F1 GP da Índia por brasileiros, espanhóis e britânicos: “Vão ter que fazer uma estátua” - Julianne Cerasoli Skip to content

GP da Índia por brasileiros, espanhóis e britânicos: “Vão ter que fazer uma estátua”

É Reginaldo Leme, na Globo, quem dá o tom do que se espera do GP da Índia: “Vettel pode dar passo decisivo para o título e Alonso pode mostrar por que ainda diz que é possível.” Por sua vez, o narrador da Sky britânica, David Croft, salienta a importância de uma boa primeira volta. “Button passou quatro carros no início do GP do ano passado e alguns pilotos estão preocupados, especialmente a Red Bull, porque eles não têm boa velocidade de reta. Especialmente Alonso sabe que não pode ter os dois McLaren a sua frente ao final da primeira volta”, completa o comentarista Martin Brundle.

Até porque, com a estratégia, não é possível fazer muita coisa. “Uma parada é, no papel, cerca de 5 a 10s mais rápido, mas veremos quem será forçado a fazer duas. Ouvimos que Webber pode ser um pouco mais duro com os pneus. Saberemos perto da volta 15. Para uma parada, será perto da 25”, resume o repórter britânico Ted Kravitz, enquanto os espanhóis, na Antena 3, lembram que os pneus de Alonso têm três voltas a mais do que Vettel e Webber, pois o melhor tempo do asturiano foi feito na primeira saída do Q3, quando utilizou os mesmos compostos do Q2. E o comentarista Marc Gené explica que “alguns pilotos podem começar a poupar pneu para fazer uma parada, enquanto outros podem forçar tudo e ver quando o pneu se desgasta. Ninguém fez voltas suficientes na sexta para saber quando o pneu acaba.”

Croft destaca ainda que “Webber ganhou mais corridas largando em segundo do que da pole e Alonso larga pela oitava vez consecutiva fora do top 3.” Contudo, o espanhol mostra que sua intenção é chegar entre os três primeiros o mais rápido possível, e vai para cima das duas McLaren, superando-as na reta, mas levando o troco na freada. Na curva cinco, consegue passar Hamilton.

Os brasileiros se agitam. “Olha o que faz o Alonso. Manobra de craques da Fórmula 1. Impressionante”, define o narrador Luis Roberto. “Era muito importante o Alonso ser terceiro, mas Button, que não é de arriscar, e Hamilton, jogaram pesado com ele porque sabem que ele tem mais a perder. Principalmente se a corrida for de uma parada, não é bom ficar metido em disputas”, completou o comentarista Luciano Burti.

Gené não concorda com o brasileiro. “Primeiro, como Fernando foi espetacular na reta e, depois, como Hamilton foi muito corajoso na freada. Para passá-lo, Fernando teve de arriscar muito, deixou o espaço mínimo.”

Os britânicos destacam os três envolvidos. “Que vácuo que Alonso pegou das duas McLaren! Muita habilidade para não ter havido nenhum toque. A briga foi incrível nas curvas três, quatro e cinco. Só três pilotos deste calibre não teriam um acidente na freada”, se impressiona Brundle. E Alonso mostrou que tem uma sétima marcha longa, que vai ajudá-lo no decorrer da corrida. Ao contrário das McLaren, que parecem ter parado no meio da reta. A Ferrari fez uma estratégia para pegar essas duas McLaren, porque sabe que não estão nem perto da Red Bull. Eles arrumaram o DRS e alargaram a sétima marcha”, observa o comentarista. “Foi uma péssima primeira volta para a McLaren, eles tinham de ter se colocado entre as Red Bull”, completa Croft.

Provando a teoria do ex-piloto, Alonso passa Button com facilidade na quarta volta. “Vamos, Fernando. Próxima parada: Mark Webber”, se anima Lobato. Se ele chegar em Mark, vai passar fácil, porque, com o DRS aberto, chegou a 319km/h e o australiano, a 311km/h.”

Os espanhóis vão seguindo os tempos a cada setor. “Falta só um pouco de ritmo para Fernando”, aponta Lobato, enquanto Gené busca uma saída. “A chance de Fernando é trabalhar com a degradação. Não que a Ferrari seja muito melhor, mas ele pode arriscar fazer uma parada se a Red Bull fizer duas.” Quem pode ter de fazer duas paradas é a McLaren, observa Brundle. “Eles não têm ritmo.”

As atenções se voltam para a briga de Bruno Senna – citado pela primeira vez na Globo na volta 4 – com Pastor Maldonado e Romain Grosjean. O brasileiro aproveita o descuido do companheiro para ultrapassá-lo. “Bruno andou bem por todo final de semana, que é o que importa, mesmo tendo tido uma classificação ruim. Ele leu isso muito bem, não quis dar uma de esperto, esperou a situação se definir para atacar”, elogia Brundle. “Ficou de espectador e se aproveitou. Linda manobra de Bruno Senna. Sem dúvida, dá mais prazer porque disputa com o companheiro é como um primeiro campeonato para um piloto”, diz Reginaldo.

“São os chifres da Toro Rosso”, brinca Brundle sobre os toques que rasgaram os pneus de Schumacher e Perez. Mas, para Reginaldo e Luis Roberto, “desde que assinou com a McLaren, Perez ficou com a cabeça meio atrapalhada.”

Os pilotos da ponta demoram a fazer sua primeira parada e Croft explica o fenômeno de convergência de massas de ar que causa uma espécie de neblina na região do circuito. “Com menos de 20 voltas, já estou falando do clima”, brinca o britânico. Na Antena 3, contudo, Lobato havia superado-o, dizendo na volta sete: “Não tente limpar sua tela, o cenário é esse mesmo.”

A conversa sobre o clima acaba com a aproximação de Alonso em relação a Webber. Os espanhóis vão seguindo os tempos a cada setor. “Falta só um pouco de ritmo para Fernando”, aponta Lobato, enquanto Gené busca uma saída. “A chance de Fernando é trabalhar com a degradação. Não é que a Ferrari seja muito melhor, mas ele pode arriscar fazer uma parada se a Red Bull fizer duas”. Logo, segue uma série de ‘e se’, que dura por toda a prova. “É uma pena os primeiros metros, quando os McLaren o atrapalharam”, vê Lobato. “Ou também se tivesse se classificado melhor”, completa Gené, que lembra que “Vettel está em outro planeta em relação a seu companheiro de equipe.”

O comentarista, falando sobre a eterna briga de Massa com Raikkonen, que demonstra estar mais rápido, mas não consegue sequer colocar de lado, compara a situação do finlandês, sem velocidade de reta, a Alonso em Abu Dhabi 2010. “Ele bate no limitador no meio da volta, optou por uma sétima marcha de classificação.”

Ainda assim, os brasileiros se preocupam quando o piloto da Lotus faz sua parada uma volta antes de Massa. “Geralmente, quem para antes tem vantagem e Kimi pode voltar à frente”, aponta Burti. De fato, Raikkonen consegue superar, mas o ferrarista tinha um plano, que passa despercebido: até fritou o pneu para garantir que teria direito a usar a DRS na reta e dar o troco.  “Massa ajuda Raikkonen ao fritar o pneu na entrada da curva e Raikkonen passa depois de 30 voltas. Mas todo o bom trabalho não vale nada por causa da DRS”, lamenta Croft. “Que sétima curta que o Kimi tem, não adiantou fazer todo o restante do trabalho”, avalia Lobato.

Luis Roberto se perde nas contas e vê a possibilidade de Hamilton passar Alonso e Webber (que estavam mais de 10s à frente) ao permanecer mais tempo na pista, enquanto Reginaldo se preocupa porque “Massa não consegue imprimir o mesmo ritmo da última prova.” Os espanhóis têm a explicação: é Alonso quem está fazendo a diferença. “Subindo pelas paredes, fazendo o possível e o impossível. A televisão não mostra o quão boa é a corrida de Fernando. O problema é que tudo o que Alonso faz não é o suficiente. Estamos comparando-o com Vettel e Webber, mas o mais justo é comparar com Massa e está 26s à frente”, diz Lobato, que ganha o apoio de Gené. “E estamos vendo o melhor Massa do ano. É uma das melhores corridas de Fernando em relação a ritmo.”

O narrador espanhol reclama – várias vezes – pelo fato da transmissão não mostrar Alonso chegando em Webber. “É incrível que tenha de acompanhar a corrida pelo GPS.”

Enquanto isso, os britânicos acreditam que Alonso, a exemplo de Massa, tem problemas de combustível e, inclusive, checam a informação com a Ferrari, que nega. “Disseram para ele tirar o pé cedo e frear tarde, isso só pode ser combustível”, crê Brundle. “Eles tinham de arriscar”, lembra Croft.

As dúvidas cessam quando o espanhol passa Webber, para delírio de Lobato. “Se aproxima, se aproxima! Mágica, mágica! Tomaaa!”, berra o narrador. “O fato de ter sido com DRS tem menos mérito, mas, para chegar até aí…”

Burti lembra que “além do DRS, há algumas voltas Webber reclamava de falha no Kers”. Brundle destaca que, “de alguma maneira, ele conseguiu se colocar entre as Red Bull. Ele estava longe demais, imagino se Mark não tem um problema maior. Estava tão mais rápido que quase bateu.”

O segundo lugar enche os espanhóis de orgulho. “É mais uma corrida que mostra como Fernando merece o campeonato. Faria duas leituras. Claro, Vettel é o favorito, mas Fernando manteve-se vivo e mostrou que o ritmo da Red Bull não é tão melhor. De longe, ele é o que tira mais de seu carro”, aponta Gené. “Que pena que o carro não ande um pouco mais. Em Maranello, eles costumam hastear uma bandeira a cada vitória. Acho que deviam, depois dessa corrida, colocar uma estátua de Fernando lá. O que fez hoje foi brutal”, completa Lobato.

As faíscas que estavam “sparkling like hell” (algo como “brilhando pra camamba”, na definição do engenheiro de Alonso, Andrea Stella), no carro de Vettel deram o último suspiro para os espanhóis. “Pode haver uma ilegalidade, porque a placa de madeira pode estar se desgastando. Ou é alguma parte do assoalho que se descolou”, explica Gené. “Que pena que não faltam mais 10 voltas. Que pena a classificação, o tempo perdido com a McLaren no início”, lamenta Lobato.

“Pode ser a volta da famosa sorte de Alonso”, aponta Reginaldo, enquanto Burti diz que “não faz sentido o assoalho bater no chão desta maneira.” Brundle também fica com a pulga atrás da orelha. “É aquela parte que a FIA tenta fazer com que as equipes não flexionem. Será que ele atacou muito forte uma zebra? Ferrari e McLaren vão querer saber por que isso está acontecendo, porque é uma zona de performance.”

Luis Roberto não se conforma com luta de Massa e Raikkonen. “Olho para o computador e tenho a impressão de que ele quebrou porque a diferença é sempre a mesma”. Brundle também brinca com a dupla, dizendo que “Raikkonen vai poder explicar como é a traseira de uma Ferrari”. Mas na há tempo para mais nada e Vettel leva a quarta seguida, “superando dois mitos, Clark e Lauda, e agora tem 205 voltas na liderança. Massa suportou a pressão de Kimi a prova toda e Bruno Senna foi muito bem com volta rápida pessoal no final”, avalia Reginaldo.

Falando em volta mais rápida, os espanhóis se divertiram com Alonso e Button tirando a volta mais rápida de Vettel para que ele não conseguisse o grand chelem. Além disso, talvez o alemão não tivesse saído com a diferença que esperava no campeonato. “Fernando pode estar frustrado, porque, depois de uma corrida como essa, é difícil aceitar que não foi suficiente para vencer. Mas, se melhoramos um pouco mais em Abu Dhabi, ele pode lutar. Acho que ele está mais feliz que Vettel”, crê Gené, mesma linha de Burti. “Alonso sai quase como vencedor. A diferença está ficando grande, mas ainda em um nível em que dá para reverter.”

A conversa na Antena 3 volta à comparação direta com Massa, que não usou todas as atualizações que a Ferrari levou à Índia. “Existe um campeonato, sem dúvida, porque Fernando tira a diferença com o braço”, conclui Gené, enquanto Brundle também chama a atenção para a distância entre os ferraristas. “Alonso está meio minuto na frente de seu competente companheiro Felipe Massa, que voltou a andar bem. É um piloto extraordinário. Gostaria de vê-los juntos, mas parece que Vettel é aquele que vai assumir o manto de Alonso.”

Essa é uma ideia que não passa pela cabeça dos espanhóis, que destacam como “Vettel conversa com o membro de sua equipe e Webber, seu companheiro, sentado ao lado de seu maior rival”, como observa Lobato. E Gené emenda: “estão todos os pilotos alinhados com Fernando”. Seja como for, os pontos estão cada vez mais a favor de Vettel. “Agora, não é só minimizar os danos. Temos de causá-los”, defende Lobato.

11 Comments

  1. E eu que achava que nós brasileiros é que fôssemos fanáticos demais, mas esses espanhóis ganham disparado, parecem que assitem a outra corrida!!!!

    • Pois é, e a gente ainda reclama da Globo.

      É ridículo os caras acharem que Alonso estava mais feliz do que Vettel e que os demais pilotos estão com Alonso. É muita ilusão desse povo!

      • Assistam corridas da época do Senna. O Galvão ficava sem voz de tanto berrar, principalmente em corridas boas. Não tem como não puxar sardinha, o cara é espanhol, eles são espanhóis.

        O problema da Globo é puxar sardinha pra pilotos que não são exatamente da melhor safra. Achar a corrida do Bruno Senna espetacular por passar o Maldonado (o Rosberg nem comento, ele tava a corrida inteira com ritmo inferior e só no fim o Senna passou ele) é meio demais. E acho que o Luis Roberto é até mais empolgado que o Galvão nessas coisas…

        • Sim, é verdade, basta ver como Luiz Roberto se animou quando Massa fez a melhor primeira parcial no Q3. O cara achou que Massa poderia lutar pela pole, mas desde os treinos anteriores estava claro que os melhores setores da Red Bull eram o 2º e 3º. Mas a Globo está bem mais comedida com isso, sejamos justos.

          Deve ser ser um saco para um estrangeiro assistir à essa transmissão espanhola. Para eles, a corrida só se resume ao Alonso. Esse Lobato beira o ridículo. Nem o Alonso deve agüentar o cara.

          E apesar de a Alemanha ter Vettel e a Inglaterra, Hamilton, tenho quase certeza que as transmissões desses dois países são bem mais comedidas e, por isso, apuradas.

  2. Ju, uma dúvida: em que momento do fim de semana é escolhida a relação de marchas?

    • Antes da classificação. É um grande desafio fazer isso de maneira apurada para características de classificação (carro leve, DRS à vontade) e corrida.

  3. O dose é o seguinte: o povo da globo demorou um século pra notar ou comentar as fagulhas do Vettel… o Burti é que teve que puxar o assunto, enquanto o Luis Roberto e o Reginaldo Leme ficavam fazendo contas de tempo de espaço entre os carros, ou pontos do campeonato, essas coisas…

    Fiquei curioso, Ju e pessoal, alguém sabe o que foram as fagulhas no carro, afinal de contas?

    • A versão oficial é de que a prancha presa ao assoalho se soltou.

    • Li uma versão de que apontava a que tinha travado no asoalho um resto de spoiler de outra carroça.

  4. Afe! Esses espanhóis são uns antipáticos narrando corrida! Cruzes.

  5. Tem uns pilotos que têm o dom do marketing. O Alonso é um deles. Grande piloto sem dúvida, mas sempre que faz algo é no talento, enquanto os outros é o carro. Agora sabe-se que se ele perder o mundial é por causa do carro da RBR que é superior, mas se ganhar será o milagre chamado Fernando Alonso. Como se o carro da Ferrari fosse ruim. A ferrari 2012 é muito é boa, senão ele não estava na disputa. Lembremos 2008 e 2009. Em 2008 ganhou duas corridas circunstanciais e em 2009 não ganhou nenhuma. Ali sim o carro era ruim. Milagre é uma corrida. Campeonato tem milagre não.


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