F1 Grosjean versão 2012 surpreende - Julianne Cerasoli Skip to content

Grosjean versão 2012 surpreende

O passado recente tinha mostrado que a F-1 se tornara um território inóspito para pilotos que retornavam à categoria. Isso, desde o incansável Pedro de la Rosa, na Sauber, até o mais que gabaritado Michael Schumacher. Afinal, a categoria mudou constantemente nos anos anteriores a 2010 – em uma questão de cinco, seis temporadas, lá se foram os motores V10; o reabastecimento; primeiro os sulcos e, depois, os duráveis Bridgestone; a classificação mudou de formato; chegaram Kers, DRS e uma série de alterações no regulamento foram feitas, interferindo diretamente no manejo dos carros.

Neste ano, porém, a rápida readaptação de Kimi Raikkonen e Romain Grosjean vem impressionando. Principalmente por parte do francês, que deixara péssima impressão em 2009 e era visto por muitos como acabado para a F-1. Falávamos no piloto de 26 anos como candidato a surpresa do ano no “Credencial” antes do início do ano pensando mais pela lógica: era impossível ser pior do que naquelas sete etapas que disputou substituindo Nelsinho Piquet em 2009. Grosjean entrou em uma equipe destroçada, tanto em sua organização, quanto psicologicamente, pelo escândalo de Cingapura, com um carro cujas únicas atualizações na metade final do campeonato, brincavam os espanhóis na época, eram meras lustradas e contra um companheiro de equipe que dificultava qualquer comparação. Teve como melhor resultado um 13º lugar em prova na qual um strike tirou três concorrentes que sob condições normais chegariam a sua frente logo na primeira volta, no Brasil, e correu um grande risco de se queimar para sempre.

Mas Grosjean lucrou com o renascimento da França no automobilismo e, contando com o apoio da Gravity de Eric Boullier, foi mantido como piloto de testes da Renault e ganhou uma segunda oportunidade na GP2. No lugar e hora certos, foi colocado na DAMS, equipe longe de ser favorita na época, para provar que amadurecera. Ganhou o campeonato com propriedade e teve sua segunda chance.

Não foi apenas um novo piloto que ressurgiu no paddock. Tido como antipático e pouco interessado nas atividades extra-pista – incluindo, até, o diálogo com os engenheiros – o Grosjean versão 2012 não poderia ser mais diferente. Perfeccionista dentro da equipe, sorridente e expansivo nas entrevistas, mostra que os dois anos de molho lhe deram um proveitoso banho de humildade.

Os resultados são vistos dentro das pistas. O francês tem três pódios e largou entre os quatro primeiros em cinco oportunidades, sendo fundamental para a atual terceira colocação da equipe de Enstone no Mundial de Construtores, algo que não ocorria desde 2007. Deu pinta de que poderia vencer e certamente estouraria mais um champanhe não fosse a quebra em Valência. Tem sido mais rápido no geral que Raikkonen em uma volta lançada, mas ainda precisa segurar o ímpeto em algumas situações na corrida, pois costuma arriscar demais nas largadas e forçar os pneus além da conta no início dos stints.

É difícil encontrar “professor” melhor para isso do que o próprio finlandês, sempre excelente nas corridas. E Grosjean dá a impressão de que será capaz de absorver mais essa qualidade. Afinal, o mais difícil para quem começa na F-1 com o pé esquerdo, recuperar a confiança, ele já conseguiu.

3 Comments

  1. Julianne:
    Admiro pilotos como Grosjean: rápidos, raçudos, combativos e que não fogem à luta. Pilotos burocratas são o fim da picada. A experiência vai polí-lo mais. Não o vejo como um superpiloto ou candidato a tal, mas tem potencial para vencer GP’s, talvez ainda este ano, isso não me surpreenderia. Quem acompanha a GP 2 já conhecia o seu talento. Desde antes de sua reestréia na F 1 venho realçando sua velocidade nas abobrinhas que escrevo aqui. Dentre os muitos jovens lobos do grid atual, ele é um dos quatro melhores, juntamente com Pérez, Maldonado e Kobayashi. Não se intimidou com um star e protagonista do quilate de Kimi. O maior problema nas ambições desses quatro jovens lobos é que os “três velhos lobos” – Hamilton/Vettel/Alonso – são muito jovens também.

  2. Sem tirar o mérito de ambos, mas acho que a fácil adaptação de Kimi e de Grosjean a F1 se deu graças a esse fantástico carro da Lotus. É notável nas cameras onboard, o quão dócil é o bólido preto e dourado mesmo quando levado ao limite! As saídas de traseira de Romain na chuva nas últimas classificações molhadas são a prova disso!

    Também gosto de usar o exemplo de Grosjean p/ mostrar o quão promissor Bruno Senna pode ser. Ao meu ver, Bruno conseguiu tirar muito mais do carro da Lotus ano passado do que Grosjean tirou do Renault no ano da sua estréia. Claro que não podemos comparar Petrov a Alonso! Mas, em termos de desempenho, os dois carros eram equivalentes.

    Um possível sucesso de Grosjean também será a prova que o trato que a F1 dá a seus novatos é muito duro! Quantos pilotos promissores precisavam de um pouco mais de tempo para desenvolver suas habilidades? Quantos talentos chegaram a categoria máxima do automobilismo e “morreram na praia?”
    Quantas carreiras serão destruídas pelas equipes nanicas?

  3. A sensação que fiquei de Grosjean foi a falta, ainda de tato na pilotagem, pois mesmo largando na primeira fila, e com um carro teoricamente mais rápido que a Mclaren, não conseguiu vencer…Raikkonen, bem mais experiente, mesmo vindo de sexto, ainda teve tempo de brigar com Grosjean, ganhar 4 posições e quase ganhar a corrida! Talento pode existir, mas só a quilometragem poderá dizer se será um bom piloto ou um fora de série. Concordo com João Paulo, afinal o bom carro da Lotus ajuda muito… entretanto, o novato está se saindo bem! É bom para a categoria!


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