Um quarto das oito vitórias da carreira de Mark Webber foram no Principado. Nada mal para um segundo piloto, diria o australiano, que conquistou ainda sua 10ª pole position da carreira. Porém, mesmo com os ínfimos 0s643 de diferença em relação ao segundo colocado Nico Rosberg, a chegada de 2012 não bateu os impressionantes 0s215 que separaram Ayrton Senna e Nigel Mansell no GP monegasco de 1992.
Webber e Rosberg, no entanto, não estavam sozinhos como o brasileiro e o inglês na corrida que completa 20 anos na quinta-feira: foram quatro carros divididos por 1s3, os seis primeiros em 6s1, diferença que chegou a ser menor quando as tímidas gotas de água começaram a cair.
Um final mais que adequado para coroar o sexto vencedor diferente em seis provas, algo inédito na história F-1, ainda que a incrível marca de seis construtores distintos ganhando tenha ficado para depois. A Red Bull, aliás, além de ser a primeira a emplacar dois primeiros lugares na temporada, tornou-se a quarta a conquistar três vitórias seguidas em Mônaco, junto de BRM, Lotus (ambas com o Mr. Mônaco, Graham Hill, a bordo) e McLaren, maior vencedora da história da prova e que possui duas sequências, de 84 a 86 e de 88 a 93.
Porém, mesmo com todo o hype em cima dos seis vencedores, o resultado de Mônaco interrompeu outra sequência importante: contando as duas últimas provas de 2011, vencidas por Hamilton e Webber, eram sete os ganhadores diferentes, dois a menos que o recorde histórico de 1961/1962, igualado em 1982/1983, de nove. De qualquer forma, mais quatro provas com variações na primeira posição e mais uma marca cairá por terra. Será possível?
Seguindo no mesmo tema, Sergio Perez não apenas se tornou o segundo mexicano a marcar uma volta mais rápida em uma prova da F-1 – 44 anos depois de Pedro Rodriguez – como também o sexto diferente a fazê-lo nesta temporada, ao lado de Button, Raikkonen, Kobayashi, Vettel e Grosjean. Os poles diferentes, por sua vez, são cinco, sendo que nas últimas duas provas o dono do melhor tempo na classificação não largou em primeiro.
O último punido foi Michael Schumacher. Não que penalizações em Mônaco sejam algo estranho para o alemão que, nas últimas quatro vezes que visitou o Principado, em três perdeu posições por decisão dos comissários. Em 2006, ficou sem a pole por ‘estacionar’ na Rascasse e causar uma bandeira amarela que lhe garantiria em primeiro e, em 2010, sofreu pena por ultrapassar Alonso sob SC.
Com Massa e Webber liderando voltas pela primeira vez no ano, agora simplesmente metade do grid já teve o gostinho de estar à frente do pelotão. O recorde em uma temporada é de 15 líderes diferentes.
Falando em líder, a maldição de quem tem a ponta do campeonato segue intacta e agora parece também ter um ‘efeito’ no vencedor da prova anterior: nunca a expressão inglesa “from hero to zero” fez tanto sentido quanto para descrever os últimos dois finais de semana de Pastor Maldonado. Da mesma forma, Vettel, líder da tabela antes de Mônaco, sofreu com os supermacios na classificação, conseguiu melhorar na corrida, mas ainda assim foi o quarto. Desde o início do ano, o líder do Mundial, seja quem for, não consegue emplacar um bom resultado.
Isso ajuda a termos uma classificação tão apertada, com seis pilotos podendo sair do Canadá na ponta da tabela. Aliás, com os dois últimos sistemas de pontuação utilizados, teríamos um empate pela primeira posição, com 30 pontos no último (10-8-6-5-4-3-2-1) e 22 no penúltimo (10-6-4-3-2-1).
Hamilton e Alonso continuam a ser os únicos do grid a terem pontuado em todas as corridas até agora – com o espanhol emplacando uma sequência de 18 provas nos pontos, ou 30 dos últimos 31 GPs, sendo a exceção o GP do Canadá de 2011 – mas, após a terceira prova seguida sem um pódio, a McLaren amarga a pior fase da era Hamilton/Button. Outro candidato a Sr. Consistência é Paul Di Resta, classificado pela 21ª prova consecutiva – abandonou também no Canadá ano passado, mas havia completado 90% da corrida.
Por fim, a Lotus curiosamente comemorou sua 500ª corrida em Mônaco. Bom, a Lotus de verdade, de Colin Chapman, passou dessa marca há algum tempo. Porém, mesmo usando o lendário nome, o time de Raikkonen e Grosjean fazia menção à equipe de Enstone, em suas várias nomenclaturas (Toleman, Benetton e Renault). Essa é uma história que começou no GP da Itália de 1981 quando, inclusive, a Lotus de Chapman estava no grid. É justamente por ater-se à identidade como ‘time de Enstone’ que os carros da equipe carregam três estrelas em sua carenagem, em menção aos campeonatos de construtores de 1995, 2005 e 2006. Passou da hora de procurarem outro patrocinador principal.
19 Comments
1996?
Não seria 1995.
Sim, obrigado. Você é fã de fisiculturismo por um acaso?
Não. Nunca sequer acompanhei algo do gênero. Por quê?
Pela assinatura. Jay Cutler é um dos maiores fisiculturistas do mundo. Por que a escolha?
KKKKKKKKKKKK!!!
Não sabia. Acabei de dar uma olhada no google e descobri o Jay Cutler fisiculturista.
Sou fã de NFL e Jay Cutler também é o nome de um jogador do Chicago Bears.
hahaha que curioso! Mesmo caso do Vitaly Petrov, treinador da Isinbayeva.
Verdade. Também fiquei sabendo esses dias ao assistir uma reportagem sobre a Isinbayeva.
Então a Ju é fã de fisiculturismo… hehehehe… Pra saber dessa, só sendo um bucadim fã… =D
Eu trabalho com isso há anos, assim como com atletismo.
Parabéns pelo post, sempre mt bom todas essas estatisticas, mas me tira uma dúvida? Em um post no inicio do ano, vc se referiu ao E20 como enstone 20, ou seja, o vigesimo carro produzido pelo “time de Enstone” os outros carros foram construidos por quem?
Sim, isso é mais um complicador na história! A equipe nem sempre esteve sediada em Enstone. Então, mesmo que a herança da estrutura venha da Toleman, a fábrica da ex-equipe de Senna não era lá. A equipe mudou-se para lá em 1992, já como Benetton, daí o nome de E20 para o carro.
Ju, eu particularmente não gosto dessa pontuação gigante, entretanto, a pontuação reduzida, com 10 pontos para o primeiro, e 8 para o segundo, era desleal para o vencedor, ao passo que dar pontos até o décimo, acho esportivamente louvável, pois bonifica as menores. Sobre o caso Alonso no Canadá ano passado, me lembro que o espanhol vinha se recuperando na corrida, quando foi “abalrroado” por Button, que ao meu ver, merecia punição, da mesma forma que Hamilton também merecia punição pela manobra desastrada perante Button. Enfim, o abandono de Alonso me pareceu um lance fortúito.
7 VENCEDORES NO ANO: Certeza! – aposto que Hamilton entra neste time de vencedores
8 VENCEDORES NO ANO: Excelentes chances – Raikkonen já mostrou que a Lotus se adapta bem a pistas de alta e tem Spa (Iceman anda mto bem lá) ainda por vir…
9 VENCEDORES NO ANO: Há chances – Ficaria entre Massa, Schumacher e Grosjean, acredito que os três em um final de semana mágico tem chances de vencer.
MAIS QUE 10 VENCEDORES NO ANO: Pouco provável – Além da chance de mais de um desses pilotos que citei no paragrafo acima vencerem, ainda há a chance de Perez, Koba ou quem sabe até uma das Force India ou Bruno Senna numa corrida com fatos atípicos beliscar uma vitória.
Não seja pessimista! Koba e Perez tem chances reais sim (até porque merecem). No mais, esses pneus que estão aí são os primeiros sinais do apocalipse. . .
Abs
Acredito que conforme a temporada for passando, quem tem mais “cacife” vai evoluir mais e as equipes médias precisarão de fatores atípicos para alcançarem resultados como os alcançados nas 5 primeiras corridas.
Oi Jú. Uma coisa não ficou clara para mim. Essa diferença de 6s1 entre os seis primeiros foi a menor da história? Você tem essa informação?
Esse é um dado difícil de checar. Tirando obviamente as corridas que terminaram com SC, me veio à cabeça o GP da Espanha de 1981 mas, na ocasião, foram cinco os pilotos que terminaram grudados – e divididos por incríveis 1s2! O sexto chegou mais atrás.
Sem KERS, sem DRS nem pneus esfarelentos. Por que deixaram aos poucos que a Fórmula 1 chegasse a esse ponto ARTIFICIAL em que está hoje? Não sou saudosista, não sou contra a evolução dos carros, antes, considero-me um privilegiado por ver essa turma toda atual da F 1 em ação: acho que nada, mas nada mesmo, ficam os pilotos de hoje a dever aos ases do passado e aprecio a competitividade sem artificialismos exibida pela GP 2, e veja, você está citando apenas 1981. E o GP de Monza de 1971 vencido por Peter Gethin, com uma BRM já em seu nadir, à frente de 4 outros carros, tendo a separá-los apenas 0,61 s entre o primeiro e o quinto? Não havia artificialismos. Está até no Youtube esse final. O fantástico Ronnie Peterson, o mais impressionante piloto que vi pessoalmente em ação, pelo seu estilo de pilotagem, então em seu segundo ano de F 1, foi vice naquela temporada com um March de pouco Ibope, vencida por um Stewart irresistível em uma Tyrrel dominadora, mas em um contexto que permitia façanhas como aquela de Peter Gethin em Monza, nos últimos metros da última volta, no braço. Torço para que os homens que pensam e fazem a Fórmula 1 deem uma chacoalhada geral na categoria em 2014, fazendo com que ela volte a ser um campeonato de pilotos lutando para subjugar (e até contrariar, como fazia Peterson) as Leis da Física com seus carros e não para ver quem sabe poupar mais e melhor. São muitas as variantes e por isso sei que não é fácil de se conseguir equilíbrio entre as equipes e carros, até porque historicamente a F 1 sempre teve seus ciclos de dominação ora de uns ora de outros, mas com o auxílio da informática/eletrônica o problema é mais fácil de resolver hoje do que era no tempo do ábaco. Enquanto isso, já vi que o negócio é aplaudir mesmo essa patusca dos pneus e estrategistas, ou seja, a “imprevisibilidade” mais ou menos prevista na voltas tais e tais. Ainda bem que existe uma Julianne para dissecar tudo isso com muita competência.
Boa lembrança. Novamente, o sexto colocado nesta prova estava mais afastado. Alguém se recorda de outra?
A GP2 usa basicamente os mesmos Pirelli da F-1. Afinal, é um campeonato que se propõe a aproximar os jovens da realidade da F-1 sem seus custos exorbitantes e, claro, sem a disputa entre construtores.