Navegando pelo blog do jornalista Andrew Benson, encontrei um comentário interessante. O texto do inglês falava sobre o GP do Canadá e especulava a respeito do que estaria levando Hamilton a tantos erros. “Espero que Vettel vença o campeonato. Ele torna as corridas chatas, mas ganha todas as provas por mérito, superando os outros pilotos e não tentando tirar o companheiro da corrida.”
Um dos ditados mais repetidos da história do automobilismo é que “você é tão bom quanto sua última corrida” e esse é mais um exemplo claro disso. Não é preciso voltar muito no tempo para ver o mesmo tipo de má fase por que Hamilton está passando no currículo de Vettel.
Ano passado, o alemão já tinha um carro que arrasava os demais em classificação – conquistou 10 das 19 poles possíveis, sendo que outras cinco ficaram com seu companheiro, Mark Webber – e era ao menos tão forte quanto seus oponentes em qualquer situação – à exceção de Montreal e Monza, os Red Bull foram favoritos em todas as provas. E, mesmo assim, Vettel só chegou à liderança do mundial na última corrida.
Isso aconteceu depois de uma grande recuperação nos últimos 6 GPs. Mas também é verdade que o alemão só esteve nesta posição de perseguidor devido a duas sequências ruins – as duas vitórias e um segundo lugar perdidos por problemas de confiabilidade nas primeiras etapas e uma série de erros na metade da temporada. Isso, além de bater em seu companheiro de equipe entre uma e outra má fase.
Recordemos. Saindo da pole, Vettel largou mal e tentou defender a posição a qualquer custo na Inglaterra, teve um pneu furado e só voltou para a prova e marcou pontos devido a um Safety Car. Depois, na Alemanha, saiu mal da pole novamente e acabou em terceiro. Na Hungria, levou uma penalização boba por não respeitar a distância determinada atrás do SC e jogou fora outra vitória certa. E, por fim, tirou Button da corrida em Spa após uma manobra inexplicável. Martin Whitmarsh, o mesmo que defende o estilo agressivo de Hamilton hoje, chegou a apelidá-lo de “crash kid”. Com o melhor carro e cinco provas para o final, Vettel era quarto, 31 pontos atrás do líder Hamilton e a 27 de Webber – outro que também falharia quando começou a ser sistematicamente batido pelo companheiro.
O fato é que Hamilton não está sozinho. São vários os pilotos que se atrapalham quando estão fora de sua zona de conforto, seja porque tentam guiar mais que o carro, porque levam suas frustrações para dentro do cockpit, porque querem resolver tudo de uma vez. Isso não significa que o gênio de outrora esteja fadado ao esquecimento.
O que funcionou para Vettel foi colocar-se como franco-atirador, mas é difícil saber o que está fazendo Hamilton passar do tênue limite entre o piloto ousado a afobado na hora de ultrapassar. Até porque a velocidade em si ninguém pode questionar.
Assim como o paralelo com o Vettel de meados de 2010 é válido, esta não é uma situação nova para o inglês. Hamilton jogou fora o campeonato de 2007, tendo 17 pontos a mais que Raikkonen com duas provas para o final – o equivalente hoje a cerca de 42 pontos. No ano seguinte, estampou a traseira do finlandês de forma bizarra no Canadá e, na corrida seguinte, foi 10º em uma prova na qual foi penalizado por cortar uma chicane. Recuperou-se com uma magistral vitória em Silverstone, colocando um minuto no rival mais próximo na chuva. Ano passado, perdeu a chance de disputar o título até o final com duas manobras no mínimo otimistas na Itália e em Cingapura, mas terminou a temporada por cima, com dois pódios nas últimas 3 provas. Ninguém melhor que ele para saber onde reencontrar o equilíbrio.
5 Comments
O Vettel ainda precisa superar o fato de falhar quando pressionado, para tornar-se um piloto realmente genial. Requer tempo ainda, mas é como aquele lutador que, ao levar o menor soco, já balança, o popular “Queixo de vidro!” Este é o aspecto qe ele precisa melhorar.
Hamilton, por sua vez, tem um histórico de erros notórios. Mas nesta temporada tem se superado. Ele tem aquele estilo a lá Nigel Mansell. Um piloto rápido, habilidoso, mas afobado. É só botar a cabeça no lugar!
Todo piloto que tenta andar mais do que o carro permite, acaba se envolvendo em acidentes, mais cedo ou mais tarde.
No momento, a McLaren é o carro com desempenho mais próximo da RBR e Hamilton vislumbra mais um ano na fila, caso não comece a vencer Vettel imediatamente.
A linha que separa a genialidade da afobação é muito tênue e Hamilton tem abusado além da conta.
Oi Ju, olha eu acho que o Vettel quando tiver uns 28, 29 e 30 anos, vai ter umas 40 poles e mais de 25 vitorias! Gosto do estilo dele! mesmo ele errando como no ano passado, foi na sua genialidade que ele levantou o caneco! deu sorte de ter um Petrov pra ajuda-lo, mas muitos campeões ja venceram o campeonato com um golpe de sorte! Hamilton é rapido, arrojado, lembra um pouco Mansell em suas lambanças. São dois pilotos excelentes e teremos muitas emoções nas proximas corridas!
Me desculpe mas o gênio aqui é o Sr Newey. O Vetel ainda tem que dirigir um pouco mais em carros diferentes para ser considerado um gênio.
Os mesmos que batem em Hamilton pela sua ousadia são os que choram copiosamente ao lembrar da ousadia do “Ayrtinho”. O que é pior é ver que esse pessoal entra na onda da trupe de patetas da Globo. Contraditório e ridículo.
A dor-de-cotovelo pós-2008 ainda é grande. Triste.