F1 Mercedes em dia de Ferrari e Max perfeito no México - Julianne Cerasoli Skip to content

Mercedes em dia de Ferrari e Max perfeito no México

Em análises anteriores e também no especial sobre estratégia, salientei como informações erradas geralmente são as culpadas por decisões difíceis de entender. E foi isso que nos privou de uma disputa que seria possível no GP da Cidade do México, mais um dominado por Max Verstappen, que de quebra se tornou o recordista de vitórias em uma só temporada. Enquanto isso, vimos uma Mercedes em dia de Ferrari.

As informações erradas, neste caso, eram da Mercedes. As suas simulações simplesmente não mostravam que a tática de macio-médio seria possível. E, no final das contas, foi a tática vencedora.

Houve uma grande discrepância entre as previsões da Pirelli e o que vimos na pista, e isso não é incomum no México. A temperatura do asfalto muda muito rapidamente e numa escala muito grande dependendo se o dia está nublado ou não, e essas condições mudam bastante na capital mexicana. Ao longo da corrida, foram 10ºC de diferença. Com o asfalto mais quente, o carro tende a deslizar menos no Hermanos Rodriguez, permitindo stints mais longos. Além disso, o piloto consegue estender muito a vida útil do pneu evitando forçá-lo nas primeiras voltas e também deslizar muito nas curvas. Até porque, com curvas que colocam pouca energia nos pneus, o desgaste vem justamente daí.

Então é normal vermos muitas diferenças entre as previsões gerais e o que cada conjunto consegue, ainda mais quando a temperatura da pista está mais baixa.

No domingo, era um tal de “coloca óculos escuro, tira óculos escuro” na hora que antecedeu a largada. Mas, ao longo da prova, as nuvens se estabeleceram e diminuíram a temperatura do asfalto e a aderência, favorecendo os pneus mais macios.

Mercedes em dia de Ferrari

Mas a Mercedes não tinha dados que apontavam isso, e acabaram cometendo o mesmo tipo de erro que a Ferrari na Hungria. Apostaram em pneus que eram duro demais para as condições climáticas que se apresentavam.

Em terceiro no grid de largada, Lewis Hamilton disse ter percebido que eles estavam errados em colocar ambos os pilotos no pneu médio na primeira parte da prova logo que os cobertores foram levantados e ele viu o pole Max Verstappen e o quarto colocado Sergio Perez com os macios. O inglês tinha proposto na reunião que a Mercedes largasse com um piloto com cada composto, mas foi convencido de que o macio simplesmente não era uma opção para fazer uma parada, o que é sempre a estratégia preferida no México pela dificuldade em ultrapasssar.

Mercedes em dia de Ferrari começou com os dois pilotos com pneus médios em meio a rivais com macios
Cuidadoso, Russell perdeu duas posições nas primeiras curvas

Isso teria um efeito duplamente negativo, já que o composto médio é menos aderente, e lhes daria uma largada pior. Soma-se a isso um George Russell cuidadoso devido às últimas provas “atrapalhadas”, nas suas palavras, e Max Verstappen saiu ileso e tranquilo das complicadas primeiras curvas, com Hamilton em segundo e Russell perdendo ainda posição também para Sergio Perez.

O heptacampeão até conseguiu ficar perto de Verstappen no primeiro stint, o que o animou porque ele imaginava, baseado nas informações da Mercedes, que não seria possível fazer só uma parada com o macio. Afinal, a simulação da Mercedes apontava que mesmo o composto seria forte por menos de 30 voltas e a corrida tem 71. Mas Verstappen estava gerenciando o aquecimento de seu pneu, sabendo que seu plano era outro. E isso é curioso porque a própria Mercedes, com Hamilton em 2019, venceu a corrida com um stint muito mais longo do que era previsto, de 49 voltas.

Red Bull perdeu chance de dobradinha em parada de Perez

Perez foi o primeiro a parar entre os ponteiros, na volta 23. Uma falha na parada o fez perder cerca de 2s5 que seriam preciosos na tentativa de brigar com o segundo colocado Hamilton, o que não parecia tão factível naquele momento. Mas que se tornou realidade quando a Mercedes não apenas chamou Hamilton cedo para quem tinha os pneus médios (na volta 29, somente quatro voltas depois de Verstappen), como também o colocou com o pneu duro. Ele sofreria para aquecê-los, ainda mais com a temperatura da pista mais baixa, e o tempo perdido significou que, quando Checo chegou, Hamilton já tinha conseguido colocar a borracha na temperatura certa.

Então a Mercedes, com sua leitura errada da estratégia, conseguiu não só jogar fora sua melhor chance de vencer neste ano, como também contou com um erro da Red Bull para não perder o segundo posto.

Por que a Mercedes se adaptou bem à pista do México

Como o W13 é um carro que gera muito arrasto, ele perde muito para as Red Bull e até as Ferrari, que estavam fora de contenção neste fim de semana por limitações do uso de seu turbo na altitude. Por outro lado, quando é preciso usar toda a carga aerodinâmica, sua desvantagem é menor pelo mesmo motivo. 

Ainda mais na altitude do México, onde vale tudo para tentar gerar qualquer resistência ao ar para estabilizar o carro. Pelo mesmo motivo que a Red Bull aparecia competitiva na Cidade do México quando a Mercedes dominava, desta vez o cenário se inverteu. Porém, baseando-se em dados errados, o time errou duas vezes, ao largar com médios e a trocá-los pelos duros.

Não que seus pilotos não tenham avisado. Hamilton propôs os compostos diferentes na reunião antes da prova, e Russell pediu para estender o stint com médios e colocar macios no final. Dentro do carro, ele estava fazendo a leitura certa. Mas foi chamado cedo aos boxes, na volta 34, colocou os duros e viu suas chances de pódio acabarem.

Ricciardo era o cara certo, no lugar certo

Prova de que Russell estava certo é a corrida de Daniel Ricciardo, o piloto do dia. Ele levou seus pneus médios até a volta 44, quando colocou pneu macio. Voltou em 13º e veio escalando o pelotão até terminar em sétimo mesmo com 10s de punição por um toque com Yuki Tsunoda. 

Um ponto importante aqui é que a McLaren tinha entendido que pneu branco seria duro demais para a corrida, mas também sabia da dificuldade de ultrapassagem na Cidade do México. Isso apresentava dois cenários: se tivesse que cobrir uma tentativa de undercut, eles teriam que usar o duro, como fizeram com Norris. Mas se esse não fosse o caso, o melhor seria estender ao máximo o stint com os médios e colocar macios. E Ricciardo pôde fazer isso porque não tinha nenhum piloto imediatamente atrás. De certa forma, ele lucrou com sua classificação ruim. E aproveitou a oportunidade.

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