Entre uma temporada e outra, gosto de abrir o espaço do blog para vocês, os fãs, publicarem seus textos. Cada um pode trazer um pouquinho do que conhece ou sente, e por isso que essa experiência tem valido muito a pena. E é o que vocês vão perceber nos 10 textos ou vídeos selecionados nesta nova temporada do Blog Takeover.
Por Mariana Amaral
Desde muito pequena eu sou fã de F1.
Lembro de acordar sozinha, caminhar na ponta dos pés até a televisão sem fazer absolutamente nenhum barulho e ficar assistindo aos treinos e corridas, com o volume desligado, enquanto a casa ainda dormia. Eu, no entanto, já estava ligada na adrenalina e na energia que aqueles carros
velozes me davam.
Eu acompanhava absolutamente cada corrida em que Ayrton Senna estava presente. E quando ele perdia, ou batia, eu desligava a televisão e voltava a dormir. (#nãoseiperder)
Como as corridas, naquela época, eram basicamente na Europa, as minhas manhãs dominicais eram sempre iguais. Religiosas. Como um relógio suíço. Eu estava la, quietinha, com os olhos colados em cada troca de marcha de Senna.
Mas, desde que Senna partiu, junto com ele também foi muito do meu interesse pelo esporte. Não sentia mais motivo algum para acordar cedo aos domingos. Não apenas eu, mas milhares de brasileiros.
Até o dia em que eu vi Lewis fazendo uma ultrapassagem com sua McLaren. Nesse nano segundo, uma faisca acendeu o barril de pólvora guardado em mim com a mesma intensidade e rapidez que essa adrenalina corria por minhas veias nos anos 1980 e 1990.
Porém, como eu não acompanhava o esporte há muito tempo, eu não tinha muita informação sobre as novas equipes, os pilotos e muito menos as muitas regras. Mesmo assim, não demorou muito para que eu estivesse novamente colada em frente a televisão, agora independente do horário, já que o novo calendário tinha corridas ao redor do mundo.
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O barulho e ronco das aceleradas e ultrapassagens estavam la novamente, mesmo que diferente com os motores híbridos. As faiscas saindo dos carros brilhavam nos meus olhos. Os ultra rápidos pitstops me deixavam perplexa e sem ar. E tudo que envolvia esse mundo do automobilismo me fascinava sem que eu pudesse lembrar como era ficar um domingo sequer sem assistir a Formula 1.
Toda essa paixão me fez viajar para Cingapura, Barcelona e São Paulo para assistir ao campeonato de perto. Eu inclusive tive a alegria de ver pessoalmente Lewis Hamilton ser campeão em Austin, Estados Unidos, em 2015. E ainda hoje, quando fecho os olhos, consigo escutar o radio de sua equipe falando“Lewis, you are world champion!”
E foi justamente, toda essa paixão que me ajudou a passar por um longo tratamento de câncer de mama em 2017. Eu me inspirei no lema de Lewis “Still I rise”e cada sessão de quimioterapia, eu me levantava e me mantinha de pé graças as alegrias e emoções desse esporte eletrizante. Dentro de mim brotou uma certeza inabalável de que, assim como um pitstop de apenas 2.3 segundos, toda essa realidade que se apresentava em minha vida também seria passageira. As muitas etapas do campeonato mundial me davam força e energia para mais uma sessão no hospital. E eu, me espelhando em meus ídolos, também subiria ao podium para comemorar a alegria e prazer de estar nesse mundo vendo uma corrida de Formula 1. Indiferente se pela televisão ou na emoção de estar de perto sentindo o asfalto vibrar a cada passagem dos carros.
Hoje, eu escrevo esse texto com o coração repleto de paixão e emoção por um esporte que não se pode ser explicado. Uns acham que não é esporte, enquanto outros ficam inebriados pela sedutora potencia e adrenalina dos carros.
Então, é unanime dizer que paixão não tem razão.
Formula 1 é para os aficionados por adrenalina, os fanáticos pelo barulho da pistola de pit stop e para as lagrimas repletas de emoção de ver seu piloto cruzar a linha de chegada e levantar o trofeu como eu levantei ao final do meu tratamento.
Paixão não tem razão.
F1 te amo de coração.
Paixão
(não tem razão)
Paixão
não tem razão
tem emoção
coração
m u i t a a ç ã o
Paixão
não tem lógica
tem Senna, nosso amado
com bandeirada no asfalto
Barrichelo atrasado
e Maldonado atrapalhado
Paixão
com muitos campeões
Hamilton e Alonso
mas também
Vettel e Prost
e quem sabe um dia
Leclerc e Bottas
e tantos outros
Paixão
não é daltônica
sabe quando é vermelho Ferrari
verde-água Mercedes
ou azul Red Bull
Paixão
não tem idade
tem motricidade
estratégia e malandragem
desde 1950
ou recém chegado em 2023
Paixão
com o paizão
sozinho
ou com a multidão
em silencio
ou na adrenalina do box box box
depois da punição
Paixão
tem coração na mão
pit stop de piscar os olhos
olhos fechados para o não
podium repleto de inspiração
Paixão
começa com F
e termina com 1
Formula 1
do coração,
de todas as nacionalidades
e amizades
F1
minha paixão
de domingo
de qualificação
paixão que não consigo dizer não
F1
eu te amo de coração.
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