F1 GP da Europa em números: A máquina espanhola de pontos, o pódio jubilado e o homem pole - Julianne Cerasoli Skip to content

GP da Europa em números: A máquina espanhola de pontos, o pódio jubilado e o homem pole

Primeira vitória de um piloto da casa desde Massa em 2008

Essa pode ter sido a 29ª vitória da carreira de Fernando Alonso – faltam duas para alcançar Nigel Mansell e se tornar o quarto maior da história no quesito – mas não foi uma conquista qualquer. Largando em 11º, trata-se sua maior recuperação para vencer e a maior da F-1 desde que Jenson Button ganhou o chuvoso GP da Hungia de 2006 saindo de 14º. Claro que o próprio Alonso triunfou em Cingapura, 2008, após se classificar em 15º, mas essa é outra história. Assim, o piloto da Ferrari se tornou o único a ganhar largando fora da primeira fila – e, de quebra, por duas vezes. Foi, ainda, sua segunda vitória em casa, algo que tem sido raro ultimamente: não vemos uma torcida comemorar com seu piloto desde Felipe Massa no GP do Brasil de 2008.

Outro feito de Alonso é completar 20 corridas nos pontos, sequência que começou justamente no GP da Europa do ano passado. Na verdade, nos últimos 33 GPs, o espanhol pontuou em 32, sendo que em apenas 5 oportunidades ficou fora do top 5. Pilotando pela mesma Ferrari, o bicampeão está a quatro provas de igualar o recorde de Schumacher, que pontuou em 24 provas seguidas entre o GP da Hungria de 2001 e o GP da Malásia de 2003.

Pódio de coincidências

Falando em Schumacher, a presença do heptacampeão no pódio, junto de Alonso e Raikkonen, gerou uma série de estatísticas interessantes. Aos 43 anos e 173 dias, o piloto se tornou o mais velho a estourar o champagne desde Jack Brabham no GP da Grã-Bretanha de 1970. Foi seu 155º pódio, o quinto que dividiu com o espanhol e o finlandês. Em todas as oportunidades, o vencedor foi o mesmo.

Sete anos depois, mesmas expressões

Os três conquistaram, juntos, todos os campeonatos de 2000 a 2007 e estabeleceram um recorde de 10 títulos em um mesmo pódio. Essa marca só pode ser quebrada neste ano se Vettel substituir Raikkonen. Todos eles pilotaram ou pilotam pela Ferrari e pelo time baseado em Enstone (Schumacher na época de Benetton, Alonso com a Renault e Raikkonen na atual Lotus). Todos, em suas carreiras, correram com motores Renault, Ferrari e Mercedes.

Com tanta história, dá para entender por que esse foi o pódio mais velho, com média de 35 anos e 8 meses, desde a última vitória de Mansell, no GP da Austrália de 1994 (ao lado de Berger e Brundle). São cerca de 10 anos de diferença em relação aos três primeiros da última corrida, Hamilton, Perez e Grosjean.

A posição média de largada top 5 foi 11º e os quatro primeiros no grid não marcaram pontos. Dois dos que ficaram pelo caminho sofreram quebras justamente no mesmo circuito que teve o recorde de carros vendo a bandeirada, todos os 24 do grid, ano passado. Aliás, falando em provas anteriores, o mesmo Safety Car que destruiu a corrida de Alonso em 2010 o ajudou em 2012, prova da teoria filosófica do espanhol de que a sorte tende a se balancear.

Para ser ajudado, ficar na pista é uma boa pedida e o piloto da Ferrari, junto de Rosberg e Raikkonen, são os únicos que completaram todas as 498 voltas do campeonato até aqui. Quem menos trabalhou até agora foi Grosjean, com 293.

Teve quem não entendeu quando falei para Hamilton ir pensando já em Silverstone ao final do GP do Canadá. Afinal, o líder do campeonato nunca consegue obter um bom resultado, algo que demorou até a penúltima volta para se “manifestar” no caso do inglês. Como urucubaca pouca é bobagem, vale lembrar Alonso que sua maldição é dupla na Grã-Bretanha: o vencedor do GP anterior não passou de 5º na prova seguinte até aqui.

Marca incrível de Vettel

Sebastian Vettel viveu momentos a la Coreia 2010 na corrida, mas antes garantiu mais uma pole para seu invejável cartel. Recém-chegado aos 25 anos, o alemão (com 89 GPs) igualou nada menos que Jim Clark (com 72) e Alain Prost (199) em número de largadas em primeiro lugar, com 33. Agora, só Ayrton Senna e Michael Schumacher o superam no quesito, com 65 e 68, respectivamente.

Mas Vettel chega a essa marca um mês mais velho do que Prost quando o francês estreou na categoria e quase seis meses mais novo que Schumacher quando o alemão conquistou sua primeira pole na categoria. Se continuar nesse ritmo, pode bater aquela que já foi tida como uma marca inalcançável antes mesmo dos 30 anos.

8 Comments

  1. Pra mim, desculpem-me os alonso-maníacos, mas o Vettel é que é o cara da F1 atualmente. As voltas que ele faz são simplesmente fantásticas. No classificatório ele é impressionante. E principalmente, vendo a volta lançada dele da câmera onboard vc não nota dificuldade… Parece que ele está dirigindo um carro de passeio. O cara concerta uma erradinha de um jeito absurdamente simples e eficaz… e o carro sempre está mais nas mãos mais do que é possível acreditar. É ruim o parâmetro, mas Webber sempre foi leão de treino e não consegue uma lançada como o Vettel. E também é ruim comparar pq os carros são diferentes, mas o próprio Alonso briga com o carro o tempo todo, querendo extrair mais e mais do carro (detalhe que sempre foi assim, podem olhar a onboard dele em outras equipes)… O Hamilton mesmo, que é outro gigante nos treinos, não consegue ser perfeitinho e fazer coisas facinhas como o Vettel. E na corrida, ôôôô garoto ruim de errar. Até 2010 errava e afoitava demais… Agora, só sai da prova se o carro pifa… Quando foi o último erro dele, alguém lembra? É difícil… Eu acho esse “piá” o melhor da F1 atual e pior… Ele vai melhorar muito, pq ainda é… “piá”!… Não desmerecendo o Alonso. Acho que foi a primeira corrida inteiramente mágica do Alonso… Ele é muito bom, tem momentos fantásticos, mas a corrida inteira tirando leite de pedra, acho que foi a primeira dele. Como correu nesse domingo… É a gana de quem corre em casa…

    Ju… vc é uma das melhores analistas de uma corrida. Eu queria, se não for pedir demais, que vc fizesse uma análise completa do Massa… Eu não acho que ele é um piloto ruim, pelo contrário… Acho que o Alonso é tão gigante que ele se apequenou… Mas estatísticamente, dentro da pista ele é engolido… Mas o que mais tem??? O que restou (se restou algo) do acidente e o que as mudanças de 2009 pra cá atrapalharam a tocada dele e como comprovar isso…

    E parabéns… comento pouco seu blog, pq tenho pouco tempo, normalmente… Mas é o único que eu acompanho diariamente e fica o dia todo aberto no navegador, e dá-lhe F5 pra ver quando sai matéria nova… hahahha… Diria que vc é a Vettel dos colunistas de F1… Sem motor quebrado, claro… hahahahaha…

    • Concordo com você que, em classificação, Alonso não supera, nem Hamilton, nem – e principalmente – Vettel. Aliás, o espanhol mesmo reconhece que não é o piloto mais rápido do grid. Também concordo que Vettel é do tipo que aprende, um “piloto esponja”, e que ainda não o vimos em seu auge. Será interessante observar o que ele pode fazer nos 10, 12 anos de carreira que ainda tem pela frente. E, por fim, obrigada pela comparação.
      Vejo a questão do Massa como multifatorial. Não acredito em sequela do acidente, acho que isso é simplificar uma série de fatores que diferem, e muito, o cenário e as necessidades de 2008 e de 2010-2012. Falo das características necessárias a um piloto para se dar bem no atual regulamento, características que Massa não tem. Prometo falar disso em agosto, quando teremos uma pausa para tratarmos de vários assuntos que vão passando batido. Um esboço de minha linha de pensamento está aqui http://www.totalrace.com.br/blog/juliannecerasoli/2012/05/23/ponto-fraco-de-massa-e-a-grande-arma-de-alonso/

  2. Nada a acrescentar. Parabéns, Julianne. Belíssima e precisa análise. Adoro estatisticas e você também é sensacional neste quesito.

    Um abraço!

  3. Vettel é um piloto rapidíssimo, mas fica a questão, afinal para que haja imparcialidade, até que ponto o fato de ter sido o mais rápido no sábado, possuindo uma tocada mais correta com seu RBR, seria mérito próprio ou o carro ajuda muito? Uma coisa é fato: por fazer mais que Webber no sábado, na maioria das vezes, mostra que o alemão é muito forte. Comparando-se com Alonso e Hamilton, fica o desejo inalcansável e impossível: três RBR 2012 em condição de qualificação. Não sei se seria relativização dos fatos, pura e simplesmente, mas a RBR nesses três últimos anos, tem sido o melhor carro, para o bem ou para o mal, favorece e muito o alemão. Mas de tudo, é indiscutível a velocidade pura do germânico. Caimos no caso do que Hamilton e Alonso poderiam fazer com esse carro…

    • Acho que o Alonso perde já de cara pro Hamilton. Perdeu em 2007. E o Alonso estava motivado em colocar o Hamilton no bolso… Fez muito bonito no fim do campeonato, sendo traído pelo destino. Mas em qualificação o Hamilton só foi ruim naquele período em que tinha entrado na formula 1 e já disputava o campeonato. Nem ano passado fazendo um monte de besteiras ele deixou de surpreender em qualificação.

      Sobre o Vettel eu acho que ele é muito forte, e não só o carro, porque em 2010 ele tirou um monte de poles e tinha Alonso, Button (mais que o Hamilton, embora esse seja pior em qualificação que todos, creio eu), Webber e o próprio Hamilton na briga. Inclusive o Webber no início do campeonato ganhou em poles do Vettel em 2010, até o alemão realmente colocar o companheiro no bolso (fator psicológico, pq o Webber é um bom piloto, a meu ver). Daí pra frente temos 10 poles do Vettel… Sem aquele domínio fenomenal… como ele era garoto ainda não convertia pole em vitória, coisa que aprendeu no final do ano e executou com perfeição em 2011. A impressão de que o Vettel é só bom por causa do carro ficou forte em 2011 pq o carro da RedBull destroçou os rivais. Mas em 2010 que a luta era bem mais parelha (tanto que uma Lotus tirou o título do Alonso em Abu Dhabi), o Vettel se destacou e só se complicou por falta de experiência. Eu não sei, mas acho que o guri coloca qualquer piloto do grid no bolso. O “piá” é um monstro em nascimento. Isso realmente me dá medo…

      Novamente, sem tirar o mérito do Alonso… O que ele faz com um carro visivelmente inferior… O domínio que ele impôs sobre o Massa (domínio que nem o Schumacher soube impor dessa forma)… O que ele faz dentro de um cockpit é algo devastador.

      Há um tempo atrás eu pensava que jamais teríamos bons pilotos como na época de Prost, Mansell, Piquet, Senna e aquela dezena de bons corredores juntos (Boutsen, Patrese, Alesi, Berger, entre outros)… Mas vejo agora que estamos numa safra tão boa quanto aquela. Falta de sorte que nós só temos os bons pilotos, e não os monstros, como tinhamos naquela época.

      • Alonso, Hamilton e Vettel são os três melhores pilotos do grid atual (na minha opinião é claro). Cada um dos três tem seu ponto mais forte. Vettel é realmente brilhante nas classificações. Chega a abalar a concorrência. Mas, não podemos esquecer que ele tem o melhor carro nas mãos o que facilita e muito seu desempenho. Mas, será que se o alemãozinho estivesse pilotando um F2012 ele seria o líder do campeonato? Daí a genialidade do Alonso…

        Ju, vamos ver se a maldição do líder vai prevalecer no GP da Grã-Bretanha, mas acho que isso vai pouco importar. Tudo indica que a Red Bull vai sobrar daqui para frente.

        • Perfeito, Carolina. É um circuito completamente diferente, com predomínio de curvas de alta e temperaturas bem mais baixas. Será um bom teste – tanto para a “maldição”, pois a Ferrari anda bem nesse tipo de situação, quanto para o domínio da Red Bull.

  4. Alguns números: 2007/ 17 corridas
    Raikkonen 3 poles
    Massa 6 poles
    Alonso 2 poles
    Hamilton 6 poles
    2009/ 17 corridas
    Button 4 poles
    Vettel 4 poles
    Hamilton 4 poles
    Alonso 1 pole
    2010/ 17 corridas
    Vettel 10 poles
    Webber 5 poles
    Alonso 2 poles
    Hamilton 1 pole
    2011/ 19 corridas
    Vettel 15 poles
    Webber 3 poles
    Hamilton 1 pole
    Alonso 0 pole
    2012/ em 8 corridas
    Vettel 3 poles
    Hamilton 2 poles
    Alonso 0 pole
    Webber 1 pole


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