F1 GP de São Paulo: A primeira vitória de Russell e da Mercedes em 2022 - Julianne Cerasoli Skip to content

GP de São Paulo: A primeira vitória de Russell e da Mercedes em 2022

Depois de desperdiçar o que parecia ter sido a oportunidade do ano para não passar a temporada 2022 zerada, a Mercedes não só voltou a vencer, como fez a dobradinha no GP de São Paulo. Parte da história da primeira vitória de Russell na Fórmula 1 passa, é claro, pela evolução do W13, que fez com que coubesse a eles, e não à Ferrari, aproveitar a oportunidade em um final de semana infeliz da Red Bull em diversas áreas.

É preciso voltar cinco meses no tempo, para o GP da Áustria, para lembrar da última vez em que os campeões por antecipação tiveram tantas dificuldades em equilibrar o carro como em Interlagos. Foi o mesmo tipo de situação: se a frente funcionava, a traseira não respondia, e principalmente o contrário. E principalmente quando a pista estava mais fria.

Com os horários do fim de semana de sprint em São Paulo, e as tardes nubladas da sexta e do domingo, isso significou que Max Verstappen e Sergio Perez sofreram justamente quando mais importava. A equipe falhou ainda na estratégia dos pneus de ambos os pilotos. E, para completar, a negativa do holandês em ajudar o companheiro escancarou uma ferida aberta há meses.

A pole surpresa de Kevin Magnussen

No único treino livre antes de os carros entrarem em regime fechado, Verstappen já reclamava do que só pioraria com as temperaturas mais baixas mais tarde: “O carro não tem frente”. Ele tentava virar, e a frente teimava em não responder. Mesmo assim, em uma classificação confusa, com a chuva chegando no meio do Q3, em que valeu mais o posicionamento de cada um na pista na única tentativa da parte final, ele largaria em segundo no grid, atrás apenas da surpresa Kevin Magnussen.

O dinamarquês acabou se aproveitando do fato da Haas estar teoricamente na pior posição no pitlane, em último no Brasil, e foi o primeiro a ser liberado para a pista no Q3. Com isso, foi quem pegou menos chuva.

Imaginando que a Haas seria presa fácil e baseados na simulação de que o pneu macio sofreria no final da sprint, a Red Bull colocou médios em Verstappen. Sua missão era sobreviver nas 12 primeiras voltas e aproveitar a vantagem na segunda parte da prova. Mas a equipe estava se baseando em informações erradas. O macio aguentou bem as 24 voltas e as temperaturas mais baixas não interagiram bem com os médios. 

No final Verstappen acabou superado por George Russell, Carlos Sainz e Lewis Hamilton, vindo de trás após estar mal posicionado na classificação e largar em oitavo. Com a punição a Sainz pela troca do motor, a primeira fila da Mercedes estava garantida para o domingo.

Quem quisesse ganhar precisava ter pneus macios

Ter dois jogos de pneus macios foi importante para a primeira vitória de Russell

Com a clareza de que a estratégia deveria priorizar os macios, os alemães temiam que o jogo extra de macios de Verstappen pudesse fazer a diferença na corrida, já que eles iriam para a prova com um jogo zerado e outro com 3 voltas. Mas isso logo acabou quando Verstappen insistiu em uma manobra na segunda perna do S do Senna quando era Hamilton quem tinha o carro à frente na tangente, os dois colidiram e o holandês saiu com um bico quebrado e uma punição de 5s. Com danos no carro, desperdiçando seu jogo de macios novo, e indo parar no fim do pelotão, ele estava fora da luta pela vitória.

Charles Leclerc, que teve a classificação arruinada pela decisão da Ferrari de soltá-lo à pista com pneus intermediários antes da chuva, vinha tentando se recuperar quando se encontrou com Lando Norris, e também teve de trocar o bico. Tendo de parar uma vez a mais que os rivais, ele também já não tinha esperanças de vitória.

Quem demonstrou ritmo para aproveitar a brecha dada pela Red Bull foi Sainz, que foi abrindo caminho no meio do pelotão, entre ultrapassagens e posições herdadas, e já era terceiro na nona volta. Porém, uma sobreviseira entrou no seu duto de freio e ele teve de antecipar sua parada. Era outro que teria de fazer três visitas aos boxes no GP de São Paulo.

Enquanto isso acontecia, Hamilton ia se recuperando. Ele caiu para oitavo após o toque com Verstappen e, na volta 15, era o quarto. Tinha perdido pouco menos de 10s em relação ao líder Russell, e cerca de 8s para Perez. Quando Sainz saiu do caminho após sua parada prematura, ele foi à caça do mexicano.

A falha da Red Bull

A Red Bull escolheu o único jogo de pneus macios que tinha para começar a corrida com o mexicano, correndo o risco de usar o médio justamente quando a temperatura ia abaixando à tarde. Ele já estaria em desvantagem de qualquer maneira, já que estaria obrigado a usar o médio duas vezes, contra uma das duas Mercedes.

Mas a briga de Hamilton não era com Perez. Ele queria vencer a corrida. Para ter qualquer chance, era necessário criar um tyre offset, ou seja, ir estendendo seus stints para chegar no final com pneus bem mais novos que Russell. Isso lhe daria a chance de usar usa velocidade de reta maior, vinda de uma configuração com menos asa traseira, para passar o companheiro na pista.

Hamilton ficou com os macios até a volta 29, ganhando cinco voltas em relação a Russell, que foi chamado aos boxes para se proteger de uma tentativa de undercut da Red Bull com Perez. Neste segundo stint, o inglês era o mais rápido da pista, tirou 10s de desvantagem e passou Perez em menos de 15 voltas.

Com Perez tendo apenas um jogo de médios para a parte final da prova e a Mercedes já em primeiro e segundo e com os macios, era uma questão de saber qual dos W13 cruzaria na frente.

O plano de estender os stints de Hamilton acabou não dando certo porque a equipe teve de defender outra tentativa de undercut da Red Bull, na volta 47. Hamilton e Russell iriam para as últimas 21 voltas com pneus praticamente idênticos e divididos por 8s. A primeira vitória estava nas mãos de George.

Estava tudo encaminhado para a primeira vitória de Russell quando…

Mas Interlagos é Interlagos e um Safety Car causado por Lando Norris juntaria todo o pelotão. “Típico”, pensou Russell, lembrando seu histórico de azares. Pior ainda para Perez, exposto em um mar de pneus macios. O período de Safety Car foi longo porque uma peculiaridade do sistema e da pista apontou que Tsunoda estava na volta do líder nos computadores embora estivesse uma volta atrás, o que fez com que ele tivesse que aguardar o pelotão de maneira perigosa na relargarda.

Perez gostaria que a confusão até tivesse demorado mais tempo, já que foi ultrapassado por Sainz, Leclerc (que voltou à prova com o SC), Alonso e Verstappen, com a promessa de que o holandês devolveria a posição caso não conseguisse tirar pontos do espanhol. Isso não aconteceu e Max não devolveu, explicando depois que já tinha deixado claro à equipe que não estava disposto a ajudar Perez “por algo que aconteceu mais cedo na temporada”. Seria a classificação de Mônaco, que os Verstappen nunca engoliram.

Perez, sétimo, não era o único infeliz com seu companheiro ou com a equipe. Leclerc também pediu para a Ferrari inverter posições e cruzou atrás de Sainz, em quarto. E Vettel viveu situação semelhante à do mexicano, deixando Stroll passar para ele atacar o nono colocado Bottas, mas ficando sem pontos mesmo que o canadense não tenha passado do décimo lugar.

A recuperação de Alonso

Alonso foi um dos nomes de mais uma tarde movimentada em Interlagos. Ele largou em 17º depois de se tocar com o companheiro Esteban Ocon duas vezes em plena sprint. Para a equipe, inclusive, a segunda foi de propósito. Mas o espanhol se redimiu no domingo. Sua tática foi usar os jogos de médios que tinha o menor tempo possível, podendo forçar ao máximo. Com isso, fez três paradas e três stints no pneu amarelo, mas conseguiu correr sem trânsito por bastante tempo, fazendo seu próprio ritmo. Fora de sincronia com as paradas dos rivais, ele mal apareceu na transmissão até surgir em quinto quando a maioria tinha feito a segunda e última parada. 

Ele ainda teria mais uma pela frente, que teve a sorte de fazer durante o Safety Car. Caiu para nono e foi escalando o pelotão com um jogo novo de macios e terminou em quinto.

Na frente, Russell acabou não sendo pressionado por Hamilton, ao contrário do que imaginava. Os dois estavam andando bem, com pneus de idades semelhantes, e foram separados por cerca de 1s até cruzar a linha de chegada para o que pode ser a única vitória da Mercedes em 2022.

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