F1 Força total - Julianne Cerasoli Skip to content

Força total

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O texto sobre os motivos do crescimento da unidade de potência da Ferrari abriu uma discussão interessante sobre os atuais motores da Fórmula 1: afinal, é o tipo de tecnologia empregado que está tornando os carros mais lentos ou as restrições regulamentares para que as equipes explorem o equipamento ao máximo?

Uma comparação livre entre o os melhores tempos da classificação do GP da Malásia de 2013 e 2015 resulta em cerca de dois segundos de desvantagem para os carros de hoje. Essa diferença, claro, não é só do motor: vem também dos pneus mais duros e principalmente das restrições do uso dos gases do escapamento para melhorar a performance. É difícil, portanto, calcular o quanto do ‘prejuízo’ vem do motor.

Mas é fácil perceber que as tecnologias que estrearam em 2014 não estão sendo usadas em seu nível máximo. Devido a seu regulamento e às restrições, por vezes na base da economia burra, de gastos, a Fórmula 1 está perdida entre ser uma categoria de resistência e o máximo do automobilismo. Não é por acaso: enquanto o Mundial de Endurance “de verdade” e uma categoria totalmente elétrica, a Fórmula E, atraem grandes montadoras e pilotos, aquela que deveria ser o grande sonho de consumo do esporte a motor não sabe se seu caminho é para o futuro ou recuperar as glórias de seu passado.

O resultado disso é uma chuva de autocríticas aos novos motores: são lentos, complicados demais e silenciosos. Mas será?

Complicados eles são, de fato. O expectador fica à margem de muito do que acontece nas corridas e, se isso é bom para os engenheiros, que estão enfrentando desafios inéditos e desenvolvendo tecnologias que serão importantes em um futuro próximo, é ruim do ponto de vista do espetáculo.

Mas os outros dois aspectos devem ser olhados sob outro prisma. Na temporada de 2013 foram batidos recordes de confiabilidade com uma tecnologia bastante conhecida e dominada. Em 2014, um regulamento completamente novo entra em cena, mas as restrições ao número de motores persistiram. No ano seguinte, com a tecnologia ainda imatura, elas aumentam ainda mais. Se você tivesse uma equipe e dependesse do dinheiro do mundial de construtores para fechar seu orçamento ou mesmo estivesse disputando o título, você usaria toda sua potência? Colocaria seu carro na pista em qualquer oportunidade?

É claro que os carros serão mais lentos e silenciosos. Além das características do equipamento em si, eles não podem trabalhar o tempo todo no regime máximo.

O que fazer então, aumentar o limite de motores? Só aceitamos se não cobrarem mais por isso, dizem as equipes clientes. Afinal, o motor hoje compromete perto de 20 milhões de dólares do orçamento anual.

Enquanto a Fórmula 1 não consegue resolver os óbvios problemas de sua gestão comercial, onerar ainda mais esses times seria no mínimo temerário. Uma nova mudança no regulamento, então, é atirar dinheiro pela janela. Mas o fato é que colocar a culpa pela falta de velocidade e pelas corridas mais estudadas na tecnologia é enxergar só metade da história.

12 Comments

  1. Para uma mudança tão brusca, deveria haver mais oportunidades de testes. E menos limitações de componentes. Pelo menos até que o equipamento seja mais compreendido e confiável. Não faz muito sentido não se explorar o máximo do equipamento na principal categoria do automobilismo. mas os que administram a F1 não parecem preocupados com a perda de interesse pela categoria e só pensam nos milhões que podem ganhar hoje é não pensam nos bilhões que podem deixar de ganhar amanhã.

  2. Concordo com a opinião do Alexandre. Não entendo como se colocam unidades de potência a disputarem campeonato sem haver ao menos a garantia de que funcionem a contento e no mesmo nível.

    Se a diferença entre as marcas girasse em até 10cv, daria para compensar com aerodinâmica, mas se a Red Bull diz que estavam com 60cv a menos, a disputa fica comprometida. E mais, se for para correr com potência limitada para se adequar ao regulamento e não ser punida no campeonato, por que a FIA não vai limitando um valor de potência em cv no regulamento de uma vez?

    Se um Honda faz 725cv por exemplo, a Mercedes e Ferrari limitam os seus nessa faixa. No pior dos casos, a Mclaren usa 4 “motores” e os motores Ferrari/Mercedes ficam entre um e dois. E vai ajustando esse “limite de potência” conforme avança o desenvolvimento.

  3. Eu acho que a F1 está no caminho certo. Nos anos ’80 tivemos as limitações de combustível, se não estiver enganado, de 191L, ou seja, menos do que é permitido atualmente. Os motores turbo eram menores também, 1500cc. Inclusive, o BMW que equipava o Brabham de Nelson Piquet em seu bi-campeonato de ’83 tinha apenas 4 cilindros. O bloco desse motor era do BMW M10, um motor que começou a ser produzido nos anos ’60. Contudo, esses motores desenvolviam por volta de 800CV para corrida a 14000RPM. Para classificação, eles desenvolviam até 1200CV!!!

    Atualmente, com a tecnologia dos motores híbridos cada vez mais desenvolvida, a F1 deveria seguir naturalmente esse caminho. Isso permitirá termos carros mais eficientes nas ruas por um preço menor. Veja por exemplo o Tesla. Um carro totalmente elétrico, e por essa razão, tem uma potência incrível que o faz de 0km/h à 100km/h em 4,2 segundos. Porém, o preço é salgado! Espero que saia do papel o projeto da fábrica, aqui em Montreal, de seus modelos previstos para custar apenas $30mil.

    Na minha opinião, o que deveria ser limitado na F1 era o uso de fibra de carbono. Um material super caro que dificilmente chegará às ruas nos carros “normais”, pois somente os superesportivos que custam uma fortuna têm algumas partes composta desse material. Por motivo de segurança, o habitáculo do F1 deveria continuar a ser feito de carbono, porém, o resto do carro, como a suspensão, asas, componentes do assoalho, deveriam ser do mesmo material usado nas outras categorias. Me lembro que os carros da HRT estrearam com as suspensões de aço, segundo Bruno Senna, ou seja, a opção para uma equipe sem dinheiro.

    Bom, fico por aqui e aguardo ansioso pelo GP da China, que deve ser chato como sempre, mas não perco a mania de ver F1 há 35 anos.

    • Caro speed curto muito seus comenrários, mas de acordo com o seu ip você e o aucam são a mesma pessoa. Eu não me importo, afinal o que vale são o altíssimo nivel de seus comentários, o nick é o de menos. Aquele que nunca trolleou na vida que atire a primeira pedra.

      • E como você sabe disso?

      • Desculpe te contrariar, mas acho que nunca esteve tão enganado na sua vida. Entretanto, não sei como você conseguiu ver o meu IP ou mesmo se chegou a ver o IP, porque se tivesse visto mesmo você teria certeza que não somos a mesma pessoa!

    • Meu caro Schanasky, eu e JSpeed não somos a mesma pessoa.

      Como consegue ver o IP se o blog não é seu? Desculpe-me, mas você é hacker?

      No que me diz respeito, obrigado pelo elogio e pela consideração com os meus pitacos. Também aprecio muitíssimo os comentários altamente técnicos do JSpeed, já tive inclusive oportunidade de trocar opiniões com ele. Mas veja, se você conhece mais ou menos a minha visão da F 1, verá que pensamos – eu e ele – de maneira diferente em muitíssimos aspectos. Não são propriamente discordâncias, mas visões diferentes, e posso dar-lhe IMEDIATAMENTE um exemplo: ao contrário do que ele expressa no comentário acima, eu tenho convicção de que a evolução da indústria automobilística HOJE não depende da F 1, e isso fica claro quando JSpeed exemplifica com o belo (e possante) TESLA. A Tesla NÃO está e NUNCA esteve na F 1 e seu produto é de vanguarda, superior aos similares dos grandes fabricantes de automóveis (nesse ponto concordo com o nosso amigo Wagner). Um Tesla é muito mais carro que um VOLT, por exemplo (na minha insignificante opinião). Hoje em dia os supercomputadores são capazes de simular desde explosões nucleares a choques de galáxias. Você sempre pode objetar que a teoria na prática é outra – e aí eu vou até lhe dar razão em termos, citando a Teoria da Supersimetria, de certa maneira contida na Teoria das Cordas. A Supersimetria está sendo deixada de lado, pois não prática não tem funcionado até aqui. Mas aí também já estaremos entrando em um terreno que até mesmo o Grande Colisor de Hádrons do CERN ainda apenas tateia, pois o Modelo Padrão da Física vem sendo ali confirmado em todos os experimentos até aqui, inclusive no que toca ao Bóson de Higgs. No entanto, atendo-nos a coisas mais reais, mais próximas de nós – esquecendo a Supersimetria, que na prática tá difícil de ser comprovada – os supercomputadores efetivamente simulam experiências que nos permitem saltar etapas no dia a dia, e que geram produtos que funcionam bem quando ganham existência real. Há que se acrescentar ainda que nem sempre a F 1 desenvolveu produtos para os carros de rua: o contrário também pode acontecer, e como um grande exemplo disso posso citar, assim de cabeça, os freios a disco, que foram levados para os ambientes de competição pioneiramente pela Jaguar, nas corridas de endurance, no início da década de 50.
      Outra coisa que nos diferencia – não pela paixão, certamente, mas pela minha idade – é que o nobre colega comentarista JSpeed está há respeitáveis 35 anos acompanhando a F 1 e eu estou há 58 vivenciando-a contemporaneamente (o Marquês de Portago ainda corria).

      Conquanto seja muito fácil ser um troll, e sem pretender ser melhor que ninguém, isso não faz parte da minha personalidade. Procuro ter sempre atitudes construtivas na vida.

      Por último, agora tornei-me apenas leitor do magnífico Blog da Julianne. Fazendo uma necessária autocrítica, eu andava muito repetitivo.

      Grande abraço.

  4. A F-1 deveria ser o que sempre foi, velocidade e desempenho, além do mais, com tantas categorias, simuladores e tecnologia, a indústria automobilística NÃO depende da F-1 para se desenvolver…Bernie e sua turma deveriam largar essa idéia politicamente correta de achar que é bom para a imagem da categoria ARCAR com a salvação dos carros de rua (movidos pelo arcaico petróleo), fica a dica! A F-1 sempre foi um esporte excêntrico, essa é a alma da categoria!

  5. Fórmula 1 tem que ter os motores mais potentes e claro alguma tecnologia como a do Kers, mas não algo que interfira na frenagem como o que existe…
    Quanto ao barulho, as grandes audiências na TV, e a maior popularidade da categoria, vieram com o aumento da participação da TV no dia a dia das pessoas, o que coincidiu com os motores barulhentos, e por isso…

    Agora, qualquer pessoa que goste de velocidade, tem os sentidos a flor da pele, e motores silenciosos não combinam com o prazer total do exercício pleno das carreras… Imagine assistir futebol no estádio em silêncio (a plateia é parte do espetáculo). Lembro todas as vezes em que fui em Interlagos, da chatice daquele locutor e suas grandes caixas de som, a se meter com a música dos V10 e V8.

    É outra coisa você na arquibancada com a sonoridade estrondosa de antes e esses motores que se assemelham a assistir a Porsche Cup, pouco mais que isso, não tem graça, então que se fique em casa, dá na mesma… E ocorrendo isso, quem vai comprar os direitos de transmissão e fazer todo o “circo” girar…

    É claro que, para o bem da continuidade da F1, que a distribuição de lucros aumente mais, que mais montadoras entrem na categoria, mas comprando ações do esporte, montando equipes e assim aumentando o retorno, e não entrando da forma como sempre fazem, vão e voltam e foi isso que ajudou a colocar a F1 onde ela está ficando em representatividade no esporte a motor…

  6. Eu acredito que estejam no caminho certo, se não derem outra guinada radical novamente para “pararem” o domínio de quem está na frente. O que eu penso acaba afastando as grandes montadoras é a incerteza da categoria, grandes corporações não se sentem confortáveis fazendo planos para dois anos. As mudanças deveriam ser mais gradativas, aperfeiçoar o que está aí em doses admissíveis. Algumas vezes parece que as mudanças são feitas na base da porralouquiçe, Fica até difícil acreditar que as pessoas que tomam decisões tão estapafúrdias de supetão são os caras que gerenciam a categoria top do automobilismo. Vá que eles tenham suas razões , mas não consigo entender o porque de limitar o uso de combustível por volta se já limitam para a corrida, deixar esse gerenciamento para as equipes duelarem na pista seria benéfico para o esporte. Quanto ao retorno para os V8, V10, V12 e afins, entendo que seja saudosismo somente. A F1 ainda é uma vitrine muito boa para a indústria e para os que anunciam na categoria!!!

  7. Julianne, por esta foto do motor, pode-se afirmar se a Ferrari adotou a solução da Mercedes, em separar o compressor da turbina? Ou o ganho em relação a 2014 foi somente na evolução do motor, usando o mesmo conceito adotado pela Ferrari anteriormente? Se for a segunda opção, os engenheiros italianos são (bem) mais criativos que os alemães.

    • Eles não adotaram a solução da Mercedes. Os problemas que tinham com o motor eram outros.


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