A vitória com maior vantagem desde o absoluto GP do Japão do ano passado comprovou o que a Red Bull vinha prometendo: quando os pneus deixassem de ser os protagonistas, era o ritmo superior do RB9 que iria prevalecer. Mas será que a performance de Vettel no Canadá significa que o campeonato acabou?
É tetra?
A pista do Canadá nunca foi um reduto Red Bull, muito em função das longas retas e do desempenho forte da McLaren e suas suspensões tradicionalmente macias, que premiam uma pilotagem agressiva, costumeiramente o caminho mais rápido em Montreal. Portanto, a lógica de que “se eles foram tão bem até lá, imagina no resto” faz certo sentido.
Outro fator a se levar em conta é que, à medida que a temporada vai se desenvolvendo, a tendência é que as equipes compreendam melhor como lidar com os pneus. Assim como aconteceu nos dois outros anos de Pirelli, o número de paradas tende a diminuir e a influência da aerodinâmica aumenta, assim como da classificação, pois as corridas ficam menos movimentadas.
Tudo isso contribui para o estilo Vettel de vencer – pole + primeiras voltas matadoras para fugir do DRS + ritmo controlado para dosar pneus no restante da prova. Há quem credite as fortes segundas metades de campeonato que já viraram um clássico do alemão a alguma coincidência ou prova de que ele cresce em momentos decisivos, mas deve-se notar como o carro mais rápido tende a se destacar quanto mais controlada a “variável pneu” estiver. Assim, é lógico que o conjunto carro + piloto mais rápido em classificação tende a ficar mais poderoso à medida que a temporada (e a compreensão dos pneus) avança.
Ou não?
Mas será que já chegamos a esse ponto ou poles da Mercedes e desgaste de pneus ainda podem incomodar?
Há alguns fatores a considerar sobre o GP do Canadá: em primeiro lugar, a classificação. Hamilton errou na última curva e o alemão não teve a incômoda presença de uma Mercedes na frente nas primeiras voltas, impedindo-o de estabelecer seu ritmo e fazendo-o consumir mais pneus no tráfego. O treino na chuva também mascarou os resultados de Ferrari e Lotus, que sofrem mais nesse tipo de condição. Não que sejam carros que ameaçariam a Red Bull com calor e pista seca, mas seus pilotos acabaram largando mais atrás do que poderiam e largaram longe demais para usar seu ritmo de corrida para pressionar Vettel.
Em segundo lugar, os pilotos tiveram o raro luxo de só usar pneus novos devido à chuva do sábado, o que ajudou na conservação da borracha, ainda mais em um asfalto liso.
Finalmente, o circuito de Montreal não tem curvas que geram muita força lateral – é basicamente um circuito de tração, a exemplo de Bahrein e Mônaco, onde o RB9 já tinha ido muito bem. Na verdade, a pista canadense não é um grande parâmetro de performance, sendo palco de peças feitas especialmente para lá e para Monza, as duas pistas em que se precisa de menos pressão aerodinâmica.
Por isso, Silverstone será um teste importante para o campeonato. O traçado se assemelha mais a circuitos como China e Espanha, nos quais a Ferrari venceu e a Lotus fez pódio. São curvas que colocam mais energia nos pneus, testando os carros do ponto de vista do desgaste de pneus. Mesmo que não se espere calor, essa característica já diminui os problemas de aquecimento dos dois times. E também não podemos esquecer a Mercedes, que fez a pole tanto em Xangai, quanto em Barcelona. Agora que dão sinais de evolução no trato com os pneus, podem se tornar um empecilho para que o estilo Vettel de dominar se torne regra.
10 Comments
Acho que o problema é algum candidato a campeão se colocar de forma a ameaçar o Vettel. O Kimi depende dos altos e baixos da Lotus e definitivamente, falta gás financeiro pro time ir bem até o final do ano (não fosse grana, acho que ano passado o título já era do Kimi). E a Ferrari falta um segundo piloto pra tirar pontos do Vettel sempre que possível. Numa prova hipotética em que o Massa ganhasse, com Vettel e Alonso nessa ordem completando o pódio, já seria de ajuda, pois a diferença entre Vettel e Alonso seria 3 pontos. Mas sem o Massa na contagem, vence Vettlel com Alonso em segundo. Ou seja, é 7 pontos a diferença. Mesmo a frente do Alonso, o Massa tem um papel importante a desempenhar. Mas não desempenha. Aí fica complicado pro espanhol, que dependendo do próprio ritmo nunca ameaçou o alemão.
PS.: Aos fãs de Alonso, Massa, Vettel, ou qualquer outro… Não me interessa como cada um pilota, estou falando de fatos para este campeonato. Então não me venham com “o Alonso nunca precisou de segundo piloto” ou “ainda tem o Hamilton”, ou qualquer outra coisa assim.
Mas é bom lembrar: a Red Bull venceu em 3 dos últimos 4 anos lá. Só perdeu em 2011 porque a equipe se atrapalhou em um dos pit-stops do alemão.
A partir de agora começa uma série de pistas que Vettel nao teve grandes resultados na temporada passada. Considerando que as coisas continuam quase as mesmas, é provável que ele enfrente dificuldades. É a chance de Alonso e Kimi tirarem a diferença. Julianne, esse pacote de atualizações prometido pelo Lotus, pode trazer bons resultados na qualificação, ou e voltada mais para o ritmo de corida?
Com a regularidade apresentada até aqui pelo alemão, sua vantagem já conquistada na tabela, seus inconstantes concorrentes roubando pontos uns dos outros e a provável diminuicao progressiva dos investimentos nos carros em funcao da mudança do regulamento de 2014, acho muito difícil Vettel deixar escapar o tetra.
Ju, muito bons os pontos expostos por vc. É inegável o bom conjunto Vettel/RBR, mas sabemos que uma corrida pode ter várias vertentes, e apesar de toda tecnologia e planejamento, a F-1 tem a sorte como fator, e um mau posicionamento ou abandono pode mudar a história, para x ou y. Ainda há muitos pontos em jogo.
O ponto desfavorável para a concorrência de Vettel é que, exceto em 2010, o Alemão sempre se deu melhor que seus concorrentes diretos na 2ª parte do campeonato.
Em 2010, o melhor na 2ª parte foi Fernando Alonso, mas como nesta temporada o Espanhol já demonstrou não estar tão bem quanto os últimos anos, ao contrário de Vettel, que já demonstrou estar melhor, digo que, mesmo com eventuais abandonos, o Alemão será o mais jovem Tetra da F1.
Eu não comento com o coração, mas sim, com a razão. (Podem dar um Print Screen)
Sem contar que a própria RBR cresce de produção. Meu pensamento é que esse caneco já tem dono. Uma pena… Seria legal que o pau pegasse e não aliviasse na pista. Vemos tão poucos confrontos diretos entre os dois postulantes ao título de 2013.
Pois é. Hoje, eu vejo a RBR como sendo a Ferrari em seu tempo de ouro.
A diferença é que o campeão numa Ferrari é mais reconhecido do que o que vence numa fabricante de energéticos. Muitas pessoas têm este preconceito bobo.
Se Schumacher, por exemplo, fosse penta na RBR, assim como foi na equipe Italiana, não seria tão aclamado quanto é hoje.
Seus comentários são sempre muito bons. Excelente trabalho, longe do incômodo sensasionalismo chato e baixo d’outros jornalistas e canais. Porém, se passaram apenas 7 corridas. Ainda faltam 12. Já tão julgando o Vettel como campeão e não é bem assim. É bom lembrar que a Ferrari (Alonso), bateu a Red Bull (Vettel) em três das quatro corridas que não tiveram problemas (Malásia, Bahrein e Mônaco). É preciso lembrar também que o Vettel ainda não teve nenhum problema e seu pior resultado foi um quarto. Cedo ou tarde, ele também terá azar. Então, aos que acham que um campeonato de 19 corridas ja acabou com 7 disputadas, vamos com muita calma…
Junior… O que você citou como motivo de cautela é justamente o motivo desse post. Se o piá em 7 corridas já abriu 36, em 14 abre 72 e quase liquída a fatura. Claro, brincadeiras a parte, como com um carro tão nas mãos ele vai ter um problema sério? Só batendo. Ano passado ele tava em situação bem pior e venceu.
Vc citou que a Ferrari bateu a RBR, mas bateu mesmo? O pior resultado do piá foi 4º. Isso não é bater… É só chegar a frente. Se o piá conseguir fechar as próximas duas corridas no pódio, aí não vai ter mais nada que pare ele. E veja, RBR ganhou em Silverstone ano passado.
Eu queria muito ver briga no campeonato até a última prova e alguém passando aperto como o Vettel ano passado. Mas esse ano isso vai estar longe de acontecer.