Na decisão do título de 2012 entre Fernando Alonso e Sebastian Vettel, um personagem tímido, de fala baixa, careca proeminente e jeitão pacato roubou a cena. O projetista da Red Bull, Adrian Newey, há tempos mostra sua capacidade de fazer grandes carros, ganhando ares de gênio. O inglês de 53 anos, que até hoje prefere a velha prancheta aos avançados programas de simulação, é apontado pelo espanhol como o grande responsável pela arrancada final do alemão na temporada, que marcou 133 pontos, contra 81 do rival, desde a grande atualização que teve o carro da equipe anglo-austríaca, no GP de Cingapura.
Claro que os resultados do companheiro de Vettel, Mark Webber, que fez 35 pontos no mesmo período, mostram que não é só do carro que o alemão se valeu para construir a vantagem de 13 pontos sobre Alonso. Com apenas 25 anos, ele ainda pode não ter o mesmo gabarito do espanhol de 31, mas vai amadurecendo e caminha a passos largos para se tornar um dos grandes pilotos da história. Porém, é inegável a contribuição do projetista na construção do império da Red Bull, que passou de uma fabricante de energéticos aventureira na F-1 a tricampeã mundial consecutiva, algo que apenas Ferrari, McLaren e Williams conseguiram. As duas últimas, inclusive, também emplacaram sequências de conquistas, nos anos 1990, com carros pensados por Newey. Foi ele o responsável pelos modelos da Williams que dominaram com Mansell e Prost em 92 e 93, assim como pelo McLaren de Mika Hakkinen de 98 e 99.
Os próprios pilotos reconhecem isso. Em Interlagos, Webber afirmou que só assinou com a Red Bull, em 2007, porque eles haviam contratado o engenheiro. “Ele nunca está contente. Apesar de não parecer um cara competitivo para quem olha, fica procurando coisas para melhorar no carro mesmo quando chegamos em primeiro e em segundo”, garante o australiano. “Ele não foca apenas em uma parte, tenta melhorar o carro como um todo.” Mas sua principal característica, apontada por todos que trabalharam com ele, é cada vez mais rara na F-1: “Ele ouve os pilotos, isso é fundamental.”
No mundo das simulações e tecnologia avançada, Newey, que curiosamente começou a carreira na Copersucar, única equipe brasileira na história da F-1, no início dos anos 80, mostra que o velho entrosamento entre piloto e engenheiro continua fazendo a diferença. Não é apenas contra um homem, mas sim contra uma combinação difícil de bater que Alonso luta amanhã em Interlagos: um piloto que sabe o que quer e um engenheiro que sabe ouvir.
10 Comments
É, a palavra gênio ficou um tanto desvalorizada ultimamente, hoje em dia qualquer zé mané mais esperto é logo alçado à categoria de genial.
Mas Newey é foda, esse cara é gênio mesmo.
Ele disse outro dia que, F1 é a combinação de homem+maquina e que Vettel seria o piloto perfeito pros seus carros.
Julianne,
Ótima análise. Penso que Newey está para Vettel assim como o também genial Gordon Murray estava para o grandíssimo Nelson Piquet, em seus tempos de Brabham.
Está fora do post, mas a Fórmula 1 vai ficar muitíssimo menor na próxima temporada sem a presença de Kobayashi no grid! Acabo de ler a confirmação de sua saída da Sauber. Kobayashi é aquele das ultrapassagens DESCOMPLICADAS, aquele que não precisa de DRS para ultrapassar em Abu Dhabi (e em outras pistas) como provou lá em 2009. Largou em 15o. este ano em Yas Marina e fechou a primeira volta em 8o! Muitíssimo lamentável. Mais do que pela Ferrari, vou torcer para que tenha uma chance de voltar pela Red Bull em 2014, com uma eventual saída de Webber.
E o mago Colin Chapman para Jim Clark.
Perfeita a comparação AN com SV, GM com NP e CC com JC! São outros tempos mas a fórmula química ainda é válida.
Fora do post: VAI MERCEDES, VAI LOTUS, VAI WILLIAMS, VAI F ÍNDIA , VAI STR, (pausa pra respirar) e por que não, VAI CATERHAM!!
(vociferando) SAUBER vsf!
O sábio mostra o caminho e compartilha experiências, assim, cresce ainda mais. Vettel ainda tem muito tempo para atingir a excelência, pois é um ótimo piloto, mas apenas o carro não se justifica, pois Webber demonstra a diferença entre o piloto bom e o acima da média…Cada equipe tem sua alquimia, pois o que Hamilton fez na corrida passada, Button nunca fará, assim como as vitórias de Alonso em Cingapura e Valência, são muito para Massa…Infelizmente a vida é cruel com alguns, mas os melhores por sorte ou competência, se destacam!
Sobre o casamento Vettel/RBR, por capacidade técnica, acredito que Alonso, Hamilton e Raikkonen fariam um trabalho igual ou melhor que o alemão. Penso que na atualidade, esses quatro pilotos são os melhores disparados da categoria.
Sei que não tem a ver com o assunto mas esta semana senti falta do artigo comparativo entre as transmissões brasileira, espanhola e inglesa.
Se o Vettel tiver um carro tão bom assim , ele vai continuar ganhando . Se não tiver, não ganha. Hj é Camp mundial de carros não mais de pilotos. Lembrem-se dos resultados ruins de Vettel no primeiro semestre este ano. Estava 40 pontos atras do Alonso. De repente virou gênio e o Alonso uma anta piloto? Não, é o carro. INFELIZMENTE.
E ai Celso, Massa vai com o mesmo Ferrari de alonso… De repente virou genio? ou é que o espanhol não é tão bom assim e a Ferrari não era tão ruim como pintavam?. Sei não cara, cada piloto se destaca mais em uma pista do que em outras. O único que realmente levou sempre uma carroça foi o Maldonado, e esse foi varias vezes no top 6 junto a Ferraris, McLarens e RBRs, e até levou Barcelona. Mas ninguem se atreve a falar que o Maldoso tenha uma pizca de genio.
Alonso o que sim é, é um espanhol babaca!!. “Come moco Lloronso”
Vettel à parte, uma equipe bem estruturada, com um cérebro privilegiado, dá-se ao luxo de quebrar mais que os concorrentes, e ainda assim colocar 60 pontos de diferença no perseguidor mais próximo, sinal que o carro é muito bom…