F1 GP de Mônaco por brasileiros, espanhóis e britânicos: “Essa chuva virou piada” - Julianne Cerasoli Skip to content

GP de Mônaco por brasileiros, espanhóis e britânicos: “Essa chuva virou piada”

Na estreia do novo esquema de transmissão da Globo, priorizando o material sempre diferenciado que o in loco proporciona, entrevistas ao vivo com Webber, Massa, Ecclestone e celebridades no apertado grid de Monte Carlo – ou “busão das 18h”, como bem comparou Luciano Burti. Tudo o que faz de Mônaco um GP diferente. E diferente nesta temporada significa que as alternativas seriam poucas naquela tarde.

Começando a transmissão da corrida para valer depois de cerca de uma hora de programa ao vivo, a Sky Sports destaca a “temporada maluca, com cinco vencedores diferentes, que estarão em um circuito em que tivemos cinco vencedores diferentes nos últimos cinco anos”. Na Globo, Galvão Bueno faz uma breve retrospectiva das corridas cheias de surpresas de 72, 82, 92 e 2002.

Para Reginaldo Leme, contudo, talvez tudo seja mais simples e sequer veremos um sexto vencedor diferente: “Se Nico pegar a ponta, a Mercedes está rendondinha.” Parte da crença que isso pode acontecer se dá, como salienta Antonio Lobato, na espanhola Antena 3, porque o pole “Webber sempre tem problemas com suas largadas.”

Antes mesmo da largada, os espanhóis estão preocupados com o que Vettel pode fazer de diferente com os pneus macios, fato ignorado por Galvão. “A vantagem para os demais é que isso vai nos dar mais informações porque, se os ponteiros pararem depois da volta 30, farão apenas um pit”, explica Marc Gené.

A atenção dos britânicos é mais com a possibilidade de protesto por uma inovação no carro da Red Bull, algo que é citado en passant pelos brasileiros e ignorado pelos espanhóis. “O grid está misturado, há essa questão técnica que pode mudar o resultado”, diz o narrador David Croft. “E ainda nem falamos da possibilidade de chuva”, completa Martin Brundle.

Na largada, os olhos logo se desviam de Webber, que contraria os prognósticos e mantém a ponta. “Grosjean espremeu o Schumacher, que tentava traçado diferente”, observa Reginaldo. “Foi a excelente largada de Michael que o colocou nessa posição. Ficaria surpreso se a suspensão estivesse inteira”, diz Brundle. Lobato, mais preocupado com Alonso – que “ganhou posições em todas as corridas até aqui na largada” – precisa do replay para ver que o toque do francês foi com o alemão. Ao seu lado, Jacobo Vega observa a boa largada de Vettel, motivo pelo qual, voltas depois, o comentarista e seus colegas não consideram que o alemão possa ser punido pelo atalho que pegou para evitar a Lotus.

Britânicos e espanhóis concordam que a primeira metade da prova será uma questão de economia de pneus. “Acho que todos mudaram o chip, não é hora de atacar”, observa Lobato. “Eles não querem forçar os pneus porque estão pesados e precisam alongar ao máximo até a primeira parada. Agora é questão de paciência”, completa Brundle.

Mas Felipe Massa parece que tem outros planos. “Estou gostando do ritmo e da vontade de Felipe”, ressalta Reginaldo. “Ele está com ritmo mais forte que Alonso, mas passar aqui é difícil.” Os britânicos observam o mesmo. “Parece que Alonso está segurando o Massa. Seria corajoso tentar dividir com ele a St. Devote, especialmente sendo seu companheiro, porque nesse caso tem que fazer o que ele quiser. Vai, Felipe, mostre que você está aí”, torce Brundle.

Croft chega a perguntar se chegara “a hora de haver uma ordem de equipe”, mas o comentarista acredita que não. “Ainda é a fase de economizar pneu.”

Poupar pneus não passa pela cabeça de Galvão, que pede uma ordem de equipe. “Podem falar que o Massa está mais rápido, como já falaram tantas vezes para o Felipe. Mas duvido que alguém tenha moral de dizer isso para o Alonso. A Ferrari não tem comando”, comenta, enquanto Massa diz ao engenheiro Rob Smedley que o companheiro está atrapalhando-o. O inglês diz que vai checar se o espanhol tem algum problema. Momentos depois, reaparece: “ele está poupando pneus e você deveria fazer o mesmo. Fique a um segundo dele, está bom, e se aproxime quando quiser.” A explicação de Gené é de que Alonso está lento para evitar a turbulência de Hamilton. “Porque isso faz o carro sair de frente e desgasta o pneu.”

Burti já havia colocado panos quentes na vontade de Galvão em ver uma inversão de posições, lembrando que “Alonso está na liderança do campeonato”. A discussão inexiste na Espanha que, inclusive, estava nos comerciais quando Massa se aproximava. Voltaram no momento em que o gráfico da FOM mostrada o bicampeão tirando a diferença em relação a Hamilton. “Será que Alonso, sabendo que tinha cobertura, estava guardando pneus mais que os outros? Ele estava segurando o ritmo o tempo todo, não?”, Brundle lança no ar.

A explicação na Globo é outra. “Quando os pneus se desgastam e a aderência cai, Alonso tem capacidade de continuar andando rápido”, diz Galvão. “Por isso queria que ultrapassagem do Massa fosse antes”, emenda Reginaldo. Croft tem uma terceira versão: “a temperatura baixou uns 3 ou 4ºC e as Ferrari ficaram mais rápidas.”

Com a lentidão de Raikkonen, se abre uma brecha para Rosberg ser o primeiro a parar, mesmo com a ameaça de chuva. “Os céus vão decidir se é uma grande manobra ou um erro. Isso vai colocar pressão na Red Bull”, acredita Brundle, referindo-se à necessidade de Webber reagir para evitar ser ultrapassado. “Podem ter jogado a corrida de Rosberg fora”, acredita Galvão.

Voltas depois, é a hora de Lobato se agitar. O trio espanhol acompanha os melhores setores de pista de Alonso, que logo vai para o box. Seus conterrâneos, no entanto, queriam que seguisse na pista. “Com o ritmo que tinha, o manteria na pista. Tinha muito pneu. E agora fica mais complicado fazer uma parada, porque são muitas voltas. Ele fez duas parciais de outra galáxia”, vê Gené, enquanto, para Reginaldo, Alonso passou porque “a parada da Ferrari foi a melhor da prova.”

A bronca de Lobato é outra: acha que vai chover, que todos erraram e que Vettel sairá ganhando. “Ele trocou os pneus antes do tempo e perdeu rendimento agora com os duros. Pode ter sido um erro absurdo e coletivo.”

Mas ninguém entendia muito bem o cenário nesta parte da prova, quando os pilotos que se livraram de seus pneus supermacios de quase 30 voltas e não melhoraram seus tempos logo de cara com os macios. “Estou confuso”, admite Brundle.

Os espanhóis temem Vettel em seu retorno após a parada e, aliviados pela chuva que não cai para beneficiar o alemão, passam a monitorar os tempos para garantir que Alonso não perderá a terceira colocação. O espanhol, inclusive, na visão de Lobato, só não se aproxima mais de Rosberg para “a exemplo da primeira parte, economizar pneu.”

A informação que o rádio da Mercedes passa ao alemão, de que Webber pode estar ajudando Vettel a abrir, só é levada mais a sério pelos britânicos, ainda que Brundle reconheça que é uma “wild guess”.

O alemão faz seu pit e rouba as posições de Massa e Hamilton que, para Croft, “perdeu seis décimos no pit e isso lhe custou duas posições”. Reginaldo e Galvão estão animados para o restante da corrida. “É uma luta direta pela ponta do campeonato, com Alonso com o pneu desgastado e macio e Vettel de supermacio”, diz o comentarista. “Vai dar canseira no Alonso. Conseguiu uma façanha o Vettel”, completa o narrador.

Para os espanhóis, nada vai mudar porque estão todos satisfeitos com o resultado. “À exceção de Hamilton, que perdeu duas posições.”

Mas a ameaça de chuva começava a virar alguns pingos. “Não é forte, mas é constante. Pista deve estar para pára-brisa”, descreve a repórter espanhola Nira Juanco. “Se chover, é pior para Webber, que chega primeiro nas curvas”, observa Gené.

O comentarista espanhol explica que os ponteiros só vão parar quando passarem a rodar 10s mais lentos do que os tempos normais com pista seca, mesma informação dada pelo repórter Ted Kravitz, na Sky. Mas as marcas caem apenas 4s. Para Lobato, tem piloto rezando para St. Devote para a água parar de cair.

Todos lamentam o abandono de Schumacher que, para Brundle, mostrou ritmo para vencer caso tivesse saído da pole. Para Galvão, “Schumacher disse: ‘chuva? Não quero, obrigado. Vou para casa’.”

Todos, também, estranham a decisão de Vergne fazer o pit stop quando estava em sétimo, ainda que Kravitz lembre que o francês teria que parar de qualquer maneira, pois tinha feito seu primeiro pit muito cedo. “Imagina se tomassem uma decisão dessas na ponta?”, questiona Lobato.

Os britânicos destacam o fato de Webber não ter liderado uma volta sequer no campeonato antes do GP de Mônaco, e os espanhóis consideram a Lotus como grande derrotada do final de semana. “Simpático e andando bem”, como resume Reginaldo, Webber se torna o primeiro australiano a vencer no Principado por duas vezes, enquanto Massa aparece reclamando da estratégia e ganha o apoio de Galvão Bueno. “Se ele parasse uma volta antes, voltaria em quarto”, e encerra a transmissão sem a correria habitual ao final do pódio. Tanto para o piloto, quanto para a emissora, demorou, mas que seja só o começo.

18 Comments

  1. O mais paradoxal veiculado pela Globo, foi a necessidade do fasther than you para Alonso, afinal, em um circuito travado, sem áreas de escape, além do espanhol estar na liderança do campeonato, me pareceram extremamente otimistas. Presumo que além de Alonso, Hamilton, Rosberg e Webber também atrapalharam o “bom” rítimo de Massa,… me poupem dupla global!!! O fato é que a tática agressiva, em uma pista sem pontos seguros de ultrapassagem, me pareceu equivocada! Poupar os pneus naquela hora, pareceu mais sábio, como comprovou Alonso. No calor da disputa, é difícil imaginar, mas que o rítimo mais lento de Webber cheira à tática, hehe, pode ser.

  2. OI Ju, depois depois de todos os gps, fico anciosa para ler ste poste,(o que ja é habitual para mim) simplismnte a-do-ro.sab, ja até gravei as corridas aqui em casa(moro na França) para transcrir e te nviar, mas nunca da tempo tenho dois filhos pequenos… quero aproveitar pra te parabenizar e t dizer qu este post m especial, me deixa feliz o final de semana inteiro!
    dsta vez, so nao entendi o “quanto para a emissora, demorou, mas que seja só o começo.” é que eu assisti na tv1 (estava na casa da minha sogra)no que “eles” melhoraram?
    bj bj bj pra vc!

    • Fico muito feliz em saber isso, de verdade! Mas transcrever tudo iria demorar umas 6h, ia ser uma loucura! Fique à vontade para comentar sobre como os momentos que eu aponto aqui foram vistos pelos franceses, seria uma contribuição muito legal.

      Queria pelo menos adicionar a transmissão italiana para o post, mas infelizmente me falta tempo. Veremos o que consigo no futuro.

      Sobre sua dúvida: a partir do GP de Mônaco, a Globo começa a transmissão uns 20min antes e termina um pouco depois (ultimamente, eles nem estavam mostrando toda a cerimônia do pódio direito). Agora, narrador, comentaristas e um repórter vão a todas as etapas (o que não acontecia há um bom tempo), com direito a câmera na cabine e no grid. Ou seja, a cobertura in loco sendo usada como diferencial.

      • Super! 20 minutos muito legal! ganham os telespectadores!
        Obrigada por ter respondido, e um abraçao!
        Amo seu blog!

  3. Muito bom post, como sempre.

  4. JU,o que vc achou do ritmo do Schumacher na corrida,caso ele largasse na pole teria ritmo para vencer ?

    • Sim, teria ritmo para vencer da pole mas, como a Mercedes afirmou que o problema técnico dele nada teve a ver com o toque na largada, não venceria justamente por isso. Na verdade, acredito que qualquer um (pelo menos) dos quatro primeiros, se tivessem largado na pole, teriam ritmo para vencer. Não foi uma corrida de ritmo, mas sim de economia de pneus.

      • O final da sua resposta, me levou a outra, pois muitos que não acham legal os Pirelli, diriam: putz, os pneus, mas daí pensei: mesmo se andando mais “forte”, como aconteceu com Massa, nada adiantaria, sem correr o risco de jogar a corrida fora pela falta de espaço, além da pista, e nesse caso o principal motivo, forçaram o menor rítimo, afinal, do que adianta forçar mais, parar mais e consequentemente ficar preso no tráfego, sem ter como ultrapassar por erro ou facilitação do concorrente? Nesse caso, a pista que não é um Tilkodrómo, jogou contra a disputa. O ideal, penso, até mesmo do que a durabilidade dos pneus, seria o termíno da obrigatoriedade da utilização dos dois compostos.

        • Acho que o segredo desse campeonato é dançar conforme a música, compreender que o desafio muda a cada prova.

  5. Ju,o Felipe Massa demostrou um ótimo ritmo no gp de monaco
    o que contribuiu para essa ótima pilotagem dele ?
    com um bom carro ele andaria junto ao alonso ?

  6. Outra questão, Ju, sobre a “falta” de velocidade imposta pelos Pirelli, é a comparação errada com a época dos Bridgestone/Michellin, afinal além do menor peso dos carros (pois havia o reabastecimento), havia ainda uma pressão aerodinâmica absurda, derivada dos apêndices aerodinâmicos, controle de tração, enfim, um carro ainda mais grudado do que hoje. Fica a dúvida: os Bridgestone/ Michellan durariam tanto se tivessem a menor pressão aerodinâmica de hoje, além dos tanques cheios até na boca? Sem controle de tração? Daria para forçar tanto os pneus desde o inìcio, como os anti-Pirelli desejam, para terminar uma corrida sem paradas? Na base du chutômetro, desconfio dessa durabilidade toda. Penso que os Pirelli deixaram as corridas mais técnicas, cobrando mais do piloto.

    • Sempre temos de lembrar que o pneu Pirelli é assim devido a uma determinação da própria FIA. Não é que eles não conseguem fazer pneus melhores. Foi pedido a eles que os pneus se tornassem um desafio e eles atenderam ao pedido.

      “Penso que os Pirelli deixaram as corridas mais técnicas, cobrando mais do piloto.”
      Eu acredito que eles mudaram o tipo de exigência. Como sempre, ganham os mais adaptáveis.

      • como disse Darwim
        Quem sobrevive não é o mais forte ou o mais inteligente e sim quem melhor se adapta as mudanças.
        Charle Darwim,qualidade que o Alonso tem de sobra.

        • Kkkkk, Beto, Darwin explica: “piloto camaleão”, kkkkkk

          • verdade wagner kkkkkkkkkkkkkkk

  7. Ju,sei que essa pergunta é um pouco sem cabimento
    se o Ayrton Senna competisse na F1 nessas regras atuais de pneus na sua opinião baseado no seu estilo de pilotagem,vc acha que ele conseguiria ser rápido ou ficaria um pouco limitado aos pneus e não conseguiria ser extremamente rápido ?

    só gostaria de saber a sua opinião.

    • Insisto que o grande piloto é grande basicamente porque se adapta. Um exemplo disso é o que líder do Mundial com os pneus mais sensíveis de hoje é o mesmo que foi campeão quando a regra previa o uso de um jogo de pneus para classificação e corrida.
      Além disso, na época de Senna, havia uma grande necessidade de poupar equipamento, não se pode dizer que eles forçavam o tempo todo. Aí estão os três títulos (93 foi uma condição diferente) do professor Prost para comprovar isso.


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