F1 Menos piloto, mais carro? - Julianne Cerasoli Skip to content

Menos piloto, mais carro?

De um lado, temos um dos grandes pilotos de sua geração dizendo que os novos carros fazem com que o piloto perca ainda mais em importância. De outro, um novato com mais quilometragem do que qualquer outro que chegou nos últimos anos apanhando para ficar na pista. Afinal, que F-1 é essa?

“Acho que em termos de forçar o carro e de conseguir expressar seu estilo de pilotagem, o carro está melhor. Nos carros anteriores você ficava restrito na pilotagem porque tinha de economizar tudo. Às vezes ano passado, quando mais lento você era, melhor era seu tempo de volta porque você estava economizando pneus e podia maximizar o stint, enquanto neste ano parece que dará para forçar mais o carro e provavelmente usar seu próprio estilo de pilotagem para maximizar a volta. Por outro lado, acho que a porcentagem de importância do piloto, com a tecnologia que temos agora, o pacote aerodinâmico que temos agora e os motores, diminuiu.” – Fernando Alonso.

A opinião de Alonso é coerente com o que os engenheiros previam sobre o novo regulamento. Pela primeira vez na história recente, a Fórmula 1 mudou suas regras para ser mais rápida, para que os carros tenham mais aderência mecânica e aerodinâmica, fiquem mais no chão. O resultado direto disso é a diminuição do número de curvas – ou seja, trechos em que efetivamente há pilotagem, com modulação de aceleração e freio – e o aumento do arrasto, fazendo crescer a importância de um carro potente.

Além disso, quanto mais aderência, maior a sensação de que o carro está andando ‘sob trilhos’ e isso, como explicou Sebastian Vettel nessa semana, acontece tanto nas curvas rápidas, devido ao downforce gerado pela aerodinâmica, quanto nas lentas, em decorrência da aderência mecânica vinda do pneu.

É claro que há o lado físico: como o carro é mais veloz, as forças que agem no piloto a cada curva e desaceleração são maiores, e isso ao longo de uma corrida vai gerando uma fadiga que pode aumentar o número de erros. Por isso, alguns pilotos, como Lewis Hamilton, relataram que este carro é, na verdade, mais difícil de pilotar. Talvez seja mais atlético e menos técnico.

Ao mesmo tempo, vimos Lance Stroll sofrendo nos primeiros dias de teste, mesmo estando teoricamente bem preparado. O próprio Hamilton saiu em defesa do canadense, dizendo que este “é o ano mais difícil para um estreante” e a Williams também tem blindado seu piloto. Seu ponto de comparação é Stoffel Vandoorne, que ainda não pôde fazer muito com a McLaren.

Porém, ao justificar a batida de Stroll na quarta-feira, Rob Smedley deu outra indicação interessante que, confesso, não ouvi de outras equipes. Hamilton, inclusive, disse que “dá para fazer muitas voltas com estes pneus. Eles são provavelmente os mais duros que eu já usei.”

“Os dois falaram bastante sobre esses pneus. Eles são bons, mas há um certo momento em que eles se tornam muito complicados. Felipe perdeu o carro no primeiro dia porque ele saiu dessa área em que os pneus geram muita aderência e passaram a não render tanto. É algo a que eles estão se adaptando e o Felipe disse que achou bem complicado no primeiro dia. Ouvi que os outros times também estão passando pelo mesmo.”

É claro que são apenas os primeiros testes e cabe às equipes domarem os novos pneus ou quaisquer desafios que encontrem – e o paddock tem gente muito capacitada para isso. Para nós, fica a certeza de um visual mais robusto, com mais cara de F-1. E que quando chegarmos em curvas longas e rápidas como na China ou em lugares quentes como o Bahrein, tem gente que vai sofrer.

14 Comments

  1. Julianne, uma pequena correção. Acredito que não é a primeira vez que se muda o regulamento para deixar os carros mais velozes. Nos anos 60, o regulamento dos motores foi modificado no que tange ao deslocamento. Foi de 1.5 para 3 nos aspirados e 0.75 para 1.5 nos sobrealimentados. Isso por que a categoria estava mais lenta que outras em circuitos.

    • Bruno , sua informação é correta , mas não sua observação quanto ao post : Julianne escreveu ” Pela primeira vez na história recente, …” ; significando as não poucas mudanças de regulamento da F1 nas últimas duas , talvez três décadas, para diminuir as crescentes velocidades (principalmente em curvas) que também aumentavam o perigo de morte nas corridas.

  2. Com esses carros que aceitam o estilo de pilotagem do piloto, pode ser então que pilotos que só vão bem quando conseguem impor o seu estilo de pilotagem se destaquem esse ano. Exemplo; Kimi Raikkonen.

      • O kimi está a vontade, Vettel está a vontade, Grosjean, Massa, Hamilton, Bottas. Quem sabe o que falte na McLaren seja piloto que dê feed backs!!!

      • Acho que o Kimi vai atropelar o Vettel mais uma vez.

  3. Alfredo,
    Jenson Button não dava bons Feed Backs?
    Alonso é conhecido por “produzir carros que só ele consegue pilotar” quando dá pisados no desenvolvimento da máquina.
    Julianne,
    Não seria o inverso já que os carros aceitam mais o estilo de pilotagem?
    Basta observar que o novato com mais quilometragem bateu três vezes (já pode pedir música!).
    Isso aí tem cara de auto-promoção do Asturiano em caso de um ano fraco da McLaren.
    Sou fã dele, mas todo mundo sabe que ele é o rei da auto-promoção no paddock.

    • Dá para encaixar mais o estilo de pilotagem, mas ao mesmo tempo o carro aceita mais qualquer estilo porque é mais grudado no chão.

      Claro que tem a dose da auto-promoção do Alonso, mas Vettel foi na mesma linha e comparou o carro a uma aspirina: cura tudo.

      • “Aspirina”
        Saudade do bom humor do Vettel, agora só falta voltar a dar nome de mulher pros carros!
        Rs
        Agora entendi bem, agradecido Julianne.
        Abraços pros meninos e beijos pra ser meninas!

  4. Vou na opinião do Emmerson Fittipaldi (declaração que ele deu naquele espcial da Globo sobre o Ayrton): “quanto maior a potência, mais você seleciona o piloto. Numa competição de F´órmulas de 1000 cavalos, sobram 2 ou 3 pilotos pra ganhar a corrida”.

    Não duvido da opinião do Vettel quando diz que o carro parece “uma aspirina e corrige tudo”. Mas não deixa de ser um Fórmula com quase 1000 cavalos. Agora existe um gap maior entre a F1 e as categorias de base no quesito pot´ência. Talvez o jovem Lance não seja bom o bastante para lidar com um carro desse, em que pese todo o auxílio da aderência. O que acha, Julianne?

    • Vamos esperar. Ele está dando um salto grande, testou com um carro de 2014 e com pneus pouco representativos e teve só dois dias na pista.

  5. Julianne, com essas informações de que será difícil ultrapassar e que haverá um menor número de paradas nos boxes pela pouca degradação dos pneus, podemos apontar que grande parte das corridas será decidida na largada.
    Fazer o treino de classificação bem sempre foi importante, mas parece que esse ano será ainda mais, pois quanto mais a frente você largar e se largar bem mais a frente você chegará, vide o Alonso em 2016, foi o melhor piloto da primeira volta, mas como não conseguia bons tempos nos treinos não ajudava muito.

  6. Juliane, não é só o Vandoorne que é ponto de comparação pro Stroll. Tem o Giovinazzi, que nunca tinha andado num Formula 1 até uma andada de Ferrari 2015 em Fiorano umas semanas atrás, e que não teve problems em manter o carro da Sauber na pista por dois dias nessa semana… inclusive andando na pista molhada. E nem fez feio…


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