O GP da Grã-Bretanha, com exceção do calor, que não deve vir desta vez, é uma espécie de volta da F-1 a Barcelona e seu predomínio de curvas de alta combinado com um setor mais lento. A Pirelli, inclusive, levará os mesmos compostos (macio e duro, que não aparece justamente desde a prova espanhola). Mas será a mesma F-1 de dois meses atrás? Muita água passou por debaixo da ponte nesse meio.
O mais evidente foi o salto da Red Bull na última etapa, em Valência. A tendência é que o ganho de pressão aerodinâmica gerado pelo que, desconfia-se, tenha sido resultado da redescoberta do difusor soprado por parte de Adrian Newey se faça sentir de forma ainda mais forte nas curvas rápidas e de raio longo de Silverstone.
Mas, antes de entregar os troféus da dobradinha a Vettel e Webber, deve-se fazer algumas considerações. Como saber o quanto o calor da Valência jogou a favor da performance do alemão, tanto para obter os mais de 0s3 de vantagem na classificação, quanto para abrir assombrosos 20s com metade da corrida cumprida.
O clima sempre tem seu papel em Silverstone. Além do conhecido chove e para britânico, como a pista ocupa um aeródromo de guerra, o vento é constante e, dependendo da direção e intensidade, altera o equilíbrio dos carros.
A previsão atual é de temperatura do ar por volta de 18ºC. Nada perto dos 30ºC de Valência, o que deve prejudicar os carros que conservam mais os pneus, pois essa qualidade geralmente vem acompanhada de uma dificuldade em aquecê-los em uma volta lançada e no início dos stints.
Esse é o fator que coloca em dúvida a força da Lotus, pois, nesse tipo de traçado, o E20 tende a andar bem. No entanto, é um dos carros que preferem o calor, ao contrário da Mercedes, que pode ter nova chance de lutar por um pódio. A McLaren corre por fora, apostando em suas novas peças e que o frio ajude o MP4-27 a gastar menos borracha, algo que prejudicou Hamilton em Valência. A prova também servirá para medir os avanços de Ferrari e Williams, duas equipes que andaram bem na Espanha, de maio até aqui.
Naquela oportunidade, Maldonado venceu, com Alonso e segundo, seguido de ambas as Lotus. Todos fizeram três pit stops. Apesar das forças laterais serem marcantes também em Silverstone, na Espanha interferem ainda a abrasividade maior do asfalto e o calor. Portanto, é de se esperar uma prova com duas paradas. Algo interessante será ver se a tendência de usar os compostos mais lentos e resistentes para economizar nas paradas, estratégia inversa à do ano passado, se mantém com o uso do duro.
Apesar do pole ter vencido apenas por três vezes nos últimos 10 anos, a classificação é considerada importante pela dificuldade em se ultrapassar. Mesmo com o kit DRS, Kers e Pirelli, as curvas de alta tornam difícil um carro se aproximar do outro e Silverstone teve tantas manobras quanto Mônaco ano passado.
O efeito do peso do combustível é de 0s38 para cada 10kg carregados, algo considerado alto. Por isso, as equipes arriscam iniciar a prova com combustível insuficiente para terminá-la, o que pode resultar em voltas finais muito lentas, como vimos com Hamilton em 2011, dependendo de como a corrida se desenha. Um dos fatores que podem favorecer esse tipo de aposta é o Safety Car, cuja chance em Silverstone é de 57%.
Em 2011:
1º Fernando Alonso |
2º Sebastian Vettel |
3º Mark Webber |
Vencedores:
Michael Schumcher | 3 |
Fernando Alonso | 2 |
Kimi Raikkonen | 1 |
Mark Webber | 1 |
Sebastian Vettel | 1 |
Lewis Hamilton | 1 |
Curiosamente, Jenson Button sequer chegou ao pódio em sua prova caseira, assim como Felipe Massa, que tem como melhor resultado em Silverstone um quarto lugar em 2009. Bruno Senna nunca correu no circuito com um F-1, pois ficou de fora da etapa na temporada que fez com a HRT e assumiu o cockpit da Renault ano passado três corridas depois do GP britânico.
2 Comments
Julianne, podemos esperar um desempenho da Lotus como aquele da China? Naquela ocasião, até conseguiram se classificar bem (Raikkonen saiu em 4º), porém o desempenho na corrida não foi dos melhores. Poderiam tentar o pulo do gato com uma parada a menos?
Leonardo, não acredito que o circuito de Xangai seja representativo como comparação com Silverstone. É um traçado com muitas curvas de baixa e que coloca carga nos pneus dianteiros, justamente o contrário do que acontece na Inglaterra. Além disso, os carros mudaram muito desde a temporada asiática.