Coroado como o sétimo vencedor diferente do ano – lembrando que o recorde histórico é de nove –, Lewis Hamilton já pode se considerar um habitué do primeiro lugar no GP do Canadá. O inglês tem uma curiosa sequência no circuito Gilles Villeneuve: quando não vence (2007, 2010 e 2012), abandona (2008 e 2011). E mais, ou ganha em grande estilo ou termina a corrida com batidas bizarras, como com Button no início do GP do ano passado e, principalmente, após encher a traseira de Raikkonen na saída do pit em 2008.
Mas os maus momentos devem ficar para o ano que vem, se a sequência se mantiver. Em 2012, Hamilton conquistou sua 18ª vitória da carreira, igualando-se justamente com Raikkonen no 14º lugar da lista dos maiores vencedores da história. Isso, em sua 97ª largada pela McLaren, que o fez superar Ayrton Senna. Apenas Coulthard, Hakkinen e Prost disputaram mais provas pelo time de Woking.
O campeão de 2008 é o único a repetir uma posição no pódio em 2012. Sim, além de sete vencedores, tivemos sete pilotos diferentes ocupando o segundo lugar e cinco no terceiro posto. Isso explica por que alguém como Sebastian Vettel, com dois pódios na temporada, figura a três pontos do líder do Mundial, por exemplo. O alemão, inclusive, igualou Nigel Mansell no quinto lugar da história entre os pilotos que mais largaram em 1º.
Alonso ameaça marca de Schumi
Enquanto o ano do atual bicampeão engrena, o de seu compatriota Michael Schumacher vai ladeira abaixo. O heptacampeão vive seu pior início de temporada da história e já sofreu tantos problemas técnicos (quatro) quanto nas 87 corridas entre 2001 e 2005. Naqueles tempos áureos da Ferrari, Schumacher teve duas quebras em 2001 e duas em 2005. No mesmo período, seu então companheiro Rubens Barrichello teve nove quebras. Se computarmos os dois anos e sete GPs em que dividiu a equipe com Nico Rosberg, vemos 7 a 1 nas falhas mecânicas e 5 a 3 nos abandonos por acidentes.
Na época de Ferrari, Schumacher estabeleceu um recorde de 24 corridas seguidas nos pontos – da Hungria 2001 à Malásia 2003. Esta marca pode ser batida por Fernando Alonso no GP da Itália deste ano: o espanhol completou, no Canadá, 19 corridas nos pontos (sendo que apenas duas delas fora do top 5), mesmo número que Vettel teve entre os GPs do Brasil de 2010 e da Índia em 2011. Desde que chegou a Maranello, os números do bicampeão são impressionantes: em 45 GPs, ficou fora dos pontos apenas em quatro oportunidades.
Além disso, no Canadá, Alonso completou sua 1500ª volta na liderança. Apenas oito pilotos estão a sua frente no quesito na história. O espanhol forma dupla com Hamilton entre os únicos que pontuaram em todas as corridas. Por outro lado, os que mais somaram pontos nas últimas cinco provas foram Rosberg e Vettel, com 67. Os ex-companheiros, os alemães e Raikkonen são os únicos a completar todas as 441 voltas disputadas até agora.
Por outro lado, Jenson Button amarga, com dois pontos nas últimas quatro corridas, sua pior fase desde os tempos de Honda, em 2008. Contrariando a tese de que seu estilo é favorável aos pneus menos duráveis, o inglês é o segundo que mais paradas fez até agora: 21, contra 22 de Heikki Kovalainen. Felipe Massa e a dupla da Toro Rosso fizeram 18 cada.
Falando em Massa, a Ferrari comemorou no Canadá sua melhor posição combinada de largada (terceiro e sexto). Foi justamente em Montreal que a Scuderia teve seu melhor sábado de 2011, com um segundo e um terceiro lugares.
Hamilton, Rosberg e Grosjean são os únicos que participaram de todos os Q3 na temporada. O time do francês, inclusive, se une a McLaren e Ferrari como as únicas equipes a subirem ao pódio todos os anos desde 2003 (considerando o nome Renault). A diferença é que a sequência dos dois gigantes da F-1 remete a 1981!
Grosjean faz parte de algumas estatísticas interessantes sobre o inesperado pódio do GP do Canadá. Essa foi a primeira vez que os três primeiros lugares ficaram com ex-pilotos da GP2 e, desde 1993, quando Damon Hill venceu e Michael Andretti foi o terceiro no GP da Itália, dois pilotos que nunca haviam corrido em determinada pista subiram ao pódio logo de cara.
Assim, esse foi o 16º pódio mais jovem da história, com média de 25 anos, três meses e 25 dias. O recorde segue com a Itália em 2008, único com média abaixo de 24 anos. Todos os 20 primeiros no quesito aconteceram de 2003 para cá, sendo que 16 ocorreram nos últimos 5 anos. Porém, o mais curioso é que os três considerados os melhores pilotos da atualidade, Vettel, Hamilton e Alonso, nunca dividiram um pódio.
Se depender da maldição do líder do campeonato, isso não vai acontecer tão cedo. Em todas as corridas deste ano, a exemplo do que acontecia em 2010, quem chega à liderança não consegue emplacar um bom resultado logo em seguida. É bom Hamilton ir pensando em Silverstone porque a praga anda forte.
17 Comments
“É bom Hamilton ir pensando em Silverstone porque a praga anda forte.”
Em Valência, certo?
Em Silverstone mesmo, justamente porque em Valência a tal praga não deve deixar se olharmos os resultados dos outros líderes do mundial.
Interessante ver que, mesmo diante de tanta estatística bem posta, é preciso se cuidar contra a “maldição”. A estatística amplia o campo de visão (e este post é muito preciso nisso, belo trabalho!), mas continua sempre “prevendo a passado”…
E enquanto se espera pelo pódio da foto, uma curiosidade: que resultado inesperado daria o pódio mais jovem nesta temporada?
Matematicamente, há várias possibilidades do recorde ser quebrado, ainda que sejam pódios inesperados.
A marca atual é do GP da Itália de 2008 (em si, uma zebra): os três primeiros foram Vettel, 21 anos, Heikki Kovalainen, 26, e Robert Kubica, 23. A média é de 23 anos, 11 meses e 16 dias.
São quatro os pilotos com menos de 24 anos no grid (Perez, com 22 e 4 meses; Ricciardo com 22 e 11 meses; Vergne com 22 e 1 mês e Pic – quanto será que vale um pódio dele nas casas de aposta? – com 22 e 4 meses). Depois, só há 2 pilotos beirando os 25 (Hulkenberg e Vettel). Kobayashi, Di Resta e Grosjean são de 1986.
A combinação mais jovem, portanto, seria Perez, Vergne e Pic, com uma média em torno de 22 anos e 3 meses. Porém, ter Vettel ou Hulkenberg e dois desses pilotos de 22 anos abaixaria o recorde. O certo é que Perez, com seus dois pódios no ano, é uma boa pedida para diminuir as médias!
É curioso que o pódio que não aconteceu é cheio de “prodígios”. A marca de campeão mais jovem era de Alonso, passou para Hamilton e agora pertence a Vettel. Essa vitória da Itália também fez do alemão o piloto mais novo a ir para o pódio e vencer, roubando justamente o posto que Alonso conquistara (em 2003). Hoje somando cinco títulos, a média de idade dos 3 ainda é baixa, de cerca de 27 anos e 8 meses.
Essa panorâmica dá uma ideia de como são jovens esses pilotos, não é? Ser possível um pódio com média de pouco mais de 22 anos de vida é, em si, algo digno de nota, independente de qualquer zebra.
Mas sua resposta me deixou pensando outra combinação: prodígio + constância. Ou é outra coisa o que esses panoramas numéricos nos dão quando se acompanha um dos mais jovens campeões completar 1500 voltas na liderança e estar ainda ali, cutucando para “envelhecer” cada pódio? Molecagem + consistência. Seria isso, sim, algo raro?
Grata.
Essa juventude é uma tendência, que se faz presente em diversas modalidades. Com a sistematização do treinamento e uma certa padronização dos caminhos que levam a títulos (com o apoio, desde cedo, de empresas/clubes), cada vez os atletas chegam mais jovens ao topo. Vettel está perto das 1500 voltas lideradas, mesmo sendo seis anos mais novo que Alonso. Claro que na F-1 depende muito do carro, mas tínhamos um cenário interessante ano passado: Vettel na F-1, Djokovic no tênis e Messi no futebol, os três aos 24 anos, dominando inteiramente suas modalidades.
A grande busca agora parece ser pela fonte da juventude. Não só fisicamente, mas principalmente para manter a motivação e brigar com a molecada mesmo já tendo conquistado de tudo.
Julianne,
De acordo com o site on line SKY BET, abrigado no excelente http://www.planetf1.com , neste exato momento em que escrevo Charles Pic está pagando 5.000 libras para cada 1 apostada.
http://www.skybet.com/formula-1?aff=772
Essa cotação é para vitória, como se pode observar.
Pouco, não?
Em caso de milagre, dá pra botar uma graninha no bolso, rsrsrs. . .
Só recomendo não exagerar na aposta. A libra está cara…
Legal da sua parte responder todos os posts! 😉
Concordo plenamente. Julianne é superatenciosa com seus leitores. Nem sei como arranja tempo para algumas respostas que presumo demandarem pesquisas, que ela sabe fazer como ninguém. Venho com muito prazer a este blog todo dia.
Ju, quando vc falou da consistência, me veio a memória um fato. Apesar da alta competitividade/talento desses caras, um fator importantíssimo, me parece a confiabilidade dos carros hoje. Quando vc fala do profissionalismo esportivo hj, me lembrei de algo fora do assunto do post. Basta nos lembrarmos das nanicas do passado, Oselas, Minardis, Tyrrels, enfim, dificilmente terminavam uma corrida, ao passo que hj, vemos HRTs, Marusias, que no Q1 tomavam 7, 8 segundos, ao passo que hj giram na casa de 4 segundos. Seriam as restrições aerodinâmicas, principalmente a falta do difusor soprado, ou seria mesmo um alto profissionalismo das nanicas?
Acredito que a confiabilidade melhorou como um todo no grid. Na época das Minardi, os carros da ponta também quebravam mais. E um dos motivos grandes para isso ter melhorado é a restrição nos regulamentos. Antes, peças como câmbio e motor, principalmente, eram feitas visando exclusivamente performance, ao passo que hoje têm de durar 4/5 provas por força das regras. isso gera uma abordagem diferente.
Sobre o difusor soprado, as pequenas nunca usaram essa tecnologia (duas delas nem Kers têm até hoje!).
Hamilton maravilhaaaaaaaaaaaaaaa nós gostamos de você. Se continuar consistente é bem provavel que ele ganhe o título.. e tomara que escape da “maldição do último lider” rsrs
batidas bizarras….o Senna também bateu bizarramente em Monaco, quando tinha 50 seg de vantagem. o alan prost rodou com a ferrari na volta de apresentação…mas foram campeões….agora, massa e barrichello é que são bizarros, deixando os outros passarem e não conseguindo passar ninguém.