F1 O novo Bottas. E a nova Ferrari - Julianne Cerasoli Skip to content

O novo Bottas. E a nova Ferrari

“Nós não melhoramos, então não sei o que aconteceu com eles”, dizia Lewis Hamilton depois do GP da Austrália, enquanto Sebastian Vettel e Mattia Binotto falavam em falta de aderência e erros no acerto do carro, que sofreu nas curvas de média e baixa velocidade e no asfalto ondulado de de Albert Park. Enquanto isso, um homem parecia alheio a todas as questões de final de semana e focado somente no que parecia encarar como uma missão.

Valtteri Bottas diz que está encarando a vida de uma maneira diferente. Basicamente, percebeu que sua carreira está lhe escorrendo pelos dedos e ele precisa retomar o controle de todas as situações ao invés de esperar pela próxima classificação, a próxima corrida, a próxima temporada.

Isso quer dizer então que ele vai vencer tudo de uma hora para a outra? A consistência é o grande segredo dos grandes pilotos, não a velocidade em si. A grande maioria do grid conseguiria bater Hamilton um dia. Quantos o fariam consistentemente?

A pergunta continua no ar mas, que foi um cartão de visitas necessário, isso foi. Bottas chegou à Austrália sabendo que trata-se de uma de suas piores pistas – e uma das melhores de Hamilton, como costumam ser os circuitos de tração. Mas agora não dá para esperar mais o circuito perfeito, a pista que se encaixa melhor a seu estilo de pilotagem. Tinha que ser em Albert Park mesmo. E, após a classificação, Hamilton já dizia como estava sentindo a diferença. “É muito difícil quando seu companheiro vai chegando cada vez mais perto, a cada treino, porque chega uma hora que você não tem mais cartas na manga”, dizia o inglês no sábado, depois de bater Bottas por pouco menos de um décimo.

Do outro lado, a confiança só cresceu e, quando Bottas viu a chance de tomar a liderança nos primeiros metros da prova, colocou em prática tudo o que planejou desde Abu Dhabi. Como é comum nas corridas, usou o caminho livre para ser rápido ao mesmo tempo em que poupava pneus, sem dar chances para Hamilton ou qualquer outro adversário.

Enquanto isso, a Ferrari, sem ritmo, tentava um otimista undercut em Hamilton, que acabou servindo para acabar de vez com a corrida do inglês. Lewis teve de entrar nos boxes para cobrir a jogada ferrarista e acabou com um pneu velho demais para sequer tentar reagir, ainda que tenha sido suficiente para aguentar a pressão de Verstappen.

Verstappen que tinha passado facilmente por Vettel, com um carro bem mais rápido de reta. Ao alemão, restou questionar “por que somos tão lentos?” no meio da prova, somente para a ouvir a resposta do próprio chefe da equipe “não sabemos, Sebastian.”

A Ferrari foi lenta na classificação e na corrida, com os pilotos relatando falta de aderência e o carro saindo de frente nas curvas de média e baixa velocidade – que são franca minoria no palco dos testes, onde eles pareciam estar mais confortáveis. Para confundir ainda mais, Vettel sentiu-se melhor com os pneus macios e, Charles, com os duros. Mas mesmo quando o monegasco usou tudo o que podia do modo de classificação no final para conseguir o ponto da volta mais rápida – acredita-se que Vettel tinha um problema na ICE, não confirmada pela equipe, o que explicaria o ritmo tão mais lento – mas só ficou a seis décimos do tempo de Bottas, com pneus com vida útil semelhante.

Embora o circuito de Albert Park não tenha sido o melhor para a Ferrari nos últimos anos, defender uma vitória ficando quase 1min atrás do vencedor não é o melhor dos sinais, para dizer o mínimo. Os problemas de aderência citados pelo time sempre viram bolas de neve, já que refletem nos pneus e acabam com a performance. Mas e a velocidade de reta mais baixa, teria a ver com isso também, com uma carga aerodinâmica maior para compensar isso ou com um problema na unidade de potência? O bom desempenho de Haas e Sauber desencoraja a teoria de um problema fundamental, e joga ainda mais dúvidas para o Bahrein, onde veremos qual Ferrari – e qual Bottas – vão aparecer.

10 Comments

  1. É bom Borras ser competitivo, pq pinta ser um ano só de Mercedes novamente, assim como foi de 2014 até 2016. Caso contrário, será duro ver o Hamilton (nada contra ele) vencer umas 14/15 corridas no ano

  2. Seria uma grand surpresa ver o Bottas competitivo. Mesmo tendo grande desempenho nas categorias de base, sempre foi mediano na F1, desde os tempos da Williams. O que parece é que esse carro da Mercedes é novamente uma máquina à parte e que, qualquer piloto que largasse bem, levaria essa corrida. Bem, no fim se a Mercedes andar assim em outros circuitos é bom que o Bottas tenha realmente saído de sua costumeira letargia. pelo menos teremos algum campeonato para assistir, mesmo que seja o repeteco de 2016, tipo um jogo entre o Ponte Preta e o Figueirense. Eu não sou muito chegado em futebol mas imagino que um campeonato com esses 2 times jogando o ano inteiro deva ser duro de assistir. Se a corrida for tipo lá pelas 10, 11, meio dia. Dá até pra ligar a TV a assistir. Mas acordar de madrugada pra ver 2 Mercedes massacrando o resto do grid? Ou pra ver quem é o melhor do “resto’? Nem que eu fosse torcedor do Hamilton ou do Bottas doente. E eu sequer torço pra nenhum dos 2.

  3. Comentando estratégia, sinceramente não entendi a posição da Ferrari , quanto aos seus dois pilotos.

    Não sei se eles ainda tinham algum pneu banda vermelha ok, porém pelo intervalo de mais de 30s que tinham para Magnussen, para mim parecia óbvio outro pitstop, pneus novos e ir atrás de uma volta mais rápida com Vettel ou Leclerc. Eram os únicos que tinam essa possibilidade e não se aproveitaram.

    O que você pensa a respeito Julianne?

    • Obrigado Julianne.

      Mas então acho que não quiseram passar a vergonha de tentar arriscar , e não conseguir…

  4. Seria muito legal se a equipe ganhasse um ponto extra para o campeonato de construtores pelo pit stop mais rápido da corrida…

  5. Julianne, o problema do Vettel com os pneus foi o mesmo, por exemplo, que teve Kimi em Monza no ano passado? Ou seja, forçar muito no começo do stint provocando uma rápide degradação dos pneus a ponto de ter falta de aderência no fim da corrida?

    • Acho difícil comparar porque esses pneus têm diferenças na construção. E também ele e o Lewis ficaram mais tempo que Bottas, Verstappen e Leclerc com o mesmo jogo, e ambos reclamaram

  6. Ju, de alguma forma alguém já se preocupou com os pneus? Deram pinta de serem muito duráveis e, por que mais que a Pirelli tenha insistido que planejou pneus para manter uma parada na maioria das pistas, mas com corridas mais movimentadas, acho que a Austrália (que nunca é parâmetro pro ano, é verdade) deixou a desejar no quesito ação na pista.

    • Sempre vai haver desgaste e, ainda que ele tenha sido baixo, houve diferenças entre as equipes. O carro da Ferrari estava mal acertado, escorregando mais, e isso gera superaquecimento e desgaste.


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