F1 Estratégia do GP do Canadá: o valor da pista livre - Julianne Cerasoli Skip to content

Estratégia do GP do Canadá: o valor da pista livre

Highlander do pneu médio

Por um lado, com a classificação com chuva, todos os pilotos tinham seis jogos de pneus novinhos em folha para o GP do Canadá; por outro, o frio e a água da sexta-feira atrapalharam as simulações das equipes, que foram definindo suas estratégias ao longo da prova. Não por acaso, a prova de Montreal foi bastante diferente das demais até aqui.

Como a diferença de 10 a 15ºC na temperatura de pista da sexta para o domingo mascarou as simulações – fazendo com que, na corrida, o pneu supermacio durasse muito menos e o médio tivesse menos problemas de aquecimento e rendesse muito mais – quem optou por uma parada largando com o composto mais macio acabou sofrendo, ao passo que os poucos que apostaram em usar os médios quando os carros estavam pesados deram o pulo do gato.

Foi esse o caso de Di Resta, que ganhou 10 posições com a tática acertada, somada a uma Force India muito dócil com os pneus e uma “mãozinha” involuntária do companheiro Adrian Sutil, que segurou o tráfego, especialmente de Felipe Massa, para que o escocês corresse com pista livre. Prova de que isso foi fundamental foi o rendimento de Grosjean, que tentou a mesma tática e também tem um carro bom com os pneus mas, preso no tráfego, acabou tendo de fazer sua parada na volta 42, enquanto a Force India aguentou, com um bom ritmo, até a 56.

A longevidade do pneu médio escancarou o erro da McLaren com Button e da própria Lotus com Raikkonen, que, buscando fazer uma parada a menos, permaneceram na pista com supermacios andando lentos demais. Em uma pista em que a perda real de box é de cerca de 15s, a menor do campeonato, isso não fazia sentido.

Vettel facilitou sua vida

O quanto será que essa briga facilitou para Vettel e deu o pódio a Hamilton?

A pole position no sábado e os 2s de diferença para Hamilton na primeira volta no domingo garantiram a fatura para Sebastian Vettel. Fugindo da DRS da Mercedes, que seria uma bela pedra no sapato devido a sua velocidade de reta, como Webber comprovou, o alemão pôde ditar seu ritmo a prova inteira.

No final das contas, não sabemos o quanto o alemão forçou. Uma esfregada no muro, uma escapada e as palavras “Senna. Mônaco. 88”, usadas pelo engenheiro para tentar pará-lo sugerem que ele aproveitou que poderia, finalmente, andar forte. Mas os tempos estáveis em seu segundo stint indicam que ele apertou o ritmo quando quis.

De qualquer maneira, outro fator importante na vitória de Vettel foi a sexta colocação de Alonso no grid. Com pneus médios, o espanhol foi o único a andar no mesmo ritmo do alemão consistentemente, tirando 10s nas últimas 23 voltas, mesmo lutando por posição com Hamilton. Largando mais à frente, a Ferrari teria ao menos testado a durabilidade dos pneus da Red Bull, então dá para entender a frustração da equipe em não conseguir se livrar dos problemas em classificação.

Lavadas

A explicação para os 54s de desvantagem de Rosberg para Hamilton é a mesma da volta que Massa levou de Alonso. Ambos cometeram o erro de insistir nos supermacios no segundo stint. Como no caso da Force India, Nico ajudou Hamilton a correr por mais tempo com pista livre, já que o companheiro segurou Webber e Alonso. Porém, como Lewis esteve praticamente o tempo todo sozinho (condição ideal para poupar pneus e em uma pista na qual pouca energia é colocada nos compostos) e, ainda assim, não foi páreo para a Ferrari de Alonso, dá para interpretar que a Mercedes melhorou, mas ainda não resolveu seus problemas de desgaste.

No caso de Massa, a decisão foi um risco que visava dar mais chances do brasileiro abrir caminho no grid. Mas o tempo perdido atrás de Sutil e o consequente graining mataram a corrida do piloto, que “voltou à vida” com os médios no final, quando era tarde demais.

2 Comments

  1. Talvez Alonso tivesse mais ritmo que Vettel, o que é de se esperar pelas qualidades do F138. Mas não adianta vencer uma corrida contra o relógio ou se classificar mal e tirar parte da diferença nas voltas finais. Idem para Hamilton e Webber.

    Silverstone provavelmente verá Alonso andando melhor e considero-o favorito à vitória.

  2. Julianne,

    Está fora deste post (verdadeira tomografia em HD da corrida de Montreal), mas gostaria que você esmiuçasse essa questão dos freios que está atormentando Hamilton, inclusive traçando algum paralelo com o mesmo que ocorreu com Barrichello & Button. Ambos – Lewis e Nico – começaram a temporada com a mesma marca? Parece que agora cada um corre com uma marca diferente.

    Abraço.


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