Não é a toa que a empolgação para o GP de Miami já não é a mesma da estreia. Depois de 36 propostas de traçados diferentes, muito em função de brigas a respeito da liberação de vias públicas, a pista usando a área do estádio do Miami Dolphins deixou a desejar em suas primeiras edições.
O traçado tem dois trechos de aceleração máxima longos (não vou chamar de reta porque uma delas não é exatamente reta), misturados com algumas curvas de terceira marcha (a maioria agrupada no final do segundo setor).
AQUI OS HORÁRIOS DO GP DE MIAMI

Ao contrário do que se esperava, os organizadores mantiveram o mesmo traçado mesmo com as críticas iniciais. Mas a pista foi reasfaltada para 2023, eliminando as diferenças de aderência de um piso para o outro. No ano de estreia, uma das grandes reclamações dos pilotos foi pela falta de aderência fora do traçado. Isso limitou as ultrapassagens na corrida e, de fato, a situação melhorou bastante no segundo ano.
Outro ponto importante no GP de Miami é o calor. Mesmo com a prova sendo realizada no início de maio, os pilotos citam o calor úmido de Miami como a segunda pior condição climática que pegam no ano, atrás apenas de Singapura.
Como é o acerto do carro no Miami Autodrome
Os pneus são muito exigidos no começo e no final da volta, o que complica acertar a mão na classificação. E a comparação mais comum é com a pista de Albert Park, embora Miami seja mais rápida. Por conta disso, algumas equipes sentiram a necessidade de levar um pacote aerodinâmico especial, com uma asa de menor carga aerodinâmica.
Dá para entender o porquê dos pacotes especiais, já que os trechos de aceleração plena são bastante significativos. Mas isso também significa que a tração e o equilíbrio na freada são bastante importantes em Miami.
Dá para ultrapassar no GP de Miami?
Late on the brakes, and eight in his wake 🚀@Max33Verstappen powered through the field en route to victory!#MiamiGP #F1 @redbullracing pic.twitter.com/Bqeeqfo5CS
— Formula 1 (@F1) May 8, 2023
No papel, eram três os grandes pontos de ultrapassagem no circuito, na freada da curva 1, e principalmente nas curvas 11 e 17. São, também, três zonas de DRS, sendo que uma delas, na reta principal, é curta. E as três curvas que as precedem são lentas, o que costuma ser uma boa receita. Mas a estreia de Miami ficou mais com cara de “posição de pista é soberana” do que “vamos arriscar uma estratégia diferente porque dá para abrir caminho no meio do pelotão”.
Mas as ultrapassagens na F1 não dependem só da pista. Geralmente, corridas mais travadas em termos de estratégia geram menos ultrapassagens porque a possibilidade de carros com rendimentos diferentes se encontrarem na pista é menor. E, com a opção da gama média (C2, C3 e C4), é isso o que tem acontecido em Miami. O que salva é um SC.
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Ainda assim, o GP de Miami vem se solidificando como uma prova que tem mais ultrapassagens que a média: 52 ultrapassagens em 2022, 58 em 2023 e 41 em 2024. A primeira prova teve um Safety Car no final, que movimentou bem a prova. A segunda não teve uma bandeira amarela sequer, mas o grid estava mais embaralhado após a classificação. Em 2024, o SC voltou a aparecer.
Qual é a melhor estratégia no GP de Miami

O desgaste de pneus depende muito da temperatura da pista. E isso vai variar muito dependendo de quão nublado o céu estará. Miami em maio é um lugar bastante úmido, o que dá a sensação de muito calor. Mas muitas vezes o céu está encoberto. Para se ter uma ideia, na estreia, esperava-se um GP de duas paradas até que as nuvens e uma brisa apareceram no domingo e foi fácil terminar a prova com apenas um pit stop em 2022. O pneu duro funcionou muito bem, e o macio só apareceu entre os pilotos que aproveitaram o SC no final para atacar.
A história não foi diferente no segundo ano. Foi uma corrida de uma parada, mas com variação de estratégia tanto na escolha de quando pilotos com o mesmo composto fizeram a troca, quanto pela opção de vários largarem com o pneu duro. Foi essa, inclusive, a estratégia de Verstappen, que largava fora de posição.
Falando em céu encoberto, é de se esperar chuva em algum momento do dia, o que vai mudando o emborrachamento da pista. Miami é daqueles lugares em que pode chover forte, parar rápido, e secar mais rápido ainda.
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Outro ponto interessante é que a pista é bem estreita em alguns trechos, então as equipes fazem a estratégia pensando que há chances significativas de intervenções do SC ou períodos de VSC durante a corrida, além de bandeiras vermelhas na classificação. De fato, o final da prova de 2022 foi marcada justamente por períodos de Safety Car Virtual e total. Porém, na segunda edição, não houve uma bandeira amarela sequer! Em 2024, o SC voltou como protagonista da prova.
Como foi o GP de Miami em 2024
Lando Norris venceu o GP de Miami pela McLaren, 14 meses depois de começarem 2023 no fundo. O Safety Car ajudou, mas o ritmo de Norris foi impressionante, até mesmo para Max Verstappen.
O desempenho dos pneus foi inconsistente devido ao aumento da abrasividade do asfalto e do calor. Mas ainda assim pit stops foram motivados mais pela tática de corrida e posição de pista do que pelo desgaste dos pneus em si.
Norris largou em sexto, e ganhou posições conforme a corrida progredia. Seu ritmo com pneus médios usados foi mais rápido do que o de Verstappen, que também sofreu danos no carro depois que acertou um cone de borracha.
Um Safety Car permitiu que Norris economizasse tempo se visse na frente de Verstappen. Ele segurou o holandês para vencer sua primeira corrida na F1. A questão permanece se Norris teria vencido sem o Safety Car. Seu ritmo era forte, mas ultrapassar em Miami é difícil.
Outros resultados notáveis incluem as estratégias diferentes de Alonso e Ocon, largando com os pneus duros, e a pressão consistente de Tsunoda sobre Hamilton.
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