter sido sem o Safety Car - Julianne Cerasoli Skip to content

Estratégia do GP de Cingapura e o que poderia ter sido sem o Safety Car

Não foi apenas a quebra do câmbio de Hamilton que tirou da McLaren a chance de vencer sua terceira prova seguida: se as nove voltas atrás do Safety Car caíram como uma luva para pilotos como Vettel, Alonso, Di Resta e Rosberg, acabaram com o trabalho de formiguinha que Button vinha fazendo para tentar superar o alemão – e nos roubaram um final de arrepiar.

Isso porque, além de fazer com que a corrida terminasse no limite de tempo – e com três voltas a menos que o programado – as voltas em ritmo mais lento facilitaram a vida de quem parou cedo no primeiro stint e certamente sofreria para terminar com apenas dois pitstops.

Antes da largada, a grande questão era como evitar a degradação termal, especialmente dos pneus traseiros, e terminar a corrida da maneira que as simulações mostravam ser a mais rápida, com dois pit stops. Apesar do desgaste jogar a favor de uma tática de três paradas, fatores como a dificuldade em se livrar do tráfego na estreita pista de Cingapura e um dos pitlanes mais longos do ano, com perda total de 30s, tornava tal estratégia menos atraente.

É difícil precisar se Hamilton entraria neste grupo dos beneficiados. O inglês parou na volta 12 por um problema localizado no dianteiro direito. Porém, esperava-se que a McLaren trabalhasse melhor os pneus macios do que seus rivais. O fato é que, sem tantas voltas atrás do Safety Car, é provável que Button – que conseguiu levar o jogo de pneus mais delicado, do primeiro stint, até a volta 14 – conseguisse fazer só duas paradas, enquanto Hamilton ficaria em uma “terra de ninguém”, podendo optar por ambos, e Vettel, que parou na volta 11, dificilmente escaparia da estratégia de três paradas.

Seria um final no estilo do GP do Canadá, com pilotos se segurando com pneus velhos e outros voando com borracha nova, com o agravante da pista de Cingapura ser muito mais desafiadora para abrir caminho no pelotão.

Ao menos as atuais regras para o SC, de sempre esperar o líder e com a determinação de um tempo de volta que aparece nos volantes, as intervenções deixaram de ser uma loteria. Adotadas desde a manipulação da corrida justamente de Cingapura em 2008, elas evitaram que o próprio Alonso voltasse a se aproveitar do fato de ter parado antes para, possivelmente, vencer a corrida. Por outro lado, o novo regulamento que permite que os retardatários descontem a volta de desvantagem mais uma vez atrasou demais a relargada – e, no caso desta prova em Marina Bay, ajudou a acabar com o fator Pirelli.

Noite de recuperação para os brasileiros

Felipe Massa mais uma vez teve um azar daqueles em Cingapura. Mangueira presa em 2008, carro quebrado no Q1 em 2010, pneu furado por Hamilton em 2011 e por Petrov em 2012. O brasileiro não caiu apenas para último, como também a 56s do antepenúltimo! Tirou essa diferença em 11 voltas, se livrou rapidamente do tráfego das nanicas e na volta 17 estava na corrida de verdade. Porém, ao fazer sua primeira parada, ainda estava a 92s do líder.

O Safety Car ajudou o brasileiro ao juntar ao pelotão e, de quebra, apareceu justamente na janela de sua terceira parada. Agressivo nas disputas com Senna e Ricciardo e lucrando com a queda daqueles que insistiram na barca furada das três paradas, terminou em oitavo. O grande ritmo com pneus macios no início foi importante, mas seria difícil escalar tanto em um traçado como o de Marina Bay sem o SC.

A história poderia ter sido a mesma para Bruno Senna, caso a Williams não tivesse se equivocado ao colocá-lo com supermacios no terceiro stint, mesmo erro cometido com Maldonado. Como seus pilotos fizeram a segunda parada cedo, entravam no tráfego de quem estava tentando alargar o segundo stint e não puderam usar a aderência extra.

Para corrigir, usaram o Safety Car para voltar ao macio, mas perderam muitas posições com isso. No final, não seria o maior de seus problemas, com ambos os carros abandonando com problemas técnicos – hidráulicos para Maldonado e de Kers para Senna.

8 Comments

  1. Julianne , sigo insistindo que a dupla da Williams nao tem muita voz ativa na armacao das estrategias, vide os equivocos seguidos e pior parece que os estrategistas da equipe sao meio ruims…bom para o Bruno e para o Maldonado que podem culpar a equipe por suas mas corridas..

    • Sim, lembrei de você enquanto escrevia. E esse não foi daqueles erros que ficam claros apenas ao final da prova. Ao colocar supermacios para o terceiro stint, não apenas colocaram os pilotos no tráfego, quanto se comprometeram muito cedo a fazer 3 paradas.

  2. O que me impressionou foi o ritmo de Massa no Domingo, já que nas simulações de corrida nos dias anteriores ele não tinha ido muito bem.

    Na corrida mostrou ter bom ritmo e fazia tempos parecidos com o dos líderes.

    Nada muito brilhante mas pelo menos brigou na pista, ao contrário do começo da temporada, quando ele tinha uma atitude completamente ‘passiva’.

  3. O Massa, na volta 2, assim que saiu do Box estava a 89 segundos dos líderes… Após passar as nanicas estava a 92. Ou seja, andou mais rápido que os líderes, pq provavelmente 1 segundo por carro ele perdeu. A Tv não mostrou, mas ele desossou… A pena é que ele mostra sua velocidade quando não tem condições de ganhar… E quando tem, não consegue por n motivos, mas acho que o principal é sua própria falta de velocidade, normalmente.

    • Só algumas observações: na segunda volta, Massa estava a 78s de Hamilton. Quando passou as nanicas, estava a 64s e logo depois fez seu segundo pit e, então, voltou a 92s do inglês.
      Não dá para comparar o ritmo de Massa com o de Hamilton com os mesmos pesos e medidas, imaginando, por exemplo, que o brasileiro tinha ritmo para superar o inglês caso estivesse largando em segundo. Explico: o primeiro stint foi levado no banho-maria pelos pilotos da ponta, pois sua prioridade era fazer os pneus supermacios durarem o máximo de tempo possível para permitir que se fizesse apenas duas paradas. Usa-se o termo de “pilotar no delta”, com um tempo mínimo e máximo que os engenheiros estipulam para garantir um ritmo que iniba ao máximo a degradação termal.
      Massa não estava pilotando dentro do delta, sua corrida era outra. Além disso, usava naquele momento um pneu que se mostrou bem mais nivelado com o supermacio em condição de corrida do que de treino – e, de quebra, mais durável. O interessante foi a quantidade de voltas que Felipe conseguiu fazer nesse ritmo forte e a diferença – que nem ele conseguiu explicar – em relação a seu desempenho nos treinos.

      • Vc está certíssima… Não dá pra comparar… Mas eu me refiro a um Felipe Massa andando tão forte, por tanto tempo, sem ter problemas com pneus, como vc mesma citou, e que, dentro de uma posição melhor no início da corrida, poderia brigar com os ponteiros, talvez não de igual pra igual, mas com certeza muito perto deles… Não sei se consigo me fazer entender…

        PS.: Veja bem, não sou louco de contrariar sua análise, nem era essa minha intenção… Não pretendo ser humilhado pelos seus conhecimentos… Mas me surpreendeu o Massa nesse ritmo forte por tanto tempo e mantendo uma proximidade em comparação com os líderes da prova.

        Sempre a melhor análise que vejo é a sua… Mais uma vez parabéns pelo trabalho fantástico.

      • Ah, agora entendi. E depois que vc explica fica realmente óbvio que os ponteiros estavam economizando borracha e Massa não.
        Mas o carro parece ter melhorado de sábado pra domingo mesmo.
        Obrigado Julianne.

        • Dé, mas não podemos nos esquecer da questão do emborrachamento da pista…


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