Procissões ou não poder forçar o ritmo para economizar pneus? Pessoalmente, prefiro não saber o que vai acontecer até as voltas finais, mas entendo quem reclame que às vezes os pilotos sejam forçados a adotar a “anti-corrida”.
Primeiramente, é bom lembrar que poupar alguma variável não é novidade. E os pneus sempre foram determinantes – às vezes menos, às vezes mais. “Durante minha carreira, houve vários momentos em que os pneus eram desafiadores”, afirmou David Coulthard, que andou entre 1994 e 2007. “Quando os pneus sulcados apareceram, todos acharam que a F-1 tinha enlouquecido. Eles não duravam muito e se despedaçavam. Havia alguns desafios técnicos, mas os carros mais rápidos, as equipes mais eficientes e os pilotos que compreendiam melhor esses desafios se sobressaíam.”
Esse sempre será o caso. O que difere uma época da outra é a fonte do desafio. Se hoje o fator limitador é o pneu, em um passado recente, era o carro. Dito isso, vamos pensar no que poderia ser melhorado nas corridas de hoje.
Vida sem DRS
Já falei no texto de ontem sobre a possibilidade de experimentar corridas só com o desgaste de pneus funcionando como facilitador de ultrapassagens. Ampliando um pouco mais o tema, além da questão dos pneus se degradarem ainda mais rápido quando um piloto fica preso atrás do outro, isso teria outro porém: a asa não serve só para ultrapassar, mas também dá tempo de volta para aquele piloto que está a menos de 1s, mas não perto o suficiente para ultrapassar. Isso compensa em parte o prejuízo do desgaste de seguir outro carro de perto. Então, é possível que as emoções de uma corrida sem DRS ficassem restritas a estratégias diferentes, pois só pilotos com níveis muito menores de desgaste de pneus abririam caminho.
Uma possibilidade seria diminuir a capacidade de frenagem dos carros. Hoje todo mundo freia muito dentro. Mas e se houvesse discos de freio padrão com capacidade menor? Isso aumentaria as possibilidades de pilotos adotarem linhas diferentes e mostrarem sua habilidade.
Mudanças nos pneus
Há duas coisas que me incomodam nos pneus: o chamado cliff, ou queda repentina de rendimento, quando o piloto passa a perder 2/3s por volta sem muito aviso, e a estreita faixa de temperatura de funcionamento. Talvez se os pneus se degradassem de uma forma mais linear e a questão da temperatura fosse menos efetiva, ainda teríamos o desgaste bastante presente, mas os pilotos forçariam mais, pois poderiam prever melhor as reações.
Por outro lado, essa questão da temperatura está diretamente ligada a alguns grandes momentos, como o improvável GP da Malásia de 2012. Por ser um desafio de engenharia gigantesco, permitiu que equipes com orçamentos menores “aprontassem” das suas. É uma questão de compromisso.
Os pneus e as regras
Faz tempo que sou contra a obrigatoriedade dos pilotos do top 10 largarem com o pneu da classificação. Hoje não existe mais uma “primeira divisão” com cinco equipes para justificar tamanha vantagem para quem está na sexta fila. Na verdade, tal regra é uma das causas dos treinos com pista vazia, pois, principalmente quando há uma diferença muito grande entre os compostos, aumenta a necessidade de poupar pneus no sábado.
Se cada um puder escolher com qual pneu largar, independentemente da classificação, por que não retirar a obrigatoriedade do uso de ambos compostos na corrida? Considero a regra atual um desafio interessante, pois obriga as equipes a acertarem o carro para tirar o máximo de pneus com comportamentos diferentes. O que não agrada é quando um mesmo tipo é o melhor para a classificação e a corrida. Isso engessa as corridas. E corrida engessada acredito que ninguém quer.
20 Comments
Eu colocaria um ingrediente a mais. O piloto poderia ter fechado de forma separada o pacote de pneus para treino/classificação/corrida, com um número maior. Até nos treinos me parece baixo o número de voltas que se dá. Alguns pilotos deram 40 voltas na sexta, manhã e tarde. É pouco, não. Mas pelo que sei, me corrija se estiver errado, o número de pneus no fim de semana é contado e vale pra tudo. Deveria estar separado, podendo inclusive usar um pneu de cada tipo na classificação (imaginem as equipes menores usando o mole pra tentar ir pra frente e as maiores tentando evitar danos, sem saber o pneu que usa).
E na corrida, zera de novo. O cara devolve os pneus usados na qualificação e pega pneus novos. E pronto, corrida montada.
Minha opinião.
Existe uma divisão dos pneus e as equipes têm de devolver os usados nos treinos livres ao fabricante ao final de cada sessão. São usados:
– um jogo de duros no FP1
– um jogo de cada composto no FP2
– um jogo de cada composto no FP3
– Três jogos de cada composto para classificação/corrida
Acredita-se que um jogo extra, como teremos a partir da Espanha, incentive os pilotos a andarem mais. Mas a não é apenas o pneu que limita o tempo de pista. Lembre-se que câmbio e motor também têm sérias restrições – um câmbio tem de durar cinco corridas seguidas e a temporada tem de ser completada com 8 motores.
Um jogo de cada composto é pouco, né??? Deveria ser mais… É as horas de vôo que seria legal. Nem que usassem motores já usados, câmbios mais velhos, sei lá… Mas um pneu, como tava durando na corrida passada, 17 e 8… 23 voltas por sessão… Pouco pra caramba, hein?!?!?!
Ju,
Uma coisa que, ao meu ver, também passou despercebido por todos e aumenta o “esvaziamento” dos treinos, é a limitação no número de jogos de pneus durante o FDS.
Com um maior desgaste dos pneus, as equipes têm um número limitado de voltas nas sextas, e nos sábados, os pilotos tem de economizar borracha para a corrida.
Não que número de jogos devesse ser ilimitado – seria ecologicamente incorreto –, mas uma correção nessa correlação seria bem vinda.
Mas eu acho que a Pirelli deveria colocar mais Jogos de pneus para os pilotos poderem usar eles na classificação. Tipo assim, 5 Pneus de cada composto. Mas a Idéia do DRS é muito boa, pois um piloto pode chegar no outro e passar na reta do DRS, E Assumir a Liderança. Os Pneus deveriam ser Menos Desgastantes e mais Rápidos, Mas a F1 de hoje em dia não tá assim. São 2 coisas que eu Não concordo, a do motor V6 Turbo e dos Pneus Muito desgastantes…
Não saberíamos o que aconteceria até o final se sprinklers fossem ligados aleatoriamente durante as provas, sugestão do Bernie. Mas como isso seria mal visto, resolveram adotar pneus para nivelar a competição por baixo e criar corridas mais próximas. Com o bônus de os alterar a cada ano para deixar equipes e pilotos perdidos no acerto e na forma de guiar.
Minha sugestão para tentar corrigir o desequilíbrio entre a anti-corrida (gostei desse termo) e a velocidade seria ilimitar o uso dos Pirelli durante os finais de semana. A Pirelli levaria, sempre, seus 4 compostos. As equipes os usariam como quisessem e depois pagariam a conta com os pontos conquistados pela colocação no mundial de construtores, divido com a FOM. Então, se alguém quiser fazer o Q3 com extra soft e correr apenas com pneus duros dianteiros e médios traseiros, que assim seja.
A Pirelli seria levada a concorrer consigo mesma sem ter que alterar seus pneus. As equipes ganhariam opções para contornar a inerente fragilidade dos pneus ao ter mais escolhas e quilometragem. Pilotos poderiam usar pneus um pouco mais adaptados a seus estilos de pilotagem.
O único custo extra significativo seria na logística da Pirelli, mas esse seria rateado entre equipes e a FOM, de acordo com o uso e o bônus no final do ano.
Vixe, Julianne! Que foto! Essa você escolheu no “capricho”, hahahaha!!!!
Julianne, antes que haja algum mal entendido, referi-me aos Farelli, que têm até trilho, como no asfalto molhado.
Com relação à sua nova foto que emoldura o blog, você está bonita como SEMPRE esteve.
Um abraço.
(off-topic)
Gostei da foto nova… linda!
abs
Julianne,
Seria muito legal se as equipes padronizassem os freios e que as areas de frenagens fossem menores.
Outro ponto que vc tocou que acho fundamental eh, por que carvalhos os pilotos tem que largar com o mesmo jogo de pneus do Q3 e por que ha uma obrigatoriedade em utilizar os 2 compostos numa corrida.
Seria tao legal se a Pirelli aumentasse o leque de estrategia deixando que as equipes escolhessem trabalhar com as 2 opcoes de pneus como bem entendessem.
Ahh esqueci , muito legal a Foto do Post e muito legal a sua nova foto !!!
Ju, e se a escolha prévia dos pneus para cada GP fosse feita pelas equipes e não pela Pirelli? Seria um desafio de logística p/ a fornevedora, mas possibilitaria um leque maior de estratégias, além de potencializar o desempenho dos diferentes carros e pilotos conforme suas necessidades e características. Ah, o Coulthard não estreou em 94, assumindo a vaga do Senna na quinta prova do calendário daquelas ano? Abs
Eu deixava os pneus e KERS desse jeito e tirava DRS.
Opa… Dois votos para deixar como está e tirar o DRS, eu tbm voto assim. Vamos votar pra tentar mudar o pensamento do tio Bernie??? huashuahsuas… Essa foi boa, vai.
Pior que não, é triste até.
concordo sobre a adaptação dos freios
antigamente ultrapassava quem freasse depois e segurasse o carro (piquet x senna 1985 hungria é um exemplo classico)
Ju, sobre as limitações de estada na pista, além de velocidade pura, vc respondeu muito bem que além dos pneus, temos as limitações de motor e caixa, mas lendo o fim do seu post, surgiu uma outra dúvida, afinal o regulamento privilegia o meio termo no acerto, sendo assim, a liberdade para mudar o acerto não seria salutar, tanto para a velocidade pura no sábado (além da permanência na pista para buscar tempo), e no domingo, com carros mais voltados para a corrida, podendo cuidar melhor dos pneus e consequentemente mais velocidade nas disputas? O que vc acha?
Pode ser interessante do ponto de vista esportivo, mas acredito que a atual conjuntura implique na diminuição da carga horária dos funcionários.
Na boa, com essa regra imbecil da obrigatoriedade e pouca durabilidade dos pneus, não estou muito animado para a tal “nova era turbo”, pois do jeito que o regulamento esta hoje, se continuar desta maneira em 2014, acho que não vai mudar muita coisa.
O negocio é aguardar!
Julianne, você ficou muito gata nesta foto do blog.
Parabéns!
🙂
Gostei muito do seu post, parabéns! Reduzir a capacidade de frenagem atual sería uma ideia interessante a ser implementada.