F1 Estratégia do GP do Japão e os detalhes que derrotaram a Ferrari - Julianne Cerasoli Skip to content

Estratégia do GP do Japão e os detalhes que derrotaram a Ferrari

Por várias vezes nos posts de estratégia desta temporada, discutimos como detalhes têm feito uma grande diferença na apertada disputa deste ano. E mesmo que haja quem possa querer simplificar e jogar na mão da sorte ou do acaso o que estamos vendo nas últimas provas, o fato é que a Ferrari muito provavelmente vai perder esse campeonato por negligenciar justamente os detalhes.

Deve ter sido doloroso para a equipe ver a lista de peças trocadas pela Mercedes no carro de Hamilton depois da classificação: lá estava ela, a vela de ignição, que não foi trocada no carro de Vettel, mas estava desgastada, causando um abandono que, na prática, tornou a difícil missão do pentacampeonato praticamente impossível.

Isso, porque o desgaste nesta peça especificamente não é coincidência, pois ela é forçada pelo uso de óleos lubrificantes no processo de combustão, algo que vem causando polêmica e várias ramificações desde os testes de pré-temporada.

Um deles foi o fato da Mercedes ter optado por estrear sua última atualização do motor do ano na corrida anterior à qual a FIA limitou a quantidade de lubrificante permitida. A Ferrari optou por não aproveitar a brecha, acreditando que o tempo ganho para sua atualização permitiria um ganho maior. Mas arriscou tanto que a unidade de potência de Vettel acabou quebrando antes de ser atualizada.

 

Red Bull arrisca tudo

Estrategicamente, tinha tudo para ser uma prova muito interessante na ponta, uma vez que, como era necessário andar um pouco mais lento para garantir que se faria apenas uma parada – já que isso não era confortável nem com a temperatura amena do sábado, portanto muito menos confortável com os 17 graus a mais do domingo – o undercut seria muito efetivo. E poderia ter mudado a história da corrida caso Vettel não tivesse ficado pelo caminho, ainda mais com a grande largada que teve mesmo com cerca de 150 cavalos de potência a menos pelo problema no motor que acabou tirando-o da prova.

Prova disso é que a Red Bull, que tinha um ritmo inferior à Ferrari neste final de semana, até tentou se aproveitar do undercut, e obrigou Hamilton a parar antes do programado e se expor na parte final da prova, fazendo 31 voltas com os pneus macios.

A defesa da Mercedes incluiu, ainda, a ajuda de Valtteri Bottas, que deixou Hamilton passar e segurou Verstappen, o que deu cerca de 3s de respiro para o companheiro, mas também significou que o finlandês não teria tempo suficiente para pressionar Ricciardo por um pódio que, àquela altura, parecia certo.

A conquista do inglês também teve outra complicação: os três acionamentos do SC – dois deles virtuais – porque a Red Bull estava aquecendo seus pneus com mais facilidade. Há quem possa se perguntar como o VSC pode afetar a disputa, e vale comentar um detalhe técnico que muitas vezes passa batido: quando a corrida está com SC virtual, o piloto recebe em seu volante um delta de tempo que precisa seguir. Isso segue um algoritmo que se baseia em distância, ou seja, o piloto pode escolher, na prática, fazer as retas indo de um lado ao outro para buscar aquecimento nos pneus, ou em linha reta, e Verstappen fez a segunda opção por saber da dificuldade do rival, e por isso colou nas oportunidades que teve.

Uma delas foi na parte final, momento em que Verstappen chegou mais próximo de Hamilton na corrida, também entrou em jogo outro fator: a Mercedes costuma perder muito rendimento quando pega tráfego, ainda mais em pistas de curvas de alta velocidade, como é o caso de Suzuka. Porém, assim que se livrou o trânsito, o inglês retomou o controle das ações e colocou uma mão no caneco.

14 Comments

  1. Adoro esses posts traduzindo em língua de gente os detalhes e especificações técnicas, sou tua fã desde o tempo do Total Race. 😊

    • Vera, eu também leio o blog da Julianne desde o Total Race! Esses detalhamentos técnicos que ela traz são mesmo excelentes.

  2. Juliane como sempre muito sutil e objetiva nos comentários , parabéns que DEUS te ilumine sempre. Bom retorno ao lar.

  3. A Mercedes aprendeu com os erros passados, nos tres anos anteriores o dominio da Mercedes foi enorme mas as,pequenas falhas também e a maioria das provas que não venceu foi mais por erro do que por merito dos adversários, a equipe aprendeu a lição para fazer uma temporada melhor com menos carro, me corrija,se estiver errado mas,pode ser a primeira temporada de Hamilton sem abandono.

  4. Suas análises são um deleite para os fãs da categoria Julianne, justíssimas e totalmente imparciais.
    A Ferrari ter optado por não trocar a unidade de potência quando pode e deveria (Monza) influenciou nessas duas quebras de alguma forma? Ou apenas esses cuidados com os detalhes teriam evitado a perda de pontos?
    Triste final de campeonato para os fãs, seria muito bom ver batalhas ferrenhos na pista entre Hamilton e Vettel. Ficou para 2018 e quem sabe com Ricciardo, Verstappen e Alonso correndo por fora como azarões.
    Abraços pros meninos e beijos pras meninas!

  5. Ju, muito se falou no passado recente sobre o déficit de potência dos motores Renault perante os Mercedes/Ferrari, tendo em vista este fim de campeonato, você conseguiria quantificar se procede essa defasagem, afinal a RBR tem andado muito próximo do pelotão da frente.

    • Fala-se em 20 cavalos, mas Marko jura que são 40cv. Seja como for, eles estão evoluindo bastante o motor e existe a chance de termos os 3 no mesmo nível em 2018, o que seria em parte esperado devido à estabilidade de regras.

  6. Ah, Ju… vc nos tem ensinado muito, hein?!
    É uma satisfação lê-la…
    Obrigado!


Add a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquise
Redes Sociais
As últimas
Navegue no Site

Adicione o texto do seu título aqui