F1 Estratégias do GP da Hungria: a Lotus fica no quase de novo - Julianne Cerasoli Skip to content

Estratégias do GP da Hungria: a Lotus fica no quase de novo

O GP da Hungria foi o repeteco da história que vimos algumas vezes nesta temporada – Bahrein, Canadá, Valência… – quando uma Lotus apareceu um pouco tarde demais para lutar pela vitória. Apesar do carro ter melhorado em classificação, como Grosjean provou nesta última etapa, o piloto mais forte em corridas dentro da equipe, Kimi Raikkonen, tem cozinhado seus pneus aos sábados e largado mais atrás. Logo, preso por carros mais lentos no início das provas, acaba perdendo um tempo precioso que faz a diferença no final. Isso é especialmente curioso pois a Lotus tende a largar mais leve que seus adversários, ou seja, com pista livre, teria a chance de escapar na ponta nos inícios de prova.

Em Budapeste, não foi diferente. O tempo perdido por Raikkonen no primeiro stint atrás de Alonso – que o ultrapassou na largada – foi fundamental para que não superasse Hamilton. Logicamente, é difícil precisar o quanto o inglês dosou sua performance durante a prova – afinal, teve um ritmo muito forte por todo o final de semana e sempre teve gás para responder quando o finlandês se aproximava perigosamente – mas é claro que os 14s que Kimi perdeu em relação ao líder nas 17 voltas em que ficou atrás do espanhaol tornaram sua tarde bem mais trabalhosa.

Não foi só a dificuldade em se ultrapassar na luta direta por posições que marcou a prova. O tráfego foi particularmente prejudicial e acabou engessando as estratégias. Tirando Vettel, que só fez a última parada numa aposta controlada para superar ao menos Grosjean caso seus pneus acabassem no final, todos os que pararam três vezes acabaram presos por carros que, mesmo tendo pneus mais velhos, não eram lentos o suficiente para serem superados. Isso devido à escolha conservadora da Pirelli, que já expliquei por aqui. Os pneus médios simplesmente duraram demais, o que, unido às características do circuito, explica o marasmo na prova.

A evolução de Raikkonen, de sexto para segundo, portanto, se deu principalmente por um excepcional stint de 25 voltas no pneu macio, que se adaptou melhor à Lotus (tradicionalmente mais leve com os Pirelli). Quando Hamilton fez sua primeira parada, tinha 14s9 em relação a Kimi, que estendeu seu primeiro stint em mais 3 voltas. Após seu segundo pit, tinha descontado mais de 10s dessa diferença. Em outras provas, as cinco voltas a menos que tinha no último jogo de pneus seriam suficientes para pressionar fortemente Hamilton no final, mas o tempo que passou próximo do inglês e a durabilidade do pneu médio provaram ser mais decisivas na Hungria.

Mas, se Raikkonen conseguiu evoluir tanto no meio do pelotão, por que Grosjean, que teve uma corrida limpa, não pressionou Hamilton? O francês atacou o inglês no início do segundo stint e acabou cedo demais com seus pneus. Chegou a estar a menos de um segundo, mas teve de antecipar sua segunda parada, ficou preso atrás de Alonso e acabou ultrapassado por Raikkonen quando o finlandês voltou de seu segundo pit. No terceiro stint, mais uma vez forçou demais no início e perdeu terreno no final. Fazer as duas primeiras metades de forma mais medida e estender o segundo stint poderiam lhe dar uma chance contra Hamilton, como Raikkonen mostrou.

Contraste entre os brasileiros

A corrida dos brasileiros foi definida na largada. Bruno Senna mostrou que seu calcanhar-de-Aquiles neste ano tem sido a classificação, uma vez que o ritmo de corrida é consistente. O piloto da Williams conseguiu segurar Button e Webber sem acabar com seus pneus e pontuou pela terceira vez nas últimas quatro provas. Sua estratégia foi praticamente idêntica à de Hamilton e a equipe conseguiu lhe tirar do tráfego (foi levemente atrapalhado por Perez, mas sem comprometer sua prova) durante as paradas.

Massa também teve um bom ritmo, sendo até mais rápido que Alonso em certos momentos da prova, mas seu problema tem sido desperdiçar as oportunidades que o companheiro aproveita como poucos: o primeiro stint das provas tem sido o mais decisivo e, enquanto o espanhol usa esse momento para evoluir, o brasileiro deixa escapar oportunidades. Na Hungria, a classificação foi boa, mas a largada, não. Nono após a primeira volta, não conseguia ganhar terreno ao final de seus stints porque o pneu acabava cedo demais em relação aos rivais mais próximos, inclusive Senna, que lucrou com a má estratégia (devido a um problema no diferencial que acabou com os pneus) de Webber para ser sétimo.

9 Comments

  1. O Raikkonenn está lendo a prova como poucos… Talvez apenas como Alonso… E o Grosjean tem um pequeno problema… Afoito… Tanto que é conhecido pelas batidas na largada… Na Hungria não se conteve… Se tivesse seguido Hamilton, talvez pudesse pular e vencer a primeira da Lotus enquanto Lotus.

  2. Ju observando a foto parece que eles estao usando tampas do motor com saidas do ar diferentes, essas eram peças de updates.

  3. fantástica analise

  4. Ju, uma dúvida: quando vc fala do fato da Lotus largar mais “leve”, seria tracionar menos, ou por consumir menos, largar com menos combustível? Um abraço :-)))

    • Eles largam com menos combustível, Wagner.

      • Será que a Lotus, quando tá muito leve (fim das corridas) não perde rendimento por causa da suspensão macia?

        • Você acha que eles perdem rendimento? Minha impressão é de que a vantagem deles em determinados momentos da prova tem a ver com o fato de usarem melhor (e desgastarem menos) os pneus macios. No final, colocam os mesmos dos adversários e essa vantagem desaparece. Mas, em se tratando de F-1, sempre podem haver mais variáveis em jogo.

          • Eu tenho a impressão de que a Lotus fica meio indomável quando leve, com perda do grip mecânico. Daí o Kimi não ter conseguido chegar no Hamilton na Hungria e no Vettel no Bahrein (na verdade, neste caso, diríamos ‘chegado novamente’). A explicação mais plausível que encontrei é o lance da suspensão.
            Mas me corrija se eu estiver falando besteira, porque aí eu vou beber um pouco mais, pra ver se fico esperto.

          • Que desculpinha, hein? Vou dar uma sondada no assunto.


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