A Fórmula 1 abre a temporada no mesmo circuito em que as equipes testam atualmente. O palco do GP do Bahrein é famoso pela alta abrasividade do asfalto e desgaste dos pneus traseiros por superaquecimento.
O desgaste de pneus é um problema tão grande no Bahrein que as equipes até fazem com que os carros fiquem dianteiros na classificação para evitar desgaste do pneu traseiro na corrida. Esse é um dos motivos que fazem com que o resultado da primeira prova não seja tão representativo para determinar o que vai acontecer no restante do ano quanto gostaríamos.
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É um circuito de tração, ou seja, em que, para ser rápido, é preciso sair bem das curvas para aproveitar as longas retas dos setores 1 e 2. Os ventos costumam trazer areia para a pista, comprometendo a evolução do asfalto e também gerando um desafio para os pneus, pois os grãos comprometem ainda mais a aderência.
Como é o melhor acerto para o GP do Bahrein
A pista é formada por retas longas e freadas fortes seguidas de curvas de baixa e média velocidades. Então, as equipes buscam um meio termo para o acerto. Se colocarem muita asa, são lentos na reta, e se colocarem pouca asa, o carro fica nervoso nas freadas.
O trecho mais complicado é a curva 10, onde costumamos ver os pilotos fritando os pneus. Isso acontece porque é uma curva com trajetória fechada, em uma descida e uma inclinação para o lado de fora. Para piorar, a entrada da curva é cega.
Outro ponto importante é o fato de apenas o segundo treino livre ser disputado ao entardecer. Ou seja, com a temperatura da pista caindo rapidamente, mais próxima às condições da classificação e na corrida. E, mesmo à noite, o desgaste é muito alto.
As dificuldades não param por aí. Quem está disputando as primeiras posições precisa fazer o pneu funcionar bem em uma volta lançada no final do Q3, já com a pista bem mais fria. Mas também tem de cuidar para que eles não estejam com carga demais, pois isso vai prejudicar a primeira parte da corrida, com a pista mais quente e o tanque mais cheio.
Ultrapassagens no GP do Bahrein
É relativamente fácil ultrapassar no Bahrein, o que abre as opções de estratégia. A pista é a quinta com maior média de ultrapassagens do campeonato. Nos primeiros anos do regulamento de 2022, contudo, isso não se refletiu na corrida. O número de manobras ficou estável (76) mesmo com as novas regras na corrida inaugural e foi muito mais baixo (37) em 2023, lembrando que as novas regras geraram um aumento de 30% na quantidade total de ultrapassagens logo no ano de estreia.
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Os melhores pontos de ultrapassagem são a curva 1 e a curva 4, depois de longas retas. Mas é preciso respeitar os limites de pista, como Max Verstappen descobriu em 2021. O Bahrein é daquelas pistas em que a área de escape não pune os pilotos. Por isso, cabe à FIA policiar eletronicamente os limites de pista.
Mas tem quem seja mais criativo:
Qual é a melhor estratégia no GP do Bahrein
O Bahrein é uma das pistas em que mais vemos estratégias diferentes terem resultados parecidos. Isso porque quem opta por fazer mais paradas tem menos chance do que em outros circuitos de ficar preso atrás de carros mais lentos. E quem tenta fazer só uma parada tem de cuidar muito dos pneus.
Também é comum vermos dois pilotos fazendo o mesmo número de paradas, mas usando compostos diferentes ao longo da prova, deixando a briga para a pista nos momentos finais. Então não é incomum termos ao mesmo tempo um GP tático e com ultrapassagens.
As áreas de escape generosas fazem com que o número de Safety Cars seja relativamente baixo, então isso não está no centro da preocupação dos estrategistas. E, como vimos em outros anos, muitos pilotos começam o GP sem uma tática fechada, esperando o ritmo e degradação do primeiro stint. Até porque o tempo de pista que eles têm com as condições em que ela estará na corrida é curto.
Como foi em 2023
O GP do Bahrein costuma ser vencido por quem cuida melhor de seus pneus. E se cuidar bem de seus pneus é sua grande vantagem, aí a vitória toma ares de lavada, como a que vimos Max Verstappen e a Red Bull darem em seus rivais na primeira corrida do ano da Fórmula 1 em 2023.
Prova dessa vantagem foi o fato de o bicampeão e seu companheiro Sergio Perez terem usado por duas vezes o composto macio. Isso não só era impensável para Ferrari, Aston Martin e Mercedes por conta do desgaste, como também exacerbou a vantagem da Red Bull, pois possibilitou que eles ficassem mais tempo com o composto mais veloz.
Perez a posição para Charles Leclerc nos primeiros metros, e aí suas chances de vitória acabaram. Isso porque ele não poderia trabalhar os pneus da maneira que Verstappen fazia na ponta. E Leclerc não podia ficar muito tempo ali, com um carro que destruía os pneus. Para chegar na velocidade de reta da Red Bull, a Ferrari comprometeu sua pressão aerodinâmica.
Leclerc teria problemas em seu motor, deixando o terceiro lugar no pódio para Fernando Alonso, que fez várias ultrapassagens e usou o cuidado da Aston com os pneus traseiros para ter um resultado impensável quando ele assumiu o lugar de Sebastian Vettel no time meses antes.
4 Comments
Ótimas informações, como sempre! Você até botou no texto que o macio é o C4, mas se puder põe as classes de compostos no Raio-X técnico. Bom trabalho nesta temporada!
tomara tenhamos emoções que bom seria mais fabricantes de pneus
“[…]GP do Bahrein é famoso pela alta abrasividade do asfalto, que pune especialmente os pneus traseiros.”
“A pista do Bahrein também é front-limited, ou seja, em que geralmente os pneus dianteiros acabam antes que os traseiros”
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