F1 GP do Bahrein por brasileiros, britânicos e espanhóis: “Os pilotos nunca erram” - Julianne Cerasoli Skip to content

GP do Bahrein por brasileiros, britânicos e espanhóis: “Os pilotos nunca erram”

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A movimentação do GP do Bahrein começou antes mesmo da largada. “Quebra de motor! Que surpresa!”, exclama o narrador da Movistar espanhola, Josep Luís Merlos, ao ver a fumaça branca na traseira da Ferrari de Sebastian Vettel. “Aparece novamente o fantasma da falta de confiabilidade do motor da Ferrari, lembrando do problema do turbo de Raikkonen na Austrália.” Todos lamentam a saída prematura de um dos possíveis destaques da prova, e Galvão Bueno aproveita para salientar que é uma “vantagem para Massa, que vai ter mais espaço livre pela frente.”

De fato, o brasileiro pula de sétimo para segundo em uma largada, mais uma vez, decisiva para dar emoção à prova. “Quem é que vai se tocar?”, pergunta o brasileiro na Globo. “Massa escapou limpo e Hamilton bateu, ficou pra trás de novo. Parece que estávamos adivinhando que aquele espaço ia ajudar o Massa.” Merlos chega a se atrapalhar, acreditando que o toque de Hamilton foi com o companheiro Rosberg, mas é ajudado por Pedro de la Rosa. “É o Bottas.” No replay, o espanhol volta atrás e diz que o finlandês “foi até a cozinha” antes de frear.

Na primeira corrida ao vivo transmitida pelo Channel 4 na Grã-Bretanha, David Coulthard salienta que “mais uma vez o novo sistema pegou Hamilton de surpresa” na largada. Sobre o toque, o escocês lembra a famosa teoria de Ayrton Senna e julga que “foi o erro do Bottas, mas o Hamilton parecia que tinha deixado a porta aberta e, se você não aproveitar um espaço, não é mais um piloto.” No Brasil, Galvão diz que não há dúvidas sobre uma possível punição ao finlandês porque “ele deu no meio do carro do Hamilton” e ganha o apoio de Luciano Burti.

O que chama a atenção de todos é como a corrida começa pegada. Ou “danada”, como define Galvão. “É como o primeiro dia de escola. Eles estão cometendo erros que seriam mais normais em Melbourne”, diz Coulthard. Um destes erros foi de Sergio Perez, que furou o pneu de Carlos Sainz e acabou com a corrida do único espanhol na pista. Como o piloto foi o primeiro a colocar os pneus médios devido ao toque, De la Rosa brinca: “Se pudéssemos pedir algo para os reis magos, seria um SC.”

Falando em pneus, inicialmente a tática da Williams de duas paradas, priorizando os pneus médios, é bem vista. “Se ele conseguir fazer duas paradas, está bom para o Massa”, avalia Galvão. “A Williams vai para o pódio com essa estratégia”, crava o comentarista espanhol Joan Villadelprat.

image21.img.640.mediumO rendimento de Hamilton mesmo com o assoalho batendo no chão, claramente indicando que há sérios danos no carro, impressiona. “É incrível o Hamilton porque está faltando metade do carro depois da batida da primeira curva. Daqui a pouco vai faltar três quartos do carro porque vai caindo pelo caminho”, brinca De la Rosa. “O que acontece é que meio Mercedes é um carro e meio de outras equipes”, resume Merlos. “Falta muito, mas Hamilton ainda está bem o bastante para ficar em segundo”, aposta Coulthard, enquanto Susie Wolff aparece na transmissão para informar que “ele tem danos na asa dianteira e no assoalho, mas a equipe acredita que ele vai conseguir terminar a prova.” Com peças se soltando nas primeiras voltas, espanhóis e britânicos chegam a cogitar que o inglês receba a bandeira preta e laranja, obrigando a reparar o carro nos boxes.

Quando o inglês faz a primeira parada, é sua estratégia que chama a atenção: ao contrário de Rosberg e Raikkonen, que trocam os supermacios pelos macios, ele opta pelos médios. “Eles estão com pneus diferentes, vai ser divertido. Hamilton vai tentar fazer um stint longo no meio da corrida”, analisa o narrador britânico Ben Edwards. Nesse momento da prova, a transmissão do país foca em uma disputa direta entre Hamilton e Rosberg, tirando completamente as Williams e até Raikkonen da briga. Já os espanhóis veem o inglês armando o bote para superar a Ferrari. “Hamilton precisa assegurar o pódio. Como? Com uma estratégia diferente de Raikkonen. Ele pode alargar ao máximo o segundo stint”, explica De la Rosa.

Ao mesmo tempo, vendo a queda de rendimento de Massa com os pneus médios, os brasileiros começam a questionar a estratégia da Williams. “Será que valia a pena ter feito isso?”, indaga Galvão. “No momento, parece que não”, responde Burti. “Precisa ver vai compensar os 20 e poucos segundos que ele ganha parando uma vez a menos. Mesmo que o pneu seja médio, o desempenho é abaixo do esperado.”

Um dos pilotos que supera o brasileiro é Romain Grosjean, impressionando com a Haas – ainda que alvo de certa desconfiança. “Americano não costuma brincar não. Tão botando um caminhão de dinheiro”, diz Galvão, enquanto Burti faz questão de lembrar que “esse carro é 75% Ferrari”.

Merlos é mais ácido. “Esse Ferrari disfarçado está indo muito bem!” E Villadelprat demonstra sua insatisfação. “Não vou criticar, mas não é justo com os outros construtores.” O narrador diz entender a posição do comentarista, mas pergunta: “O que você prefere? Um grid com 15 carros?”. De la Rosa encerra a discussão contando uma história. “O que me surpreende é que na Hispania, com toda nossa humildade, tentamos usar superfícies aerodinâmicas da McLaren da temporada anterior e não deixaram. O que me estranha é eles terem conseguido. Eu apoio equipes clientes, desde que valha para todo mundo.”

É justamente o rendimento do francês que começa a fazer os comentaristas mudarem de opinião sobre as estratégias de Massa e Hamilton. Na volta 27, De la Rosa diz que “à medida que a temperatura está baixando, o supermacio está funcionando melhor e o Grosjean está mostrando isso. Está sendo melhor do que o esperado.” E Coulthard concorda. “Talvez o pneu médio não esteja funcionando como era esperado. Isso deve mudar a visão das equipes.”

Até Galvão já não está tão otimista com a tática de Massa. “Começa a dar certo a estratégia. Estamos falando de um quarto, quinto lugar. No máximo um pódio. É importante que se diga qual é a expectativa para não falarem que estamos dando justificativas. Porque a Williams vem de dois anos sendo a terceira força e esse continua sendo o objetivo.”

De fato, Hamilton muda a tática e volta para as três paradas, colocando os pneus supermacios, enquanto a Williams insiste com os médios. “É muito arriscado”, diz De la Rosa sobre a Mercedes, ainda duvidando que o pneu vermelho é o melhor. Edwards, contudo, não concorda. “É o Grosjean que está dando essa segurança para o pitwall”, observa o inglês.

Com os ponteiros na mesma tática e o erro da Williams – “defensiva” nas palavras de Coulthard – cada vez mais claros, as transmissões perdem um pouco o fôlego. Na Globo, o foco é nos erros dos gráficos da TV – algo, aliás, bastante recorrente nesta temporada. “Hoje nós estamos dando um show no computador, estamos prestando atenção nas cores dos pneus. O computador tá errando uma barbaridade”, comemora Galvão, enquanto Coulthard desiste de explicar a degradação termal porque “é muito difícil para um escocês pronunciar essas palavras”. Mas uma coisa é fato, como destaca Galvão: “Não sei de quem foi essa ideia de liberar três compostos, mas isso mudou a F-1. Tá bonito!”

RG-at-finish-154“É fantástico”, concorda De la Rosa. “Vamos para a Austrália e falam que o médio não vai funcionar. E ele vence a corrida. No Bahrein, falam que o melhor é o médio. E o supermacio ganha na hora H. Não pode ter um plano, precisa ir adaptando ao ver o que acontece na corrida.”

Algo, aliás, que a Williams não fez, como destaca Burti em suas considerações finais, depois que Rosberg vence, com Raikkonen em segundo, Hamilton em terceiro e Massa apenas em oitavo. “ A equipe errou em não ter mudado a estratégia do Felipe no meio da corrida”, em um tipo de erro classificado como “clássico” do time inglês por Merlos. “Com certeza a WIlliams vai ficar muito decepcionada por ter terminado atrás das duas Red Bull e a Toro Rosso”, diz Edwards. Por outro lado, lembra Villadelprat, “a Haas viu de longe, eles vieram preparados. E esse é o mérito.”

Além da boa fase de Rosberg – ou “o Rosberg mais maduro que já vimos”, como define Merlos – as corridas de Grosjean, do estreante Vandoorne, Kvyat e Wehrlein também são destacadas. “Se houve erros hoje, foram de estratégia”, diz Merlos. “Isso é claro. Vocês sabem que nós pilotos nunca erramos”, concorda De la Rosa. Villadelprat, ex-engenheiro, entra na conversa: “Por isso os pagamos.” E o ex-piloto devolve: “E quanto mais nos pagam, menos erramos.”

3 Comments

  1. Legal que nas transmissões ninguém tinha ideia da melhor estratégia. Pelo menos o começo de temporada fica menos previsível, dentro do possível.
    A única unanimidade é que a Willians, quase sempre, erra nas estratégias. Acho que só eles ainda não perceberam.

  2. Amo esse post das transmissões, obg JULIANNE ele mostra um lado de cada TRANSMISSÃO, lewis quando trocou os medios e estava com o mesmo pneu de raikkonen, os tempos era parecido devido os danos no carro, por 5 voltas num caiu nem 3s, ali ja sabia, vai ser 3 pq num dar pra tirar essa diferença quando começou a virar no mesmo ritmo de kimi, a red bull deu um show de estrategia tb, kvyat saiu de 15 pra 7 numa corrida q so teve dos ponteiros uma quebra (vettel)e o sainz do pilotão do meio.
    Bela corrida faltou disputa na frente mas do 5 ate o 14 foi brigas grandes.
    Vandornne ja deu as caras e tera q ter um lugar em 2017, talvez na ferrari se a mclarem bobiar.

  3. Isso mostra o lado humano das corridas. Com tanta tecnologia, dados esmiuçados, é importante mostrar que as decisões e o feeling no decorrer das provas ainda podem fazer a diferença.

    A Williams fez mudanças radicais para ser a terceira força e está sendo conservadora demais para tentar se manter assim. Acredito que eles entender o tempo de mudar a estratégia quando a corrida não está favorável.

    Quanto a Haas, ela pode ser 75% Ferrari, mas ela ainda surge como franco-atirador. Ela deve arriscar. Acho que ela será o começo de uma revolução na categoria. Espero que a Sauber se espelhe nela e possa encontrar um caminho saudável para continuar na F1.


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