A Ferrari e, que diria, Max Chilton alcançaram marcas expressivas enquanto Sebastian Vettel fazia mais um de seus zerinhos após vencer a sétima seguida. Mas o que uma coisa tem a ver com a outra? A confiabilidade da Fórmula 1 atual, ajudada pelas restrições em pontos que geraram muita dor de cabeça no passado – câmbio e motor – liga a chuva de recordes de consistência que têm sido batidos e a implicância com comemorações como a do alemão.
E não falo dos comissários. Aliás, que fique claro: Vettel não foi repreendido e nem a Red Bull foi multada na Índia pela comemoração. E sim porque não levou o carro aos boxes, algo passível de ‘puxão de orelha’ para prevenir irregularidades. Isso explica por que ao repetir os zerinhos em Abu Dhabi, nada aconteceu porque estacionou o carro no parque fechado, como manda o figurino. Na verdade, esse tipo de comemoração só não é comum pela necessidade de motores e câmbio serem reutilizados. Então é de se duvidar que o tetracampeão continue com a moda na Austrália em março. Não tem nada a ver com regulamento.
Voltando aos recordistas da vez. A Ferrari chegou a 65 corridas seguidas nos pontos, superando a marca que a McLaren havia batido no início da temporada. A última vez em que o time italiano passou em branco com ambos os pilotos foi no GP da Grã-Bretanha de 2010. Isso significa que a maior sequência da história foi construída com os 10 primeiros pontuando, mas apenas em uma prova a Ferrari precisou de um nono posto para manter sua conta.
Porém, há pouco a comemorar pelos lados de Maranello, perdendo terreno para a Mercedes entre os construtores e com Fernando Alonso vivendo sua maior seca de vitórias desde que chegou ao time, sem vencer há 12 provas.
E Chilton? O inglês “devagar e sempre” bateu o recorde de Tiago Monteiro de corridas completadas no início da carreira. O português viu a bandeirada em suas 16 primeiras provas na F-1 e o piloto da Marussia o fez nas 17 provas disputadas até aqui. Mas isso não quer dizer muita coisa para quem também está próximo de bater o recorde de Narain Kartikeyan como o piloto que mais vezes terminou em último durante uma temporada: 11. O inglês está com 10 com dois GPs para o fim.
Quem gosta de estatísticas sabe que Vettel igualou os recordes de Alberto Ascari e Michael Schumacher ao vencer sete provas em sequência, ainda que a marca do italiano suba para nove se descontarmos a prova de Indianápolis, que contava para o campeonato mas não era disputada sob as regras da F-1 e não costumava contar com quem corria no restante do ano. Mas quem se lembra do acidente que impediu que o heptacampeão completasse incríveis 13 vitórias seguidas em 2004?
[youtube http://www.youtube.com/watch?v=s3EkIVmR9X8]
Vettel venceu pela 37ª vez na carreira e está a quatro triunfos de chegar no terceiro maior vencedor de todos os tempos, Ayrton Senna. Mas o alemão perdeu uma chance de se aproximar das 65 poles do brasileiro – tem 43 – ao ser superado por Mark Webber na classificação. O australiano se igualou a Jack Brabham como melhor piloto do país no quesito, com 13. Vettel também não ficou com a volta mais rápida, alento de Alonso no final de semana, que voltou a ficar em pé de igualdade com o alemão, com 21 na carreira.
Dois pilotos que atravessam um bom momento são Nico Rosberg – que agora tem mais voltas na frente do companheiro do que o inverso na temporada – e Romain Grosjean – que marcou metade de seus pontos nas últimas quatro corridas.
Seu companheiro, por sua vez, viveu um final de semana pra lá de atípico e teve seu primeiro abandono na primeira curva desde o GP dos Estados Unidos de 2006 – cortesia do mesmo “parceiro” de Schumacher na lambança de Mônaco, Juan Pablo Montoya. Também foi a primeira vez que o finlandês não completou uma prova desde Cingapura 2008 excluindo falhas mecânicas.
16 Comments
Mas excluindo falhas mecânicas vc exclui os abandonos dele na época de Mclaren, hehehehehe.
Vou ver o GP de Austin apenas pelo recorde do Xiutom.
Haha faltou dizer que foram 3 abandonos por falha mecânica de 2008 pra cá.
Valhe a pena um dos seus famosos gráficos de abandonos entre os pilotos, né… De 2009 pra cá, ano a ano (leitorzinho que dá trabalho pra vc é sacanagem, né, manda esse cara se ferrar, vai).
Escrever email e comentar ao mesmo tempo dá nisso. “Valhe”… E o Chavez dizendo: Ai que burro, dá zero pra ele.
Prefiro ainda errar aqui do que no email, huashuashuas.
Seria uma boa ocupação para o longo inverno que se aproxima…
Aliás, pode ir guardando as sugestões porque as pedirei quando a temporada acabar.
o/
Começando a fazer um “ideias pra ju.txt” para salvar ideias… hohohoho
Max Chilton é um grande piloto, rsrsr. Tem até muita gente que o usa como parâmetro para afirmar que Jules Bianchi é um baita piloto, como canso de ler por aí. . . A Ferrari é que está enrolando o francês, não sabe aproveitá-lo. A F 1 hoje tem várias lendas competindo. . . Enquanto isso, a turma que vence de verdade na GP 2 fica engarrafada e depois é descartada. Sábia F 1. E sábios patrocinadores.
aucam,
A Red Bull eh vendida em latas… a “turma” fica “enlatada” na GP2 😉
Julianne,
Agora que Hulkenberg está com um pé dentro da Lotus, faltando ao que parece só sacramentar, o que você sabe ou é verdade que ele e o Grosjean não se bicam, e que esse climão vem desde lá da GP 2?
Nunca ouvi nada sobre isso, Aucam. Onde você viu?
Li isso em algum site que não recordo mais, o que, se for verdade, requereria habilidade de Boullier na administração dos dois – Grosjean e Hulkenberg. Infelizmente não arquivei o link, não dei maior atenção na ocasião, pois era apenas o comecinho das mais loucas especulações desta silly season. Mas li isso, Julianne, razão pela qual busquei confirmar esse aspecto com você, agora que a transferência de Hulk para a Lotus parece estar muito bem encaminhada.
Ju,
No portal do Estadão tem uma matéria do Livio Oricchio falando sobre a Lotus e o tal grupo Quantum (publicada dia 05/11) em que ele fala de um desavença entre Hulkenberg e Maldonado.
Abraço.
Então a informação é de confiança. Dei uma pesquisada e os dois foram companheiros na Euroseries (e o Aucam vai gostar dessa, porque quem levou o título foi Grosjean) e não se bicavam na época, ainda que isso faça um bom tempo. Pelo pouquíssimo que os conheço de paddock me parecem água e vinho.
Ora veja! Só agora vi que havia mais comentários neste post e, hahahaha, é verdade, Julianne, porque, mesmo com todas as trapalhadas passadas do franco-suíço, acho Grosjean muito mais piloto que Hulkenberg. Tenho convicção de que num confronto direto na Lotus o alemão será suplantado, tanto na soma de grids de largada como de chegada, ao final do ano. É possível que eu tenha lido sobre essa desavença lá no Blog do Lívio Oricchio, que reputo um jornalista bem informado, com muita penetração e trânsito nos bastidores. Não consegui pesquisar lá pois não sou (nem me interessa ser) assinante do Estadão e, além das consultas serem limitadas nessa condição, eu estou com a minha cota grátis esgotada neste mês. Verei se consigo apurar algo lá no mês que vem. Mas o mal-estar sobre o qual li (não tenho certeza se no Blog do Lívio) era MESMO entre GROSJEAN e HULKENBERG, não com Maldonado, e a matéria era sobre a silly season e a provável composição das equipes em 2014.
Que a punição pro Vettel na Índia não havia sido pelos “zerinhos” todo mundo já sabia. Tanto que na hora que o Vettel fez e a turma da Globo começou a falar besteira(pra variar) eu sabia que não ia dar nada.
O que todo mundo(até o pessoal da Antena 3) reclamou é: “lei é lei, razoabilidade é razoabilidade”. O cara acabou de ser tetra-campeão legítimo. Quer que ele faça o que? Vá dormir? Quem tem que ir dormir(pra não dizer outra coisa) é quem fica puxando o “livrinho de regras” nessa hora.
Pessoas não são máquinas e emoções humanas podem(devem) ser relativizadas tanto diante de uma grande conquista como diante de um estrondoso fracasso. Se não deveriam mandar prender o Alonso por ter xingado o Petrov em Abu Dhabi-2010! Né?
É muito bacana ver um piloto fazendo algo diferente.
Eu até entendo que zerinhos em tempos de economizar motor e câmbio não é a melhor maneira de se comemorar uma vitória. Mas a FIA deveria permitir que o piloto empunhasse a bandeira de seu país, como fazia Senna, depois Prost e até Mansell. Era muito legal aquilo.
Certas comemorações marcam, como as bandeiras que Jorge Lorenzo fincava em cada pista que vencia na MotoGP simbolizando “terra de Lorenzo”.
Lembro-me de ver Gerhard Berger tirando o capacete na volta de comemoração ao vencer em Suzuka 1987. Havia 37 corridas que a Ferrari não vencia. Imagine isso nos dias de hoje?
Um abraço, Julianne!