F1 Estratégia do GP de Cingapura e os pontos-chave da vitória de Hamilton - Julianne Cerasoli Skip to content

Estratégia do GP de Cingapura e os pontos-chave da vitória de Hamilton

Não foi apenas o strike da primeira curva que fez de Lewis Hamilton o vencedor do GP de Cingapura. Em uma de suas performances mais precisas do ano e sob condições bastante complicadas, o inglês fez a diferença em momentos-chave da prova, e impediu o ataque de um Daniel Ricciardo que não conseguiu colocar, pelas condições de pista e problemas no câmbio da Red Bull, a teórica vantagem de ritmo em prática.

Na largada, é inegável que Hamilton teve sorte. O piloto disse que seu foco era ficar por fora e ir reto na primeira curva caso qualquer confusão acontecesse. Alguns metros atrás, Fernando Alonso tentou fazer o mesmo e acabou sendo atingido e ficando pelo caminho. Metros depois, o carro desgovernado de Vettel poderia ter vindo em direção ao seu, mas foi para o lado contrário. E a questão sorte parou por aí.

O primeiro momento-chave da vitória de Hamilton foi na relargada. É claro que havia bastante spray e o líder tem vantagem sob estas condições, mas o piloto da Mercedes julgou muito bem a aderência da pista na primeira vez que os pilotos andariam em Marina Bay com tanta água no asfalto e abriu 3s5 em uma volta.

Hamilton chegou a abrir 5s1 quando um segundo Safety Car o deixou bastante exposto. Afinal, a Red Bull colocou intermediários novos no carro de Ricciardo, garantindo ao australiano mais aderência na relargada, enquanto a Mercedes não pôde responder, sabendo que, se Hamilton tomasse a iniciativa de parar, o australiano não entraria e iria para a liderança, em um clássico exemplo em que o líder fica vendido em termos de estratégia.

Caberia a Hamilton, então, adotar suas táticas para segurar o pelotão e dificultar o aquecimento dos pneus e freios do rival durante o SC para manter a ponta. Na segunda relargada, o líder abriu 1s9 na primeira volta.

A próxima ameaça que tinha de ser contida era a possibilidade de Ricciardo arriscar antes a troca do pneu intermediário para o de pista seca, mas neste momento da prova Hamilton, mesmo com pneus mais desgastados, conseguiu abrir uma vantagem superior a 8s, automaticamente se protegendo. Tanto, que Ricciardo acabou trocando seu pneu antes, mas a diferença já era grande demais para ser tirada e o próprio australiano reconheceu que ter arriscado antecipar ainda mais o pit não faria muita diferença.

Um terceiro Safety Car ainda daria mais uma chance de Ricciardo atacar, mas outra boa relargada permitiu a Hamilton abrir 2s2. E a partir daí a maior ameaça a sua vitória era sua própria velocidade, pois a equipe chegou a pedir que ele diminuísse o ritmo para evitar que Ricciardo pudesse parar em um hipotético quarto SC e atacá-lo com pneus novos no fim.

Uma das grandes questões ao final de uma corrida que seria de limitação de danos para Hamilton e se tornou um lucro gigante foi o porquê do ritmo tão forte da Mercedes. Tanto os pilotos do time alemão, como Ricciardo apontaram as temperaturas mais baixas do domingo como decisivas para isso. “Eu sei o que estava errado no nosso setup”, chegou a dizer o australiano. Certamente, a Mercedes agora analisa os dados melhorar seu acerto para o asfalto quente na Malásia, embora as características do circuito sejam mais favoráveis para seu carro.

Além de Hamilton, quem também brilhou em Cingapura foi Carlos Sainz, com um misto de boa estratégia e pilotagem agressiva. Primeiro, a Toro Rosso acertou ao deixá-lo na pista com o jogo inicial de intermediários no primeiro SC, e depois escolheu bem os supermacios ao invés dos ultramacios para a parte seca da prova. Na pista, o espanhol se segurou bem no difícil início de stint de pneus slick, disputando com carros que tinham mais aderência e facilidade para gerar temperatura, e depois lucrou com a maior durabilidade e as paradas dos rivais para ter o melhor resultado da carreira, justificando o esforço que a Renault fez para tê-lo ano que vem.

10 Comments

  1. Quando as condições da pista mudam como uma chuva repentina ou uma pista secando um carro com melhor acerto nessas condições tem vantagem, um bom exemplo é o famoso GP do Canadá que com pista seca no fim o Button passou a andar dois segundos mais rápido que o resto, o Vettel para reduzir o prejuízo para um segundo arriscou tanto que acabou rodando, o Vettel que até a pista secar teve enorme vantagem e só não abriu uma enorme vantagem por sua estratégia de abrir só a vantagem necessária.

  2. Ricciardo disse tbm em entrevista que o carro estava com um ajuste muito agressivo privilegiando todo a aderência, toda a borracha que os carros haviam deixado nos treinos de sexta e sabado….tanto que quando caiu a chuva antes da largada ele mesmo disse ter pensando que já não havia mais nada a fazer com relação ao acerto do carro.
    Ricciardo disse :
    Na sexta-feira, fomos realmente fortes, particularmente nos long runs. Normalmente, a pista – como qualquer circuito de rua – fica cada vez com mais aderência durante todo o fim de semana, então nós fomos para um acerto (asa e suspensão) que era adequado para uma pista com muito grip (aderência), que era o que deveríamos encontrar no domingo.”
    “Então, caiu aquela chuva inesperada e a pista perdeu toda a aderência; Toda a borracha que tínhamos depositado nela durante todo o fim de semana foi lavada pela chuva, que começou 15 minutos antes da largada. Nosso acerto de carro estava errado para aquelas condições e obviamente não havia nada que pudéssemos fazer naquele momento.”

  3. Bom dia…noite… alguma coisa por ai Ju e como sempre muito top seu post!!! Espero que tenha tido o devido proveito/descanso pós trabalho em Cingapura!!!

    Duas coisas ( caso ja tenha postado alguma delas desculpe… não vi nos últimos anos):

    -Qual o segredo do Hamilton nas relargadas ? Ele jamais ele é ameaçado nestas condições…

    Outro um comentário com varias interpretações….

    – Teria a Ferrari outra vez em condições adversas em Cingapura pago o preço por uma ma gestão/planejamento before/race jogando o campeonato fora????

    Obrigado como sempre!!!

    • Hamilton adota um ritmo muito lento e atrapalha a preparação de pneus e freios dos rivais nas relargadas.

      E quanto à Ferrari não vejo como culpar a equipe pelo que aconteceu.

  4. Julianne, uma pergunta sem nada a ver com este post: Como está o futuro do Werhlein? Parece improvável que ele fique na Sauber, muito difícil de conseguir vaga na Williams. A Mercedes tem alguma carta na manga? Ou será que o alemão vai ficar a pé ano que vem?

    • Ouvi que ele poderia ficar na Sauber, mas isso vem da imprensa alemã, que o protege descaradamente, e não acredito que seja possível, com a Ferrari querendo colocar até seus dois pilotos lá. Pode virar piloto de testes.

  5. Muito bom (como sempre) o post Julianne!
    Uma pergunta de uma outra estratégia não tão bem sucedida:
    Algo explica a demora do Felipe Massa emuscular trocar os pneumáticos de chuva extrema? A Williams que decidiu dividir as estratégias ou o brasileiro ficou com medo da aderência?
    Me diverti demais com o a transmissão de vocês no domingo e quase não senti falta de assistir pela TV, tive problemas de sinalgum e dessa vez só pude ouvir pela rádio.
    Como queria ter visto a batida na hora!
    Rs
    Abraços pros meninos e beijos pras meninas!

    • Ele disse que pediu para trocar e a equipe não atendeu. Acredito que quiseram dividir estratégias no primeiro SC e depois ficaram esperando outro para perder menos tempo revertendo a tática. Ou mesmo esperaram a pista secar, pois isso demorou mais que o esperado.

      Fico feliz que tenha gostado da transmissão!

  6. Sem demérito a Hamilton, mas sua pilotagem é muito ajudada nas relargadas pelo eficiente motor Mercedes de fábrica, que entrega a potência de forma regular e inquestionável. Hehe, estou indo mais longe pensando em 2018: uma disputa entre dois tetra campeões e uma Mclaren Renault forte com Alonso… promete essa briga!


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