F1 Haas, 10. Williams, 0. A estratégia do GP do Bahrein - Julianne Cerasoli Skip to content

Haas, 10. Williams, 0. A estratégia do GP do Bahrein

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Em mais um GP no qual os planos iniciais ficaram para trás e quem reagiu bem às mudanças do cenário levou a melhor, a engessada Williams ficou devendo novamente em termos de estratégia, enquanto a ousada Haas brilhou. A regra dos três compostos voltou a fazer suas vítimas no GP do Bahrein – e foi um ingrediente fundamental para mais uma corrida movimentada e cheia de alternativas, com nada menos que 14 estratégias diferentes no grid. Ano passado, foram apenas cinco!

Ainda não dá para cravar que a nova regra vai salvar a competitividade da temporada, ou pelo menos abrir mais as possibilidade de brigas na pista e surpresas, por dois motivos principais: a sempre rápida adaptação dos engenheiros na F-1 e pelo fato dos pneus das quatro primeiras provas terem sido escolhidos antes dos carros começarem a pré-temporada, devido ao tempo que a Pirelli precisa para prepará-los. Por outro lado, enquanto o GP da Espanha, quinta etapa, não chega, a tendência é que tenhamos corridas bem movimentadas.

Assim como na Austrália, a Haas contou com um misto de competência e sorte para ser, mais uma vez, o grande destaque da prova do ponto de vista tático. Em Melbourne, o time enxergou bem a possibilidade de economizar a única parada que Grosjean faria na bandeira vermelha. Em Sakhir, fez toda a preparação (desde a ênfase aos supermacios na escolha dos compostos aos pneus guardados na classificação) calcada na aposta de que, com a pista mais fria à noite, a borracha mais macia teria a melhor relação desgaste/performance.

Este ‘risco calculado’, combinado com um chassi equilibrado, uma suspensão desenhada pelo mesmo engenheiro responsável pelas Lotus de 2012 e 2013, conhecidas por serem suaves com os pneus, e um piloto que também já provou que sabe ‘dialogar’ bem com os Pirelli para fazê-los durar na corrida, explicam como o time novato está roubando a cena. E, como vimos no Bahrein, até influenciando as decisões dos líderes.

A estratégia que parecia lógica antes da largada eram três paradas, com três stints de pneu macio. A Williams, por sua vez, havia feito toda sua programação pensando em uma prova com duas paradas, e dois stints com o médio. Uma terceira opção, que seria a escolhida por Rosberg caso não passasse Hamilton na largada, seria fazer um stint com macio e outro, mais longo, com médios.

Porém, quando Grosjean voltou à pista andando rápido e ganhando terreno com seu segundo jogo de supermacios, as equipes do meio do pelotão já começaram a rever seus conceitos: seria o composto vermelho, e não o macio, o pneu da corrida.

Na disputa pelos primeiros lugares, Rosberg e Raikkonen se mantiveram na tática inicial nas primeiras paradas, enquanto a Mercedes se viu obrigada a tentar algo diferente com Hamilton, colocando-o com o pneu médio para tentar permanecer mais tempo na pista e superar Raikkonen. Porém, logo o time viu que o ritmo do composto não era o esperado, e a durabilidade maior acabava não compensando. Na volta 28, Hamilton seria um dos que copiaria Grosjean, alterando pela segunda vez sua estratégia na corrida e obrigando Raikkonen e Rosberg a segui-lo.

Enquanto isso, a Williams seguia com seu plano mesmo com Massa perdendo terreno. Com um pneu 1s5 mais lento sendo usado por 50 voltas, a matemática é fácil: todo o lucro de economizar cerca de 24s e fazer uma parada a menos foi jogado no lixo.

A equipe poderia ter revertido sua tática no meio da prova: a exemplo do que a Mercedes fez com Hamilton, poderia ter antecipado a segunda parada de Massa e revertido a tática para três paradas. Ou, em um risco maior, que acabou dando relativamente certo com Bottas – que mesmo com um drive through, chegou a 7s do companheiro – poderia ter alargado o primeiro stint com médios e colocado os macios no final, mantendo o plano de dois pit stops. A justificativa de que não tinham macios ou supermacios novos não cola, afinal, o mesmo aconteceu com Mercedes e Ferrari. E os compostos amarelos da Williams tinham sido usados apenas para uma volta de instalação.

As lições do Bahrein, contudo, não significam que, com a nova regra dos pneus, as táticas com mais paradas e pneus mais macios são melhores, uma vez que um dos fatores importantes de Sakhir é a chance maior do que o comum de se ultrapassar, o que tira parte do temor de parar mais vezes e pegar tráfego.

Mas não é exagero dizer que já tem gente olhando com curiosidade para a escolha de Grosjean para a próxima etapa, na China: 1 jogo de médios, cinco de macios… e sete supermacios.

6 Comments

  1. Parabens a Williams por unir todos os comentarios contra ela, em varias linguas. So assim para concordarmos todos. Ja faz um bom tempo que apostar contra a estrategia da Williams he batata, bola na cacapa.

    E me pergunto ate quando vao deixar a Hass operar nesse sistema equipe B, copycat. Mais que orgulho, tem muito $$ em jogo.

    • “E me pergunto ate quando vao deixar a Hass operar nesse sistema equipe B, copycat. Mais que orgulho, tem muito $$ em jogo.”

      Pois éh kro Mike! Não duvido nada se a Scuderia der de presente aos norte-americanos um contrato com a Alfa-Romeo nas próximas temporadas!

  2. Na Austrália o pneu supermacio não funcionou, Ferrari que o diga. Mesmo que as estratégias fiquem mais parecidas, tem um composto a mais para quem quiser arriscar. Já a Williams continuará fazendo a festa dos concorrentes. Como disse a Ju, também precisamos ver como vai ser numa pista mais difícil de ultrapassar. Mas atualmente, qualquer pequena melhora já anima.

  3. JULIANNE, desculpe estar fora do post, mas achei a notícia tão estimulante!. . .

    Quando SÉRGIO MARCHIONNE assumiu como CEO da FIAT/CHRYSLER e começou a turbinar os negócios e os resultados da empresa, botou como meta que até o final de sua missão iria revigorar a marca ALFA ROMEO, em especial a sua tradição gloriosa nas pistas. Pensei que a sua vontade fosse começar pelo relançamento da AUTODELTA, mas eis que parece que a coisa pode ou vai recomeçar por cima, pela Fórmula 1 mesmo (aliás, Marchionne em 2015 já havia demonstrado o seu carinho pela marca, com o lançamento da belíssima e agressiva nova GIULIA, revivendo toda a tradição nervosa do Quadrifoglio Verde, dotando-a em sua versão Top de um coração V-6 Biturbo de 517 HP afinado pela Ferrari, que a leva de 0 a 100 em 3,9s! Coisa assim pra encarar poderosas Bimmers e Merças).

    Acho que a noticia abaixo é muito boa e estimulante para a F 1 (a começar pela bela pintura):

    http://www.grandprix247.com/2016/04/05/ferrari-bail-out-sauber-to-pave-way-for-alfa-romeo-return/

  4. Ia colocar algo parecido sobre a relação Sauber-Alfa Romeo Aucam:
    http://globoesporte.globo.com/blogs/especial-blog/voando-baixo/post/sauber-os-boatos-e-o-gp-da-china.html
    No início do ano afirmei que se a Haas tivesse bons resultados geraria muitas reclamações, as declarações recentes de Pat Fry corroboram o que cravei!
    Ele tem que parar de reclamar e contratar a consultoria do Ross Brawn pra acertar as estratégias da Wlliams!
    Mike Rotch e DVDBraz,
    Particularmente não vejo problema algum no modelo de negócio da Haas, ao contrário acho muito bom, quanto mais equipes para disputar e embolar o campeonato melhor! Como já disseram por aqui:
    “Não são as ultrapassagens que tornam o automobilismo interessante, mas sim as disputas pela posição na pista.”
    Manor e Carteham mostraram como entrar na F1 por si só é suicídio, a única que consigo me lembrar de ter tido sucesso fazendo algo parecido é a Force India. Não sei pq implicam com a Haas.
    Abraços pros meninos e bjs pras meninas!

    • Em tempo:
      A escolha de pneus do Felipe Massa foi idêntica à o Grosjean Julianne.


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